domingo, 30 de novembro de 2008

Ver meu canal Youtube http://youtube.com/antonio0491 se desejarem ver vídeos de Pde Marcelo Rossi António Fonseca

YouTube - Tudo é do Pai - Padre Marcelo Rossi

YouTube - Tudo é do Pai - Padre Marcelo Rossi

Vídeos - Pe. Marcelo Rossi

Finalmente consegui colocar vídeo neste blog e para iniciar fui buscar a You tube, canções do Padre Marcelo Rossi, que considero muito bonitas e que espero possam deliciar também os possíveis leitores que por aqui passem. Vou ser se vou conseguindo de vez em quando editar vídeos idênticos. As minhas saudações Vicentinas Ver: http://br.youtube.com/user/cemoloki/ António Fonseca

Leitura nº 31 - UM ANO A CAMINHAR COM SÃO PAULO

TERCEIRA PARTE PAULO FALA-NOS DA IGREJA DE DEUS 31 “SOIS CONCIDADÃOS DOS SANTOS E MEMBROS DA CASA DE DEUS" Imaginemo-nos num encontro de cristãos, reunidos de várias raças, línguas e nações, para a celebração da Eucaristia. Possivelmente já nos vimos nessa situação ou conservamos imagens de eventos semelhantes. É provável que nunca tão facilmente como então nos brotou nos lábios a confissão: Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica, um, dos artigos do símbolo da fé que talvez mais recitamos, mas que nem sempre é fácil de dizer, mormente tendo em conta o que na mesma Igreja tem acontecido ao longo da sua história. Paulo mostra-nos em Ef 2, 11-22, não só como a Igreja adquiriu tais qualificativos, como sobretudo em que contexto é realmente possível fazer deles objecto da nossa fé. Ef 2, 11-22 Lembrai-vos, portanto, de que vós outrora – os gentios na carne, os chamados incircuncisos por aqueles que se chamavam circuncisos, por uma circuncisão feita na carne – lembrai-vos de que nesse tempo estáveis sem Cristo, excluídos da cidadania de Israel e estranhos às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós que outrora estáveis longe , estais perto, pelo sangue de Cristo. Com efeito, Ele é a nossa paz, Ele que, dos dois povos, fez um só e destruiu o muro da separação, a inimizade: na sua carne, anulou a lei que contém os mandamentos em forma de prescrições, para, a partir do judeu e do pagão, criar em si próprio um só homem novo, fazendo a paz, e pare reconciliar uns e outros com Deus num só corpo, por meio da cruz, matando assim a inimizade. E na sua vinda anunciou a paz a vós que estáveis longe e paz àqueles que estavam perto. Porque é por Ele que uns e outros num só Espírito temos acesso ao Pai. Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É nele que toda a construção, bem, ajustada, cresce para formar um templo santo no Senhor. É nele que também vós sois integrados na construção, para formardes uma habitação de Deus pelo Espírito. Estamos perante duas situações antagónicas: um passado de exclusão dos gentios do povo de Deus (vv. 11s) e um presente de plena integração numa Igreja una, santa, católica e apostólica (vv. 19-22). No centro está o processo salvífico de unificação, santificação e alargamento à escala universal, levado a cabo por Cristo, sob a mediação apostólica, o qual pôs termo ao antagonismo e levou à formação da Igreja (vv. 13 e 14-18). É nele, até por ser o fundamento da nossa fé, que devemos concentrar-nos. Vamos por partes: 1. A separação entre pagãos e israelitas (vv. 11-13). A diferença que os distinguia na carne transformara-se em oposição religiosa. Era uma ofensa chamar aos pagãos incircuncisos (à letra, prepúcio). Mas também entre gregos e romanos não faltava quem ridicularizasse a circuncisão. Geralmente as rivalidades são mútuas e prejudiciais para ambas as partes. Paulo, dada a predominante origem étnica dos interlocutores, fala apenas do desprezo de que tinham sido vítimas, agravado por outras privações: a expectativa de um Messias; a pertença a um povo, cujas leis e instituições concediam aos seus membros uma cidadania única e se fundavam em sucessivas alianças com Deus; a falta de esperança, por desconhecimento do Deus vivo e verdadeiro. Tudo isso passou, desde que vivem em Cristo, redimidos pelo seu sangue (v. 13). Cumpriu-se finalmente a promessa de Is 57, 19: Paz, para os de longe e os de perto. Vejamos como: 2. A intervenção salvífica de Cristo, (vv. 14-18). Toda ela converge para a paz. Cristo é mesmo chamado a nossa paz, um título único em todo o NT e com um sentido exclusivo: só Ele é a nossa paz. Por três razões: a) Ao contrário dos habituais mediadores da paz, não se limitou a unir os dois povos em litígio, mas destruiu as armas da inimizade: a Lei judaica que, nos seus mandamentos e prescrições, funcionava, de facto (vv. 11s), como muro de separação, Cristo matou-a com a sua morte na cruz. Esta foi-lhe sentenciada com base na Lei, mas Ele assumiu-a, para realizar o que, só pela Lei, é impossível de alcançar (Rm 7, 7-24): o amor, que tem a sua expressão máxima no perdão e sem o qual não há paz que subsista. E foi com esse amor que: b) Ao contrário dos habituais mediadores da paz, criou em si próprio um só homem novo. É novo, porque não existia. O que havia eram dois povos em rivalidade. Convertidos ao amor que vence a morte, as diferenças que os distinguem, passam a estar ao serviço da complementaridade que una os membros do mesmo corpo. Por isso Paulo, em vez de povo, chama-lhe um só homem. É único, porque a uni-los está Cristo que, no dom da sua vida os reconciliou com Deus, para um só corpo. E é em si próprio, isto é, em Cristo, que o corpo se mantém e cresce. De que modo? c) Ao contrário dos habituais pacificadores que se retiram a seguir à reconciliação, Cristo permanece no homem novo por Ele criado. A sua vinda não se limitou ao tempo da sua vida terrena . A paz que então obteve é anunciada, até hoje, no Evangelho (v. 17), É por ele que Cristo continua, em todos os tempos e lugares, a conduzir os homens para o Pai, na comunhão de um só Espírito (v. 18). E é nesta comunhão trinitária que se fundamenta o resultado final da sua acção salvífica: 3. A unidade de uma só Igreja (vv. 19-22), expressa por duas imagens. A primeira, de ordem sócio-política e familiar (v. 19), aponta para a constituição de uma comunhão em que, de estrangeiros passámos a concidadãos dos santos, e de imigrantes (à letra, afastados de casa) passámos a membros da Casa de Deus. Uma comunhão reforçada pela segunda imagem, do âmbito da arquitectura (vv. 20-22). A consciência do edifício em que somos integrados deve-se ao seu fundador: Cristo vitorioso sobre a morte. Foi do seu anúncio pelos Apóstolos, como testemunhas oculares, e pelos Profetas, como intérpretes carismáticos do Evangelho, que nasceu a Igreja. Mas se, por isso, eles são o seu alicerce, a pedra angular É Cristo por eles anunciado. É nele que assenta a construção e é por Ele que ela se orienta no seu crescimento, para formar um templo santo, o lugar do encontro com Deus para os homens de todas as raças, cores e línguas. Encontrá-lo-ão, se cada um de nós para isso contribuir: se em Cristo, formarmos realmente uma habitação de Deus, pelo Espírito ... pelo caminho da fé. Talvez agora percebamos porque razão, no Credo que recitamos e nos une, só depois de nos confiarmos a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, proclamamos: Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. É da comunhão trinitária que vem a nossa comunhão em Igreja ... e a paz sem fronteiras que o mundo de nós espera.

