sábado, 30 de abril de 2011

JOÃO PAULO II – Beatificação – 1 de Maio de 2011

Embora não seja hoje o dia dedicado à comemoração de João Paulo II, que segundo informações do Vaticano, será só em meados de Novembro e, dado que amanhã, será realizada a sua Beatificação em Roma, independentemente de outros apontamentos que eu venha a fazer a este respeito (agora ou proximamente), decidi transcrever a biografia (bastante longa…mesmo muito longa) editada no livro “O Papado – 2000 Anos de História”, de autoria de Mendonça Ferreira e Círculo de Leitores. Espero a vossa paciência para a lerem. Obrigado. António Fonseca.

Juan Pablo II, Siervo de Dios

Nasceu a 18 de Maio de 1920, em Wadowice, a 50 quilómetros, de Cracóvia, na Polónia. Chamava-se Karol Josef Wojtyla e era filho de Karol Wojtyla, oficial subalterno do Exército e de Emília Kaczorowska, bordadeira, que também leccionava como professora, tendo ficado órfão de mãe em 1929 e de pai em 1941. Fez a primeira comunhão em 1929 e a confirmação em 1938, ao terminar o ensino secundário na Escola Marcin Wadowita, da sua cidade natal. Matriculou-se na Universidade Jaghellonica, de Cracóvia, e também numa escola de teatro. Quando os nazis ocuparam a Polónia e encerraram a universidade, trabalhou na construção civil e numa fábrica de produtos químicos. Em 1942 assistia aos cursos eclesiásticos do cardeal Adam Stefan Sapieha e trabalhava no Teatro Rapsódico, que era clandestina. Terminada a guerra, ingressou no Seminário Maior de Cracóvia, continuando os estudos sacerdotais e frequentando a Faculdade de Teologia da Universidade de Cracóvia. Foi ordenado sacerdote em 1 de Novembro de 1946, na cripta de S. Leonardo, na Catedral de Cracóvia, pelo cardeal Stefan Sapieha, que o enviou depois para Roma, onde se doutorou em Teologia, em 1948, com o seu teste sobre a fé e nas obras de São João da Cruz. Regressado à Polónia, foi vigário em várias paróquias e retomou os estudos de Teologia e Filosofia, culminados com uma tese sobre a fundação de uma ética católica a partir do sistema ético de Max Scheler, tornando-se professor de Teologia Moral e Ética Social no Seminário Maior de  Cracóvia e na Faculdade de Teologia de Lublin. Em 1958 foi nomeado bispo-auxiliar de Cracóvia, por Pio XII, e em 1964, Paulo VI nomeou-o arcebispo de Cracóvia e cardeal em 1967. Participou no Concílio Vaticano II, fazendo parte das assembleias dos sínodos dos bispos e contribuiu para a elaboração da constituição Gaudim et Spes, elaborando o seu capítulo VI. Karol Wojtila foi sempre um amante do desporto. Na sua juventude jogou futebol como guarda redes do SK Cracóvia e, já pároco, os jovens da sua congregação chamavam-lhe “Wujek” e foi com  o seu amigo Jerzy Janik que esquiou pela primeira vez, tornando-se um entusiasta deste desporto, que praticou até sair da Polónia. Também o ténis era um dos seus desportos favoritos, continuando a praticá-lo mesmo depois de ser papa. Karol Wojtyla teve uma carreira literária, escrevendo até sob o pseudónimo de Andrzej Jawien: A Joalharia (1960), escritos ético-teológicos como Amor Responsável e Fértil, e O Signo da Contradição (1979). Mas o jovem Karol também gostava de poesia e vale a pena incluir aqui o excerto de um dos seus poemas:
“OUÇO OS SEGREDOS DA NOITE DOS REGATOS,   /   SÃO SILENCIOSAS AS PALAVRAS QUE OLHAM AS ESTRELAS   /   TRANSFORMEMOS EM LUAS AS PALAVRAS   / ENTRELAÇADAS NA COROA DE LOUROS DA ALMA   /   TALVEZ ELEVEM DENÚNCIAS… HOJE,   /   TODOS PODEM CONTAR A HISTÓRIA DAS SUAS DORES,   /   A RAPSÓDIA E O DESTINO DO SEU PRÓXIMO.”
