quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CARTAS A TIMÓTEO - S. PAULO - 1ª e 2ª

Cartas de São Paulo Carta a Timóteo PRIMEIRA CARTA A TIMÓTEO APELO AO DISCERNIMENTO Introdução
Juntamente com a carta a Tito, as cartas a Timóteo formam um conjunto à parte na literatura que é comummente atribuída a São Paulo. Não se dirigem a uma comunidade, mas a pessoas individuais que possuem responsabilidades no governo, no ensino e no comportamento das comunidades cristãs. Porque apresentam directrizes para os pastores, desde o séc. XVIII são chamadas Cartas Pastorais. Timóteo foi discípulo e colaborador de Paulo, e é mencionado ou está sempre junto do Apóstolo quando este escreve as suas cartas. Como dizem os Actos, Timóteo nasceu em Listra, na Licaónia. Filho de pai grego e mãe judeo-cristã, Paulo permitiu que ele fosse circuncidado (Act 16,1-3). Ao passar por Listra, na sua segunda viagem missionária, Paulo tomou Timóteo consigo como companheiro de viagem. Timóteo ficou em Bereia quando Paulo teve que fugir (Act 17,14s) e depois juntou-se a Paulo em Corinto. Foi mandado para a Macedónia antes da terceira viagem de Paulo (Act 19,22) e estava no grupo de Paulo no fim da terceira viagem (Act 20,4). A 1 Tm deve ter sido escrita em 64-65 e apresenta Timóteo como responsável pela Igreja de Éfeso. A importância da 1 Tm está no seu testemunho histórico sobre a organização eclesiástica. Paulo insiste para que Timóteo desempenhe com firmeza e coragem a função que recebeu de Cristo mediante a imposição das mãos («ordenação»). Exorta-o a tornar-se anunciador e defensor da verdade (1,3- 20), a organizar o culto (2,1-15) e a ser pastor, dirigindo a comunidade na diversidade dos grupos (3,1-6,2). Estamos ainda longe de uma rígida organização jurídica, mas podemos dizer que temos aqui um verdadeiro ponto de partida para a reflexão teológica sobre o ministério na Igreja.
1 Endereço e saudação
1Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo por ordem de Deus nosso Salvador e de Jesus Cristo nossa esperança, 2a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor. A vida cristã não é teoria 3Ao partir para a Macedónia, recomendei que ficasses em Éfeso, a fim de impedir que alguns continuassem a ensinar doutrinas diferentes, 4e para que não se ocupassem com fábulas e genealogias sem fim; estas favorecem mais as discussões do que o projecto de Deus, que se realiza na fé. 5A finalidade desta ordem é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem hipocrisia. 6Alguns desviaram-se desta linha e perderam-se num palavreado inútil; 7pretendem passar por doutores da Lei, mas não sabem nem o que dizem nem o que afirmam. O papel da Lei 8Sabemos que a Lei é boa, contanto que a tomemos como uma lei. 9Ela não é destinada ao justo, mas aos iníquos e rebeldes, ímpios e pecadores, sacrílegos e profanadores, parricidas e matricidas, homicidas, 10impudicos, pederastas, mercadores de escravos, mentirosos, para os que juram falso, e para tudo o que se oponha à sã doutrina, 11de acordo com o Evangelho glorioso do Deus bendito, que me foi confiado. O papel da graça 12Agradeço Àquele que me deu força, a Jesus Cristo nosso Senhor, que me considerou digno de confiança, tomando-me para o seu serviço, 13apesar de eu ter sido um blasfemo, perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia porque agia sem saber, longe da fé. 14Sim, Ele concedeu-me com maior abundância a sua graça, com a fé e o amor que estão em Jesus Cristo. 15Esta palavra é segura e digna de ser acolhida por todos: Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. 16Mas exactamente por causa disto é que eu obtive misericórdia: Jesus Cristo quis demonstrar toda a sua generosidade primeiramente em mim, como exemplo para os que depois iriam acreditar n’Ele, a fim de terem a vida eterna. 17Ao rei dos séculos, ao Deus incorruptível, invisível e único, honra e glória para sempre. Ámen! Fé e boa consciência 18Timóteo, meu filho, esta é a instrução que te confio, conforme as profecias que foram outrora pronunciadas a teu respeito. Apoiado nelas combate o bom combate, 19com fé e boa consciência. Alguns rejeitaram a boa consciência e acabaram por naufragar na fé. 20Entre esses encontram-se Himeneu e Alexandre, que entreguei a Satanás, a fim de que aprendam a não blasfemar.
2 Deus quer salvar a todos
1Antes de tudo, recomendo que façais pedidos, orações, súplicas e acções de graças em favor de todos os homens, 2pelos reis e por todos os que têm autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena, com toda a piedade e dignidade. 3Isso é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador. 4Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem 6que Se entregou para resgatar a todos. Esse é o testemunho dado nos tempos estabelecidos por Deus, 7e para o qual eu fui designado pregador e Apóstolodigo a verdade, não minto, — doutor das nações na fé e na verdade. 8Quero, portanto, que os homens orem em todo o lugar, erguendo mãos puras, sem ira e sem discussões. Comportamento das mulheres 9Quanto às mulheres, que elas se apresentem em trajes decentes e se enfeitem com pudor e modéstia. Não usem tranças, nem objectos de ouro, pérolas ou vestuário luxuoso; 10mas enfeitem-se com boas obras, como convém a mulheres que dizem ser piedosas. 11Durante a instrução, a mulher deve ficar em silêncio, com toda a submissão. 12Eu não permito que a mulher ensine ou domine o homem. Portanto, que ela permaneça em silêncio. 13Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida, pecou. 15Entretanto, ela será salva pela sua maternidade, desde que permaneça com modéstia na fé, no amor e na santidade.
3 Organização da comunidade
1É certo que se alguém aspira a um cargo de direcção, aspira a uma coisa nobre. 2É preciso, porém, que o dirigente seja irrepreensível, esposo de uma única mulher, ajuizado, equilibrado, educado, hospitaleiro, capaz de ensinar, 3não dado à bebida, nem desordeiro, mas indulgente, pacífico e sem interesse por dinheiro. 4Deve ser homem que saiba dirigir bem a própria casa, e cujos filhos lhe obedeçam e o respeitem. 5Pois, se alguém não sabe dirigir bem a própria casa, como poderá dirigir bem a Igreja de Deus? 6Que não seja recém-convertido, a fim de que não fique cheio de soberba e seja condenado como o foi o diabo. 7Exige-se ainda que tenha boa fama entre os de fora, para não cair no descrédito e nos laços do diabo. 8Os diáconos igualmente devem ser dignos de respeito, homens de palavra, não inclinados à bebida, nem ávidos de lucros vergonhosos. 9Conservem o mistério da fé com a consciência limpa. 10Também eles devem ser primeiramente experimentados e, em seguida, se forem irrepreensíveis, sejam admitidos na função de diáconos. 11Também as mulheres devem ser dignas de respeito, não maldizentes, ajuizadas, fiéis em todas as coisas. 12Que os diáconos sejam esposos de uma única mulher, dirigindo bem os filhos e a própria casa. 13Pois aqueles que exercem bem o diaconado conquistam lugar de honra, e também muita coragem na fé em Cristo Jesus. 14Escrevo-te estas coisas esperando encontrar-te em breve. 15Se me atrasar, saberás como proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade. 16De facto, como é grande o mistério da piedade: ele manifestou-se na carne, foi justificado no Espírito, apareceu aos anjos, foi anunciado aos pagãos, foi acreditado no mundo e exaltado na glória!
4 Tudo o que Deus criou é bom
1O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns renegarão a fé, para dar atenção a espíritos sedutores e a doutrinas demoníacas. 2Serão seduzidos por homens hipócritas e mentirosos, que têm a própria consciência como que marcada a ferro quente. 3Eles proibirão o casamento, exigirão abstinência de certos alimentos, embora Deus tenha criado essas coisas para serem recebidas com acção de graças por aqueles que têm fé e conhecem a verdade. 4De facto, tudo o que Deus criou é bom, e nada é desprezível se tomado com acção de graças, 5porque é santificado pela Palavra de Deus e pela oração. O bom servidor de Cristo 6Ensinando estas coisas aos irmãos, comportar-te-ás como bom servidor de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. 7Rejeita, porém, as fábulas ímpias, coisas de pessoas caducas. Exercita-te na piedade. 8Vale pouco o exercício corporal, ao passo que a piedade é proveitosa para tudo, pois contém a promessa da vida presente e futura. 9Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação. 10De facto, se nós trabalhamos e lutamos, é porque colocamos a nossa esperança no Deus vivo, salvador de todos os homens, principalmente dos que têm fé. 11Proclama e ensina estas coisas. 12Que ninguém te despreze por seres jovem. Quanto a ti mesmo, sê para os fiéis um modelo na palavra, na conduta, no amor, na fé, na pureza. 13Enquanto aguardas a minha chegada, dedica-te à leitura, animação e ensinamento. 14Não descuides o dom da graça que há em ti e que te foi dado através da profecia, com a imposição das mãos do grupo dos presbíteros. 15Cuida bem destas coisas e persevera nelas, a fim de que o teu progresso seja manifesto a todos. 16Vigia-te a ti mesmo e ao ensinamento, e sê perseverante. Desse modo salvar-te-ás a ti mesmo e aos teus ouvintes.
5 Respeito e solidariedade
1Não repreendas duramente um ancião, mas exorta-o como se fosse um pai. Aos rapazes, como a irmãos. 2Às senhoras, como a mães. Às jovens, como a irmãs, com toda a pureza. As viúvas 3Honra as viúvas que são realmente viúvas. 4Porém, se alguma viúva tiver filhos ou netos, que estes aprendam primeiramente a cumprir os seus deveres para com a própria família e a recompensar os seus pais, pois isso é agradável diante de Deus. 5Aquela que é verdadeiramente viúva, que ficou sozinha, deposita a sua confiança em Deus e persevera dia e noite em súplicas e orações. 6Mas a viúva que só busca prazer, mesmo que viva, já está morta. 7Portanto, ordena tudo isto, a fim de que elas sejam irrepreensíveis. 8Se alguém não cuida dos seus e principalmente dos que são da sua própria casa, renegou a fé e é pior que um incrédulo. 9A mulher só será inscrita no grupo das viúvas com sessenta anos e não menos, se tiver sido esposa de um só marido, 10se tiver em seu favor o testemunho das suas boas obras, criado filhos, sido hospitaleira, lavado os pés dos fiéis, socorrido os atribulados, aplicada a toda a boa obra. 11Rejeita as viúvas mais jovens; pois, quando os seus desejos se afastam de Cristo, elas querem casar-se, 12tornando-se censuráveis por terem rompido o seu primeiro compromisso. 13Além disso, aprendem a viver ociosas, correndo de casa em casa; não são apenas desocupadas, mas também bisbilhoteiras e indiscretas, falando do que não convém. 14Desejo, pois, que as viúvas jovens se casem, criem filhos e dirijam a sua casa para não darem ao adversário nenhuma ocasião de maledicência. 15Porque já existem algumas que se desviaram, seguindo a Satanás. 16Se um fiel tem viúvas na sua família, preste-lhes socorro; não se onere a Igreja, a fim de que possa ajudar aquelas que são verdadeiramente viúvas. Os presbíteros 17Os presbíteros que exercem bem a presidência são dignos de dupla remuneração, sobretudo os que trabalham no ministério da Palavra e da instrução. 18De facto, assim diz a Escritura: «Não amordaçarás o boi que debulha». E ainda: «O operário é digno do seu salário». 19Não aceites denúncia contra um presbítero, a não ser sob depoimento de duas ou três testemunhas. 20Repreende, diante de todos, os presbíteros que pecam, a fim de que os demais temam. 21Conjuro-te diante de Deus, de Jesus Cristo e dos anjos eleitos: observa estas regras sem preconceitos, nada fazendo por favoritismo. 22Não te apresses a impor as mãos em alguém, para não seres cúmplice dos pecados de outrem. Conserva-te puro. 23Não continues a beber somente água; toma um pouco de vinho, por causa do estômago e das frequentes fraquezas que tens. 24Os pecados de alguns homens manifestam-se antes do julgamento, os de outros manifestam-se depois. 25Do mesmo modo, as boas obras são evidentes; e as outras não conseguem ficar ocultas.
6 Os escravos
1Aqueles que se encontram sob o jugo da escravidão devem tratar os seus patrões com todo o respeito, para que o Nome de Deus e o ensinamento não sejam blasfemados. 2Os que têm patrões que acreditam, não os desrespeitem, porque são irmãos. Pelo contrário: sirvam-nos melhor ainda, pois aqueles que beneficiam dos seus trabalhos, são fiéis e irmãos amados. O falso doutor — Isto é o que deves ensinar e recomendar. 3Pois, quem ensina coisas diferentes, que não concordam com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensinamento conforme a piedade, 4é cego, não entende nada, é doente à procura de discussões e brigas de palavras. É daí que nascem invejas, brigas, blasfémias, suspeitas, 5polémicas intermináveis, coisas típicas de homens de espírito corrupto e desprovidos da verdade. 6Eles supõem que a piedade é fonte de lucro. De facto, a piedade é grande fonte de lucro, mas para quem sabe contentar-se. 7Pois não trouxemos nada para o mundo, e dele nada podemos levar. 8Se temos que comer e com que nos vestir, fiquemos contentes com isso. 9Aqueles, porém, que querem tornar-se ricos, caem na armadilha da tentação e em muitos desejos insensatos e perniciosos, que fazem mergulhar os homens na ruína e perdição. 10Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Por causa dessa ânsia de dinheiro, alguns afastaram-se da fé e afligem-se a si mesmos com muitos tormentos. O verdadeiro doutor 11Tu, porém, homem de Deus, foge dessas coisas. Procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. 12Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado. Isso já o reconheceste numa bela profissão de fé diante de muitas testemunhas. 13Diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Jesus Cristo, que deu testemunho diante de Pôncio Pilatos numa bela profissão de fé, eu te ordeno: 14guarda o mandamento puro, de modo irrepreensível, até à Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo. 15Essa Aparição mostrará, nos tempos estabelecidos, o Bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, 16o único que possui a imortalidade, que habita uma luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode ver. A Ele, honra e poder eterno. Ámen! Os ricos e a conversão 17Admoesta os ricos deste mundo, para que não sejam orgulhosos e não coloquem a sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos dá tudo com abundância para que nos alegremos. 18Que eles façam o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam prontos a distribuir, capazes de partilhar. 19Desse modo, estão acumulando para si mesmos um belo tesouro para o futuro, a fim de obterem a verdadeira vida. Saudações finais 20Timóteo, guarda o depósito. Evita o palavreado irreverente e as objecções dessa falsa ciência, 21pois alguns professaram-na e desviaram-se da fé. A graça esteja convosco.
==========================reflexão ======================

