CAROS AMIGOS:
As minhas melhores Saudações de Amizade e Gratidão e acima de tudo desejo
que os meus leitores e/ou simples visitantes, continuem a passar os seus olhares por este Blogue e façam os comentários favoráveis ou não, como entenderem
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Nº 4 2 5 1
SÉRIE DE 2020 - (Nº 1 8 1)
29 DE JUNHO DE 2020
SANTOS DE CADA DIA
(Nº 2 3 7)
1 3º A N O
LOUVADO SEJA PARA SEMPRE
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E
SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E
SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA
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Todos os Católicos com verdadeira Fé,
deverão recordar, comemorar e até imitar a
Vida dos Santos e Beatos de cada dia
(ao longo dos tempos) e durante toda a vida
deverão recordar, comemorar e até imitar a
Vida dos Santos e Beatos de cada dia
(ao longo dos tempos) e durante toda a vida
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Solenidade de São PEDRO e São PAULO, Apóstolos. SIMÃO, filho de Jonas e irmão de ANDRÉ, foi o primeiro entre os discípulos a confessar que Jesus era Cristo, Filho de Deus vivo, por quem foi chamado PEDRO. PAULO, o Apóstolo dos gentios, pregou Cristo crucificado aos Judeus e aos Gregos. Ambos na fé e no amor a Jesus Cristo, anunciaram o Evangelho na cidade de Roma e morreram mártires no tempo do imperador Nero: PEDRO, segundo a tradição, foi crucificado de cabeça para baixo e sepultado no Vaticano, junto à Via Triunfal; PAULO morreu ao fio da espada e foi sepultado junto à Via Ostiense. O triunfo dos dois Apóstolos é celebrado neste dia com igual honra e veneração em todo o orbe da terra.
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA da
Editorial A. O,. de Braga:
São PAULO, Apóstolo, Doutor das gentes e oráculo do mundo, era judeu da tribo de BENJAMIM e chamava-se SAULO. Nasceu em Tarso, cidade célebre da Cilícia, dois anos depois do nascimento de Nosso Senhor. Por nascimento era cidadão romano, privilégio concedido pelo imperador Augusto aos Tarsenses, em prémio da sua fidelidade. Seu pai, que era da seita dos fariseus, mandou-o para Jerusalém, sendo ainda jovem, para cursar a escola de GAMALIEL, aprendendo a doutrina das leis e das tradições. Em pouco tempo fez grandes progressos, e sendo um dos mais zelosos partidários da lei, foi também um dos mais ardentes perseguidores da Igreja. Depressa chegou a furor o seu falso zelo. Não contente com pedir encarniçadamente a morte de Santo ESTÊVÃO, quis ter o gosto de guardar as capas dos que o apedrejavam. A perseguição, excitada em Jerusalém contra a Igreja depois da morte do Protomártir, deu boa ocasião a este furioso inimigo dos discípulos de Cristo de satisfazer o seu ódio. Percorria a cidade, entrava no templo, revistava a s casas e delas arrancava a quantos criam no Senhor, arrastando-os pelas ruas, metendo-os nos calabouços e carregando-os de cadeias.
Pareciam muito estreitos os limites da Judeia, da Galileia e da Palestina para contentar o femetido zelo deste furioso perseguidor. respirando sangue, mortes e carnificina dos fieis, apresentou-se ao Conselho, pedindo cartas e mandados pra as sinagogas e judeus de Damasco, com pleno poder para devassar e proceder contra todos os cristãos, para exterminar, se pudesse, aquela recém-nascida Igreja. Partiu para Damasco com amplíssimos poderes, lançando reptos e fulminando ameaças. Já ia perto da cidade, quando pela hora do meio-dia, viu de repente descer do céu uma luz extraordinária, mais resplandecente do que o Sol, a qual o rodeou, a ele e aos que o acompanhavam. Atónitos e aterrorizados, caíram todos por terra, e estando SAULO derribado, ouviu uma voz que, distinta e claramente, lhe dizia: «SAULO, SAULO, por que me persegues?» Comove-se o seu coração ao ouvir tão amorosa quanto inesperada queixa; recobrando o espírito, respondeu: «Quem sois vós, Senhor?» «Eu sou Jesus, lhe respondeu o Salvador, a quem tu persegues. Em vão pretendes recalcitrar contra o estímulo». Ao ouvir isto, o santo, tremendo, perturbado e fora de si, exclamou: «Senhor, que quereis que eu faça?». «Levanta-te, respondeu-lhe o Salvador, entra na cidade, e ali te dirão o que deves fazer». Os que o acompanhavam não estavam menos atónitos do que ele, ouviam confusamente a voz, mas sem perceberem o que dizia, nem verem quem falava; só PAULO via o Salvador distintamente. levantou-se, quis abrir os olhos e achou-se em trevas; de modo que foi necessário conduzirem-no pela mão à cidade, onde esteve três dias sem ver, nem comer nem beber.
Neste meio tempo, revelou Deus o que se passava a um dos discípulos, chamado ANANIAS, o qual foi à pousada de SAULO; pôs as mãos sobre ele; restituiu-lhe a vista; instruiu-o suficientemente e administrou-lhe o Baptismo.
Se nunca houve conversão mais ruidosa, tão piuco a houve mais sincera, pois o mais furioso perseguidor de Jesus Cristo passou de repente a um dos seus mais fervorosos apóstolos. Pregava, demonstrava a divindade de Jesus Cristo e confundia a quantos disputavam ao Salvador a augusta qualidade de verdadeiro Messias. Os judeus ficaram tomados de susto de tal pregador, porque, sobre ser perfeitamente lido nas Escrituras, era de engenho vivo, com certo ar de autoridade em tudo quanto fazia; leva após si o respeito e o coração de todos. Sobressaltados os doutores da lei em presença de tão formidável adversário, perdendo a esperança de lhe resistir, tomaram a resolução de se desembaraçar dele; mas os fiéis livraram-no das suas mãos e do seu furor, baixando-o uma noite da muralha, metido num cesto.
Livre de perigo, passou a jerusalém para conferenciar com São PEDRO, em cuja companhia esteve quinze dias. Apareceu-lhe Jesus Cristo e deu-lhe ordem de ir pregar o Evangelho aos gentios. Partiu para Tarso, donde fez várias excursões apostólicas pelas cidades da Síria e da Cilícia, recolhendo grande espólio para Jesus Cristo. Os apóstolos mandaram São BARNABÉ à cidade de Antioquia; achou sobrada messe para um só operário; pediu a São PAULO que se lhe juntasse, e os dois apóstolos com tão feliz êxito trabalharam que foi ali onde os fieis começaram a chamar-se cristãos.
Três anos havia que PAULO e BARNABÉ pregavam em Antioquia com maravilhoso fruto; faziam-se nela com o maior fervor todos os exercícios da religião; eram muito frequentes os jejuns e celebravam-se os sagrados mistérios, quando o Espírito Santo deu a entender aos profetas e aos doutores (em grande número) que tinha escolhido PAULO e BARNABÉ para a conversão dos gentios. Jejuaram os fieis, fizeram oração, ofereceram o divino sacrifício, e o Espírito Santo declarou a sua vontade do modo mais explicito, pois ouviu-se uma voz, percebida por todos os assistentes, que dizia: «Segregai a PAULO e BARNABÉ para o ministério a que os tenho destinado. Dobraram então os apóstolos tanto os jejuns, como as orações; impuseram-lhes as mãos e enviaram-nos para a missão que o Espírito Santo lhes assinalara. Partiram opara a Selêucia; daqui embarcaram para Chipre, entraram em Salamina, capital da ilha, e pregaram o Evangelho com tanto zelo e êxito que se converteu a maior parte da cidade.
Tem-se por certo que no começo desta missão sucedeu o famoso rapto de São PAULO ao terceiro céu, onde o Senhor lhe descobriu maravilhas superiores a toda a expressão, dando-lhe a inteligência dos mais ocultos mistérios; mas, para que se não desvanecesse com os singulares favores, como diz o mesmo apóstolo, permitiu Deus que o estímulo da carne o combatesse toda a vida; e para o sujeitar, acrescentou ele aos trabalhos do apostolado, contínuas e rigorosas penitências.
Era então governador da ilha o procônsul SÉRGIO PAULO, homem prudente e entendido, o qual,. logo, que ouviu falar o nosso santo de Cristo e da sua religião, a teria imediatamente abraçado, se não o tivesse impedido um judeu chamado Bar-Jesus, por sobrenome Elimas, que quer dizer um insigne mágico. Abrasado o apóstolo em santo zelo contra aquele embusteiro, disse-lhe:
«Ó criatura cheia de todas as astúcias e de toda a iniquidade, filho do diabo, inimigo de toda a justiça, quando é que cessarás de perverter os rectos caminhos do Senhor? Mas agora a mão do Senhor está sobre ti: Vais ficar cego e, durante algum tempo, não hás-de ver o sol».
No mesmo instante perdeu Elimas a vista, buscou quem lhe desse a mão para andar; milagre que assombrou o procônsul, o qual se converteu imediatamente.