O Conclave de 111 Cardeais resolveu, ao fim de cinquenta horas, em 16 de Outubro de 1978, eleger bispo de Roma o cardeal KAROL WOJTYLA, que tomou o nome de JOÃO PAULO II. Era o primeiro papa não italiano nos últimos 456 anos, desde o holandês Adriaan Florizzoon Dedel, que tomou o nome de Adriano VI, em 1522. Ao escolher o nome de João Paulo, tal como o seu antecessor, Karol Wojtyla quis prestar homenagem a João XXIII e a Paulo VI, dois gigantes da Igreja Católica, e com isso assumiu uma enorme responsabilidade. Os seus mais de 26 anos de pontificado viriam a justificar a escolha, pois João Paulo II foi, senão o maior, um dos expoentes máximos do cristianismo no século em que viveu. O mundo não o esquecerá nunca, tal como ele não esqueceu o mundo em que viveu. O seu percurso como sumo pontífice, desde 1978, é tão vasto que teremos de dizer, em síntese, o que foi a vida deste papa que esteve sempre presente junto de todos nós, quer fossem católicos, quer de outras religiões e credos, sem olhar a raças ou sistemas políticos. Um papa que uniu o mundo, que chorou sentidamente a sua partida para a eternidade. Quando lhe foi perguntado, como é da praxe, se aceitava o pontificado, respondeu: «Obedecendo na fé de Cristo Senhor meu, confiado na Mãe de jesus e da Igreja, apesar de tão grandes dificuldades, aceito.» Pouco depois, ao falar à  multidão que o aguardava na Praça de S. Pedro naquele dia 16 de Outubro de 1978, disse-lhes: «Chamaram-me de um país longínquo… Longínquo mas sempre tão próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao aceitar esta nomeação, mas fi-lo em espírito de obediência a Nosso Senhor Jesus Cristo e com  total confiança em sua Mãe, Nossa Senhora Santíssima… E assim me apresento a vós todos, para confessar a nossa fé comum, a nossa esperança, a nossa confiança, e também para começar de novo a percorrer um caminho da História e da Igreja, com a ajuda de Deus e com a ajuda dos homens.» Na missa de investidura, na Praça de São Pedro, perante mais de 350 000 fieis, ao proferir a homilia, disse: «Não tenhais medo!», frase que iria marcar todo o seu pontificado. «Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder. Abri todos os portões a Cristo! Ao Seu poder salvador. Abri-Lhe as fronteiras dos estados, os sistemas económicos e políticos, os imensos domínios da cultura, da civilização, do desenvolvimento. Não tenhais medo! Cristo sabe “o que há no homem”! Só Ele o sabe.» Era todo um programa que acabava de apresentar em poucas e lúcidas palavras e que conseguiu cumprir. Palavras proféticas de um homem forjado nas dificuldades da vida, nas perseguições nazis, nos obstáculos que sempre teve de enfrentar, ajudado pela sua fé imensa e por uma força de carácter que iriam fazer dele um papa ímpar, que juntou o mundo nas suas fortes mãos, procurando uni-lo como nunca antes tinha acontecido. Um mundo que quase totalmente o compreendeu, que o aceitou e que num dia de Abril de 2005 o chorou sentidamente, pondo de lado bandeiras, sistemas, crenças, raças, religiões, porque João Paulo II, um papa sem medo, acabava de deixar o mundo que ele tanto amava, para se encaminhar para o reino do Senhor, que amava igualmente. João Paulo II não se limitou a escrever ao mundo para o ajudar. Saiu de Roma, foi um viajante contínuo e temerário, com uma atividade que só podia ser desempenhada por um homem  de grande compleição física e atlética, ajudado pela sua incomensurável fé e sentido cristão. Um papa acessível, sem protocolos, um homem do mundo, que queria ajudá-lo por isso percorrendo-o incansavelmente. Milhares de quilómetros, o equivalente a cerca de três voltas ao mundo.
VIAGENS
João Paulo II nunca desejou ser um papa estático, viver no Vaticano, acompanhar de longe os problemas do mundo e da sua igreja. Numa das primeiras conversas que teve com os jornalistas, afirmou: «O papa não pode ser um prisioneiro do Vaticano. Quero ir ter com toda a gente… dos nómadas das estepes aos monges e às freiras dos conventos… Quero entrar em todas as casas.» E assim foi. Esteve em 133 países, fazendo 104 viagens: Europa, 50; Ásia, 12; África, 14; América, 27; Oceânia, 1. A sua primeira viagem realizou-se logo três meses depois de ser eleito, de 25/1 a 1/2/1979, à República Dominicana, México e Baamas. Seguiram-se: Polónia, de 2 a 10/6/1979; Irlanda, estados Unidos e Brasil, de 29/9 a 8/10/1979; Turquia, de 28 a 30/11/1979; Zaire, República do Congo, Quénia, Gana, Alto Volta e Costa do Marfim, de 2 a 12/5/1980; França, de 30/5 a 2/6/1980; Brasil, de 30/6 a 12/7/1980; Alemanha federal, de 15 a 19/11/1980; Paquistão, Filipinas, Japão, Guam e Anchorage (EUA), de 16/1 a 27/2/1981; Nigéria, Benim, Gabão e Guiné Equatorial, de 12 a 19/5/1982. Em Portugal esteve, em 13 de Maio de 1982, na capelinha das Aparições, agradecendo à Virgem o desvio da bala no atentado da Praça de São Pedro, salvando-o de uma morte certa. recitou o Acto de Consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria. Nessa mesma noite escapou a uma tentativa de assassinato por parte de Juan Fernández Krohn, um espanhol que foi ordenado padre, irregularmente, pelo bispo Marcel Lefebvre, em 1978. Nesta visita João Paulo II visitou ainda Vila Viçosa, Sameiro e Porto. Grã-Bretanha, de 28/5 a 2/6/1982; Argentina, 10 a 13/6/1982; Genebra, 15/6/1982; República de São Marino