1,1-2: A respeito de Timóteo, cf. Act 16,1-5 e a nota correspondente.

3-7: A vida cristã não é mera teoria baseada em mil especulações e sistemas teológicos, que muitas vezes parecem não ter outra coisa em mira além de deleitar o pensamento. A vida cristã inspira-se no caminho e prática de Jesus, que se resumem na vivência do amor, isto é, na capacidade de se relacionar, respondendo a situações concretas.
8-11: Em Éfeso, alguns apresentam-se como doutores da Lei, mas transformam a Lei em especulações dogmáticas, esquecendo-se do verdadeiro papel da Lei. De facto, a Lei existe para mostrar o erro e evitar que os conflitos de interesse cheguem a níveis de destruição, causando exploração, opressão e morte. Para os que vivem do amor evangélico, a Lei já não tem sentido, pois o amor é muito mais exigente do que a Lei. A sã doutrina é a tradição apostólica, isto é, o testemunho do Apóstolo, que orienta todo o pensamento e prática dos cristãos, de acordo com o testemunho de Jesus Cristo. 12-17: No meio da confusão de ideias e interpretações, é importante voltar sempre ao sentido profundo e primeiro do Evangelho: Deus enviou Jesus ao mundo, não para condenar, mas para salvar os homens. A salvação, portanto, é um acto de graça e confirma-se como graça abundante porque é oferecida gratuitamente aos pecadores, isto é, a todos aqueles que jamais poderiam merecê-la. Paulo é um exemplo vivo do Evangelho da graça. O povo de Deus não é formado por pessoas que nunca erraram, mas por pecadores que se convertem e são salvos por pura graça.
18-20: As profecias pronunciadas sobre Timóteo lembram a intervenção dos «profetas» no momento da ordenação apostólica (cf.Act 13,1-3). «Entregar a Satanás» quer dizer exclusão da comunidade; essa pena é uma medida para que o culpado se arrependa e se emende (cf. 1Cor 5,5).
2,1-8: O autor recomenda que os cristãos incluam na sua oração todos os homens. É a oração litúrgica universal, impulsionada pela convicção de que Deus enviou o seu Filho para salvar o mundo inteiro. Ser Igreja no mundo é testemunhar que o projecto de Deus está aberto a todos.
9-15: Nos conselhos dados às mulheres, é preciso ter em mente o contexto social da época, que via a mulher como inferior ao homem, o ensinamento patriarcal dos mestres judeus e as preocupações imediatas da carta. Afirmando que a mulher será salva pela maternidade, a carta opõe-se aos falsos doutores que proibiam o matrimónio (4,3). A recomendação sobre o silêncio quer evitar os excessos de boatos e indiscrições. E procura impedir que a emancipação da mulher, fruto da liberdade evangélica, acarrete exageros.
3,1-16: Com a multiplicação e desenvolvimento das comunidades, surgem os primeiros esboços de uma organização eclesial. A respeito dos «dirigentes» (em grego = epíscopos) e dos diáconos, cf. nota em Fl 1,1-2. É provável que algumas mulheres tenham ocupado o cargo de diaconisas (cf. Rm 16,1). Aqui não se pensa numa lei do celibato, mas exige-se que os candidatos a cargos eclesiais tenham sólidas qualidades humanas.
4,1-16: Nos últimos tempos, isto é, entre a ressurreição e a segunda vinda de Cristo, multiplicam--se os mestres e doutrinas que adulteram a fé. Alguns desprezam tudo o que se refere ao corpo, condenando o matrimónio, proibindo alimentos e pregando exageradas práticas ascéticas. O cristão, porém, sabe acolher tudo o que Deus criou e apega-se somente a Deus e ao cumprimento da sua vontade. Aquele que tem um cargo de direcção na comunidade procure tornarse modelo, tanto no comportamento como na acção, perseverando na graça que recebeu pela imposição das mãos (cf. 2Tm 1,6).
5,1-2: Numa comunidade cristã, o exercício de um cargo de direcção não dá a ninguém o direito de agir com aspereza e prepotência. Pelo contrário, o exercício do cargo é um serviço que se realiza no respeito e na solidariedade com as pessoas.
3-16: O texto deve ser entendido na época e nas condições concretas da comunidade. Há três espécies de viúvas: as que têm família e não necessitam de auxílios; aquelas que a Igreja deve assistir porque são «verdadeiras viúvas», sozinhas no mundo; aquelas que, assistidas ou não pela Igreja, por esta são chamadas para realizar certas funções oficiais, contanto que satisfaçam sérias exigências. A reticência sobre viúvas jovens talvez se deva a uma experiência negativa de consagração feita e depois abandonada.
17-25: Presbítero é uma palavra grega que significa «ancião». Os presbíteros não se distinguem dos dirigentes (= epíscopos) citados acima (3,1-7); a sua função é animar a liturgia e ensinar a Sagrada Escritura. Aqui são dadas algumas orientações a respeito de pessoas que exercem cargos de autoridade dentro da Igreja; esta função é conferida através do rito da imposição das mãos. Quem a exerce tem direito a receber da comunidade o necessário para viver; devem ser protegidos contra qualquer calúnia; e não é qualquer um que pode ser escolhido. Por outro lado, a comunidade tem direito a exigir que os seus dirigentes sejam fiéis aos compromissos assumidos. 6,1-2 a: Esta passagem não trata da estrutura social na época, mas da lealdade de vida e das relações humanas dentro de uma determinada estrutura. Sobre o tema, ver notas da carta a Filémon.
2b-10: A piedade é a maneira prática de viver que testemunha o verdadeiro seguimento do Evangelho e a «sã doutrina» que dele procede. O texto mostra como perceber claramente quando uma doutrina é «doentia»: o desejo desenfreado de lucro, o amor ao dinheiro. Qualquer doutrina que aceite essa prática percorre infalivelmente o caminho contrário ao Evangelho, à fé e à salvação, porque se fundamenta numa idolatria, que é geradora de inveja, quezílias, blasfémias, corrupção e mentira.
11-16: O verdadeiro doutor é aquele que foge da ambição e vive com sobriedade. O seu principal compromisso é com a verdade, que se manifesta no ministério de Cristo, relembrado nos vv. 15-16.
17-19: O seguimento de Cristo está aberto também aos ricos, desde que estejam dispostos a converter-se: deixar a idolatria da riqueza para adorar a Deus vivo, que cria os bens para todos. Assim, os ricos são chamados a imitar o próprio Deus, tornando-se capazes de distribuir o que possuem, repartindo os seus bens com aqueles que nada têm (cf. Mc 10,17-22).
20-21: No começo do capítulo (6,3ss) e no fim (6,20s) insiste-se na fidelidade à tradição («depósito»). O núcleo fundamental da fé é o compromisso dos cristãos com Deus e principalmente com o seguimento de Jesus Cristo. É neste seguimento que se manifesta totalmente o Deus vivo. Esse compromisso, porém, incarna-se em épocas e lugares diferentes; as doutrinas, por sua vez, exprimem essas diversas incarnações. A verdadeira Tradição procura garantir que o núcleo fundamental da fé se concretize através dessas incarnações históricas. As incarnações são sempre relativas a determinado tempo e lugar. O conhecimento delas é grande estímulo para que também nós nos abramos aos desafios e apelos do nosso contexto, dando uma resposta baseados no núcleo fundamental da fé, conservado e transmitido pela Tradição viva.
SEGUNDA CARTA A TIMÓTEO COMBATER O BOM COMBATE Introdução