Deixaram os Apóstolos a ilha de Chipre, e partindo para a Ásia Menor, pregaram o Evangelho em Antioquia da Pisídia, em Perga da Panfília e nas províncias vizinhas. Achando-se São PAULO em Antioquia, pregou a Jesus Cristo na sinagoga com tanta unção e eficácia, que todo o povo de mostrou inclinado a crer n'Ele. Sobressaltados os sacerdotes e os doutores, vomitaram mil blasfémias contra Cristo e amotinaram-se contra os apóstolos, em virtude do que lhes disseram estes:
«Vós havíeis de ser os primeiros que a desprezais, e por vossa mesma boca vos confessais indignos da vida eterna, eis que daqui a vamos anunciar aos gentios».
Dito isto, sacudiram o pó de seus pés e partiram para Icónio, onde operaram numerosas conversões de judeus e idólatras; mas os judeus que se mantiveram pertinazes na sua incredulidade moveram o povo tão furiosamente contra eles, que sofreram grande risco de ser apedrejados. Isto obrigou-os a retirar-se daquela cidade e foram para Listra, Derba e muitos outros povos.
Estando em Listra, São PAULO curou de repente um paralitico de nascença, milagre que fez acreditar àquela cega gente que era um deus; e nesta persuasão iam já oferecer-lhe incenso e vítimas, quando, horrorizados, os apóstolos rasgaram os vestidos em sinal de luto e clamaram que eram uns pobres homens, tão mortais como os outros, e que não havia mais que um Deus verdadeiro, criador do céu e da terra. Chegaram a Listra alguns judeus, que vinham de Icónio e de Antioquia da Pisídia, e concitaram, o povo de maneira que aquela veneração se converteu de repente em desatinado furor. Uma espessa chuva de pedras caiu sobre São PAULO; levaram-no de rastos pela cidade e deixaram-no como morto fora delas; ainda nesta mesma noite voltou o apóstolo à cidade, como pôde; mas ao amanhecer do dia seguinte, saiu de Listra, para que não se excitasse alguma perseguição contra os fiéis.
Crescia o seu zelo com os trabalhos e os perigos. percorria com São BARNABÉ a Pisídia, a Atália e grande parte da Síria, ordenando bispos e sacerdotes e fundando Igrejas em todas aquelas províncias. Não é fácil imaginar o muito que o grande apóstolo padeceu por Cristo naquelas expedições.
Ele próprio dá testemunho de que nenhum outro padeceu mais trabalho, sofreu mais golpes, tolerou mais cárceres; muitas vezes se viu às portas da morte, nos rios, nos caminhos, por mar e em terra. Não se podem explicar os perigos a que se expôs por parte dos judeus, dos gentios e dos falsos irmãos, empenhados todos em o desacreditar e perder, sem estar seguro ainda nos mais embrenhados desertos. Quantos dias passou sem comer nem beber, quantas noites sem dormir, exposto a todos os rigores do tempo, sem recurso nem abrigo! Cinco vezes foi cruelmente açoitado pelos judeus com nervos de boi; duas com varas, por ordem dos magistrados das cidades da Ásia ou da Grécia; três vezes padeceu naufrágios; passou um dia e uma noite flutuando entre as ondas do mar, esperando ser tragado por elas a cada momento.
Mas no meio de tantos trabalhos, São PAULO, sempre o mesmo, sempre mais e mais abrasado no amor de Jesus Cristo, sempre mais e mais zeloso de levar seu santo nome por todas as nações da terra! Causa assombro considerar as cidades, as províncias, os reinos e os vastos domínios que percorreu este grande Apóstolo, anunciando o Evangelho em todos eles.
Fez três ou quatro viagens a Jerusalém; percorreu, depois da sua separação de São BARNABÉ, todas as Igrejas da Cilícia, Síria e Atália. Estando em Licaónia, tomou por companheiro o seu querido discipulo TIMÓTEO; daqui passou à Frígia e à Galácia, onde converteu muitos gentios.
Chegado à Macedónia, pregou em Filipos, onde produziu maravilhosos frutos; de Filipos passou à Selêucia, daqui a Bereia e a Atenas, onde falou no Areópago, naquele famoso tribunal dos Atenienses, declarando com tanta força e tanta eloquência a divindade de Jesus Cristo, a ressurreição dos mortos e a santidade do Evangelho, que se converteram, à fé DIONÍSIO, um dos membros mais célebres e mais sábios daquela academia - assim se diz -, e uma mulher chamada DÂMARIS e muitos outros.
De Atenas encaminhou-se para Corinto, onde permaneceu perto de 18 meses com a consolação de ver florescer e triunfar naquela cidade a religião cristã, crescendo tanto a Igreja de Corinto pelo grande número de indivíduos que abraçaram a fé, que foi um dos mais ilustres reinos de Jesus Cristo nos primeiros séculos. Mas quanto maiores eram, os progressos que fazia o Evangelho, mais tinha São PAULO que padecer. Embarcou em Cêncrio para voltar à Síria; atravessou a Galácia, a Frígia e as províncias da Ásia mais afastadas do mar.
Chegou a Éfeso, onde pregou o Evangelho; mas foi posto fora desta cidade por um motim, levantado por um artista de prata, chamado Demétrio; sublevou o povo contra o apóstolo, irritado por ver o grande desfalque que sofria a venda das suas imagens ou medalhas de Diana de Éfeso, pela pregação de São PAULO. este transitou pela Macedónia, onde permaneceu algum tempo; e, enfim, voltou pela quarta vez a Jerusalém, pelo ano 58.
Vendo-o os judeus no templo, lançaram-se sobre e pediram auxílio para o prender.
«Este é, diziam, aquele homem que em toda a parte prega contra a lei, contra o templo e contra o povo de Deus». Do povo comunicou-se logo o tumulto e, concorrendo de toda a cidade,.arremessaram-se contra o apóstolo; arrastaram-no para fora do templo , cobriram-no de golpes; e teriam acabado com ele, se não tivera acudido o tribuno Lísias, que comandava a coorte romana: arrancando-o com grande trabalho das mãos daqueles furiosos, sem mais informação nem interrogatório, mandou atá-lo e lançar-lhe cadeias, pondo-o em seguida em segurança.
Era tal o concurso, que se viram obrigados os soldados a fazê-lo subir por uma escadaria de pedra que estava da banda de fora do cárcere. Quando São PAULO percorreu com a vista, do alto da escada, aquela multidão, pediu licença ao tribuno para falar ao povo; e obtendo-a, referiu a história da sua conversão: mas quando chegou ao ponto em que Cristo lhe mandou levar a pregação aos gentios, entraram os judeus a dar-lhe gritos descompostos e a soltar-se contra ele com desenfreamento. Para os sossegar, ordenou-lhe o tribuno que entrasse para a prisão, com o intuito de lhe aplicar a tortura, mas, tendo sabido que era cidadão romano, mudou de propósito e mandou tirar-lhe as cadeias. Informado depois de a disputa versar sobre pontos da religião, convocou o conselho plenário dos Judeus. Logo que abriu São PAULO a boca para falar, o sacerdote descarregou-lhe brutalmente sobre o rosto uma bofetada, que o santo sofreu com grande paciência, de modo que a reunião ficou como atónita e confundida, dissolvendo-se tumultuariamente.
Mandou o tribuno que o tornassem a levar à prisão, com receio de que a multidão o fizesse em pedaços. Na noite seguinte apareceu-lhe Jesus Cristo, animou-o, confortou-o e disse-lhe que, assim como tinha dado testemunho d'Ele em Jerusalém, era mister que o desse também em Roma.
Enquanto isto se passava no cárcere, mais de quarenta judeus tinham acudido a casa do principe dos sacerdotes, protestando que não comeriam, enquanto se não tirasse a vida a PAULO. Tendo-o sabido Lísias, deu ordem para que, à meia-noite, partisse o nosso Santo com uma boa escolta para Cesareia, onde se achava Félix, governador da Judeia, dando-lhe uma participação exacta do sucedido. Dois anos o teve Félix preso em Cesareia, onde o Santo confundiu os judeus em quantas ocasiões se lhe ofereceram e converteu muitos pagãos. Festo sucessor de Félix, propôs a São PAULO em conselho se queria ser remetido para Jerusalém, a fim de que se julgasse a sua causa; mas o Santo, que sabia da conspiração dos judeus, respondeu que não havia motivo, pois estava inocente e nunca tinha feito mala ninguém; mas, visto que a sua causa estava no tribunal de César, para César apelava. No dia seguinte teve outra audiência do governador, em presença do rei Agripa. Este ficou tão plenamente convencido da sua inocência, que disse a Festo dever pô-lo em liberdade, se não tivesse ele apelado para César.