e Rimini, a 29/8/1982; Espanha, de 31/10 a 9/11/1982; Costa Rica, Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Honduras, Belize e Haiti, tendo passado por Lisboa, de 2 a 10/3/1983; Polónia, 16 a 23/6/1983; França (Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, 14 e 15/8/1983; Áustria, 10 a 13/9/1983; Coreia, Papua-Nova Guiné, Ilhas Salomão e Tailândia, 2 a 12/5/1984; Suíça, 12 a 17/6/1984; Canadá, 9 a 20/9/1984; Saragoça (Espanha), Santo Domingo (República Dominicana) e São João (Porto Rico), 10 a 13/10/1984; Venezuela, Equador, Peru e Trindade e Tobago. Em 31 de Janeiro celebra missa no Peru, nos arredores de Cuzco, antiga capital dos Incas, na antiga cidade inca de Sacsyhuamán, empoleirada nos Andes, 26/1 a 6/2/1985; Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Em Utreque, na Holanda, o papamóvel é atingido por uma bomba de fumo e ovos e até se vêem cartazes que oferecem 6000 dólares pela captura do Papa. João Paulo II, impávido e sereno, segue viagem e festeja o seu 65º aniversário em Malines, na Bélgica, 11 a 21/5/1985; Togo, Costa do Marfim, Camarões, República Centro-Africana, Zaire, Quénia e Marrocos, 8 a 19/8/1985; Kloten (Suiça) e Liechtenstein, 8/9/1985; Índia, 31/1 A 19/2/1986 e a 4 de Fevereiro encontrou-se com Madre Teresa de Calcutá; Colômbia e Santa Lúcia, 1 a 8/7/1986; França, 4 a 7/10/1986; Bangladesh, Singapura, Ilhas Fiji, Nova Zelândia, Austrália e Seychelles, de 18/11 a 1/12/1986; Uruguai, Chile e Argentina, 31/3 a 13/4/1987; Alemanha federal, 30/4 a 4/5/1987; Polónia, 8 a 14/6/1987; Estados Unidos da América e Fort Simpson (Canadá), de 10 a 21/9/1987; Uruguai, Bolívia, Paraguai e Lima (Peru), de 7 a 19/5/1988; Áustria, 23 a 17/6/1988; Zimbabwe, Botsuana, Lesoto, Suazilândia e Moçambique, de 10 a 20/9/1988; Estrasburgo, Metz e Nancy, de 8 a 11/19/1988; Madagáscar, ilhas Reunião, Zâmbia e Malawi, de 28/4 a 6/5/1989; Noruega, Islândia, Finlândia, Dinamarca e Suécia, de 1 a 10/6/1989; Santiago de Compostela e Astúrias. Em Santiago de Compostela, no Dia Mundial, da Juventude, o papa pergunta: «Quer procurais, peregrinos? Sobretudo vós, queridos jovens, que tendes a vida inteira pela frente? (…) Pergunto-vos com as palavras de Cristo: Que quereis? Procurais Deus? A tradição espiritual do cristianismo não só sublinha o significado da nossa procura de Deus como também acentua um facto muito mais importante: é Deus que nos procura e vem ao nosso encontro», de 19 a 21/8/1989; Seul (Coreia do Sul), Indonésia e ilhas Maurícias, de 6 a 10/10/1989; Cabo Verde, Guiné-Bissau, Mali, Burkina Faso e Chade, de 25/1 a 1/2/1990; Checoslováquia, em 21 e 22/4/1990; México e Curaçau, de 6 a 14/5/1990; Malta, de 25 a 27/5/1990; Tanzânia, Burundi, Ruanda e Yamoussoukro, de 1 10/9/1990; Portugal, peregrinação a Fátima, de 10 a 13/5/1991, com visita a Lisboa, A.-ores e Madeira, Polónia, de 1 a 9/6/1991; Polónia e Hungria, de 13 a 20/8/1991; Brasil, de 12 a 21/10/1991; Senegal, Gâmbia e Guiné de 19 a 26/2/1992; Angola e S. Tomé e Principe, de 4 a 10/6/1992; Santo Domingo (República Dominicana), de 9 a 14/10/1992; Benim, Uganda e Sudão, de 3 a 10/2/1993; Albânia, 25/4/1993; Espanha, de 12 a 17/6/1993; Jamaica e Mérida (México), de 9 a 16/8/1993; Zagreb (Croácia), em 10 e 11/9/1994; Manila (Filipinas), Port Moresby (Papua-Nova Guiné), Sidney (Austrália) e Colombo (Sri Lanka), de 12 a 21/1/1995; República Checa, de 30/6 a 3/7/1995; Bélgica, 3 e 4/6/1995; República da Eslováquia, de 30/6 a 3/7/1995; Yaoundé (Camarões), Joanesburgo, Pretória (África do Sul) e Nairobi (Quénia), de 14 a 20/9/1995; sede da ONU, em Nova Iorque, Brooklyn e Baltimore, de 4 a 9/10/1995; Guatemala, Nicarágua, El Salvador e Venezuela, de 5 a 12/2/1996; Tunísia, 14/4/1886; viagem apostólica à Eslovénia, de 17 a 19/5/1996; Alemanha, de 21 a 27/6/1996; Hungria, em 6 e 7/9/1996; França, de 19 a 22/9/1996; Sarajevo, em 12 e 13/4/1997; República Checa, de 25 a 27/4/1997; viagem apostólica a Beirute (Líbano), em 10 e 11/(5/1997; Polónia, de 31/5 a 10/6/1997; França, de 21 a 24/8/1997; Brasil, de 2 a 6/10/1997; Cuba, com celebrações em Havana, santa Clara, Camaguey e Santiago de Cuba, de 21 a 26/1/1998;Nigéria, de 21 a 23/3/1998; Croácia, de 2 a 4/10/1998; Cidade do México e Saint Louis (EUA), de 22 a 28/1/1999; Polónia, de 5 a 17/6/1999; Eslovénia, em 19/9/1999; Nova Deli (Índia) e Geórgia (ex-República Soviética), de 5 a 9/11/1999; Monte Sinai (Egipto), de 24 a 26/2/2000; terra santa, de 20 a 26/3/2000.Em Portugal, João Paulo II vai a Fátima em 12 e 13 de Maio de 2000, para a beatificação dos pastorinhos, Jacinta e Francisco, a quem Nossa Senhora apareceu em 13 de Maio de 1917. Viagem apostólica à Grécia, de 4 a 9/5/2001; Ucrânia, de 23 a 27/6/2001; Cazaquistão e Arménia, de 22 a 27/9/2001; Azerbaijão e Bulgária, de 22 a 26/5/2002; Canadá, Guatemala e México, de 23/7 a 1/8/2002; Polónia, de 16 a 19/8/2002; Espanha em 3 e 4/5/2003; Croácia, em 5/6/2003; Bósnia-Herzegovina, em 22/6/2003; Eslováquia, de 11 a 14/9/2003; Berna (Suíça), em 5 e 6/6/2004, e a última visita da sua extraordinária vida, em 14 e 15 de Agosto de 2004 ao Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, em França. João Paulo teve sempre a preocupação de comunicar com o mundo, quer cristão, quer de outras religiões. Por isso muito escreveu e muito deu a conhecer das suas ideias.