Embora trate dos mesmos temas da 1.ª carta a Timóteo e da carta a Tito, a 2.ª carta a Timóteo é um escrito predominantemente pessoal. O interesse central desloca-se da comunidade cristã (1Tm e Tt) para a relação pessoal entre Paulo e Timóteo, tornando esta carta muito semelhante à carta a Filémon.> Paulo está de novo na prisão em Roma, provavelmente no ano 67. As condições são duras, bem diferentes da prisão domiciliar, quando ainda podia pregar livremente (Act 28, 16). O Apóstolo sente-se só, ninguém o defendeu no tribunal, os seus dias estão contados, e prepara-se para o martírio. Frente ao abandono, incompreensão, torturas e próxima execução, Paulo continua firme e dá graças. Antes da morte, deseja rever o seu «amado filho Timóteo» e confirmá-lo na missão. Este é apresentado com traços mais precisos: uma pessoa sensível (1,4), às vezes indecisa e sem coragem (1,8). Ficamos também a conhecer o nome de sua avó Lóide e de sua mãe Eunice (1,5), exemplos de fé para Timóteo. O tema central da carta são as considerações sobre os «últimos dias». Trata-se dos últimos tempos de Paulo, prisioneiro, doravante próximo a partir, e também dos últimos tempos da Igreja. Assim, o Apóstolo deseja rever Timóteo. Relembra os próprios sofrimentos e experimenta o conforto de ter «combatido o bom combate», e a certeza de receber a coroa da justiça. Por outro lado, recomenda a Timóteo: que não se envergonhe do Evangelho, mas que o proclame com integridade; que tome cuidado com as «palavras vãs» de falsos pregadores que aparecerão nos últimos tempos, apresentando falsas doutrinas; que se vigie a si mesmo e se mantenha perseverante, mesmo que deva sofrer como ele, Paulo, por causa do Evangelho.
SEGUNDA CARTA A TIMÓTEO 1 Endereço e saudação
1Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo por vontade de Deus, para anunciar a promessa da vida em Jesus Cristo, 2ao amado filho Timóteo: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor. Agradecimento 3Agradeço a Deus, a quem sirvo com consciência limpa como os meus antepassados, enquanto me recordo sempre de ti nas minhas orações, noite e dia. 4Quando me lembro das lágrimas que derramaste, sinto grande desejo de te voltar a ver e, assim, transbordar de alegria. 5Lembro-me da fé sincera que há em ti, a mesma que havia antes na tua avó Lóide, depois na tua mãe Eunice e que agora, estou convencido, também há em ti. Não se envergonhar do Evangelho 6Por esse motivo, convido-te a reavivar o dom de Deus que está em ti pela imposição das minhas mãos. 7De facto, Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria. 8Não te envergonhes, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro; pelo contrário, participa do meu sofrimento pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. 9Ele salvou-nos e chamou-nos com uma vocação santa, não por causa das nossas obras, mas conforme o seu próprio projecto e graça. Esta graça foi-nos concedida em Jesus Cristo desde a eternidade, 10mas somente agora foi revelada pela aparição do nosso Salvador Jesus Cristo. Ele não só venceu a morte, mas também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho, 11do qual eu fui constituído anunciador, Apóstolo e mestre. 12Esta é a causa dos males que estou a sofrer. Todavia, não me envergonho, porque sei em quem coloquei a minha fé, e estou certo de que Ele tem poder para guardar o meu depósito até àquele Dia. 13Toma por modelo as sãs palavras que ouviste de mim, com a fé e o amor que estão em Jesus Cristo. 14Guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós. Não se envergonhar da testemunha do Evangelho 15Sabes que todos os da Ásia me abandonaram, e entre eles Figelo e Hermógenes. 16Que o Senhor conceda misericórdia à família de Onesíforo, porque ele muitas vezes me confortou e não se envergonhou de eu estar preso; 17pelo contrário, quando chegou a Roma, procurou-me com insistência, até me encontrar. 18Que o Senhor lhe conceda misericórdia junto a Deus naquele Dia. E quanto aos serviços que ele me prestou em Éfeso, tu sabe-lo melhor do que eu.
2 O bom soldado de Cristo
1Tu, porém, fortifica-te sempre na graça que está em Jesus Cristo. 2O que ouviste de mim na presença de muitas testemunhas, transmite-o a homens de confiança que, por sua vez, estejam em grau de o ensinar a outros. 3Participa dos sofrimentos como bom soldado de Jesus Cristo. 4Ao alistar-se no exército, ninguém se deixará envolver pelas questões da vida civil, se quiser satisfazer a quem o alistou no regimento. 5Do mesmo modo, um atleta não receberá a coroa se não tiver lutado conforme as regras. 6O agricultor que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos. 7Procura compreender o que estou a tentar dizer-te, e o Senhor certamente darte-á inteligência em todas as coisas. Louvor ao mártir 8Lembra-te de que Jesus Cristo, descendente de David, ressuscitou dos mortos. Este é o meu Evangelho, 9pelo qual eu sofro, a ponto de estar acorrentado como um malfeitor. Mas a Palavra de Deus não está algemada. 10É por isso que tudo suporto por causa dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Jesus Cristo, com a glória eterna. 11Estas palavras são verdadeiras: Se com Ele morremos, com Ele viveremos; 12se com Ele sofremos, com Ele reinaremos. Se O renegamos, também Ele nos renegará.13Se Lhe formos infiéis, Ele permanece fiel, pois não pode renegar-Se a Si mesmo. Um servo provado no Senhor 14Lembra-te destas coisas, testemunhando diante de Deus que é preciso evitar as discussões inúteis, que não servem para nada, a não ser para a perdição dos que as ouvem. 15Procura apresentar-te a Deus como homem digno de aprovação, como trabalhador que não tem de que se envergonhar e que distribui com rectidão a Palavra da verdade. 16Evita o palavreado inútil dessa gente que se vai tornando cada vez mais ímpia; 17a sua palavra é como gangrena que se alastra. Entre eles encontram-se Himeneu e Fileto. 18Estes desviaram-se da verdade, dizendo que a ressurreição já aconteceu e estão a perverter a fé em várias pessoas. 19Apesar disso, o sólido alicerce colocado por Deus permanece, marcado pelo selo desta palavra: «O Senhor conhece os que são seus». E ainda: «Afaste-se da injustiça todo aquele que pronuncia o Nome do Senhor». 20Numa casa grande, não há somente vasos de ouro e prata; há também de madeira e barro. Alguns são para uso nobre, outros para uso comum. 21Aquele que se purificar desses erros será vaso nobre, santificado, útil para o seu dono e preparado para toda a boa obra. 22Foge das paixões da juventude; segue a justiça e a fé, o amor e a paz com aqueles que invocam de coração puro o Nome do Senhor. 23Evita questões loucas e não educativas que provocam brigas. 24Um servo do Senhor não deve ser quezilento, mas manso para com todos, competente no ensino, paciente nas ofensas sofridas. 25É com suavidade que deves educar os opositores, esperando que Deus lhes dará não só a conversão, para conhecerem a verdade, 26mas também o retorno ao bom senso, libertando-os do laço do diabo, que os conservava presos para lhe fazerem a vontade.
3 A Sagrada Escritura é o alimento da fé