Cristo triunfante

António Fonseca

sábado, 29 de novembro de 2008

então ... e os pobres ?

Do livro "então ... e os pobres?" ouso transcrever alguns textos que foram editados pelos Conselhos Centrais das Conferências Vicentinas de S. Paulo, do Porto, em 2004. Os textos foram compilados por António Ferreira de Gouveia, Bernardino Queirós Alves e Domingos Oliveira e a sua Apresentação foi escrita pelos Presidentes dos referidos Conselhos Centrais, Arminda Marques e Luís Roque, a quem com a devida vénia, peço autorização para a transcrição de alguns capítulos, que creio merecerem a atenção de todos os Vicentinos.
Cristo, o Mestre da Caridade
O Evangelho, boa Nova do Amor a Deus e aos irmãos
1. "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei".
O Amor do Pai revela-se a todos nós na Pessoa de Jesus Cristo. As suas palavras, os seus gestos, o modo como viveu entre nós, o estilo de vida que viveu, os valores que defendeu e comunicou, em tudo isto se expressa a novidade do Seu Amor.
A actividade social do Estado e das Instituições particulares procuram responder aos problemas dos pobres. Esta actividade está organizada num Ministério e tem estruturas nacionais e regionais. Gasta muito dinheiro e orienta-se por critérios de eficácia. A Igreja, na sua Pastoral da Caridade e nas Instituições de Solidariedade Social procura trabalhar com os pobres e a partir dos pobres e não para os pobres.
Os pobres não são considerados objecto mas o sujeito e pretende-se que eles sejam também actores. É aqui que se encontra a novidade da Pastoral da Caridade promovida pelos cristãos e pela Igreja: "Amai-vos como eu vos amei", é no como que está a novidade. Cristo é o Mestre. Há um modo específico, próprio, que o Evangelho nos propõe.
Muitas vezes na Sagrada Escritura a ajuda aos mais pobres é referenciada como uma forma de poder. S. Lucas 22, 25 diz: os reis da terra dominam as nações e os que exercem a autoridade são chamados benfeitores. Mas o Evangelho diz: Convosco não seja assim: o que quiser ser o maior seja o servidor de todos.
2. Cristo está atento ao clamor dos pobres
O Evangelho diz-nos que do meio da multidão barulhenta, o cego deu conta de que Jesus passava e gritou: Filho de David, tem compaixão de mim. Jesus perguntou: Quem me chama? Ouviu o clamor do cego e por causa da sua fé, curou-o. A mulher que sofria de hemorragia crónica dizia: se eu ao menos lhe tocar no manto ficarei curada. Jesus sentiu que ela lhe tocou e ela ficou curada com a força de Jesus.
Jesus percorria os caminhos dos homens e encontrava os que precisavam de libertação: os que estavam escravizados pelo dinheiro, como Zaqueu, os que estavam paralisados, que punha a andar, os que eam marginalizados, como os leprosos, os que eram humilhados, como as prostitutas, os que eram colocados à parte e mal vistos, como os Samaritanos. A todos Ele libertava. Estes e muitos outros levam Jesus a dizer: tive compaixão deste povo. Por isso, Ele foi Bom Pastor e deles se aproximou como Bom Samaritano.
3. Cristo é Mestre como Bem-aventurado
Nas Bem-Aventuranças (Lc 6, 22ss) Ele dá o conteúdo do pobre e do seu caminho para estabeledcer no mundo a Justiça e a Paz. A novidade da acção cristã encontra-se aqui expressa. É n'Ele que aprendemos as Bem-Aventuranças.
Bem-aventurados os pobres: os que não estão presos aos bens e na sua pobreza sentem e sofrem o que isso significa. Bem-aventurados os pobres que estão despojados de egoísmo, da escravatura e da prisão de bens.
Os pobres de bens materiais precisam de não se escravizar aos bens quando os podem conquistar. São as duas dimensoes do pobre. Jesus, na multiplicação dos pães, chamou a atenção àqueles que nâo perceberam para além do pão material.
Nas bem-aventuranças Jesus chama a atenção para vários aspectos de uma Pastoral da Caridade:
- Felizes os pobres, porque deles é o Reino dos Céus;
- Felizes os aflitos porque serão consolados;
- Felizes os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados;
- Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia;
- Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o Reino dos Céus;
4. Jesus e a opção dos pobres
O que fizerdes ao mais pequeno é a Mim que o fazeis (Mt 25, 40);
O Espírito do Senhor repousa sobre Mim e me enviou a anunciar a Boa Nova aos pobres (Lc 4, 18-19):
A Boa Nova é anunciada aos pobres (Mt 11, 4-5).
Jesus despoja-se para se identificar com os pobres (Fil 2, 5-8). Em Mt 25, dar ao homem o que o dignifica e liberta é construir o Reino de Deus, é tê-lo como herança. A Igreja no nosso país e no nosso mundo tem confirmado esta sua vocação e missão de estar com os pobres: é por isso que todos saberão se sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (Jo 13, 55).

Jesus junto dos pobres nâo só os ajudou nas suas necessidades, mas libertou-os do que os tinha dependentes tornando-os autónomos e dignos. Além disso, Jesus denunciava as causas dessa dependência ou opressão; o pecado, as injustiças e desníveis sociais e a moral legalista que culpabilizava e marginalizava. Diz aos fariseus que eles carregam os homens com fardos pesados, que praticam a violência (o sangue de Abel e Zacarias), e se apoderam das chaves da Ciência (Lc 11, 37-54). Jesus percorria toda a Galileia e curava todos as enfermidades (Mt 4, 23-24).

5. O Evangelho como Boa Nova do Reino

O Prefácio da Missa de Cristo Rei diz-nos que o Reino de Deus é um Reino de Verdade, de Justiça, de Amor e de Paz. è este Reino que a Igreja procura servir e concretizar na terra. Cristo foi movido pela compaixão e pela paixão do Reino. São as duas tónicas da missão de Jesus.

A compaixão é o deixar-se comover e tocar até às vísceras pelo sofrimento dos pobres: Eu tive compaixão deste povo que são como um rebanho sem pastor (Mt 9, 35-36).

A paixão pelo Reino levou-o até ao dom da vida: ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. E vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando.