ENCÍCLICAS
Redemptor hominis, de 4/3/1979, salientando a dignidade humana frente aos estados totalitários e à sociedade capitalista de consumo; Dives in Misericordia, de 30/11/1990, proclamando a necessidade de dar novo conteúdo à justiça mediante a misericórdia proclamada pela Igreja; Laborem exercens, de 14/9/1981, elevando a dignidade do trabalho acima da oferta e da procura e apelando ao respeito devido ao homem trabalhador e para os seus direitos pessoais. esta encíclica teve grande repercussão e mereceu de todo o povo trabalhador um agradecimento várias vezes amplamente manifestado; Slavocum Apostoli, de 2/6/1985, no undécimo centenário dos santos Cirilo e Metódio; Dominum et Vivificanten, de 18/5/1986, sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo; Redemptoris Mater, de 15/3/1987, sobre Maria no Mistério de Cristo; a Mãe de Deus no centro da Igreja peregrina e sua mediação materna; Sollicitudo Rei Socialis, de 30/12/1987, sobre a solicitude da Igreja quanto aos problemas de ordem social; Redemptoris Missio, de 7/12/1990, sobre a validade permanente do mandato missionário, confiado por Cristo aos Apóstolos; Centesimus Annus, de 1/5/1991, sobre a questão social; Veritates Splendor, de 6/8/1993, sobre os fundamentos da moral católica; Evangelium Vitae, de 25/3/1995, sobre o valor e inviolabilidade da vida humana; Ut Unum Sint, de 25/5/1995, sobre o empenhamento ecuménico; Fides et Ratio, de 14/9/1998 sobre as relações entre a Fé a Razão; Ecclesia de Eucharistia, de 17/4/2003, a última, sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja.
CONSTITUIÇÕES
Sapientia Christiana, de 15/4/1979, sobre as universidades e faculdades eclesiásticas; Magnum Matrimonii Sacramentum, de 7/10/1982, sobre a forma jurídica do matrimónio e da família; Sacrae Disciplinae Leges, de 25/1/1983, para promulgar o novo Código de Direito Canónico; Divinus Perfectionis Magister, de 25/1/1983, com nova legislação para a Causa dos Santos. Spirituali militum curae, de 21/4/1986, sobre a nova regulamentação à assistência espiritual aos militares. Pastor Bonus, de 28/6/1988, sobre a reorganização da Cúria Romana; Ex Corde Ecclesiae, de 15/8/1990, sobre as universidades católicas; Fidel Depositum, de 11/10/1882, para publicação do Catecismo da Igreja Católica; Universi Dominici Gregis, de 22/2/1996, reforçando as regras do conclave para a eleição dos papas. Ecclesia In Urbe, de 1/1//1998, sobre o novo ordenamento do vicariato de Roma.