1Sabe, porém, que nos últimos dias haverá momentos difíceis. 2Os homens serão egoístas, gananciosos, soberbos, blasfemos, rebeldes com os pais, ingratos, iníquos, 3sem afecto, implacáveis, mentirosos, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, 4traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres do que de Deus; 5manterão aparências de piedade, mas negarão a sua força interior. Evita essas pessoas! 6Entre esses encontram-se os que entram nas casas e cativam mulherzinhas cheias de pecados e possuídas por todo o tipo de desejos, 7que estão sempre a aprender, mas não conseguem chegar ao conhecimento da verdade. 8E assim como Janes e Jambres se opuseram a Moisés, também esses se opõem à verdade; são homens de espírito corrupto e fé inconsistente. 9Mas não irão longe, pois a sua loucura será desmascarada diante de todos, como aconteceu com aqueles dois. 10Tu, porém, seguiste-me de perto no ensino e no comportamento, nos projectos, na fé, na paciência, no amor e na perseverança, 11nas perseguições e sofrimentos que tive em Antioquia, em Icónio e Listra. Que perseguições sofri! Mas de todas elas o Senhor me livrou. 12Assim, também, todos os que querem viver com piedade em Jesus Cristo serão perseguidos. 13Quanto aos maus e impostores, eles progredirão no mal, enganando e sendo enganados. 14Quanto a ti, permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como certo, pois sabes de quem o aprendeste. 15Desde a infância que conheces as Sagradas Escrituras; elas têm o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo. 16Toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, 17a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda a boa obra.
4 Proclama a Palavra
1Rogo-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há-de vir para julgar os vivos e os mortos, pela sua manifestação e pelo seu Reino: 2proclama a Palavra, insiste no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovando e aconselhando com toda a paciência e doutrina. 3Pois vai chegar o tempo em que já não se suportará a doutrina; pelo contrário, desejosos de ouvir novidades, os homens rodear-se-ão de mestres a seu bel-prazer. 4Desviarão os ouvidos da verdade orientando-os para as fábulas. 5Quanto a ti, sê sóbrio em tudo, suporta o sofrimento, faz o trabalho de um anunciador do Evangelho, realiza plenamente o teu ministério. Combati o bom combate 6Quanto a mim, o meu sangue está para ser derramado em libação, e chegou o tempo da minha partida. 7Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. 8Agora só me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me entregará naquele Dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação. O Senhor deu-me forças 9Apressa-te a vir ter comigo, 10pois Demas abandonou-me, preferindo o mundo presente. Ele partiu para Tessalónica; Crescente, para a Galácia; Tito, para a Dalmácia. 11Somente Lucas está comigo. Procura Marcos e traze-o contigo, porque ele pode ajudar-me no ministério. 12Mandei Tíquico para Éfeso. 13Quando vieres, traz-me o manto que deixei em Tróade, em casa de Carpo. Traz também os livros, principalmente os pergaminhos. 14Alexandre, o ferreiro, fez-me muito mal. O Senhor o recompensará conforme as suas obras. 15Tu também, toma cuidado com ele, pois ele opôs-se muito à nossa pregação. 16Na minha primeira defesa no tribunal, ninguém ficou ao meu lado; todos me abandonaram. Que Deus não lhes ponha isso na conta! 17Mas o Senhor ficou comigo e encheu-me de força, a fim de que pudesse anunciar toda a mensagem, e ela chegasse aos ouvidos de todas as nações. E assim fui libertado da boca do leão. 18O Senhor me libertará de todo o mal e me levará para o seu Reino eterno. Ao Senhor, glória para sempre. Ámen! Saudações finais 19Saudações a Prisca e Áquila e à família de Onesíforo. 20Erasto ficou em Corinto. Deixei Trófimo doente em Mileto. 21Procura vir antes do Inverno. Êubulo, Pudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos enviam-te saudações.
22O Senhor esteja com o teu espírito. A graça esteja com todos vós.
=========================== reflexão =========================
1,1-5: Um belo testemunho sobre a relação que cresceu dentro de uma solidariedade na missão. O v. 5 é uma rara notícia sobre os benefícios da educação da fé no seio de uma família cristã.
6-14: Preso e prestes a enfrentar o martírio, Paulo procura estimular o seu companheiro Timóteo, convidando-o a reavivar o dom que este recebeu na sua «ordenação» para a missão. Esta consiste fundamentalmente em testemunhar o Evangelho, e isto pode levar a testemunha ao mesmo destino de Jesus: o sofrimento e a morte. «Envergonhar-se» é renegar o testemunho por causa da perseguição social que ele provoca (cf. Mc 8,38). A vocação cristã é um dom gratuito de participação no projecto de Deus: projecto de salvação feito desde a eternidade, manifestado em Jesus Cristo e entregue a todos pelo anúncio do Evangelho.
Sobre o «depósito da fé» — vv. 12.14cf. nota em 1Tm 6,20-21. O Espírito Santo garante o discernimento que faz compreender qual é o núcleo fundamental da fé, isto é, o testemunho de Jesus Cristo, e como concretizá-lo dentro de novas situações históricas.
15-18: A situação de perseguição provocada pelo testemunho do Evangelho conduz à verdadeira triagem das relações: como aconteceu com Jesus, a maioria afasta-se da testemunha perseguida («envergonham-se»); outros aproximam-se ainda mais, confirmando o próprio testemunho. 2,1-7: Os vv. 1-2 colocam-nos em contacto com a tradição viva, que transmite o «depósito da fé» (cf. nota em 1Tm 6,20-21). A seguir, temos três comparações para mostrar que o seguidor de Jesus Cristo é alguém que faz uma opção (v. 4), participa no destino doloroso de Jesus (v. 5) e também na sua ressurreição gloriosa (v. 6).
8-13: Timóteo é convidado a viver como testemunha da ressurreição. A seguir, é recordado um hino baptismal (vv. 11-13): neste afirma-se o compromisso com uma prática que seja coerente com a fé recebida.
14-26: No dirigente deve haver rectidão, respeito e acolhimento para com todos, firmeza na perseguição, seriedade na palavra e fuga de conversas ociosas. O autor condena uma vez mais os erros que se propagam na região de Éfeso: são apenas agitação feita de palavras vazias. Os gregos tinham dificuldade em admitir a ressurreição dos corpos (cf. Act 17,32; 1Cor 15,22); por isso, alguns cristãos evitavam o problema, dizendo que a ressurreição já acontecera no baptismo, e que aqui se tratava apenas de uma ressurreição espiritual.
3,1-17: Jesus anunciara perspectivas sombrias para os últimos tempos: os falsos messias multiplicam-se, desviando as pessoas com doutrinas perversas (cf. Mt 24,4-5.24). Paulo relembra esse aumento do mal que antecede o fim da História (cf. 2Ts 2,3-12). Segundo a lenda judaica, Janes e Jambres foram os chefes dos magos que se opuseram a Moisés na presença do Faraó (cf. Ex 7,8ss). Quem anuncia o Evangelho deve contar com a perseguição (cf. Mt 10,22; Act 13,1-14,28), permanecendo fiel à Palavra de Deus contida na Sagrada Escritura: nela se encontra o alimento da fé e a força para o testemunho.
4,1-5: A missão dos Apóstolos e pastores é, em primeiro lugar, anunciar o Evangelho, a fim de que os homens deixem a idolatria e sirvam ao único Deus vivo.
6-8: Perante a certeza do martírio, Paulo compara-se a um atleta que recebe o prémio da vitória: ele sabe que a sua vida foi inteiramente dedicada a propagar e sustentar a fé.
9-18: Os últimos tempos de Paulo são tristes e solitários. Embora abandonado e traído pelos companheiros mais próximos, o seu olhar continua firme no Senhor, para anunciar o Evangelho e finalmente participar plenamente no Reino. Lucas já estava com Paulo no tempo da primeira prisão (cf. Cl 4,14); talvez seja este Lucas o autor do 3.º Evangelho e do livro dos Actos dos Apóstolos. Marcos ou João Marcos foi companheiro circunstancial (cf. Act 12,12) e teve uma divergência com Paulo (cf. Act 15,37-39). Mas encontramo-lo como companheiro fiel no tempo da perseguição (cf. Cl 4,10). 19-22: Paulo recorda-se de Prisca (ou Priscila) e Áquila, o casal cristão que o hospedou e se tornou missionário em pleno mundo pagão (cf. Act 18,2.18.26; Rm 16,3; 1Cor 16,19).
http://diocese-porto.pt http://ecclesia.pt/anopaulino NOTA: Ao iniciar a transcrição das Cartas a Timóteo, não reparei que iam ocupar tanto espaço e ainda pensei publicar a segunda carta em mensagem separada, mas acabei por deixar ficar como está, pelo que peço a vossa compreensão. Obrigado.
LOUVADO SEJA ETERNAMENTE DEUS, NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E SUA MÃE MARIA SANTISSIMA
António Fonseca