Dispostas já todas as coisas para o embarque, São PAULO, seguido de São LUCAS e de ARISTARCO, fez-se à vela para Roma. A poucos dias de navegação, levantou-se uma tormenta tão desfeita, que não só se viram constrangidos a alijar a carga, mas também os próprios aparelhos do navio; e prosseguindo sempre com maior violência, chegaram, todos a perder a esperança de se salvarem. Mas, fazendo oração o apóstolo, conseguiu que ninguém do navio perecesse e, com efeito, dando à costa na ilha de Malta, todos ganharam, a terra, uns a nado, outros em tábuas, sem que houvesse um só que não se reconhecesse devedor da vida ao santo apóstolo.
Receberam os insulanos os náufragos com muita humanidade, e fizeram lume para que secassem a roupa. Ajuntou São PAULO umas poucas de maravalhas para avivar mais a chama, sem dar por uma víbora que vinha dentro delas, a qual, logo que sentiu a mão, mordeu o apóstolo. Viram, isto os bárbaros, e julgaram que seria home facinoroso, perseguido pela justiça dos deuses, esperando por instantes que caísse morto em terra; mas PAULO não fez mais do que sacudir a mão, e a víbora caiu no fogo sem lhe ter feito o mais leve dano; à vista disso, atónitos os bárbaros, e mudando de repente de conselho, começaram a olhá-lo como homem extraordinário.
Hospedou-o em sua casa o mais considerado da ilha chamado Públio, romano, o qual tinha seu pai enfermo, mas apenas São PAULO o visitou, logo ficou repentinamente são.
Com a notícia deste milagre, acudiram logo ao apóstolo todos os enfermos da ilha, e todos recuperaram saúde. Depois de nela se haver demorado seis meses, embarcou o santo com os seus companheiros, aportando à ilha de Siracusa, desembarcando depois em Pozuoles e partiu por terra para Roma.
Tendo tido notícia os fieis da sua vinda, saíram de tropel a recebê-lo, e bem fácil é imaginar a ternura com que o faziam.. Deu-se-lhe permissão para que andasse livremente pela cidade, só com guarda à vista. Aproveitou-se desta liberdade para instruir os judeus e para confirmar os fiéis na fé. Dois anos (61-62) esteve São PAULO em Roma, durante os quais propagou maravilhosamente o reino de Jesus Cristo, fazendo numerosas conversões, até no próprio palácio do imperador. Justificado plenamente em todos os tribunais, mandaram-no absolvido de tudo quanto lhe imputavam.
Vendo-se já em inteira liberdade, levou o Evangelho a muitas províncias, e não poucos autores crêem ter estado o santo em Espanha. É provável que tivesse regressado ao Oriente, não achando descanso nem consolação senão em seus trabalhos apostólicos; podendo-se dizer sem exagero que foi um milagre contínuo a vida deste grande apóstolo.
A perseguição rebentou em Roma a seguir ao grande incêndio do ano 64. São PAULO foi preso na Ásia pelo fim do ano 66. Trouxeram-no acorrentado para Roma, onde este cativeiro foi muito mais rigoroso que o primeiro. Provavelmente esteve na prisão na companhia de PEDRO, que sendo simples judeu, foi executado com toda a simplicidade jurídica. Mas PAULO cidadão romano, sobreviveu vários meses, ao que parece. Da cadeia escreveu uma última carta a TIMÓTEO. Antes de pedir que lhe traga a capa, os livros e sobretudo os pergaminhos, diz:
«Quanto a mim, estou pronto para o sacrifício; e o tempo da minha partida já se aproxima. Combati o bom combate, terminei a minha carreira e guardei a fé. Já nada me resta senão receber a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não só a mim, mas também àqueles que desejam a sua vinda» (2 Tim 4, 56-8).
Foi-lhe cortada a cabeça junto à estrada de Óstia, segundo a tradição (ano 67 - ??), na localidade chamada TRE FONTANE (Três fontes).
Temos catorze Epístolas de São PAULO, nas quais podemos dizer que se contêm toda a Doutrina Cristã.
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PEDRO, Principe dos Apóstolos, Santo
1º Papa
São PEDRO foi Principe dos Apóstolos, cabeça visível da Igreja de Jesus Cristo, coluna imóvel da fé, como se exprime o Concílio de Éfeso, pedra e base da religião, como diz o Calcedonense, vigário de Jesus Cristo na terra, cimento, diz Santo AGOSTINHO, sobre que se fundou e sobre que assenta na Santa Igreja. Chamava-se SIMÃO antes de subir ao apostolado. Era de Betsaida, povoação na galileia, nas margens do lago de Genesaré, filho de JONAS ou JOÃO, de condição muito obscura, pescador de mister, mas homem de muita bondade. Não se sabe ao certo o ano em que nasceu. Tendo casado em Cafarnaum, o porto mais célebre daquele grande lago, chamado em todo o país, o Mar de Tiberíades, aí residia em companhia do irmão, ANDRÉ. Era este discípulo de JOÃO BAPTISTA, e tendo visto a Jesus, de quem ouvira dizer a seu mestre que era o verdadeiro Messias, deu esta notícia ao irmão SIMÃO, dizendo-lhe:
«Vi o Messias». SIMÃO, que era de natural vivo e ardente, e que, cheio de religião, suspirava pela vinda do Messias, não deixou sossegar ANDRÉ enquanto este o não levou a ver o Salvador.
No dia seguinte forma juntos procurá-Lo. Logo que no Filho de Deus viu o nosso Santo, disse-lhe com a sua particular bondade, que bem mostrava não sei que assinalado amor:
«SIMÃO, filho de JONAS, assim te tens chamado até agora: mas daqui em diante quero que te chames CEFAS, que quer dizer PEDRO».
Ficaram os dois irmãos com o Salvador todo aquele dia, e desde então se declarou PEDRO por um dos seus mais fervorosos discípulos. De volta a sua casa, ganhou para Jesus Cristo toda a família, e ainda prosseguia em seu ordinário mister de pescador; passavam-se poucos dias em que não visse o Salvador, e tem-se por certo que se encontrou presente nas bodas de Canã, quando o Senhor fez o primeiro milagre.
Ainda não havia deixado nem o mister nem a casa, quando voltando Cristo de Jerusalém, o encontrou com ANDRÉ nas margens do lago, levantando as redes. Entrou o Senhor no barco, e disse a Pedro que O levasse pelo mar fora a sítio mais profundo, onde teriam boa pesca.
«Mestre, disse-Lhe, toda a noite nos temos afadigado inutilmente sem ter colhido nada; mas já que mandais, vou deitar a rede à vossa ordem».
Foi extraordinária a pesca; atônito, São PEDRO lançou-se aos pés do Salvador, dizendo-Lhe:
«Senhor, eu sou grande pecador, não sou digno de aparecer na vossa presença».
Levantou-o o Senhor e disse-lhe:
«Tem confiança e segue-Me»; «quero que, sem deixares o ofício, o melhores»; «daqui em diante serás pescador de homens».
Fez tanto efeito no espírito e no coração do Santo a graça da vocação, encerradas nestas palavras, que no mesmo instante deixou tudo; e dando-lhe permissão sua mulher, nunca mais se apartou do lado do Salvador.
Em todas as ocasiões se traduziu o amor e ternura que por Ele professava. Uma noite velejava no lago em companhia dos demais discípulos, e vendo vir Cristo para eles por sobre as águas, impaciente PEDRO por se arrojar a seus pés, disse-Lhe:
«Senhor,. mandai-me ir também a Vós sobre as ondas, antes que entreis no barco». «Vem», respondeu-lhe o Salvador. Obedeceu PEDRO, saltou ao mar com intrepidez; o vento refrescou um pouco, e como viu que se ia afundando, teve medo e exclamou: «Senhor, salvai-me». Colheu-o o Salvador pela mão, e repreendeu-o brandamente, dizendo-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» Mas no meio disto tudo ia crescendo a fé com o seu amor. Explicou o Salvador aos discípulos em Cafarnaum o mistério da Eucaristia; pareceu duro e muitos deles, que principiaram a desconfiar da sua doutrina, retiraram-se. Voltando-se então o Senhor para os Doze que escolhera para apóstolos, disse-lhes: «E vós não ides também?» Tomou PEDRO a palavra e respondeu em nome de todos: «Senhor, aonde e a quem iremos? Só vossas palavras nos ensinam o caminho da vida eterna, e estamos bem persuadidos de que sois o verdadeiro Messias».