CARTAS APOSTÓLICAS
Rutilans Agmen, de 8/5/1979 sobre a Igreja da Polónia, no nono centenário do martírio de Santo Estanislau; Patres Ecclesiae, de 2/1/1980, na passagem do XVI centenário da Morte de São Basílio; Amantíssima Providentia, de 29/4/1980, no 4º centenário da morte de Santa Catarina de Sena; Sanctorum Altrix, de 11/7/1980, no 4º centenário do nascimento de São Bento, patrono da Europa e mensageiro da paz; Egregiae Virtus!, de 31/12/1980, sobre a Igreja na Passagem do ano; A Concilio Constantinoplitano I, de 25/3/1981, pelo 1600º aniversário do I Concílio de Constantinopla e pelo 1550º aniversário do Concílio de Éfeso; Salvifici Doloris, de 11/21/984, sobre o sentido cristão do sofrimento humano; Redemptoris Anno, de 20/4/1984, sobre a cidade de Jerusalém, património sagrado; Les Grands Mystères, de 1/5/11984, sobre o problema religioso e a paz no Líbano; Dilecti Amici, de 31/3/1985, dirigida aos jovens de todo o mundo; Augustinum Hipponensem, de 28/8/1986, por ocasião do 14º centenário da morte de Santo Agostinho; Sescentesima Anniversaria, de 5/6/1987, dirigida aos bispos da Lituânia; Spiritus Domini, de 1/8/1987, por ocasião do bicentenário da morte de Santo Afonso Maria de Ligório; Duodecimum Saeculum, de 4/12/1987, dirigida ao episcopado da Igreja Católica sobre a veneração das imagens, por ocasião do 12º centenário do II Concílio de Niceia; Euntes In Mundum Universum, de 15/1/1988, a propósito do milénio do baptismo na Rússia; Mulieris Dignitatem, de 15/8/1988, sobre a dignidade da mulher; Vigesimus Quintus Annus, de 4/12/1988, a todos os irmãos no episcopado e no sacerdócio, com saudações e bênção apostólica; Carta Apostólica, de 27/8/1989, por ocasião do cinquentenário do início da Segunda Guerra Mundial; Carta Apostólica, de 7/9/1989, sobre a situação da Igreja Católica no Líbano; Carta Apostólica, de 1/10/1989, no centenário da acção do apóstolo São Pedro; Carta Apostólica, de 29/6/1990, sobre o 5º centenário da evangelização do Novo Mundo; Carta Apostólica,  de 25/3/1993, por ocasião da reestruturação das circunscrições eclesiásticas na Polónia; Ordinario Sacerdotalis, de 22/5/1995, dirigida aos bispos, decretando que a ordenação sacerdotal reservada apenas aos homens deverá ser considerada definitiva; Tertio Millenio Adveniente, de 10/11/1994, propondo o exame final do milénio sobre as «páginas obscuras» da história da Igreja; Orientale Lumen, de 2/5/1995, no centenário da encíclica Orientalium Dignitas, do papa Leão XIII; Carta Apostólica, de 12/11/1995, pelo 4º centenário da União de Brest; Carta Apostólica, de 18/4/1996, pelos 350 anos da União de Uzhorod; Operosam Diem, de 1/12/1996, por ocasião do 15º centenário da morte de Santo Ambrósio; Laetamur Magnopere, de 15/8/1997, para promulgação do Catecismo da Igreja Católica; Divinis Amoris Scientia, de 19/10/1997, na proclamação de Santa Teresa do Menino Jesus como Doutora da Igreja; Dies Domini, de 31/5/1998, dirigida ao episcopado, clero e aos fiéis da Igreja Católica sobre a santificação do domingo; Inter Munera Academiarum, de 28/1/1999, sobre duas academias teológicas pontifícias; Carta Apostólica, de 20/7/2000, por ocasião do 3º centenário da União da Igreja Greco-Romana da Roménia com a Igreja de RomaNovo Millenio Ineunte , de 6/1/2001, dirigida ao episcopado e aos fiéis no termo do Grande Jubileu do Ano 2000; Carta Apostólica, de 12/2/2001, por ocasião do 1700º aniversário do batismo do povo arménio; Carta Apostólica, de 25/7/2001, dirigida ao povo católico da Hungria por ocasião do encerramento do milénio húngaro; Misericordia Dei, de 2/5/2002, sobre alguns aspectos da celebração do sacramento da penitência; Rosarium Virginis Mariae sul Santo Rosario, de 16/10/2002, anunciando a criação dos Mistérios Luminosos e proclamando o Ano do Rosário; Spiritus et Sponsa, de 4/12/2003, no 40º aniversário da constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia; Mane nobiscum Domine, de 7/19/2004, dirigida ao episcopado, clero e fiéis, para o Ano da Eucaristia; Il rapido sviluppoo rápido desenvolvimento»), de 24/1/2005, sobre os desafios das comunicações sociais.
 EXORTAÇÕES APOSTÓLICAS
Catechesi tradendae, de 16/10/1979, com orientações para a transmissão da mensagem de Cristo nos tempos actuais; Familiaris consortio, de 14/9/1981, sobre os problemas da vida cristã; Redemptoris donum, de 29/3/1984, sobre a consagração religiosa à luz do Mistério da Redenção; Reconciliation et penitentia, de 11/12/1984, sobre a missão actual da Igreja na reconciliação e penitência; Cristifidelis laici, de 30/1/1989, sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no Mundo; Redemptoris custos, de 15/8/1989, sobre São José na vida de Cristo e da Igreja; Pastores dabo vobis, de 7/4/1992; Uma esperança nova para o Líbano, Maio de 1997; Ecclesia in America, de Janeiro de 1999, entregue aos bispos sobre a Igreja americana; Ecclesia in Oceania, de 2/11/1001, entre aos bispos sobre a Igreja na Oceânia: Ecclesia in Europa, de 28/6/2003, entregue aos bispos sobre a Igreja na Europa;
CARTAS APOSTÓLICAS EM FORMA DE MOTU PROPRIO