CARTA A TITO - S. PAULO - CAP. I, II e III

Cartas de São Paulo
Carta a Tito
EXPRESSAR A FÉ NA VIDA
Introdução
A carta a Tito e a primeira carta a Timóteo tratam de problemas idênticos. O Evangelho foi anunciado, as comunidades foram fundadas e, algumas dezenas de anos mais tarde, aparecem os verdadeiros problemas. Alguns cristãos, provavelmente de origem judaica, misturam o Evangelho com teorias propagadas por grupos judaicos que se arrogam o direito de regulamentar o uso de alimentos e proibir o matrimónio. Por outro lado, também os costumes trazidos do paganismo se infiltram na comunidade, falseando a moral. É preciso recordar aos cristãos que a salvação foi trazida por Cristo, e também traçar as grandes linhas do comportamento para a vida particular e social, e ainda prover à organização das Igrejas. A carta foi escrita provavelmente nos anos 64-65. Tito, seu destinatário, é o delegado pessoal de Paulo na ilha de Creta. Segundo Gl 2,1ss, ele era grego, acompanhou Paulo e Barnabé em Antioquia e, apesar da sua origem pagã, não foi circuncidado; isso para demonstrar a liberdade evangélica perante a Lei. Agora Paulo conta com ele para organizar a comunidade de Creta e lutar contra os que falseiam a Palavra de Deus. O centro da carta é a «sã doutrina», isto é, a vontade salvadora de Deus e a salvação gratuita trazida por Cristo. Ao redor desse núcleo giram as várias partes da carta, numa organização temática bem mais feliz que na primeira a Timóteo. Tito deve instituir presbíteros, a fim de que exortem à «sã doutrina» e refutem todos os que a contradizem; além do mais, o próprio Tito deverá «fechar a boca» dessa gente, ensinando, praticando e fazendo praticar a «sã doutrina».

1

Endereço e saudação

1Paulo, servo de Deus, Apóstolo de Jesus Cristo para levar os escolhidos de Deus à fé e ao conhecimento daquela verdade que conduz à piedade 2e se fundamenta sobre a esperança da vida eterna. Deus, que não mente, prometeu-nos essa vida antes dos tempos eternos, 3e no tempo certo manifestou-a com a sua Palavra, através da pregação que me foi confiada por ordem de Deus, nosso Salvador. 4A ti, Tito, meu verdadeiro filho na fé comum, graça e paz da parte de Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador.

Organização da comunidade

5Eu deixei-te em Creta para que cuidasses de organizar o que ainda restava para fazer, e para que nomeasses em cada cidade os presbíteros das Igrejas, conforme as instruções que te deixei: 6o candidato deve ser irrepreensível, esposo de uma única mulher, e seus filhos devem ter fé e não ser acusados de maus costumes nem de desobediência. 7De facto, sendo administrador de Deus, o dirigente deve ser irrepreensível, não arrogante, nem beberrão ou violento, nem ávido de lucro desonesto. 8Pelo contrário, deve ser hospitaleiro, bondoso, ponderado, justo, piedoso, disciplinado, 9e de tal modo fiel à fé verdadeira, conforme o ensinamento transmitido, que seja capaz de aconselhar segundo a sã doutrina e também de refutar quando a contradizem.

Tudo é puro para os puros

10De facto, há muitos rebeldes, faladores e enganadores, principalmente entre os que vieram do judaísmo. 11É preciso fazer com que eles se calem, pois estão a perverter famílias inteiras, ensinando o que não devem, com a intenção vergonhosa de ganhar dinheiro. 12Um dos seus profetas disse: «Os habitantes da ilha de Creta são sempre mentirosos, animais ferozes, comilões preguiçosos». 13E o que ele disse é verdade. Por isso, repreende-os com firmeza, para que sejam sãos na fé, 14e não dêem ouvidos a fábulas judaicas ou a mandamentos de homens desviados da verdade. 15Tudo é puro para os puros; mas nada é puro para os impuros e descrentes, porque a sua mente e a sua consciência estão corrompidas. 16Dizem que conhecem a Deus, mas negam-no com os próprios actos, pois são cheios de ódio, desobedientes e incapazes de fazer qualquer obra boa.

2

Expressar a fé na vida

1Quanto a ti, ensina o que é conforme à sã doutrina. 2Que os velhos sejam sóbrios, respeitáveis, sensatos, fortes na fé, no amor e na paciência. 3As mulheres idosas também devem comportar-se como convém a pessoas sensatas: não sejam caluniadoras, nem escravas de bebida excessiva; 4pelo contrário, sejam capazes de dar bons conselhos, de modo que as recém-casadas aprendam com elas a amar os seus maridos e filhos, 5a ser ajuizadas, castas, boas donas de casa, submissas aos seus esposos, amáveis, a fim de que a Palavra de Deus não seja difamada. 6Aconselha igualmente os jovens, para que em tudo tenham bom senso. 7E tu mesmo sê exemplo de boa conduta, sincero e sério no teu ensino, 8exprimindo-te numa linguagem digna e irrepreensível, para que o adversário nada tenha a dizer contra nós e fique envergonhado. 9Os servos devem ser em tudo obedientes aos seus senhores, dando-lhes motivo de alegria; não devem ser teimosos, 10nem roubar; pelo contrário, devem dar provas de inteira fidelidade, para em tudo honrar a doutrina de Deus, nosso Salvador.

Aguardando a realização da esperança

11A graça de Deus manifestou-se para a salvação de todos os homens. 12Essa graça ensina-nos a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, para vivermos neste mundo com autodomínio, justiça e piedade, 13aguardando a bendita esperança, isto é, a manifestação da glória de Jesus Cristo, nosso grande Deus e Salvador. 14Ele entregou-Se a Si mesmo por nós, para nos resgatar de toda a iniquidade e para purificar um povo que Lhe pertence, e que seja zeloso nas boas obras. 15Diz-lhes todas estas coisas. Exorta-os e repreende-os com toda a autoridade. Que ninguém te despreze.

3

O mistério cristão

1Lembra-lhes que devem ser submissos aos magistrados e autoridades, que devem obedecer e estar prontos para toda a boa obra; 2não devem difamar ninguém, nem meter-se em brigas, mas antes ser pacíficos e atenciosos no trato com todos.

3Também nós, antigamente, éramos insensatos, desobedientes, extraviados, escravos de todo o tipo de paixões e prazeres, vivendo na perversidade e na inveja, dignos de ódio e odiando-nos uns aos outros. 4Mas a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, manifestaram-se. Ele salvou-nos, 5não por causa dos actos justos que tivéssemos praticado, mas porque fomos lavados pela sua misericórdia através do poder regenerador e renovador do Espírito Santo. 6Deus derramou abundantemente o Espírito sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, 7para que, justificados pela sua graça, nos tornássemos herdeiros da esperança da vida eterna.

Viver a fé

8Esta é uma palavra digna de fé. Por isso quero que insistas nestas coisas, a fim de que aqueles que acreditam em Deus sejam os primeiros a praticar o bem. Estas coisas são boas e úteis para os homens.