Não foi só esta a única confissão pública que fez PEDRO da sua fé. Perguntou Jesus aos discípulos o que se dizia d'Ele na Judeia e em que reputação era tido? Responderam que uns O tinham por JOÃO BAPTISTA ressuscitado; outros por ELIAS; outros por JEREMIAS, ou enfim por algum dos profetas. «E vós, replicou-lhes o Salvador, quem dizeis que Eu sou?» PEDRO de novo toma a palavra em nome de todos e com a sua natural vivacidade e costumado fervor, responde:
«Vós, Senhor, sois o Cristo, Filho de Deus vivo»
«E tu, SIMÃO, filho de JONAS (replicou o Salvador) és bem-aventurado, porque essa importante verdade não ta revelou a carne, nem o sangue», tão sublime conhecimento nem é, nem pode ser, efeito da razão natural, «meu Pai celestial te iluminou, para que soubesses quem Eu era» e agora vou Eu dizer-te a ti o que és desde este momento:
«Tu és PEDRO, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja»; debaixo do meu poder será a sua base, não menos que a sua defesa. «Em vão se armará todo o inferno contra ela»; poderá combatê-la com heresias, persegui-la pelos tiranos e ainda oprimi-la; mas «o todo do edifício», cuja base te constituo desde esta hora, «jamais trepidará». Todas as seitas que houverem de levantar-se na série dos séculos hão-de fundar-se sobre areia, porque não terão por fundamento esta pedra: «Dar-te-ei a chave do Reino dos Céus: àqueles a quem tu abrires as portas, franquear-se-lhe-ão; e àqueles a quem as cerrares, ser-lhes-ão cerradas», porque a justiça do céu confirmará as sentenças que tu pronunciares na terra. Serás nela o meu vigário e quanto dispuseres em meu nome será ratificado por Mim.
Concordam os Santos Padres em que desde este momento ficou PEDRO constituído Principe dos Apóstolos, pedra fundamental da religião e cabeça visível da Igreja. Crescia com a fé o amor que professava a Jesus Cristo. Certo dia, o Filho de Deus declarou aos apóstolos que era indispensável passar a Jerusalém e padecer nesta cidade as maiores ignomínias e sofrer morte afrontosa; horrorizado o nosso santo ao ouvir isto, saiu-se com esta exclamação espontânea:
«Que dizeis Senhor! Não queira Deus que tal suceda», e que nós não o permitamos; prontos estamos a defender-vos, ainda que seja à custa da própria vida. Repreendeu-o o Salvador com severidade, dizendo-lhe:
«Aparta-te de Mim e sai da minha presença, se hás-de falar dessa maneira. fazes o ofício de Satanás sem o perceberes, pois pretendes estorvar a obra da Redenção». Bem conhecia Jesus Cristo o amoroso princípio donde nascia este indiscreto zelo; e assim, passados cinco dias, o escolheu para testemunha da sua gloriosa transfiguração no Tabor, onde, deslumbrado o apóstolo pelos resplendores da glória que jorravam da face do Salvador, exclamou extático e gozoso:
«Belo sítio é este, aqui sim é que devíamos estar». Em todas as ocasiões distinguia Cristo o nosso santo, com algum especial favor. Dispôs que fosse ele quem achasse dentro de um peixe uma moeda de quatro dracmas para pagar a César o tributo em nome dos dois, e quando se aproximava o tempo da paixão, enviou PEDRO e JOÃO, para que arranjassem o Cenáculo, onde havia de celebrar a Páscoa.
Concluída a Ceia, tendo ido o divino Salvador lavar os pés aos apóstolos, começou por São PEDRO; mas, cheio de confusão, quando viu a seus pés o divino Mestre, retirou-os prontamente, protestando que nunca o consentiria; porém, ameaçando o Salvador com não o reconhecer por seu se não se deixasse lavar, atemorizado PEDRO com tão formidável ameaça, exclamou fervoroso: «Que dizeis Senhor! Não só deixarei lavar os pés, mas as mãos e a cabeça antes do que desagradar-Vos».
Contente o Salvador com esta disposição, disse-lhe que o demónio faria todos os seus esforços para o derribar; mas que Ele tinha feito oração a seu Eterno Pai, a fim de que, se chegasse a titubear com a tentação, logo voltasse a fortalecer-se mais do que nunca e lhe sobrassem forças para alentar e fortificar a seus irmãos. Nenhum discípulo professou amor mais abrasado ao divino Mestre. Este amor o fez afirmar arrogantemente que, pelo menos ele, nunca abandonaria o divino Mestre, ainda que todos os outros O abandonassem, não obstante a profecia em contrário que acabava de ouvir. Tardou pouco em dar mostras o seu zelo, quando, ao ver no Horto das Oliveiras os soldados lançarem mão do seu Mestre, puxou da espada e descarregou tal golpe em Malco, que lhe deitou ao chão uma orelha, acção que o Salvador repreendeu.
Preso o Pastor, dispersaram-se as ovelhas. Só PEDRO, em companhia de JOÃO, teve coragem para seguir a Cristo até casa de Caifás, mas, reconhecido como um dos discípulos, caiu na fraqueza de negar por três vezes que conhecesse tal homem. Despertou-lhe a lembrança da sua miséria o canto do galo, como lho havia prognosticado o Salvador. Foi inexplicável o seu arrependimento e a sua dor: retirou-se desfeito em lágrimas, e três dias inteiros passou em amargo pranto sem se atrever a aparecer diante de gente.
Reparou a sua queda com generosa contrição, pelo que nem o discípulo, perdeu nada do ardente amor que professava ao divino Mestre, nem o mestre diminuiu um pouco da ternura com que olhava o seu caro discípulo; e por isso, logo que ressuscitou, apareceu em particular a São PEDRO. Esta ternura nunca se mostrou tão claramente como nas perguntas que lhe dirigiu junto ao mar de Tiberíades, poucos dias antes da sua gloriosa Ascensão aos céus. Perguntando-lhe três vezes, em presença dos demais apóstolos, se O amava mais do que todos, escarmentado PEDRO com as quedas precedentes, respondeu com sinceridade que, pois o mesmo Senhor conhecia bem todas as coisas, sabia igualmente o amor que Lhe tinha.
«Apascenta os meus cordeiros, lhe respondeu o Salvador, apascenta as minhas ovelhas», e com estas palavras, disse Santo AGOSTINHO, confirmou a PEDRO no primado que lhe havia conferido, entregando-lhe o cuidado de todo o rebanho.
O primeiro acto de autoridade que exerceu São PEDRO foi propor aos apóstolos a eleição que se devia fazer de um indivíduo que tomasse o lugar de Judas.
Logo que o Espírito Santo baixou sobre os apóstolos, no dia de Pentecostes, PEDRO, como cabeça da Igreja, pregou um sermão tão enérgico, tão eloquente, tão eficaz à multidão que se encontravas às portas do Cenáculo, que três mil pessoas receberam o baptismo. Entrou depois no Templo, acompanhado de São JOÃO: e encontrando à porta um pobre de 40 anos tolhido de nascença, mandou-lhe em nome de Jesus Cristo que se levantasse: o paralítico fê-lo imediatamente e foi saltando de contente, publicando em altos gritos a maravilha.
A este prodígio correu o povo a rodear os apóstolos. Aproveitando PEDRO tão bela ocasião, falou de Jesus Cristo com tanta eloquência, com tanto espírito e com tanta unção, que nesse dia converteu 5 000 pessoas.
Como estas maravilhas fazia tanto ruído, não era fácil que a recém-nascida Igreja gozasse por muito tempo a paz. Os dois apóstolos foram presos e interrogados em nome de quem tinham operado o milagre; PEDRO respondeu intrepidamente que em nome do mesmo Jesus Cristo que eles haviam crucificado. proibiram-lhes continuar a falar de tal Cristo ou da sua doutrina; ao que respondeu com uma firmeza que os deixou atónitos:
«Considerai se será justo obedecer-vos a vós, antes do que a Deus»,
o qual nos manda publicar a ressurreição do Salvador, da qual nós mesmos fomos testemunhas. Cada dia crescia o número dos fiéis, e cada dia se mostrava PEDRO mais poderoso em obras e palavras. Aquele que dias antes era um pobre pescador, rústico e grosseiro, falava agora como grande doutor da lei. Todas as suas palavras eram oráculos; multiplicavam-se em suas mãos as maravilhas; punham os enfermos nas ruas e nas praças públicas, para que a sombra de PEDRO as tocasse e no mesmo instante ficavam curados. Tantos prodígios forçosamente haviam de pôr em sobressalto os magistrados; mandaram-no prender, açoitaram-no cruelmente; PEDRO não cabia em si de contente por ser digno de padecer estas afrontas por Jesus Cristo.
Por ocasião da horrível perseguição que se seguiu à morte do proto-mártir Santo ESTEVÃO, saíram os discípulos de São PEDRO a pregar o Evangelho fora dos termos da Judeia. Convertidos já os de Samaria, passou o apóstolo a esta província, juntamente com São JOÃO, para tornar os fiéis participantes do Espírito Santo, administrando-lhes o sacramento da confirmação. Ao voltar da Samaria, entrou na cidade de Lida; vendo num paralítico, chamado ENEIAS, estendido sobre a cama, onde havia oito anos que jazia, disse-lhe: «ENEIAS, o Senhor Jesus Cristo te salva; levanta-te e leva a tua cama». Levantou-se logo ENEIAS, publicou o milagre e o seu autor; e toda a cidade recebeu o Baptismo.
Repetiam-se a cada passo os prodígios e a cada passo se dilatavam as conquistas para Jesus Cristo. Morreu em Jope uma virtuosa viúva, chamada TABITA; São PEDRO chegou a esta cidade dois dias depois da moite; fez oração junto do cadáver, à vista de todo o povo; manda a TABITA que se levante em nome de Jesus Cristo. TABITA abre os olhos, levanta-se do ataúde e toda a cidade de Jope reclama o Baptismo.