6. O Evangelho é Boa Nova para os pobres

O verdadeiro culto é culto do amor, em espírito e verdade, como Jesus falou à samaritana. Revela uma particular atenção ao clamor dos pobres, desde o Egipto (êxodo) até aos nossos dias. Jesus pergunta: quem me chamou? Quem me tocou?

Todo o Evangelho é um livro à Caridade, ao Amor. Ainda que eu fale todas as línguas (...) ainda que tenha o dom da profecia ou distribuir todos os bens pelos pobres (...) se não tiver Caridade nada vale (1 Cor 13). É que não basta fazer o bem. É preciso fazer o bem, bem feito. O bem tem de ser feito com gratuitidade e levar à promoção e libertaçao do pobre. É o sentido da partilha do óbolo da viúva ou da viúva de Sarepta (1 Reis 17).

É aos pequenos que o Senhor revela a sua sabedoria (Mt 11, 25ss). É preciso ter um coração simples e aberto para acolher a sabedoria de Deus. E a sabedoria do Evangelho, por vezes, está contra a sabedoria que orienta o mundo. Há muitas vezes tensão ou conflito entre estas duas sabedorias. Diz S. João (1 Jo 2, 11-19): não vos deixarei orfãos. Irmãos, se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a Mim. Se fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu ... Temos a responsabilidade do mundo; não te peço, ó Pai, que os tires do mundo, mas que os libertes da corrupção (Jo 17, 15). A nós também Ele perguntará, como a Caim, o que foi feito do irmão Abel.

(Bernardino Queirós Alves - Padre)

Conde Alberto de Mun

Caros Amigos, depois de um breve intervalo em que tive necessidade de interromper a minha escrita nesta página, por motivo de trabalhos urgentes que estava a efectuar no computador, volto a descrever alguns Modelos Vicentinos, cabendo hoje a vez ao Conde Alberto de Mun. Mais uma vida direita como uma espada, a vida dum militar; modelo para vicentinos, pela inteira submissão à Igreja à qual, dentro das directrizes que Roma lhe apontava no campo social, sacrificou a sua brilhantíssima carreira, assim como a defesa de arreigadas convicções políticas. Dele se pôde dizer que era um cruzado. Foi-o de facto pela fé religiosa e patriótica e até mesmo pela ascendência, que seguida até ao século XII, nos apresenta um Austor de Mun que tomou parte na Sétima Cruzada e acompanhou S. Luís, a Damieta, mas a que não faltou também um Conde de Mun, bisavô do nosso biografado, filósofo materialista do século XVIII, um dos precursores da revolução, que serviu no Regimento dos Cadets de Gascogne e veio a ser marechal de campo e tenente-general do Exército Real. Nascido em 1841 num velho castelo de Lumigny, frequentou a Escola de Saint-Cyr e serviu no 3º Regimento de Caçadores de África, na Argélia onde, com seu irmão e o seu amigo La Tour du Pin, tomou parte em cinco campanhas nas quais expôs a vida vezes sem conta. Regressado a França em 1867, casa com sua prima, M.lle d'Andlau e entra na sua nova guarnição de Clermond-Ferrand. É aí que, inscrito na Conferência de S. Vicente de Paulo, faz o tirocínio da sua futura e intensissima acção social, pelo contacto que toma com as famílias pobres e com os patronatos. Pratica a caridade heroicamente em plena epidemia de varíola, durante a qual prossegue as suas visitas. Promovido a tenente, declara-se a guerra de 70. É inscrito no exército de Metz e entra nas batalhas de Borny e Gravelotte, onde recebe a Legião de Honra. Na carga de Rezonville, encontra o seu amigo La Tour du Pin. "Ainda veremos belos dias para a França", lhe diz este. Mas vem a inexplicável ordem de retirada para Metz e a notícia da vergonhosa capitulação chega até eles. De Mun chora lágrimas amargas e confessa nunca ter sentido tamanha tristeza. Conduzido para Aix-la-Chapelle, é aí, no exílio, que toma contacto com o movimento popular católico, do qual Monsenhor Ketteler era o grande animador. De novo em França encontra aí a Comuna; à sua cólera indignada junta-se também a compaixão que o leva a reprovar os excessos na repressão, sem apuramento de responsabilidades. Foi a indiferença religiosa e moral que deu lugar à revolução, donde conclui ser preciso fazer a educação do povo, tarefa a que promete dedicar-se. Convidado a visitar o Círculo Operário de Montparnasse, ali se apresenta e tem ocasião de admirar a Conferência de S. Vicente de Paulo, onde pobres operários fazem a caridade a outros ainda mais pobres do que eles; preside a uma sessão em que discursa e só então toma consciência de que é orador. Depois, ajudado por seu irmão e por La Tour du Pin, pretende fundar círculos semelhantes em todos os bairros de Paris, em toda a França. É preciso opor às doutrinas subversivas da revolução as santas lições do Evangelho; ao materialismo, as noções do sacrifício; ao espírito cosmopolita, a ideia da pátria; à negação, a afirmação católica. Pretende, com os círculos, montar o instrumento da contra-revolução, em nome do "Syllabus". Inaugura-se o primeiro círculo em Belleville, com a indispensável Conferência de S. Vicente de Paulo; logo a seguir vem o de Montmartre, dentro dos vinte projectados em Paris. Fundam-se logo também dois em Lyon e de tal maneira crescem em número, que em 1875 se contam em França, 150, com 18 000 membros. Tornam-se porém suspeitos às esquerdas que os tomam como Confrarias Religiosas e também às direitas, como focos de utopias revolucionárias. Mas a juventude militar está com ele; dum cadete de Saint- Cyr recebe uma carta, em que se lêem estas passagens: "Deste-nos a todos a ambição de servir a nação pela palavra e com a espada ... o nosso voto mais querido é ver-vos um dia à nossa frente no campo de batalha, como igualmente estareis nas lutas pacíficas da regeneração nacional". Assina esta carta:"Hubert Liautey". Mas na Assembleia Nacional é acusado de provocar a guerra civil e os seus superiores acham escandaloso que um oficial pregue a fraternidade cristã. Apertado nesta luta de consciência, entre o seu dever de cristão e o amor à farda, não hesita; quebra a espada aos trinta e quatro anos. A vitória é de Deus, mas nela deixou boa parte do coração! Aprovada entretanto, por um voto de maioria, a constituição da República, no ano de 1875, fazem-se eleições e De Mun, certo de que na tribuna da Câmara melhor servirá as ideias católicas e sociais, apresenta-se como candidato católico, acima de tudo, mas também da extrema-direita. Eleito deputado em 1876, continuará a sê-lo por trinta e oito anos, até à morte. E que soma de serviços prestou ele à França e à Igreja, a cuja disposição pôs todo o seu formidável talento de orador, que não conheceu um desaire! A sua presença, de elevada estatura, porte cheio de dignidade, olhar nobre, logo o impõe, antes mesmo de abrir a boca, Fala e a voz segue o pensamento; este vai tomando força, desenvolve tal actividade, que levanta aplausos e triunfa do silêncio. Em 1898 todos os partidos lhe prestam homenagem quando é recebido na Academia Francesa. Sempre na oposição, De Mun experimenta dificuldade em tomar partido entre metade da alma ligada ao passado e a outra metade arrastada para a frente. Compreende que o mais importante é defender a sua fé, que sente ameaçada, e sonha então realizar o agrupamento de todas as forças católicas num grande partido, sem distinção de afinidades políticas, para o que - sempre o mesmo cruzado - quer levantar o estandarte da cruz sob as directrizes de Roma. Erguem-se então também contra ele os antigos amigos da extrema direita, receosos da desunião; ele porém só ouve a voz do Papa. Quem poderia calá-lo? Mas Leâo XIII fala e, aprovando, em princípio, a ideia, julga inoportuna a ligação com um partido político; De Mun sujeita-se, mas a renúncia a tão querida ideia constitui mais um sacrifício bem duro! Resta-lhe a glória de ser o maior orador parlamentar de França, mas, por brilhantes que sejam, as suas intervenções não conseguem deslocar as votações das maiorias. Ingrato papel o seu! No campo social, porém, é notável e fecunda a sua acção à qual. juntamente com o objectivo religioso, tende a fundação dos círculos, "o seu grande negócio", como ele lhe chamava . É bem o precursor que compreende a gravidade e a urgência da situação. O insuspeito ministro Barthou conveio em que não havia, se pode dizer, uma lei de carácter social da 3ª República, na qual De Mun não tivesse colaborado. Incompreendido muitas vezes pelos seus, tem ao menos a consolação de receber a melhor das consagrações com a publicação da Encíclica "Rerum Novarum". Em Setembro de 1891 preside a uma peregrinação de 15 000 operários a Roma, onde é carinhosamente recebido por Leão XIII, que á da mesma maneira o acolhera e estimulara em 1878. Vêmo-lo depois nas lutas religiosas, que atormentavam a França no começo do século XIX, tomar a nobre posição de combate que dele seria de esperar. À reflexão de Barthou, de que "os religiosos não são homens livres", opõe esta admirável resposta: ...
"estes homens e estas mulheres que renunciaram a pedir ao mundo as suas alegrias, para lhe darem exemplos de pobreza voluntária, de castidade heróica, de obediência reflectida, de dedicação sem recompensa humana, por vezes pagos com ultrajes e com o desprezo, fazem assim, no sacrifício da sua liberdade, o último, o mais magnifico, o mais decisivo uso da mesma liberdade".
Com que firmeza soube combater as iníquas leis que expulsaram Congregações e fecharam escolas! Na imprensa, aconselha uma resistência digna da qual ele próprio dá exemplo na sua querida Bretanha. E na Câmara acusa violentamente o Governo da violação da lei e do encerramento de 2 800 escolas. - "Ainda não é o bastante", interrompe cinicamente um membro da maioria, interrupção que De Mun magistralmente aproveita para exclamar:
"Meus senhores, como vos agradeço as vossas interrupções. Só lamento que as não façais em tom mais elevado ainda, pois é preciso que toda a Nação vos oiça; é preciso que nesta terra, onde há tantos surdos e tantos cegos, toda a gente saiba e veja claramente, duma vez para sempre, que quereis a destruição total e completa do ensino cristão". E voltando-se para o Presidente do Conselho, em indignado brado: "Com que direito pusestes a mão sobre a liberdade?"
E ao ser votada a lei da separação, exclama: "Desde Metz para cá, nunca experimentei tão amargamente a vergonha duma derrota sem glória!"
Afastado, por doença, da tribuna, escreve, sempre com igual energia, e chegamos assim ao ano de 1914: doente e cansado - tem já setenta e três anos - assiste à declaração de guerra; não pode combater, mas tem três filhos nas fileiras e, pela sua parte, durante dois meses, os seus artigos quotidianos são, no dizer de Paulo Bourget, a pulsação do coração da própria França, e outorgando-lhe o título de "ministro da confiança nacional". E é quase moribundo que ajuda a levantar o moral dum povo inteiro. Reclama a criação dum corpo de capelães, que é encarregado de organizar.
Já próximo do fim, acompanha com o maior sacrifício o Governo na sua retirada para Bordéus, até que, num belo dia de Outubro, ao acabar de escrever o seu artigo, sente uma sufocação, prenúncio da crise fatal. Recebe os Sacramentos e entra na agonia.
A morte deste herói, que teve por lema "servir a Igreja e a Pátria", foi um luto nacional a que se associou todo o Governo, o Presidente da República, amigos e adversários políticos, em verdadeira e apoteótica manifestação da União Sagrada.
Ver www.ssvp-portugal.org texto de Gilberto Custódio António Fonseca