Familia a Deo Instituta , de 9/5/1981, criando o Conselho Pontifício para a Família; Tredecim Anni, de 6/8/1982, com o novo Estatuto para a Comissão Teológica Internacional; Recognito Iuris Canonici Codice, de 2/1/1984, à Comissão pontifícia para a interpretação correta do Código de Direito Canónico; Dolentium Hominum, de 11/2/1985, instituindo a Comissão Pontifical para o serviços pastorais de saúde; Quo Civium Iura, de 2/11/1987, com a condição jurídica dos habitantes do Vaticano; Solicita Cura, de 26/12/1987, sobre o vicariato de Roma e um Tribunal de Apelo, distinto dos outros Tribunais; Ecclesia Dei, de 2/7/1988, de conformidade com a excomunhão do arcebispo Marcel Lefebvre, que em 30/6/1988, na Suiça, procedeu ilegalmente a ordenações episcopais, é instituída uma comissão, com a tarefa de colaborar com os bispos, com os dicastérios da cúria romana e com os ambientes interessados, a fim de facilitar a plena comunhão eclesial dos sacerdotes, dos seminaristas, das comunidades ou e cada religioso ou religiosa até agora ligados de diversos modos à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebrve que desejem permanecer unidos ao sucessor de Pedro na Igreja Católica, conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas, de acordo com o protocolo assinado a 5 de Maio pelo cardeal Ratzinger e por monsenhor Lefebrve; esta comissão é composta por um cardeal presidente e por outros membros da cúria romana, em número que se julgar oportuno segundo as circunstâncias; Europae Orientalis, de 15/1/1993, sobre a Igreja na Europa Oriental; Inde a Pontificatus, de 25/3/12993, estabelecendo que o Conselho Pontifício da Cultura e o Conselho Pontifício para o diálogo com os crentes se reúnem num único Conselho; Socialium Scientiarum, de 1/1/1994, instituindo a Academia Pontifícia das Ciências Sociais; Vitae Mysterium, 11/2/1994, instituindo a Academia Pontifícia para a Vida, em defesa integral da vida humana e gestação; Motu proprio, de 30/9/1994, promulgando o estatuto dos deveres de trabalho da sede Apostólica; Stellamaris, de 31/1/1997, sobre o Apostolado do Mar; Ad Tuendam Fidem, de 18/5/1998, inserindo algumas normas no Código de Direito Canónico e no Código dos Cânones das Igrejas Orientais; Apostolos Suos, de 21/5/1998, sobre a natureza teológica e jurídica das conferências episcopais; Proclamazione delle Compatrone d’Europa, de 1/10/1999, proclamação de Santa Brígida da Suécia, Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz como co-padroeiras da Europa; Proclamazione di San Tommaso Moro a Patrono del Governanti e dei Politici, de 31/10/2000, proclamando S. Tomás Moro como patrono dos governantes e dos parlamentares. Sacramentorum sanctitatis tutela, de 10/10/2002, determinando que os delitos graves ficam reservados unicamente para a Congregação da Doutrina da Fé; Misericordia Dei, de 2/5/2002, sobre alguns aspectos da celebração do sacramento da penitência; Congregazione dei Legionari di Cristo, de 26/11/2004, confiando à Congregação dos Legionários de Cristo o cuidado e a gestão do Instituto Pontifício Notre Dame of Jerusalem Center, na cidade de Jerusalém.

BULAS
Aperite Portas Redemptori, de 6/1/1983, no 1950º aniversário da Redenção; Incarnationes Mysterium, de 29/11/1998, na preparação do Jubileu do Ano 2000, onde diz, referindo-se aos mártires que beatificou e canonizou: «Este século que chega ao seu ocaso teve grande número de mártires, especialmente por causa do nazismo, do comunismo e das lutas raciais ou tribais. Pessoas de todas as classes sofreram, pela sua fé, pagando com o sangue a sua adesão a Cristo e à Igreja.» E a terminar: «(…) Olhando para Cristo, façamos nossas as palavras de um antigo cântico polaco: “A SALVAÇÃO VEIO ATRAVÉS DA CRUZ / EIS O GRANDE MISTÉRIO. / TODO O SOFRIMENTO TEM UM  SENTIDO: / LEVA À PLENITUDE DA VIDA.” Com esta fé no coração, que é a fé da Igreja, abro hoje, como bispo de Roma, o terceiro ano de preparação para o Grande Jubileu. Inicio-o no nome do Pai celeste, que “amou de tal forma o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele acredita (…) tenha uma vida eterna” (Jo 3, 16). Louvado seja Jesus Cristo!» Proclamação do Ano Santo, de 24/12/1999, dizendo: «A Igreja não pode transpor o limiar do novo milénio sem incitar os seus filhos à purificação, pelo arrependimento dos erros, infidelidades, incoerências, atrasos. Reconhecer as quedas de ontem é um acto de felicidade e coragem. Oque abre para todos um novo amanhã 
ENCONTROS IMPORTANTES
Sem olhar a datas nem à importância social das personagens e correndo o risco de falhar alguns, tantos foram, aqui fica o registo de encontros de João Paulo II, um papa que privilegiou as relações públicas, entendendo, como disse algumas vezes, que a falar e a dialogar é que as pessoas se entendem e as questões se resolvem. Andrei Gromyko, ministro dos Negócios estrangeiros da URSS; Jimmy Carter, presidente dos EUA; Isabel II, rainha de Inglaterra, Carlos, príncipe de Gales, Lech Walesa, presidente do Sindicato Polaco da Solidariedade e, em segunda visita, presidente da Polónia; Elio Toaff, rabino da sinagoga de Roma; Ronald Reagan, presidente dos EUA; Yasser Arafat, líder da Organização de Libertação da Palestina; Dalai-Lama, chefe supremo do budismo do Tibete; Dimitrios, patriarca ortodoxo; George Bush, presidente dos EUA; Mikhail Gorbatchov, presidente da URSS; Ytzhak Rabin, primeiro ministro de Israel; Bill Clinton, presidente dos EUA; Fidel Castro, presidente do Conselho de Estado de Cuba, Xeque Akram Sabri, grande mufti de Jerusalém e da Terra Santa; George W. Bush, presidente dos EUA; Teoctisto, patriarca ortodoxo romeno; Helmut Schmidt, chanceler alemão; Jacques Chirac, presidente da França; Kwasniewski, presidente da Polónia; Gerhard Schroeder, chanceler alemão; Boris Yeltsin e Vladimir Putin, líderes russos; Rainier, príncipe do Mónaco; D. Ximenes Belo, bispo de Díli, e Xanana Gusmão, presidente de Timor. A respeito de Timor, refira-se a conversa de João Paulo II com Diogo Freitas do Amaral, quando era presidente da Assembleia Geral da ONU. A uma pergunta de Freitas do Amaral sobre Timor Leste, o papa respondeu duas coisas: «A diplomacia do Vaticano tudo faria para advogar e promover a causa de autodeterminação do povo de Timor-Leste e que todos os dias pela manhã rezava de joelhos pelo povo martirizado de Timor.» Três dias depois, recorda Freitas do Amaral, Timor era independente. João Paulo II gostava de desporto e recebeu muitas embaixadas desportivas e até passou a ser sócio honorário de muitos clubes, mas destacam-se os nomes de alguns dos desportistas recebidos e elogiados pelo papa: Michael Schumacher, pilo to de Fórmula Um; o tenista Boris Becker e os futebolistas Pelé e Eusébio.