Nesta cidade teve PEDRO aquela misteriosa visão, em que Deus lhe manifestou que, tendo seu Filho morrido por todos os homens, nenhum povo ou nação era excluída do benefício da redenção. Estava um dia em oração, á hora do meio-dia, quando, arrebatado de repente em êxtase, viu abrir-se o céu, baixar dele um suporte em figura de lençol, contendo toda a espécia de animais, répteis, quadrúpedes, aves e ao mesmo tempo ouviu uma voz que lhe disse:
«PEDRO, levanta-te, mata e come».- «Não permita Deus, replicou PEDRO, que eu coma coisa profana e imunda». Porém a mesma voz replicou: «Não chames imundo, nem profano, o que já purificou o próprio Deus». O apóstolo voltou em si do rapto, e ainda não compreendia bem o que significava a visão, quando entraram em sua casa os criados de um oficial, chamado CORNÉLIO, natural e Roma, que comandava um corpo de infantaria da legião italiana, aquartelada em Cesareia. Pela comissão que traziam, claramente conheceu o sentido da visão, isto é, que também devia pregar a fé aos gentios, pois não era só para os habitantes da Judeia. Partiu sem demora para Cesareia; encontrou CORNÉLIO que o esperava rodeado de gente; pregou-lhes, instruiu-os, e ainda não tinha acabado de falar quando baixou sobre todos o Espírito Santo, visivelmente, em forma de brilhante resplendor. Seguiu-se o Baptismo à vinda do Espírito Santo; de volta à Judeia, contou PEDRO a toda a Igreja as misericórdias do Senhor, pelo que os fiéis glorificaram a Deus por se ter dignado fazer participantes os gentios, como os Judeus, do dom da penitência para a salvação.
À vocação dos gentios seguiu-se muito de perto a dispersão que o Espírito Santo fez dos apóstolos, para que fossem anunciar o Evangelho a todas as partes do universo. Tocou a PEDRO nesta distribuição ir pregar à capital do mundo; e sendo Antioquia a capital do oriente, deu princípio por ela, fundando aquela Igreja onde os discípulos começaram a chamar-se «cristãos». São PEDRO manteve poucos anos a sua cadeira naquela cidade.
Depois de percorrer grande parte da Ásia, anunciando Jesus Cristo aos Judeus, espalhados pelo Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, voltou a Jerusalém, onde se deteve algum tempo.
Renovou-se co o maior furor a perseguição contra os fiéis em Jerusalém. Querendo Herodes Agripa congraçar-se com os Judeus, tirou a vida ao apóstolo São TIAGO, e persuadido de que daria o maior gosto à nação em fazer o mesmo a São PEDRO, que era a cabeça dos outros, mandou prendê-lo; mas como era o tempo da Páscoa, em que não podia castigar-se nenhum delinquente, deu ordem para que fosse bem custodiado no cárcere, nomeando para este fim, 16 soldados que se revezariam de 4 em 4, sem o perder de vista. Era seu intento tirar-lhe a vida depois de passar a Páscoa, e dar prazer ao povo com um espectáculo tanto do seu gosto; mas ouviu Deus as orações de toda a Igreja e confundiu o tirano, porque na noite anterior ao dia assinalado para a execução, o Anjo do Senhor apareceu no cárcere, despertou PEDRO, a quem as cadeias com que estava preso, caíram; abriram-se-lhe as portas de par em par; o anjo conduziu-o até ao cabo da rua e desapareceu.
Foi-se direito São PEDRO a casa de MARIA, mãe de JOÃO MARCOS, onde se haviam reunido muitos fiéis e estavam em oração; bateu à porta; saiu silenciosamente uma donzela por nome RODE a ver quem chamava; conheceu o apóstolo pela voz e foi tamanha a sua alegria que, em lugar de ir abrir a porta, correu apressada a dar a notícia aos que estavam dentro. Disseram-lhe que estava louca; ela replicou: «Repito que é ele e que pela voz o conheci». Entretanto, continuava São PEDRO chamando; abriram afinal e é fácil de imaginar qual seria a admiração e o gozo de todos quando o viram; e mais ainda quando lhes referiu circunstanciadamente tudo o que se havia passado e o modo por quer estava livre do cárcere e das cadeias.
Depois deste sucesso, percorreu o apóstolo outra vez quase toda a Judeia e uma parte da Ásia para animar os fiéis com santo fervor; tendo permanecido por algum tempo em Antioquia, passou a Roma pelo ano de 43 e nela fixou a sua cadeira pontifical.
«Dispô-lo assim a divina Providência, diz São LEÃO, para aquela cidade, que era a cabeça do mundo, ser também o centro da religião e a escola da verdade, depois de o ter sido do erro, ficando constituída por mestra das demais Igrejas da terra».
De Roma escreveu São PEDRO a sua primeira epístola aos fiéis do oriente. E a data é de Babilónia, porque assim chamava àquela capital do mundo pagão; não obstante, a fé fazia nela maravilhosos progressos pelos desvelos do apóstolo e de seus discípulos. Na mesma cidade escreveu MARCOS o seu Evangelho, que São PEDRO aprovou para satisfazer a devoção dos fiéis que nela havia.
Aos três ou quatro anos da sua residência em Roma, publicou-se o decreto do imperador Cláudio, para que saíssem da cidade todos os judeus. Partiu PEDRO para Jerusalém, onde presidiu ao Concílio em que se definiu que a lei do Evangelho abolira a da circuncisão. As decisões foram levadas a Antioquia por São PAULO e São BARNABÉ. Veio também São PEDRO a esta cidade e não teve escrúpulo em se misturar com os gentios convertidos à fé, comendo com eles sem fazer diferença de viandas. Mas informado de que isto escandalizava os judeus, absteve-se de o fazer por mera complacência. Não pareceu bem a São PAULO esta nímia condescendência, e com santa liberdade lhe disse que semelhante atitude podia levar a crer que ainda subsistia a obrigação de observar a lei antiga.
Rendeu-se São PEDRO à advertência de São PAULO, «e o que era Principe dos Apóstolos e Cabeça da Igreja, diz Santo AGOSTINHO, não se valeu da sua primazia; cedeu a autoridade à modéstia». Não considerou, observa São GREGÓRIO, que São PAULO era inferior a ele, e admitiu docilmente a sua repreensão: «Ecce a minore repreheditur et reprehendi non dedignatur».
Restituído a Roma, dedicou-se a cultivar a vinha do Senhor que havia plantado e que era já o modelo de todas as Igrejas, custando-lhe este cultivo imensos trabalhos e fadigas. Mas não se limitava a Roma a sua pastoral solicitude, antes se dilatava a toda a Igreja, à qual escreveu a sua Segunda Epístola, dirigia a todos os fiéis em geral. Afirmam alguns Santos Padres que percorrera todas as partes do mundo, desprezando os perigos e as perseguições que lhe suscitavam os Judeus e os gentios.
Diz-se que de Roma levara ele próprio o Evangelho a várias províncias da Europa; e quando não fosse em pessoa, tem-se por certo que o fez por meio de discípulos. Muitas Igrejas de França, Itália, Espanha, Inglaterra, África e Sicília e ilhas adjacentes conservam os nomes dos seus primeiros bispos, persuadidas de que foram discípulos de São PEDRO.
Enquanto São PEDRO trabalhava em Roma tão gloriosamente, chegou a esta cidade São PAULO dispondo-o assim a divina Providência para que os dois maiores luminares do mundo cristão terminassem a sua carreira na capital do universo e a ilustrassem com o seu glorioso martírio. os milagres feitos em Roma por um e outro apóstolo inflamaram a mais terrível das perseguições no reinado do ímpio Nero.
Fugindo da tempestade, assim se conta, saía um dia o apóstolo para se retirar de Roma, quando à porta dela, encontrou o Salvador como quem ia para entrar. Não lhe pareceu novidade a visão, por estar acostumado a muitas semelhantes, e assim lhe perguntou sem estranheza:
«Senhor, aonde ides?»
«Vou a Roma, respondeu-lhe Jesus Cristo, para ser crucificado de novo». Compreendeu o apóstolo o que queria dizer, e ocorrendo-lhe então á memória o que o Senhor lhe havia prognosticado, antes e depois da ressurreição, voltou para trás e dispôs-se para o martírio.
Há também a seguinte velha tradição:
«No mesmo dia foi preso e conduzido ao cárcere Mamertino, junto do Capitólio, onde esteve nove meses com São PAULO, acrescentando em cada dia as conquistas para Jesus Cristo, pois foram convertidos e baptizados por São PEDRO dois dos seus guardas, PROCESSO e MARTINIANO, com mais 47 pessoas que estavam na mesma prisão.