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Advento 30 de Novembro a 22 de Fevereiro com S. Paulo

Desculpem-me os meus leitores, mas resolvi colocar no meu blog em fac-simile, três quadros publicados na revista "A Mensagem" referindo o Advento com pormenores sobre as viagens de S. Paulo no decorrer das celebrações dominicais que têm lugar no período de 30 de Novembro de 2008 a 22 de Fevereiro de 2009.
Se calhar é capaz de não ser boa ideia, mesmo até porque as imagens estão um pouco torcidas e talvez estejam um pouco ilegiveis, mas fi-lo com boa intençâo.
De "A Mensagem" de Setembro/Outubro de 2008
António Fonseca

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Mapas das viagens de S. Paulo

retirado de "A Mensagem" n. 393 Setembro/Outubrode 2008

http://www.catequesedoporto.com/

António Fonseca

Simbolo do Ano Paulino

Primeiro, as datas de início e conclusão do ano Paulino, desde 29 de Junho de 2008 e até ao dia 29 de Junho de 2009, para comemorar os dois mil anos do nascimento de São Paulo, quando este era ainda Saulo, de Tarso, judeu exemplar, fariseu convicto e exímio perseguidor de cristãos.
Logo depois, a Cruz da qual disse São Paulo: "Quanto a mim, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo". Paulo abraçou com todo o amor a Cruz de Cristo, nas suas tribulações, calúnias, sofrimentos, prisão e, por fim, no seu martírio.
Seguem-se os nove anéis das algemas, que, segundo a tradição, mantiveram São Paulo preso em Roma. Paulo não hesita em definir-se, várias vezes, como "prisioneiro de Cristo", apoiado na força de Deus, por amor dos pagãos. Ele sente-se também "prisioneiro do Espírito", impelido pelo sopro do Espírito Santo, que o conduz, de cidade em cidade, a anunciar a Boa Nova.
A espada é, sem dúvida, o grande símbolo de São Paulo. Esta espada é o símbolo do verdadeiro "soldado de Cristo", do grande combatente e sofredor! Mas a espada sugere também o vigor penetrante da Palavra de Deus, que é "como uma espada de dois gumes", é uma palavra cortante, que fere e cura; é uma palavra penetrante que vai até aos mais íntimo de nós mesmos. A espada é, por fim e sobretudo, o instrumento com que São Paulo foi martirizado em Roma, no tempo da perseguição de Nero, nos anos 64 a 65.
Não podia faltar, entre os símbolos paulinos, o grande livro, que representa os escritos de São Paulo e as suas treze Cartas que lemos praticamente, em quase todos os domingos, ao longo do ano, como segunda leitura;
Por fim, a chama, que exprime a paixão ardente, o fogo da caridade, o calor da ternura paterna e do amor maternal, com que São Paulo formou e gerou, pelo Evangelho, tantos filhos para a . Esta chama manifesta ainda a extrema afectividade e calor humano que Paulo mantém com todos os seus colaboradores e fiéis.
retirado de "A Mensagem" n. 393 (Setembro-Outubro2008) ver site: www.catequesedoporto.com António Fonseca

terça-feira, 25 de novembro de 2008

SERÁ QUE ME ESTÃO LENDO ?