9Evita controvérsias inúteis, genealogias, discussões e debates sobre a Lei, porque para nada servem e são vazias. 10Depois de um primeiro e um segundo conselho, nada mais tens a fazer com um herege, 11pois sabemos que um homem desse tipo se perverteu e se entregou ao pecado, condenando-se a si mesmo.

Saudações finais

12Vou enviar-te Ártemas ou Tíquico. Quando chegar aí, faz o possível por vires ter comigo a Nicópolis, onde resolvi passar o Inverno. 13E esforça-te por ajudar Zenas, o jurista, e Apolo, de modo que nada lhes falte para a viagem. 14Todos os da nossa gente precisam de aprender a praticar boas obras, de modo que sejam capazes de atender às necessidades urgentes e assim não vivam uma vida inútil. 15Todos os que estão comigo te mandam saudações.

Saudações a todos os que nos amam na fé.

Que a graça esteja com todos vós.

============================= reflexão ==========================

1,1-4: A tarefa do Apóstolo é anunciar aos homens o projecto de Deus, que quer conduzi-los à vida eterna.

5-9: As primeiras comunidades cristãs permaneciam sob a dependência directa do Apóstolo ou de um seu delegado. Este era encarregado de organizar um grupo de pessoas que presidiam ao ensinamento e ao funcionamento da comunidade. Surgiram, então, os presbíteros, os dirigentes (= epíscopos), os presidentes, os pastores. Quanto ao desempenho dos cargos, pouco sabemos: governavam simultaneamente, ou cada um por sua vez, ou cada um como responsável por um determinado grupo. Com o desaparecimento dos Apóstolos e dos delegados, a situação desenvolveu-se: a comunidade é animada por um bispo, que preside ao colégio dos sacerdotes e ao grupo dos diáconos. A função ministerial na Igreja exige vida digna, em vista do dever fundamental de anunciar a Palavra de Deus.

10-16: O texto relembra Mc 7,1-23, mostrando que o importante é entregar-se a Deus de coração sincero, e não o ritual de purificação, ou a proibição de alimentos. O autor recorda a fama dos habitantes de Creta, citando uma frase do poeta cretense Epiménides de Cnossos.

2,1-10: Estas normas não criticam o quadro social do tempo, mas representam o desejo de que as comunidades cristãs se tornem focos de justiça e dignidade. Há, porém, uma novidade tipicamente cristã: o amor. Os cristãos de todas as idades e condições devem mostrar, com a vida prática, que se converteram e vivem para Deus e para os irmãos.

11-15: A manifestação de Deus muda o modo de compreender e viver a vida. O cristão passa a viver voltado para a realização final, isto é, para a manifestação gloriosa de Jesus. O v. 13 testemunha a fé dos primeiros cristãos na divindade de Jesus.

3,1-7: O autor relembra o acontecimento marcante, a conversão que provocou uma radical mudança no seu modo de viver. Em poucas palavras, todo o mistério cristão é relembrado: o amor de Deus, a salvação pela graça, o baptismo, o dom do Espírito, a esperança da realização final.

8-11: Ter fé não significa aceitar apenas mentalmente um quadro de verdades, mas viver na vida prática o compromisso com o projecto de Deus. Herege é aquele que escolhe na fé somente o que lhe convém, esquecendo o essencial e dividindo a comunidade.

12-15: Despedindo-se, o autor recorda uma regra de ouro: praticar o bem, ajudando concretamente quem está na necessidade.

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BENDITO SEJA DEUS

António Fonseca

CARTA AOS COLOSSENSES - S. PAULO - CAP. IV

4
1Senhores, tratai os vossos escravos com justiça e igualdade, sabendo que tendes um Senhor no Céu.
Oração e sabedoria
2Sede constantes na oração; que ela vos mantenha vigilantes, dando graças a Deus. 3Ao mesmo tempo, pedi por nós, para que Deus nos abra uma porta para a pregação, a fim de anunciarmos o mistério de Cristo, por quem estou preso. 4Pedi para que eu anuncie esse mistério com linguagem conveniente. 5Usai de sabedoria com os que não são cristãos, aproveitando bem as ocasiões. 6Que a vossa conversa seja sempre agradável, temperada com sal, sabendo responder a cada um como convém.
Tíquico e Onésimo
7O querido irmão Tíquico, ministro fiel e companheiro no Senhor, dar-vos-á todas as informações a meu respeito. 8É com essa finalidade que eu o envio, para vos animar e para que saibais de tudo a nosso respeito. 9Com ele vai Onésimo, nosso querido e fiel irmão, e que pertence ao vosso grupo. Eles contarão tudo o que acontece por aqui.
Saudações finais
10Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, mandam saudações. Sobre Marcos já mandei recomendações; se ele for visitar-vos, acolhei-o bem. 11Jesus, apelidado Justo, também manda saudações. Estes são os únicos judeus que trabalham comigo pelo Reino de Deus, e são de grande consolação para mim. 12Épafras, do vosso grupo e servo de Jesus Cristo, manda saudações. Com as suas orações, ele não cessa de lutar em vosso favor, para que vos mantenhais perfeitos, observando plenamente a vontade de Deus. 13Eu sou testemunha de que ele se empenha muito por vós e por aqueles que estão em Laodiceia e Hierápolis. 14Lucas, o querido médico, e Demas mandam saudações.
15Saudai os irmãos de Laodiceia, como também Ninfas e a Igreja que se reúne em sua casa.
16Depois de lerdes esta carta, fazei que seja lida também na igreja de Laodiceia. E vós, lede a de Laodiceia. 17Por fim, dizei a Arquipo: «Procura realizar bem o ministério que recebeste do Senhor».
18A saudação é de minha própria mão: Paulo.
Lembrai-vos de que estou preso! A graça esteja convosco.
####################### reflexão #######################
4,2-6: Paulo convida os cristãos a rezarem e a tratarem os não cristãos com amabilidade e sabedoria (sal). No contexto polémico da carta, esta atitude significa testemunhar e defender a fé cristã, ameaçada por doutrinas e práticas que a podem desfigurar.
7-9: Tíquico é provavelmente o portador desta carta e também da carta aos Efésios (Ef 6,21s). Onésimo é o escravo fugitivo que volta a Colossos, depois de Paulo o ter convertido à fé (cf. carta a Filémon).
10-18: Aristarco, natural de Tessalónica (Act 20,4), foi companheiro de Paulo na prisão. Marcos é o autor do segundo Evangelho. Sobre Jesus, o Justo, nada sabemos. Épafras, discípulo de Paulo, foi o fundador da comunidade de Colossos. Lucas é provavelmente o mesmo que escreveu o terceiro Evangelho e o livro dos Actos dos Apóstolos. Sobre Demas, cf. 2Tm 4,10. Sobre Ninfas nada sabemos. Arquipo é filho de Filémon (Fm 2). As cartas de Paulo eram lidas também nas comunidades vizinhas. A carta aos Laodicenses perdeu-se; alguns identificam-na com a carta aos Efésios. Apesar de pequenas e distantes entre si, as primeiras comunidades mantinham constante comunicação, testemunhando que a unidade da Igreja se deve mais a um espírito de comunhão, do que a uma rígida organização institucional.
Fim da Carta aos Colossences
LOUVADO SEJA DEUS. LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E SUA MÃE MARIA SANTISSIMA POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS. AMEN.
António Fonseca