Enfim, depois de empregar a vida em fazer conhecer e amar a Jesus Cristo; depois de contribuir com tão intensos trabalhos para fundar e estabelecer a Igreja em todo o universo, mas muito particularmente na capital do mundo, viu finalmente aproximar-se o tempo, prognosticado por Jesus Cristo, em que outro o havia de cingir e conduzir aonde naturalmente não quereria. Tiraram-no do cárcere e levaram-no à outra banda do Tibre, no VATICANO. Segundo outra tradição, queriam crucificá-lo ao modo ordinário, mas conseguiu dos verdugos que o pregassem na cruz de cabeça para baixo, porque disse que não merecia ser tratado como o seu divino Mestre. É o que nos dizem ORÍGENES e São JERÓNIMO.
Foi sepultado o Principe do Apóstolos muito perto, e desde então foi o seu sepulcro, depois do de Jesus Cristo, o mais respeitável e o mais respeitado de todo o mundo cristão; começando na terra o culto dos dois apóstolos São PEDRO e São PAULO quase ao mesmo tempo que teve a sua eterna felicidade . Logo que o imperador Constantino deu a paz à Igreja, levantaram-se sumptuosíssimos templos em toda a parte, em honra dos dois santos. No dia 18 de Novembro celebra a igreja a Dedicação das duas formosas basílicas fundadas em Roma em honra dos apóstolos São PEDRO e São PAULO, cuja construção se deveu ao grande Constantino e a Dedicação ao Papa SILVESTRE. Mas ambas foram refeitas: a de São PEDRO, durante mais de cem anos, a partir do início do século XVI e a de São PAULO (menos completamente) desde o incêndio que sofreu em 1823, até ser reinaugurada em 1854.
PAULO, Santo
Apóstolo dos Gentios
(ano 67)
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA da
Editorial A. O,. de Braga:
São PAULO, Apóstolo, Doutor das gentes e oráculo do mundo, era judeu da tribo de BENJAMIM e chamava-se SAULO. Nasceu em Tarso, cidade célebre da Cilícia, dois anos depois do nascimento de Nosso Senhor. Por nascimento era cidadão romano, privilégio concedido pelo imperador Augusto aos Tarsenses, em prémio da sua fidelidade. Seu pai, que era da seita dos fariseus, mandou-o para Jerusalém, sendo ainda jovem, para cursar a escola de GAMALIEL, aprendendo a doutrina das leis e das tradições. Em pouco tempo fez grandes progressos, e sendo um dos mais zelosos partidários da lei, foi também um dos mais ardentes perseguidores da Igreja. Depressa chegou a furor o seu falso zelo. Não contente com pedir encarniçadamente a morte de Santo ESTÊVÃO, quis ter o gosto de guardar as capas dos que o apedrejavam. A perseguição, excitada em Jerusalém contra a Igreja depois da morte do Protomártir, deu boa ocasião a este furioso inimigo dos discípulos de Cristo de satisfazer o seu ódio. Percorria a cidade, entrava no templo, revistava a s casas e delas arrancava a quantos criam no Senhor, arrastando-os pelas ruas, metendo-os nos calabouços e carregando-os de cadeias.
Pareciam muito estreitos os limites da Judeia, da Galileia e da Palestina para contentar o femetido zelo deste furioso perseguidor. respirando sangue, mortes e carnificina dos fieis, apresentou-se ao Conselho, pedindo cartas e mandados pra as sinagogas e judeus de Damasco, com pleno poder para devassar e proceder contra todos os cristãos, para exterminar, se pudesse, aquela recém-nascida Igreja. Partiu para Damasco com amplíssimos poderes, lançando reptos e fulminando ameaças. Já ia perto da cidade, quando pela hora do meio-dia, viu de repente descer do céu uma luz extraordinária, mais resplandecente do que o Sol, a qual o rodeou, a ele e aos que o acompanhavam. Atónitos e aterrorizados, caíram todos por terra, e estando SAULO derribado, ouviu uma voz que, distinta e claramente, lhe dizia: «SAULO, SAULO, por que me persegues?» Comove-se o seu coração ao ouvir tão amorosa quanto inesperada queixa; recobrando o espírito, respondeu: «Quem sois vós, Senhor?» «Eu sou Jesus, lhe respondeu o Salvador, a quem tu persegues. Em vão pretendes recalcitrar contra o estímulo». Ao ouvir isto, o santo, tremendo, perturbado e fora de si, exclamou: «Senhor, que quereis que eu faça?». «Levanta-te, respondeu-lhe o Salvador, entra na cidade, e ali te dirão o que deves fazer». Os que o acompanhavam não estavam menos atónitos do que ele, ouviam confusamente a voz, mas sem perceberem o que dizia, nem verem quem falava; só PAULO via o Salvador distintamente. levantou-se, quis abrir os olhos e achou-se em trevas; de modo que foi necessário conduzirem-no pela mão à cidade, onde esteve três dias sem ver, nem comer nem beber.
Neste meio tempo, revelou Deus o que se passava a um dos discípulos, chamado ANANIAS, o qual foi à pousada de SAULO; pôs as mãos sobre ele; restituiu-lhe a vista; instruiu-o suficientemente e administrou-lhe o Baptismo.
Se nunca houve conversão mais ruidosa, tão piuco a houve mais sincera, pois o mais furioso perseguidor de Jesus Cristo passou de repente a um dos seus mais fervorosos apóstolos. Pregava, demonstrava a divindade de Jesus Cristo e confundia a quantos disputavam ao Salvador a augusta qualidade de verdadeiro Messias. Os judeus ficaram tomados de susto de tal pregador, porque, sobre ser perfeitamente lido nas Escrituras, era de engenho vivo, com certo ar de autoridade em tudo quanto fazia; leva após si o respeito e o coração de todos. Sobressaltados os doutores da lei em presença de tão formidável adversário, perdendo a esperança de lhe resistir, tomaram a resolução de se desembaraçar dele; mas os fiéis livraram-no das suas mãos e do seu furor, baixando-o uma noite da muralha, metido num cesto.
Livre de perigo, passou a jerusalém para conferenciar com São PEDRO, em cuja companhia esteve quinze dias. Apareceu-lhe Jesus Cristo e deu-lhe ordem de ir pregar o Evangelho aos gentios. Partiu para Tarso, donde fez várias excursões apostólicas pelas cidades da Síria e da Cilícia, recolhendo grande espólio para Jesus Cristo. Os apóstolos mandaram São BARNABÉ à cidade de Antioquia; achou sobrada messe para um só operário; pediu a São PAULO que se lhe juntasse, e os dois apóstolos com tão feliz êxito trabalharam que foi ali onde os fieis começaram a chamar-se cristãos.
Três anos havia que PAULO e BARNABÉ pregavam em Antioquia com maravilhoso fruto; faziam-se nela com o maior fervor todos os exercícios da religião; eram muito frequentes os jejuns e celebravam-se os sagrados mistérios, quando o Espírito Santo deu a entender aos profetas e aos doutores (em grande número) que tinha escolhido PAULO e BARNABÉ para a conversão dos gentios. Jejuaram os fieis, fizeram oração, ofereceram o divino sacrifício, e o Espírito Santo declarou a sua vontade do modo mais explicito, pois ouviu-se uma voz, percebida por todos os assistentes, que dizia: «Segregai a PAULO e BARNABÉ para o ministério a que os tenho destinado. Dobraram então os apóstolos tanto os jejuns, como as orações; impuseram-lhes as mãos e enviaram-nos para a missão que o Espírito Santo lhes assinalara. Partiram opara a Selêucia; daqui embarcaram para Chipre, entraram em Salamina, capital da ilha, e pregaram o Evangelho com tanto zelo e êxito que se converteu a maior parte da cidade.
Tem-se por certo que no começo desta missão sucedeu o famoso rapto de São PAULO ao terceiro céu, onde o Senhor lhe descobriu maravilhas superiores a toda a expressão, dando-lhe a inteligência dos mais ocultos mistérios; mas, para que se não desvanecesse com os singulares favores, como diz o mesmo apóstolo, permitiu Deus que o estímulo da carne o combatesse toda a vida; e para o sujeitar, acrescentou ele aos trabalhos do apostolado, contínuas e rigorosas penitências.
Era então governador da ilha o procônsul SÉRGIO PAULO, homem prudente e entendido, o qual,. logo, que ouviu falar o nosso santo de Cristo e da sua religião, a teria imediatamente abraçado, se não o tivesse impedido um judeu chamado Bar-Jesus, por sobrenome Elimas, que quer dizer um insigne mágico. Abrasado o apóstolo em santo zelo contra aquele embusteiro, disse-lhe:
«Ó criatura cheia de todas as astúcias e de toda a iniquidade, filho do diabo, inimigo de toda a justiça, quando é que cessarás de perverter os rectos caminhos do Senhor? Mas agora a mão do Senhor está sobre ti: Vais ficar cego e, durante algum tempo, não hás-de ver o sol».
No mesmo instante perdeu Elimas a vista, buscou quem lhe desse a mão para andar; milagre que assombrou o procônsul, o qual se converteu imediatamente.