Sim, faço esta pergunta em título e repito-a aqui no início deste texto:
SERÁ QUE ALGUÉM ME ESTÁ A LER?
Estou certo que haverá umas quantas pessoas que são capazes de me estar a seguir, lendo dia após dia, aquilo que eu vou escrevendo ...
Serão 1 000 pessoas ?
Serão 100 pessoas ?
Serão 10 pessoas ?
Serão apenas 9?
Serão apenas 8?
Serão apenas 7?
Serão apenas 6?
Serão apenas 5?
Serão apenas 4?
Serão apenas 3?
Serão apenas 2?
Ou será apenas 1 ?
Ou estarei a falar no deserto ?
Ou, se calhar, para os "peixes" como Santo António?
Se calhar apenas serei Eu próprio ... quando abro o computador no meu blogue e leio aquilo que escrevi, para voltar a escrever mais umas quantas palavras sobre a minha Conferência Vicentina de S. Paulo, sobre os Modelos Vicentinos, sobre a Vida de São Paulo (e suas Epístolas !!!).
Seja como for e sejam quantas forem as pessoas quer porventura acidentalmente ou não, encontrem algo que lhes chame a atenção neste blogue, eu Vos garanto uma coisa, enquanto Deus me der Vida e Saúde, hei-de continuar a escrever diariamente ou quase diariamente, sobre tudo aquilo que me apetecer respeitante aos três temas que erigi como preferidos para dividir os meus sentimentos por outras pessoas.
Sinceramente não estou absolutamente nada preocupado em saber ao certo se atinjo ou não os meus objectivos de conseguir que me leiam 1, 10, 100 ou mil pessoas.
Tenho a certeza de que mais cedo ou mais tarde, alguém sentir-se-á tocado pela Doutrina que tento expandir (que não é minha, - é do Evangelho, é das cartas de S. Paulo, é da Regra da Sociedade de S. Vicente de Paulo) e no fundo interessa a toda a gente.
Não sou Paulo, não sou Vicente de Paulo, não sou Frederico Ozanam, nem nenhum dos Modelos Vicentinos, mas fiz Votos de tentar levar o mais longe que for possível, as palavras que eles disseram, as obras que implementaram e estou absolutamente convencido de que nem todas elas (as palavras, as obras) cairão em areia, ou em pedras, mas hão-de cair também em terra fértil e com isso darão fruto, portanto tenham a certeza, continuarei a publicar neste blogue, enquanto Deus me deixar.
Até amanhã, se Deus quiser.
António Fonseca