ATENTADOS
Em Fevereiro de 1981, no Estádio de Carachi, no Paquistão, durante a missa, um homem fez rebentar uma granada a 50 metros do altar. A explosão feriu duas pessoas e o atacante morreu. Em 13 de Maio do mesmo ano, na Praça de São Pedro, quando o Papa se aproximava da Porta de Bronze da basílica de São Pedro, tinha nos braços uma menina de dois anos, de nome Sandra Bartoli e a devolvia à mãe, ouvem-se disparos e o papa cai ferido. Letizia, uma  jovem freira italiana, agarra o agressor dizendo: «Foi ele! Foi ele!» A polícia detém o agressor, um  turco de nome Mehemet Ali Agca, que teria sido pago para o atentado. O papa, atingido por três balas, no braço direito, na mão esquerda e no abdómen, foi operado durante mais de cinco horas, mas recuperou, considerando um milagre da Virgem de Fátima estar vivo e manifestando-se deste modo: «Agradeço comovido as vossas orações e abençoo-vos a todos. Peço pelo irmão que me feriu, a quem perdoei sinceramente. Ofereço os meus sofrimentos pela Igreja e pelo MundoJoão Paulo II encontrou-se com Ali Agca, em 27 de Dezembro de 1983, na prisão de Rebibbioa e perdoou-lhe dizendo: «pareceu claramente que foi uma mão materna a guiar a trajectória da bala, permitindo que o papa se detivesse no limiar da morte.» Mais tarde, em 16 de maio de 2000, Ali Agca foi indultado depois de cumprir 19 anos de prisão na penitenciária de Ancona e nessa altura disse: “Uma mão divina protegeu o papa na altura do atentado. Sei agora que tudo isto tinha que ver com o terceiro segredo de Fátima.” E prosseguiu: «É um sonho. Dou graças ao papa e sinto-me ajudado pelo seu perdão.»Disse ainda mais: «A Irmã Lúcia, o papa e eu proprio estamos no centro de um misterioso desígnio de Deus. O papa teria sobrevivido mesmo se mil pessoas tivessem disparado contra ele.» Em 13 de Maio de 1982, no Santuário de Fátima, onde o papa fora agradecer à Virgem a sua salvação, o padre espanhol Juan Fernández Krohn tenta matá-lo, não consegue e ali mesmo João Paulo II abraça-o e perdoa-lhe. A justiça, e muito bem, menos bondosa de que o papa, julgou-o e condenou-o a seis anos de prisão.
MEA CULPA
João Paulo II, num gesto sem, precedentes na Igreja católica, toma sobre os seus ombros as culpas de centenas de anos de cristianismo. São muitos os perdões que pede em nome da Igreja que serve (cerca de 98), e deles referiremos os mais importantes. Em 31 de Outubro de 1992 recebe a Academia Pontifícia de Ciências e manda reabrir e examinar o processo de condenação de Galileu Galilei, condenado pela Inquisição em 1613, no pontificado de Urbano VIII, e reabilita-o. Nessa altura, João Paulo II, em defesa das teorias de Galileu em relação à época em que foi condenado por afirmar que a Terra era redonda e girava à volta do Sol, pronunciou esta frase: «Depois de Einstein, o cosmo deixou de ter o mesmo significado.» De 19 a 26 de Fevereiro de 1992, na viagem ao Senegal, visitou na ilha de Gore a Casa dos Escravos e pediu perdão por erros praticados por outros: a escravatura e o tráfico de negros. No domingo de Quaresma do Ano Santo, 12 de março de 2000, na missa celebrada na basílica de São Pedro, João Paulo II pediu perdão pela Igreja Católica, «que cometeu muitos pecados durante a sua história: escravatura, cruzadas, opressão da mulher, caça às bruxas e terríveis torturas perpetradas pela Inquisição.» De 20 a 26 de Março de 2000, na terra Santa, disse: «Eu, papa da Igreja de Roma, peço perdão, em nome de todos os católicos, pelas injustiças infligidas ao longo da história, aos não católicos.» E a finalizar saudou: «A todos os crentes do Islão, que a paz esteja convosco! As-Salumu’alaikum!"»