Deixaram os Apóstolos a ilha de Chipre, e partindo para a Ásia Menor, pregaram o Evangelho em Antioquia da Pisídia, em Perga da Panfília e nas províncias vizinhas. Achando-se São PAULO em Antioquia, pregou a Jesus Cristo na sinagoga com tanta unção e eficácia, que todo o povo de mostrou inclinado a crer n'Ele. Sobressaltados os sacerdotes e os doutores, vomitaram mil blasfémias contra Cristo e amotinaram-se contra os apóstolos, em virtude do que lhes disseram estes:
«Vós havíeis de ser os primeiros que a desprezais, e por vossa mesma boca vos confessais indignos da vida eterna, eis que daqui a vamos anunciar aos gentios».
Dito isto, sacudiram o pó de seus pés e partiram para Icónio, onde operaram numerosas conversões de judeus e idólatras; mas os judeus que se mantiveram pertinazes na sua incredulidade moveram o povo tão furiosamente contra eles, que sofreram grande risco de ser apedrejados. Isto obrigou-os a retirar-se daquela cidade e foram para Listra, Derba e muitos outros povos.
Estando em Listra, São PAULO curou de repente um paralitico de nascença, milagre que fez acreditar àquela cega gente que era um deus; e nesta persuasão iam já oferecer-lhe incenso e vítimas, quando, horrorizados, os apóstolos rasgaram os vestidos em sinal de luto e clamaram que eram uns pobres homens, tão mortais como os outros, e que não havia mais que um Deus verdadeiro, criador do céu e da terra. Chegaram a Listra alguns judeus, que vinham de Icónio e de Antioquia da Pisídia, e concitaram, o povo de maneira que aquela veneração se converteu de repente em desatinado furor. Uma espessa chuva de pedras caiu sobre São PAULO; levaram-no de rastos pela cidade e deixaram-no como morto fora delas; ainda nesta mesma noite voltou o apóstolo à cidade, como pôde; mas ao amanhecer do dia seguinte, saiu de Listra, para que não se excitasse alguma perseguição contra os fiéis.
Crescia o seu zelo com os trabalhos e os perigos. percorria com São BARNABÉ a Pisídia, a Atália e grande parte da Síria, ordenando bispos e sacerdotes e fundando Igrejas em todas aquelas províncias. Não é fácil imaginar o muito que o grande apóstolo padeceu por Cristo naquelas expedições.
Ele próprio dá testemunho de que nenhum outro padeceu mais trabalho, sofreu mais golpes, tolerou mais cárceres; muitas vezes se viu às portas da morte, nos rios, nos caminhos, por mar e em terra. Não se podem explicar os perigos a que se expôs por parte dos judeus, dos gentios e dos falsos irmãos, empenhados todos em o desacreditar e perder, sem estar seguro ainda nos mais embrenhados desertos. Quantos dias passou sem comer nem beber, quantas noites sem dormir, exposto a todos os rigores do tempo, sem recurso nem abrigo! Cinco vezes foi cruelmente açoitado pelos judeus com nervos de boi; duas com varas, por ordem dos magistrados das cidades da Ásia ou da Grécia; três vezes padeceu naufrágios; passou um dia e uma noite flutuando entre as ondas do mar, esperando ser tragado por elas a cada momento.
Mas no meio de tantos trabalhos, São PAULO, sempre o mesmo, sempre mais e mais abrasado no amor de Jesus Cristo, sempre mais e mais zeloso de levar seu santo nome por todas as nações da terra! Causa assombro considerar as cidades, as províncias, os reinos e os vastos domínios que percorreu este grande Apóstolo, anunciando o Evangelho em todos eles.
Fez três ou quatro viagens a Jerusalém; percorreu, depois da sua separação de São BARNABÉ, todas as Igrejas da Cilícia, Síria e Atália. Estando em Licaónia, tomou por companheiro o seu querido discipulo TIMÓTEO; daqui passou à Frígia e à Galácia, onde converteu muitos gentios.
Chegado à Macedónia, pregou em Filipos, onde produziu maravilhosos frutos; de Filipos passou à Selêucia, daqui a Bereia e a Atenas, onde falou no Areópago, naquele famoso tribunal dos Atenienses, declarando com tanta força e tanta eloquência a divindade de Jesus Cristo, a ressurreição dos mortos e a santidade do Evangelho, que se converteram, à fé DIONÍSIO, um dos membros mais célebres e mais sábios daquela academia - assim se diz -, e uma mulher chamada DÂMARIS e muitos outros.
De Atenas encaminhou-se para Corinto, onde permaneceu perto de 18 meses com a consolação de ver florescer e triunfar naquela cidade a religião cristã, crescendo tanto a Igreja de Corinto pelo grande número de indivíduos que abraçaram a fé, que foi um dos mais ilustres reinos de Jesus Cristo nos primeiros séculos. Mas quanto maiores eram, os progressos que fazia o Evangelho, mais tinha São PAULO que padecer. Embarcou em Cêncrio para voltar à Síria; atravessou a Galácia, a Frígia e as províncias da Ásia mais afastadas do mar.
Chegou a Éfeso, onde pregou o Evangelho; mas foi posto fora desta cidade por um motim, levantado por um artista de prata, chamado Demétrio; sublevou o povo contra o apóstolo, irritado por ver o grande desfalque que sofria a venda das suas imagens ou medalhas de Diana de Éfeso, pela pregação de São PAULO. este transitou pela Macedónia, onde permaneceu algum tempo; e, enfim, voltou pela quarta vez a Jerusalém, pelo ano 58.
Vendo-o os judeus no templo, lançaram-se sobre e pediram auxílio para o prender.
«Este é, diziam, aquele homem que em toda a parte prega contra a lei, contra o templo e contra o povo de Deus». Do povo comunicou-se logo o tumulto e, concorrendo de toda a cidade,.arremessaram-se contra o apóstolo; arrastaram-no para fora do templo , cobriram-no de golpes; e teriam acabado com ele, se não tivera acudido o tribuno Lísias, que comandava a coorte romana: arrancando-o com grande trabalho das mãos daqueles furiosos, sem mais informação nem interrogatório, mandou atá-lo e lançar-lhe cadeias, pondo-o em seguida em segurança.
Era tal o concurso, que se viram obrigados os soldados a fazê-lo subir por uma escadaria de pedra que estava da banda de fora do cárcere. Quando São PAULO percorreu com a vista, do alto da escada, aquela multidão, pediu licença ao tribuno para falar ao povo; e obtendo-a, referiu a história da sua conversão: mas quando chegou ao ponto em que Cristo lhe mandou levar a pregação aos gentios, entraram os judeus a dar-lhe gritos descompostos e a soltar-se contra ele com desenfreamento. Para os sossegar, ordenou-lhe o tribuno que entrasse para a prisão, com o intuito de lhe aplicar a tortura, mas, tendo sabido que era cidadão romano, mudou de propósito e mandou tirar-lhe as cadeias. Informado depois de a disputa versar sobre pontos da religião, convocou o conselho plenário dos Judeus. Logo que abriu São PAULO a boca para falar, o sacerdote descarregou-lhe brutalmente sobre o rosto uma bofetada, que o santo sofreu com grande paciência, de modo que a reunião ficou como atónita e confundida, dissolvendo-se tumultuariamente.
Mandou o tribuno que o tornassem a levar à prisão, com receio de que a multidão o fizesse em pedaços. Na noite seguinte apareceu-lhe Jesus Cristo, animou-o, confortou-o e disse-lhe que, assim como tinha dado testemunho d'Ele em Jerusalém, era mister que o desse também em Roma.
Enquanto isto se passava no cárcere, mais de quarenta judeus tinham acudido a casa do principe dos sacerdotes, protestando que não comeriam, enquanto se não tirasse a vida a PAULO. Tendo-o sabido Lísias, deu ordem para que, à meia-noite, partisse o nosso Santo com uma boa escolta para Cesareia, onde se achava Félix, governador da Judeia, dando-lhe uma participação exacta do sucedido. Dois anos o teve Félix preso em Cesareia, onde o Santo confundiu os judeus em quantas ocasiões se lhe ofereceram e converteu muitos pagãos. Festo sucessor de Félix, propôs a São PAULO em conselho se queria ser remetido para Jerusalém, a fim de que se julgasse a sua causa; mas o Santo, que sabia da conspiração dos judeus, respondeu que não havia motivo, pois estava inocente e nunca tinha feito mala ninguém; mas, visto que a sua causa estava no tribunal de César, para César apelava. No dia seguinte teve outra audiência do governador, em presença do rei Agripa. Este ficou tão plenamente convencido da sua inocência, que disse a Festo dever pô-lo em liberdade, se não tivesse ele apelado para César.
Dispostas já todas as coisas para o embarque, São PAULO, seguido de São LUCAS e de ARISTARCO, fez-se à vela para Roma. A poucos dias de navegação, levantou-se uma tormenta tão desfeita, que não só se viram constrangidos a alijar a carga, mas também os próprios aparelhos do navio; e prosseguindo sempre com maior violência, chegaram, todos a perder a esperança de se salvarem. Mas, fazendo oração o apóstolo, conseguiu que ninguém do navio perecesse e, com efeito, dando à costa na ilha de Malta, todos ganharam, a terra, uns a nado, outros em tábuas, sem que houvesse um só que não se reconhecesse devedor da vida ao santo apóstolo.