domingo, 23 de novembro de 2008

Léon Harmel - Modelos Vicentinos

Este importante industrial francês, que pode merecer o título de "soldado de Cristo ao serviço dos operários", foi um extraordinário realizador em matéria social, nos fins do século,passado. Seu avô fora proprietário duma forja em Sainte Cécile, situada num ponto das Ardennes então pertencente à França, forja que em 1810 foi destruída pelos Exércitos da Revolução. Resolveu então substitui-la por uma fiação mecânica, que no fim do Primeiro Império contava já 1 200 operários; sucedeu que os tratados de 1815, transferindo esse território para a Bélgica, separaram as oficinas do seu mercado natural que era a França. Harmel não hesitou: trouxe a fiação para França e depois da experiência de dois locais, assentou-a definitivamente em sítio encantador, logo baptizado de Val-des-Bois, junto dum afluente do Aisne na proximidade do centro lanígero de Reims. Data desta última instalação de 1841, tinha Léon Harmel doze anos; ali assistiu à edificação da fábrica e logo aprendeu a prescindir das comodidades da vida, instalando-se com a família, durante anos, num alpendre provisório. O exemplo dos seus fez dele um sólido e indefectível cristão; quando preparava a sua licenciatura em letras, chegou a pensar que Deus o chamava ao sacerdócio mas entretanto adoeceu gravemente seu irmão Ernesto, de quem se tornou desvelado enfermeiro e a quem acompanhou ao Sul da França. Tinha então à vista o espectáculo do desemprego, que afligiu o seu sensível coração e acabou por compreender que Deus o reservava para outra espécie de apostolado. Regressa ao Val-des-Bois, onde vai ajudar seu pai e casa então com sua prima Gabriela; tinha já vinte e quatro anos. Logo a seguir adoece o pai que tem de deixar o Val com a mulher e Ernesto, sempre adoentado. E Léon Harmel vê-se, de repente, sozinho, com vinte e cinco anos; à testa da empresa! A situação material do operário era, já então, bem melhor do que a maioria do operariado francês, porque o pai de Léon Harmel o tratava antes como associado de que como patrão; mas nos aspectos moral e religioso, tudo estava por fazer; os operários apreciavam a simplicidade de vida do patrão; notavam sem dúvida a sua grande piedade, mas não se deixavam influenciar por ela, de tal maneira que, entre 1 500 ou mais, apenas dois ou três assistiam à Missa ao Domingo! Foi por esse lado que Léon Harmel quis começar; quando era preciso admitir pessoal, em vez de tomar ao serviço desconhecidos, procurava famílias cristãs, que fixava em Val-des-Bois, indo buscá-las principalmente a Sainte-Cécile, nas Ardennes belgas, cujos habitantes, de carácter temperado pelo clima rude, são susceptiveis de dar excelentes operários. Tal foi a matéria-prima com que povoou Val-des-Bois e que iria transfomar essa oficina em modelo dos centros fabris. A morte da sua santa mãe lança-o ainda mais fortemente no campo do apostolado. Em 1863 cria a primeira associação religiosa, a dos Filhos de Maria; sucessivamente nascem: um orfanato, uma casa de família que dá alojamento e refeições; uma escola profissional de rapazes; um círculo para os homens, capaz de os fazer aprofundar as questões sociais à luz do Evangelho, armando-os contra as doutrinas revolucionárias; e, finalmente, a sonhada Capela dedicada a Nossa Senhora da Oficina com capelão permanente, onde irão fazer-se retiros trimestrais. Estava realizada a oficina cristã, mas o esforço despendido fora excessivo e Léon Harmel é forçado a parar; empreende então com seu pai, também doente, a viagem a Roma, a qual restabeleceu a ambos e decidiu Léon Harmel a organizar peregrinações a Roma, que chegaram a contar 20 000 operários. Admirável educador, sujeitou os filhos a disciplina quase militar, com um programa de vida sadia: alvorada às cinco horas, banho, oração, passeio, fosse qual fosse o tempo ou a estação e depois o dia escolar, do qual faziam parte exercícios de composição, aproveitados para incutir o horror à mentira, à desordem e a todos os vícios; três vezes por semana, visita aos operários doentes. Apaixonado pela salvação das almas, fundou a "Associaçao Intima", de vítimas voluntárias pela conversão do mundo operário; para ela recrutava especialmente os doentes e a única obrigação dos seus membros consistia em recitarem diariamente uma oração em que ofereciam os sofrimentos pela conversão dos operários. Oferecido assim como vítima voluntária, provou-o Deus com a perda da sua dedicadissima esposa, o que lhe arrancou estas palavras cristianíssimas: "Meu Deus, quantas coisas aprendi nestes dias de tristeza! Tínhamos construído o nosso ninho na terra, como se nela sempre devêssemos ficar ... Deus soprou sobre estas moradas, que supúnhamos sólidas e aconteceu que a folha seca dos bosques não é mais leve: o paraíso voou! Que a vontade de Deus seja bendita! Vamos tentar reconstruir outra morada; mas desta vez Deus não só estará lá, mas estará só Ele: tudo o resto existirá nele e por Ele". Foi também a hora dos desastres para a França e com eles as dificuldades para a indústria, pela queda do mercado francês e pela falta de transportes ferroviários. Mas Harmel confiava a Deus as dificuldades e chegado o momento da Comunhão, pedia-Lhe a resposta. Assim vivia ele em Cristo, e Cristo nele. A sua actuação no campo social e religioso começou a dar nas vistas dos príncipes da Igreja e dos patrões cristãos, que convidaram o "Bom Pai", como lhe chamavam os seus operários, para fazer parte da União das Obras; Léon Harmel compareceu à chamada mas, com surpresa sua, quando pensava que iria escutar outros oradores, foi ele quem teve de descrever as suas realizações, o que fez por forma tal que passou a ser o imprescindível relator de teses nestes Congressos. Conhece então e liga-se de amizade com Alberto de Mun, La Tour de Pin e Camilo Féron-Vrau. .Mas quer fugir às discussões teóricas, "que levariam vinte anos a fazer o que os inimigos levam a cabo em três meses". Ao seu terno e delicioso amigo La Tour du Pin prega a acção e que se deixe de discussões bizantinas! E a Alberto de Mun, que em vão se agita na Câmara, grita: "Deixe essa galera, se não pode ser a voz das reivindicações da Igreja e da França para a protecção dos operários! Saía desse meio, que só pode fazer-lhe perder energia e carácter!". Em Val-des-Bois ia nascendo uma doutrina social, da qual era mentor Léon Harmel que pretendia propagá-la, servindo-se principalmente do clero. Começou para isso a receber, no tempo de férias, a visita de sacerdotes e seminaristas que ali se fixavam uma temporada em agradável retiro, no qual se faziam reuniões, cuja alma era Harmel e das quais aqueles membros do clero saíam com uma sólida preparação para o exercício da acção social. Duraram estas reuniões catorze anos e foram as precursoras das "Semanas Sociais".
Léon Harmel pregava a doutrina, ao mesmo tempo que a aplicava. Em que consistia a corporação cristã de Val-des-Bois? A peça mestra era o Conselho da Oficina, órgão de cooperação dos operários com a direcção da fábrica, destinado a manter entre operários e patrões entendimento, baseado na confiança recíproca. O operariado elege os seus delegados que assistem às reuniões quinzenais do Conselho e dão a sua opinião sobre salários, disposições disciplinares, higiene, acidentes e aprendizagem; desta maneira tomam parte efectiva na direcção da fábrica.
No meio da família, Léon Harmel era o chefe muito amado por filhos, irmãos e sobrinhos. Em vida tão activa, soube conservar uma alegria santamente comunicativa, sempre à procura do bem que podia fazer, tanto aos seus como aos filhos dos operários, ou aos doentes que visitava. Aos próprios adversários considerava como amigos, e deles se vingava rezando terços por eles.
A piedade cresce nele com os anos, e assim é que agradece a Deus as insónias que lhe manda, por darem mais tempo para rezar. Obrigado a procurar clima mais macio, parte para Nice, onde frequenta a Capela dos Carmelitas e todo se regozija por estar ajoelhado a um metro de distância da Hóstia. "Que deliciosas conversas - diz ele. Então falo a Nosso Senhor de cada um de vós, nomeando-vos; tenho bom tempo para isso. Falo com o bom Senhor".
Mas em 14 de Novembro apanha um resfriado na Igreja de S. Bartolomeu. Declara-se uma pneumonia e, prevendo a morte, não deixa de gracejar.
"Tenham cuidado; quando morrer, não me metam no céu depressa demais; arriscar-se-iam a deixar-me no purgatório muitos anos!".
Em 19 desse mês, transportado ao oratório, chora, mas apressa-se a explicar à filha a razão das lágrimas: "Se choro, não é senão pelo que me custa deixar-te só, não mais ver o Val, os queridos que lá tenho e os meus amados operários. Mas, apesar de tudo, quero absolutamente a santa vontade de Deus. A ela me submeto inteiramente".
A 21 recebe a Extrema Unção com a maior calma: as forças começam a faltar e em 25, rezando a Nossa Senhora, entrega o seu belo espírito a Deus este grande cristão, que quis a regeneração das classes laboriosas pela fé cristã, e cuja grande força residiu no constante apoio que procurou na autoridade de Roma.
(transcrito do www.ssvp-portugal.org - Gilberto Custódio)

Cumprimentos Vicentinos de

António Fonseca

sábado, 22 de novembro de 2008

Quem somos e o que fazemos ?