CARTA AOS COLOSSENSES - S. PAULO - CAP. III

3
Procurar as coisas do alto
1Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2Pensai nas coisas do Alto, e não nas coisas da Terra. 3Vós estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 4Quando Cristo Se manifestar, Ele que é a nossa vida, então também vós vos manifestareis com Ele na glória.
Vida nova em Cristo
5Fazei morrer aquilo que em vós pertence à terra: fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça de possuir, que é uma idolatria. 6Isso é o que atrai a ira de Deus sobre os rebeldes. 7Outrora, também vós éreis assim, quando vivíeis entre eles. 8Agora, porém, abandonai tudo isso: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas que saem da vossa boca. 9Não mintais uns aos outros. De facto, fostes despojados do homem velho e das suas acções, 10e revestistes-vos do homem novo que, através do conhecimento, se vai renovando à imagem do seu Criador. 11E aí já não há grego nem judeu, circunciso ou incircunciso, estrangeiro ou bárbaro, escravo ou livre, mas apenas Cristo, que é tudo em todos.
12Como escolhidos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência. 13Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, sempre que tiverdes queixa contra alguém. Cada um perdoe ao outro, do mesmo modo que o Senhor vos perdoou. 14E acima de tudo, revesti-vos com o amor, que é o laço da perfeição. 15Que a paz de Cristo reine no vosso coração. Para essa paz fostes chamados, como membros de um mesmo corpo. Sede agradecidos. 16Que a palavra de Cristo permaneça em vós com toda a sua riqueza, ensinando-vos e admoestando-vos mutuamente com toda a sabedoria. Inspirados pela graça, cantai a Deus, de todo o coração, salmos, hinos e cânticos espirituais. 17E tudo o que fizerdes através de palavras ou acções, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando graças a Deus Pai por meio d’Ele.
Cristo é Senhor de todos 18Mulheres, sede submissas aos vossos maridos, pois assim convém a mulheres cristãs. 19Maridos, amai as vossas mulheres e não sejais grosseiros com elas. 20Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isso agrada ao Senhor. 21Pais, não irriteis os vossos filhos, para que eles não desanimem. 22Escravos, obedecei em tudo aos vossos senhores humanos, não só quando vigiados, para agradar aos homens, mas com simplicidade de coração, por temor ao Senhor. 23Tudo o que fizerdes fazei-o de coração, como quem obedece ao Senhor, e não aos homens, 24sabendo que recebereis do Senhor a herança como recompensa. O Senhor, a quem servis, é Cristo. 25Quem comete injustiça, receberá a injustiça, pois não há distinção de pessoas.
###################### reflexão #######################
3,1-4: Paulo não despreza as realidades terrestres. «Procurar as coisas do alto» significa descobrir a vida nova revelada em Jesus Cristo. O cristão já participa na vida que Jesus vive no mistério de Deus. Essa participação deve crescer e concretizar-se cada vez mais na História; quando Jesus estiver plenamente manifestado através do testemunho dos cristãos, então essa participação também se tornará completamente manifestada. Estes, conhecendo a vida de Cristo, são capazes de discernir e criticar tudo o que não conduz à plena realização humana. 5-17: Através do baptismo, os cristãos passam por uma transformação radical: deixam de pertencer à velha humanidade corrompida (homem velho) e começam a pertencer à nova humanidade (homem novo), que é a criação realizada em Cristo, o novo Adão, imagem de Deus (1,15). Na comunidade cristã, semente da nova humanidade, não se admitem distinções de raça, religião, cultura ou classe social: todos são iguais e participam igualmente na vida de Cristo. A transformação é coisa prática: deixar as acções que visam egoisticamente os próprios interesses, em troca de acções a serviço da reconciliação mútua e do bem comum. 3,18-4,1: Paulo aplica às relações humanas o princípio enunciado no v. 17: fazer tudo «em nome do Senhor Jesus». Note-se que ele prega uma única moral a todos (homem, mulher, crianças, adultos, senhores e escravos): todos devem ser leais e respeitosos com os outros. Embora Paulo não se afaste do modo de pensar da sua época, a sua proposta é um passo para que se reconheça a igualdade de direitos entre os homens e para que se verifiquem importantes transformações sociais. em seguida Capítulo IV http://diocese-porto.pt http://ecclesia.pt/anopaulino
LOUVADO SEJA DEUS, LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E LOUVADA SEJA SUA MÃE MARIA SANTISSIMA PARA TODO O SEMPRE
António Fonseca

CARTA AOS COLOSSENSES - S. PAULO - CAP. II

2
Firmeza na fé
1Quero que saibais da difícil luta que enfrento por vós, pelos de Laodiceia e por todos aqueles que nunca me viram pessoalmente. 2Sofro para que eles sejam confortados e assim, estreitamente unidos no amor, se enriqueçam com a plenitude da compreensão, a fim de conhecerem o mistério de Deus: Cristo, 3no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e ciência. 4Digo isto para que ninguém vos engane com belos discursos. 5Pois, embora eu esteja fisicamente ausente, estou convosco em espírito, alegrando-me por ver que viveis em ordem e firmes na fé em Cristo.
Enraizados em Cristo
6Já que aceitastes Jesus Cristo como Senhor, vivei como cristãos: 7enraizados n’Ele, edificais-vos sobre Ele e apoiais-vos na fé que vos foi ensinada, transbordando em acções de graças. 8Cuidado para que ninguém vos escravize através de filosofias enganosas e vãs, de acordo com tradições humanas, que se baseiam nos elementos do mundo, e não em Cristo.
Vida plena em Cristo
9É em Cristo que habita, em forma corporal, toda a plenitude da divindade. 10Em Cristo tendes tudo de modo pleno. Ele é a cabeça de todo o principado e de toda a autoridade. 11Em Cristo fostes circuncidados com uma circuncisão não feita por mãos humanas, mas com a circuncisão de Cristo, a qual consiste em despojarse do corpo carnal. 12Com Ele, fostes sepultados no baptismo, e n’Ele fostes também ressuscitados mediante a fé no poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos. 13Vós estáveis mortos por causa das faltas e da incircuncisão da carne, mas Deus concedeu-vos a vida juntamente com Cristo:
Ele perdoou todas as nossas faltas, 14 anulou o título de dívida que havia contra nós, deixando de lado as exigências legais; fez desaparecer o título, pregando-o na cruz; 15 destituiu os principados e autoridades, oferecendo-os em espectáculo público, após triunfar sobre eles por meio de Cristo.
Livres em Cristo
16Ninguém, pois, vos julgue pelo que comeis ou bebeis, ou por causa de festas anuais, mensais ou de sábados. 17Tudo isso é apenas sombra daquilo que devia vir. A realidade é Cristo. 18Que ninguém, com humildade afectada ou culto aos anjos, vos impeça de conseguir a vitória; essas pessoas fecham-se nas suas visões e incham-se de orgulho com o seu modo de pensar. 19Eles não estão unidos à Cabeça, a qual, através de junturas e articulações, dá alimento e coesão ao corpo inteiro, fazendo-o crescer como Deus quer.
20Se morrestes com Cristo para os elementos do mundo, porque vos submeteis a normas, como se ainda estivésseis sujeitos ao mundo, 21normas como estas: «Não pegues, não proves, não toques»? 22Todas essas coisas se desgastam pelo uso. E essas proibições são preceitos e doutrinas de homens. 23Tais regras de piedade, humildade e severidade com o corpo têm ares de sabedoria, mas na verdade não têm nenhum valor, a não ser a satisfação da carne.
############################## reflexão ##########################
2,1-5: Paulo esforça-se para que os cristãos intensifiquem a vivência do amor, e cheguem a conhecer toda a sabedoria e ciência que há em Cristo. Desse modo, eles permanecerão firmes na fé e tornar-se-ão capazes de discernir e resistir a qualquer coisa que possa desviá-los do Cristo anunciado pelo Evangelho.
6-8: Assim como a árvore depende da raiz e a casa depende do alicerce, os cristãos dependem da fé em Cristo, transmitida pelo anúncio do Evangelho. O cristão deve estar vigilante para não ser influenciado por ideias que não sirvam para conhecer e viver com mais profundidade a pessoa de Cristo.
9-15: Paulo continua a aplicar o hino à vida dos Colossenses. Se Cristo é a Plenitude de Deus (1,19), n’Ele encontra-se tudo o que é preciso para nos relacionarmos com Deus. Cristo está acima de qualquer poder visível ou invisível. O baptismo, que substituiu a circuncisão, leva o cristão a participar na morte e ressurreição de Cristo, isto é, a passar da morte para a vida em Cristo. Os vv. 13-15 retomam outro hino que celebra a vitória: através da morte de Cristo na cruz, Deus anulou o registo dos pecados e venceu todas as potências que poderiam escravizar os homens. Portanto, os cristãos agora são livres e não devem submeter-se a nada nem a ninguém que não seja Cristo.
16-23: Paulo dá sentido concreto à liberdade do cristão. A salvação já foi concedida em Cristo e, por isso, as coisas e alimentos existem para serem usados com liberdade, e não para serem estudados ou honrados como mediadores de salvação ou perdição. Do mesmo modo, as festas, que dependem do ciclo dos astros, não têm nenhum poder de dar ou tirar a salvação. «Morrer para os elementos do mundo» significa fazer que o mundo volte a ser simplesmente mundo: que o mundo não seja um sagrado opressor, uma norma de salvação. Aceitar Cristo como o único sacramento, faz com que o mundo se torne relativo. Deste modo, o cristão pode mover-se nele com plena liberdade.
emseguida Capítulo III
LOUVADO SEJA DEUS, LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E LOUVADA SEJA SUA MÃE MARIA SANTISSIMA POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS
António Fonseca