Receberam os insulanos os náufragos com muita humanidade, e fizeram lume para que secassem a roupa. Ajuntou São PAULO umas poucas de maravalhas para avivar mais a chama, sem dar por uma víbora que vinha dentro delas, a qual, logo que sentiu a mão, mordeu o apóstolo. Viram, isto os bárbaros, e julgaram que seria home facinoroso, perseguido pela justiça dos deuses, esperando por instantes que caísse morto em terra; mas PAULO não fez mais do que sacudir a mão, e a víbora caiu no fogo sem lhe ter feito o mais leve dano; à vista disso, atónitos os bárbaros, e mudando de repente de conselho, começaram a olhá-lo como homem extraordinário.
Hospedou-o em sua casa o mais considerado da ilha chamado Públio, romano, o qual tinha seu pai enfermo, mas apenas São PAULO o visitou, logo ficou repentinamente são.
Com a notícia deste milagre, acudiram logo ao apóstolo todos os enfermos da ilha, e todos recuperaram saúde. Depois de nela se haver demorado seis meses, embarcou o santo com os seus companheiros, aportando à ilha de Siracusa, desembarcando depois em Pozuoles e partiu por terra para Roma.
Tendo tido notícia os fieis da sua vinda, saíram de tropel a recebê-lo, e bem fácil é imaginar a ternura com que o faziam.. Deu-se-lhe permissão para que andasse livremente pela cidade, só com guarda à vista. Aproveitou-se desta liberdade para instruir os judeus e para confirmar os fiéis na fé. Dois anos (61-62) esteve São PAULO em Roma, durante os quais propagou maravilhosamente o reino de Jesus Cristo, fazendo numerosas conversões, até no próprio palácio do imperador. Justificado plenamente em todos os tribunais, mandaram-no absolvido de tudo quanto lhe imputavam.
Vendo-se já em inteira liberdade, levou o Evangelho a muitas províncias, e não poucos autores crêem ter estado o santo em Espanha. É provável que tivesse regressado ao Oriente, não achando descanso nem consolação senão em seus trabalhos apostólicos; podendo-se dizer sem exagero que foi um milagre contínuo a vida deste grande apóstolo.
A perseguição rebentou em Roma a seguir ao grande incêndio do ano 64. São PAULO foi preso na Ásia pelo fim do ano 66. Trouxeram-no acorrentado para Roma, onde este cativeiro foi muito mais rigoroso que o primeiro. Provavelmente esteve na prisão na companhia de PEDRO, que sendo simples judeu, foi executado com toda a simplicidade jurídica. Mas PAULO cidadão romano, sobreviveu vários meses, ao que parece. Da cadeia escreveu uma última carta a TIMÓTEO. Antes de pedir que lhe traga a capa, os livros e sobretudo os pergaminhos, diz:
«Quanto a mim, estou pronto para o sacrifício; e o tempo da minha partida já se aproxima. Combati o bom combate, terminei a minha carreira e guardei a fé. Já nada me resta senão receber a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não só a mim, mas também àqueles que desejam a sua vinda» (2 Tim 4, 56-8).
Foi-lhe cortada a cabeça junto à estrada de Óstia, segundo a tradição (ano 67 - ??), na localidade chamada TRE FONTANE (Três fontes).
Temos catorze Epístolas de São PAULO, nas quais podemos dizer que se contêm toda a Doutrina Cristã.
SIRO, Santo
Em Génoiva, na Ligúria, Itália, São SIRO que é venerado como bispo. (330)
CÁSSIO, Santo
Em Nárni, na Úmbria, Itália, São CÁSSIO bispo, o qual,. como narra o papa São GREGÓRIO MAGNO oferecia todos os dias o sacrificio da expiação todo banhado em lágrimas e dava em esmolas tudo o que tinha. Finalmente, no dia dos santos Apóstolos, em que todos os anos costumava ir a Roma, quando celebrava a Missa na sua cidade e distribuia a todos o Corpo de Cristo, partiu ao encontro do Senhor. (558)
EMA, Santa
RAIMUNDO LÚLIO, Beato
Num braço de mar frente à ilha de Maiorca, Espanha, o Beato RAIMUNDO LÚLIO religioso da Ordem Terceira de São Francisco e mártir, homem de grande cultura e eminente doutrina , que estabeleceu um diálogo fraterno com os Sarracenos para lhes anunciar o Evangelho de Cristo. (1316)
PAULO WU JUAN, JOÃO BAPTISTA WU MANTANG e PAULO WU WANSHU, Santos
No território de Xiaoluyi, junto de Shenxian, no Hebei, China, os santos mártires PAULO WU JUAN, e seu filho JOÃO BAPTISTA WU MANTANG e seu sobrinho PAULO WU WANSHU que, durante a perseguição dos «Yiheutan» porque se declararam cristãos, mereceram todos ao mesmo tempo a coroa do martírio. (1900)
MARIA DU TIANSHI e MADALENA DU FENGJU, Santas
Em Dujiadun, Shenxian, no Hebei, China, as santas MARIA DU TIANSHI e sua filha MADALENA DU FENGJU mártires, que na mesma perseguição retiradas de um canavial onde se tinham escondido morreram pelo nome cristão sendo a segunda encerrada no sepulcro ainda com vida.- (1900)
SALOMÉ DE NIEDERALTAICH, Beata
La vita di questa santa è avvolta nella leggenda. Ritornando da un pellegrinaggio a Gerusalemme, Salome perse la vista nelle vicinanze di Regensburg e dopo una caduta nel Danubio fu colpita dalla lebbra e costretta a mendicare. L’abate di Niederaltaich la accolse presso di sé e, assecondandone la volontà, la fece murare in una cella ricavata nel coro della chiesa conventuale. Nello stesso monastero fu raggiunta dalla cugina Giuditta, che si fece murare anch’ella nell’atrio della stessa chiesa. Salome precedette Giuditta nella morte, dopo aver sopportato tremende sofferenza fisiche. L’esistenza delle due cugine è da collocarsi alla fine dell’undicesimo secolo.
L’Ordine Benedettino la festeggia il 29 giugno
Num braço de mar frente à ilha de Maiorca, Espanha, o Beato RAIMUNDO LÚLIO religioso da Ordem Terceira de São Francisco e mártir, homem de grande cultura e eminente doutrina , que estabeleceu um diálogo fraterno com os Sarracenos para lhes anunciar o Evangelho de Cristo. (1316)
PAULO WU JUAN, JOÃO BAPTISTA WU MANTANG e PAULO WU WANSHU, Santos
No território de Xiaoluyi, junto de Shenxian, no Hebei, China, os santos mártires PAULO WU JUAN, e seu filho JOÃO BAPTISTA WU MANTANG e seu sobrinho PAULO WU WANSHU que, durante a perseguição dos «Yiheutan» porque se declararam cristãos, mereceram todos ao mesmo tempo a coroa do martírio. (1900)
MARIA DU TIANSHI e MADALENA DU FENGJU, Santas
Em Dujiadun, Shenxian, no Hebei, China, as santas MARIA DU TIANSHI e sua filha MADALENA DU FENGJU mártires, que na mesma perseguição retiradas de um canavial onde se tinham escondido morreram pelo nome cristão sendo a segunda encerrada no sepulcro ainda com vida.- (1900)
... E AINDA ...
La vita di questa santa è avvolta nella leggenda. Ritornando da un pellegrinaggio a Gerusalemme, Salome perse la vista nelle vicinanze di Regensburg e dopo una caduta nel Danubio fu colpita dalla lebbra e costretta a mendicare. L’abate di Niederaltaich la accolse presso di sé e, assecondandone la volontà, la fece murare in una cella ricavata nel coro della chiesa conventuale. Nello stesso monastero fu raggiunta dalla cugina Giuditta, che si fece murare anch’ella nell’atrio della stessa chiesa. Salome precedette Giuditta nella morte, dopo aver sopportato tremende sofferenza fisiche. L’esistenza delle due cugine è da collocarsi alla fine dell’undicesimo secolo.
L’Ordine Benedettino la festeggia il 29 giugno
Os textos são recolhidos prioritariamente do Livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial de Braga (os mais descritivos, até com imagens) e os restantes do
MARTIROLÓGIO ROMANO
Ed. Conferência Episcopal Portuguesa - MMXIII
e ainda eventualmente através dos sites:
Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral,
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Também no que se refere às imagens que aparecem aqui no fim das mensagens diárias, são recolhidas aleatoriamente ou através de fotos próprias que vou obtendo, ou transferindo-as das redes sociais e que creio, serem livres.
Quanto às de minha autoria, (que serão diferentes e versando diversos temas - diariamente) não
são colocados quaisquer entraves para quem quiser copiá-las
ANTÓNIO FONSECA