Esta mensagem deveria ter sido a primeira a publicar-se, mas não foi (por diversos motivos) ou melhor foi feito um pequeno resumo sobre o que se passou relativamente à passagem de testemunho entre a Pastoral Sócio Caritativa que existia desde 1988 e a Conferência Vicentina de S. Paulo que teve o seu início efectivo em 16 de Fevereiro de 2006, com 19 elementos (12 homens e 6 senhoras). Até hoje, passados quase 3 anos, houve várias alterações no número de Vicentinos, saindo alguns por motivo de idade e doença, lamentando-se ainda o falecimento duma vicentina (esposa de um vicentino retirado por doença) e registaram-se algumas entradas. Aliás duas dessas entradas são de um casal de jovens na casa dos trinta anos e duas senhoras (menos jovens), que se verificaram precisamente na última semana (o casal) e das senhoras em Setembro e Outubro último. Como também se verificaram em 2006 e em 2007, outras entradas, o número actual de Vicentinos é de 23 incluindo o Conselheiro Espiritual. Uma curiosidade é a classe etária da Conferência: O decano deste grupo tem 84 anos (completará 85 em Janeiro, se Deus quiser). Fez parte do grupo de Catequese desde que foi fundada a Comunidade e foi um dos fundadores da Pastortal Sócio Caritativa que antecedeu a Conferência (e continua a aparecer praticamemte em todas as reuniões); 2 senhoras tem 81 anos (e por sinal estão doentes actualmente); mais 1 com 80 anos que últimamente também adoeceu; 1 com 79 anos; 2 com 78 anos; 1 com 77 anos; 2 com 76 anos; 1 com 75 anos; 1 com 74 anos; 1 com 73 anos; 1 com 72 anos; 2 com 68 anos (*) e (**); 1 com 52 anos; 1 com 48 anos; 1 com 37 anos 1 com 35 anos e 1 com 34 anos !!!
(*) Eu próprio (**) P Conselheiro Espiritual. (Estão aqui indicados 19 dos Vicentinos. Os restantes já não fazem parte desta lista de efectivos por motivos de doença prolongada) São pois 10 Senhoras e 13 Homens. Acontece, porém que dos 23 Vicentinos, há 14 que deixaram de aparecer (por doença, idade e trabalho) pois não têm possibilidade de o fazer. Isto é: algumas pessoas estão doentes e outras, apesar de relativamente novas, trabalham no horário das reuniões, pelo que normalmente (e não contando com os 4 vicentinos recentemente admitidos) têm aparecido em todas as reuniões apenas 9 elementos. Vamos a ver se isto melhora um pouco com as entradas verificadas agora. Por outro lado, se em 2006, tínhamos cerca de 10 a 12 famílias a socorrer, com um número aproximado de 25 pessoas, hoje ajudamos à volta de 27 famílias, num universo de cerca de 70 a 80 pessoas. (isto dentro do Bairro do Viso ...). É certo que mensalmente a ajuda monetária ronda os 350 €uros e não abrange a totalidade das famílias, porquanto realmente apenas 15 a 16 famílias recebem um pequeno subsídio. Mas há outras ajudas, como pagamento de despesas medicamentosas, de água, luz, etc., Sucede que, como já informei anteriormente neste blogue em Setembro, Outubro e Novembro, temos tido a prestimosa e essencial ajuda do Banco Alimentar Contra a Fome que até esta data, nos possibilitou a entrega de mais de 1 300 quilos de bens alimentares num valor de mais de mil e oitocentos €uros, a todas as famílias (27) que estamos a ajudar ...
António Fonseca

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Associação SSVP-Portugal: Criação do Blog

Finalmente já temos um blog da Sociedade de São Vicente de Paulo.
Aproveitei para inserir um comentário para colaboração e para integração do CONFERÊNCIA VICENTINA DE SÃO PAULO.
Depois de o publicar, foi-me informado que o comentário iria ser primeiro aprovado antes de ser publicado.
Espero que o aprovem e que passemos a colaborar mais aprofundadamente para proveito da Família Vicentina Portuguesa.
Creio que já fiz a minha parte mas apesar disso, vou continuar os meus esforços em procurar conseguir que as Conferências Vicentinas prossigam a sua actividade.
Até sempre.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA
António Fonseca

César Guasti - "Modelos Vicentinos"