CARTA AOS COLOSSENSES - S. PAULO - INTRODUÇÃO E CAP. I

Cartas de São Paulo
Carta aos Colossenses
CRISTO, IMAGEM DO DEUS INVISÍVEL
Introdução
Colossos era uma pequena cidade da Ásia Menor, distante 200 km de Éfeso, e próxima de Hierápolis e Laodiceia (4, 13.16). Paulo não a visitou pessoalmente (2,1). As comunidades cristãs de Colossos, Hierápolis e Laodiceia foram fundadas por Epafras, discípulo de Paulo (1,7; 4,13), enquanto este se encontrava em Éfeso (Act 19). Os cristãos de Colossos eram provenientes do paganismo (1,21.27) e costumavam reunir-se nas casas de família, como na de Ninfas (4,15) e na de Arquipo (4,17; Fm 2).
A carta aos Colossenses foi escrita na prisão, provavelmente em Éfeso, entre os anos 55 e 57 (Act 19), talvez na mesma ocasião em que foi escrita a carta aos Filipenses.
Epafras informou Paulo sobre a situação dos cristãos em Colossos (1,8). Os cristãos estavam ameaçados por uma heresia que misturava elementos pagãos, judaicos e cristãos. Os seus seguidores davam muita importância aos poderes angélicos, às forças cósmicas e a outros seres intermediários entre Deus e o homem, que teriam papel importante no destino de cada pessoa. Essas ideias traziam, como consequência, a busca de um conhecimento do mundo fascinante e misterioso que dominava os homens. Ao lado disso, depositava-se confiança numa série de observâncias religiosas que garantiriam a benevolência desses poderes superiores: observância de festas anuais, mensais e sábados, leis alimentares (2,16.21) e ascéticas (2,23), culto aos anjos (2,18) e às forças cósmicas (2,8) etc. Tudo isso comprometia seriamente a pureza da fé cristã.
Paulo mostra então que Cristo é o mediador único e universal entre Deus e o mundo criado; tudo se realiza por meio d’Ele, desde a criação até à salvação e reconciliação de todas as coisas. Deus colocou Jesus Cristo como Cabeça do universo, e os cristãos, que com Ele morreram e ressuscitaram e a Ele permanecem unidos, não devem temer nada e a ninguém: nada mais, tanto na Terra como no Céu, pode aliená-los e escravizá-los. Doravante, o empenho na fé em Cristo é o caminho único para a verdadeira sabedoria e liberdade. Só a renovação em Cristo pode quebrar as barreiras entre os homens, dando origem a novas relações humanas, radicalmente diferentes das que costumam existir na sociedade (3,11).
O problema que Paulo enfrenta em Colossos não é a contraposição entre fé e incredulidade. Trata-se de uma questão que surge dentro da própria Igreja: distinguir entre o verdadeiro e o falso na interpretação da própria fé. E isso não é problema meramente teórico, pois a concepção que se tem da base da fé determina toda a prática da vida cristã.
1
Endereço e saudação
Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, juntamente com o irmão Timóteo, 2aos cristãos de Colossos, fiéis irmãos em Cristo. Que a graça e a paz de Deus, nosso Pai, estejam convosco.
Agradecimento: a vida cristã
3Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre que rezamos por vós. 4De facto, ouvimos falar da fé que tendes em Jesus Cristo, e do vosso amor por todos os cristãos, 5por causa da esperança daquilo que vos está reservado no céu. Tal esperança já vos foi anunciada pela Palavra da Verdade, o Evangelho, 6que chegou até vós. Assim como o Evangelho dá fruto e cresce no mundo inteiro, o mesmo acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes na verdade a graça de Deus. 7Aprendestes a conhecê-la pela pregação de Épafras, nosso querido companheiro de serviço, que nos substituiu fielmente como ministro de Cristo. 8Foi ele quem nos contou sobre o amor com que o Espírito vos anima.
Pedido: discernimento
9Por essa razão, desde que soubemos disso, rezamos continuamente por vós. Pedimos que Deus vos conceda pleno conhecimento da sua vontade, com toda a sabedoria e discernimento que vêm do Espírito. 10Deste modo, vivereis uma vida digna do Senhor, fazendo tudo o que Ele aprova: dareis fruto em toda a actividade boa e crescereis no conhecimento de Deus, 11fortalecidos em todos os sentidos pelo poder da sua glória. Assim tereis perseverança e paciência a toda a prova. 12Com alegria, dai graças ao Pai, que vos permitiu participar da herança dos cristãos, na luz.
Cristo é o único mediador
13Deus Pai arrancou-nos do poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do seu Filho amado, 14no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. 15Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogénito, anterior a qualquer criatura;16porque n’Ele foram criadas todas as coisas,tanto as celestes como as terrestres, tanto asvisíveis como as invisíveis:tronos, soberanias, principados e autoridades.Tudo foi criado por meio d’Ele e para Ele.17Ele existe antes de todas as coisas,e tudo n’Ele subsiste.18Ele é também a Cabeça do corpo, que é a Igreja. Ele é o Princípio, o primeiro daqueles que ressuscitam dos mortos, para em tudo ter a primazia. 19Porque Deus, a Plenitude total, quis n’Ele habitar, 20para, por meio d’Ele, reconciliar consigo todas as coisas, tanto as terrestres como as celestes, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.
Fidelidade ao Evangelho de Cristo
21Antigamente éreis estrangeiros e inimigos de Deus, por causa das obras más que praticáveis e pensáveis. 22Agora, porém, com a morte que Cristo sofreu no seu corpo mortal, Deus reconciliou-vos para vos tornar santos, sem mancha e sem reprovação diante d’Ele.
23Isto tudo, sob a condição de permanecerdes alicerçados e firmes na fé, sem vos deixardes afastar da esperança no Evangelho que ouvistes e que foi anunciado a toda a criatura que vive debaixo do céu. Eu, Paulo, tornei-me ministro desse Evangelho.
O mistério do projecto de Deus
24Agora eu alegro-me de sofrer por vós, pois vou completando na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, a favor do seu corpo, que é a Igreja. 25Eu tornei-me ministro da Igreja, quando Deus me confiou este encargo em vosso benefício: anunciar a realização da Palavra de Deus, 26o mistério escondido desde o começo dos tempos e gerações, e que agora é revelado aos cristãos. 27Deus quis manifestar aos cristãos a riqueza gloriosa que este mistério representa para os pagãos, isto é, o facto de que Cristo, a glória esperada, está em vós. 28É a esse Cristo que anunciamos, aconselhando e ensinando a todos com plena sabedoria, para que todos sejam cristãos perfeitos. 29É para isso que me esforço e luto, sustentado pela força de Cristo que age de forma poderosa em mim.
######################### reflexão #########################
[1]1,1-2: O clima da vida cristã deve ser o de uma família, onde todos são irmãos juntamente com Cristo, tendo Deus como Pai.
3-8: A trilogia fé-amor-esperança define a vida cristã na sua base, na sua concretização prática e no seu dinamismo histórico. A vida cristã nasce do compromisso de fé em Jesus Cristo, que significa aceitar a vida e acção de Jesus e continuá-las entre os homens. O amor é a realização prática desse testemunho, através da partilha dos bens e da fraternidade, que concretizam o Reino de Deus no dia a dia da História. A esperança é o dinamismo que nasce do amor, alimentando a vida cristã, voltada para o futuro do Reino de Deus, isto é, para a realização plena da vida. 9-12: Paulo pede o que é mais necessário para a situação em que os Colossenses vivem. A vontade de Deus manifestou-se na vida e acção de Jesus Cristo, e o conhecimento dessa vontade é a sabedoria que leva os cristãos a viver com discernimento crítico diante das situações. Esse discernimento capacita-os, fortalecendo-os para resistir activamente ao que é possível enfrentar e, passivamente, ao que é inevitável suportar.
13-20: Para animar os Colossenses a permanecerem firmes na fé, Paulo cita um hino cristão, provavelmente usado na cerimónia baptismal, que canta a grandeza de Cristo. Paulo serve-se desse hino para criticar qualquer doutrina que apresente como necessárias outras mediações salvíficas, além da de Cristo. Cristo é o único mediador entre Deus e a Criação, e só Ele, através da cruz, é capaz de reconciliar Deus com as criaturas submetidas ao pecado.
13-14: A introdução ao hino mostra como o pecado interferiu na Criação, fazendo com que a obra de Cristo se tornasse redentoramediante uma nova Criação.
15-18: O Deus invisível e inatingível torna-Se visível e acessível em Jesus, o Filho que Se encarnou no Mundo e na História. Jesus é, portanto, o verdadeiro Adão (Gn 1,26s). Existindo antes de qualquer criatura, Ele torna-Se modelo, cabeça e único mediador do Universo criado. No hino primitivo, o termo «corpo» (v. 18) significava «Universo»; com o acréscimo da expressão «que é a Igreja», passou a indicar a comunidade da nova Criação, da qual Cristo é a Cabeça.
18-20: Sendo o primeiro a ressuscitar dos mortos, Cristo é o novo Adão, pois na nova Criação Ele é o Primogénito. Assim, o poder vital de Deus torna-se acessível aos homens através de Cristo, reconduzindo a Criação à paz. A pacificação do Universo está na remissão dos pecados realizada por Cristo na cruz.
21-23: Paulo começa a aplicar o hino à situação dos Colossenses: eles eram pagãos e, remidos por Cristo, passaram a pertencer à nova Criação. Com a condição, porém, de permanecerem fiéis ao Evangelho de Cristo, do qual o Apóstolo é ministro.
24-29: Paulo alegra-se porque o seu sofrimento confirma que ele anuncia o verdadeiro Evangelho (cf. Mc 13,5-10). O cerne da missão do Apóstolo é o mistério do projecto de Deus: Deus quer que também os pagãos participem na redenção realizada através de Cristo. A conversão dos Colossenses, que antes eram pagãos, manifesta visivelmente esse projecto de Deus.
Ver em seguida Capítulo II http://diocese-porto.pt/ http://ecclesia.pt/anopaulino
LOUVADO SEJA DEUS, LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E LOUVADA SUA MÃE MARIA SANTISSIMA,
POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS.
António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 643 - SÉRIE DE 2024 - Nº (120) - SANTOS DE CADA DIA - 29 DE ABRIL DE 2024 - NÚMERO ( 1 7 5 )

  Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 120º  Número da S...