Antes de entrar na biografia de CÉSAR GUASTI, publico finalmente a imagem de Jean-Léon Le Prévost, que não consegui publicar anteriormente. Do facto, as minhas desculpas.
Nasceu em Prato, na Toscana, em 4 de Setembro de 1822, de família fundamentalmente católica, à qual deveu a sólida educação, que toda a vida o manteve, sem quebra ou desvio, no caminho do bem, por forma a constituir exemplo que bem merece ser apontado aos vicentinos de Portugal; é-nos dado conhecê-lo, graças à extrema gentileza dos vicentinos italianos, os quais nos facultaram as necessárias fontes de informação; óptimo livro "Cesare Guasti e la sua pietá", do Padre Crispolti, três conferências sobre Guasti e ainda o volume das cartas, o qual constitui o 7º volume das suas obras.
Como historiador, crítico, filósofo e escritor, conquistou renome nas letras italianas e pôde ser classificado por Del Lungo, Presidente da Real Academia delia Crusca, como esplêndido artífice da palavra. Como arquivista revelou, aos vinte anos, à Itália os melhores escritos em língua Toscana, nomeadamente os dos tricentistas e quatrocentistas franciscanos. E assim foi que, com apaixonado entusiasmo, católicos e não católicos tomaram contacto com a extraordinária figura de S. Franscisco de Assis.
Nas letras pôde ser tido como o escritor nobre das harmonias e também como homem da sinceridade, em contraposição a tantos que se servem dos melhores dons de Deus para nos transmitirem a dúvida.
Dotado de requintada sensibilidade, vibrava intensamente com qualquer manifestação de arte e foi amoroso e profundo cultor do belo, como caminho para a verdade. Em Florença, onde trabalhou desde os vinte e oito anos, conviveu com críticos e artistas de quem foi o grande animador e que ouviam com respeito a sua opinião. A ele, como secretário da Comissão de reconstrução da fachada de Santa Maria dei Fiore, se deve, em grande parte, a majestade e imponência que dela fizeram a senhora das catedrais italianas.
Espírito florentino e quase medieval, não se impressionou grandemente com o fausto de oiro e mármores de S. Paulo, em Roma, que classificou de "troppo bella" e prejudicada em arte pelo excesso de riqueza.
Mas bem mais valiosa do que todas essas felizes disposições do seu espírito, é a reputação de santidade deixada pelas suas singulares virtudes cristãs e que lhe valeu a introdução do processo de beatificação.
Não se guardou para a idade madura: desde a primeira juventude se distinguiu pela pureza de intenção santificadora de todas as obras, e assim viveu no século como se estivesse no claustro. A vida de Guasti encontrou sempre na Religião a força do seu ser e no convívio dos seus dignos ministros o melhor conforto e a mais pura alegria: mas nem por isso amou menos a pátria. Já avançado em anos, repetia que outros amores não tivera na vida senão os da Religião, da Pátria e da Arte.
Esqueceu-lhe porém falar no quarto amor: o da Família, que ocupou uma parte tão grande do seu nobre e generoso coração! É ver o que foi o seu casamento; a perfeita união com sua mulher nos sete anos de felicidade conjugal que Deus lhe concedeu; e, depois da morte desta, aos trinta e oito anos apenas, a constante recordação da sua memória e a total entrega à educação dos quatro filhos que lhe ficaram.
Dele diz o seu biógrafo que deveu o seu perfeito equilíbrio a ter o corpo sujeito ao espírito, e este sujeito a Deus. Tudo quanto se conhece da sua vida demonstra esse salutar equilíbrio, sempre mantido, desde a idade das fortes paixões, senão, é ver a seriedade das suas disposições quando pensava em casar. Ao tomar a sua decisão, escreve uma carta admirável à mulher do seu grande amigo. Giuseppe Mochi, senhora também da intimidade de Ánnunziatta Becherini, encarregando-a de comunicar a esta os seus sentimentos. Retrata-se todo nesta carta, com inigualável lealdade diz como entende o casamento e pede uma resposta; qual seja a resposta desejada, escusado será dizê-lo; mas aconselha a "Nunziattina" a que considere tudo, reze muito e resolva tranquilamente.
Considera horrorizado nessa carta aqueles lares em que pode ser causa de discórdia aquela mesma Religião que deveria ser o primeiro elo da misteriosa cadeia que prende dois corações; fala na educação dos filhos e afirma que, da Religião, não aceita apenas os mistérios e as crenças, mas também as práticas; que nem devemos envergonhar-nos do bem nem tão pouco ostentá-lo. Considera que os esposos que amam e teme a Deus, não podem deixar de se querer bem e de ter a paz doméstica, mesmo através da dor e da cruz suportada pelos dois.
Pede lealmente à intermediária que não encubra à "Nunziattina" defeito que nele tenha encontrado e pede mais ainda que não faça grande caso de qualidades, que, em quem é dado escrever, podem muito bem figurar nos escritos e não na pessoa.
É notável a sinceridade que se reflecte em todas as cartas escritas nos meses de noivado à criatura a quem escolhera para conselheira e consoladora nas dúvidas e desconfortos da vida. Numa delas descreve a sua vida de trabalho em Florença e também a vida nos dias feriados, desde o levantar às seis até deitar à meia noite, após se ter encomendado ao Senhor - Te lucis ante terminum - e repete a sublime oração da noite anterior, ao considerar o estado que ia abraçar: "Senhor, se não sou capaz de tornar feliz a criatura que me destinastes para companheira; se poderei vir a ser para ela ocasião de dor, fazei que, como indigno de pessoa tão gentil, não chegue nunca a possuí-la, para não ter de Vos dar contas dum afecto profanado e traído; tendes infinitos modos de me poupar esta culpa: tendes pelo menos a morte. Aceito de Vós a morte, Senhor!"
Toda na sua nobre vida se inspira nos princípios cristãos: é o carácter, que vê com horror aqueles que hesitam entre o sim e o não; é a piedade e total entrega nas mãos de Deus, num "Fiat" de aceitação da cruz, segredo da perfeição cristã, que constitui a parte mais bela da santidade. Na juventude, puros e sagrados entusiasmos, aturados estudos; altos sentimentos e obras fecundas em adulto. Austero senhor, que parecerá um monge no meio do século, artífice sublime da língua italiana numa obra literária que tem o sabor duma elegia cristã.
Quer ter sempre diante de si o Crucifixo, modelo de sofrimento, convencido de que, só com o martírio quotidiano se segue o caminho do dever, da fidelidade e da continência. E é o Crucifixo, que tem em lugar de honra no seu quarto de casado, quem o sustenta na difícil e constante luta da vida, sobretudo na dolorosa perda de dois filhos e por fim da sua estremecida mulher, mal decorridos sete anos de perfeita identidade de sentimentos e no mais generoso abandono à vontade de Deus.
Guasti, que desveladamente a acompanhou na doença, recolhe ternamente as últimas palavras desta alma de eleição, que resumem os pensamentos e afectos da sua vida inocente: "Por aquele Jesus que a ti me deu e agora me tolhe, te peço que não chores. Pensa nos filhos que te deixo; sê irmão da minha única irmã. A vida é breve".
Viúvo aos trinta e oito anos, com a vida em pleno vigor, soube compreender o altíssimo significado do matrimónio-sacramento e votou-se livremente, embora com forte sacrifício, ao estado de viuvez.
Entrega-se então totalmente à missão de educar os filhos e simultâneamente à da sua própria santificação, único verdadeiro interesse da vida, sempre no culto das esposa muito querida. Diariamente pratica actos de mortificação; em tudo se sujeita à vontade de Deus; ensina aos filhos a rezar e com eles faz o exame de consciência.
Grande devoto da Virgem Nossa Senhora das Dores que, para fazer a vontade ao Eterno Pai e para que os Apóstolos não ficassem órfãos, permaneceu na terra após a subida ao Céu do seu amado Filho, pede-lhe forças para aceitar voluntariamente o martírio do prolongamento da vida, para que nele se cumpra a vontade do Senhor. À educação dos filhos junta o estudo e o trabalho do Arquivo do Estado e a Academia da Crusca; refugia-se na leitura dos Livros Santos, sobretudo dos Evangelhos e das Epístolas de S. Paulo. Como primeira regra de vida, quer estar continuamente na presença de Deus, e fazer tudo para Sua glória.
O corolário natural desta vida de piedade e de tamanha elevação espiritual é forçosamente - vinculum perfectionis - a Caridade, praticada tal como a anuncia o Apóstolo S. Tiago e que consiste em visitar órfãos e viúvas na sua tribulação. E Guasti fazia-o com coração ternissimo e sensível a todas as misérias e tristezas.
Jovem ainda, ajudou activamente a florir na sua cidade de Prato a obra das Conferências de S. Vicente de Paulo, instituída por aquela alma puríssima e franciscana de Frederico Ozanam, por quem Guasti teve um verdadeiro culto.
Foi depois membro honorário e grande protector da Conferência Florentina, além do muito bem que praticava regularmente e sem que a mão esquerda soubesse o que dava a direita: foi assim que, um ano antes de morrer tomou a seu cargo uma família não pequena a quem morrera o pai.
"César Guasti, nome que não teme o esquecimento! - Que homem! Religioso e integérrimo; viúvo em idade juvenil, observou nobilíssima severidade de costumes! - Que pai! Nas suas qualidades próprias da probidade e de amor à boa operosidade educou os numerosos filhos. Que cidadão! Não nos campos de batalha, nem nos ministérios de Estado; mas serviu a Pátria com amor aceso pela sua glória e pelo seu bem, como funcionário público, como escritor e como Vice-Presidente da Reputação da História Pátria".
Estas palavras, seguidas duma despedida sentidíssima, em que se acentua fortemente a saudade de Prato e Florença, foram proferidas sobre o féretro de Guasti pelo seu colega, admirador e amigo, Augusto Conti, em nome da Academia da Crusca.
Ficam bem aqui, a fechar a breve notícia, que se quis dar aos portugueses de mais um sublime modelo vicentino.
(escrito por Gilberto Custódio)
(retirado do site: www,ssvp-portugal.org.)
NOTA:
Por lapso, não tenho efectuado a indicação das fontes onde estão acolher estes textos sobre Modelos Vicentinos. As minhas desculpas a Gilberto Custódio e a www.ssvp-portugal.org.
António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

V DOMINGO DE PÁSCOA - ANO B - LEITURAS - 28 DE ABRIL DE 2024

                                   V DOMINGO DE PÁSCOA                                    ANO B    LEITURAS   28 DE ABRIL DE 2024 LEITURA DO...