PAPA MARIANO
A devoção à Virgem Maria já vem de longe. No século XI, por impulso do papa Urbano II, surgem os cânticos marianos ainda hoje utilizados. No século XV, nas festividades em honra de Maria, à Natividade, Anunciação, Purificação e Assunção, juntam-se festividades para a comemorar. A partir do século XVIII as festividades começam a celebrar-se em Maio. Com o Concílio Vaticano II e a justificação doutrinal do culto da Virgem, a própria Igreja apela aos fiéis para promoverem esta fé. Os padres conciliares reafirmam a validade de orações como o Rosário e o Angelus. A devoção de João Paulo II por Maria e, em particular, por Nossa Senhora de Fátima é o reflexo de uma tradição de séculos, enraizada na cultura dos povos cristãos. Em 13 de Maio de 1982, numa cerimónia que decorreu em Fátima, João Paulo II consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria e, em 25 de Maio de 1984, na Praça de São Pedro, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, consagra todo o mundo ao Coração Imaculado de Maria. Depois desta cerimónia, o papa ofereceu ao Santuário de Fátima um dos projéteis co  que foi atingido no atentado de 1981, o qual foi engastado na coroa da imagem em sinal de que João Paulo II atribuía à intervenção de Nossa Senhora de Fátima o ter-se salvo.
FACTOS DO PONTIFICADO
Ao comemorar o 20º aniversário do seu pontificado, em 16 de Outubro de 1998, o papa recebeu milhares de mensagens de felicitações de chefes de Estado, chefes de governo, personalidades e fiéis de todo o mundo, mas uma das mais significativas e importantes veio do bispo chinês, Mattia Duan Tonming, de 90 anos, que não foi autorizado a participar no sínodo asiático do Vaticano na Primavera de 1997 e que numa entrevista telefónica concedida à agência do Vaticano, Fides, saudou o papa garantindo a João Paulo II que «os católicos chineses esperam com fidelidade e oração a sua viagem à China, pois o papa mostrou quer amava muito a igreja da China, ao dedicar-lhe toda  a sua atenção. É por isso que esperamos de todo o coração que ele possa vir um dia ao nosso país.» Refira-se que a China e a Santa Sé não têm relações diplomáticas desde 1957. Em 9 e 10 de Janeiro de 1993 realizou o Encontro Especial de Oração, em Assis, por intenção da paz nos Balcãs, com cristãos, judeus e muçulmanos. João Paulo II realizou 12 sínodos, sendo cinco ordinários, um extraordinário, cinco especiais e um particular, e nove consistórios,em que nomeou 232 cardeais, entre eles, em 21 de Fevereiro de 2001, D. José Policarpo, patriarca de Lisboa e D. Saraiva Martins, presidente da Congregação da Causa dos Santos, na santa Sé. Proclamou 476 novos santos e fez 1320 beatificações, de que destacamos os pastorinhos, Jacinta e Francisco, em 13 de Maio de 2000, e os papas Pio IX e João XXIII, em 3 de Setembro de 2000. Visitou a Sinagoga de Roma em 13 de Abril de 1986, um gesto inédito na Igreja de Roma, e foi o primeiro papa a visitar uma mesquita, em Damasco (Síria), em Maio de 2001. A atividade de João Paulo II foi permanente e inesgotável. para além das viagens, do muito que escreveu, fez mais de 2400 discursos, promoveu 1200 audiências, 426 encontros com reis e chefes de Estado e 193 com primeiros-ministros. Um dos momentos mais altos do pontificado foi o que se referia ao terceiro segredo de Fátima, revelado pela Irmã Lúcia e dado a conhecer ao mundo por João Paulo II, no Grande Jubileu do Ano 2000. O segredo já era do conhecimento do Vaticano, pois chegou ao Arquivo Secreto do Santo Ofício a 4 de Abril de 1957, enviado em sobrescrito fechado, pelo bispo de Leiria, e o primeiro pontífice a ter oportunidade de o revelar foi João XXIII, mas não o fez, tal como o Papa Paulo VI, que optou por não tornar pública essa revelação divina. João Paulo II, depois do atentado de 13 de maio de 1981, solicitou o sobrescrito ao Santo Ofício e por isso só passados quase vinte anos resolveu revelá-lo ao mundo.O último gesto de amor de João Paulo II para com o Santuário de Fátima foi dado ao deixar a indicação de que um lenço branco com as suas iniciais e o rosário pessoal com que rezou durante a sua estada na Clínica Gemelli fossem entregues ao Santuário de Fátima, tendo sido o bispo de Leiria-Fátima o portador dos preciosos objectos e ainda de um açucareiro pertencente ao papa.
DOENÇAS
João Paulo II foi atingido por muitas doenças, mas tinha uma força extraordinária. Quando fez 83 anos declarou: «A condição física e a idade avançada não são obstáculos para uma vida perfeita. Deus não olha às coisas externas, mas à alma.» E quando os jornalistas, com quem sempre se deu muito bem e tratava com afabilidade, lhe faziam perguntas sobre a sua saúde, respondia com graça e certa ironia: «Quando quero saber alguma coisa da minha saúde leio os jornais.» Era assim este homem extraordinário, mas a verdade é que, para além da operação para lhe extrair a bala do atentado de 1981, foi operado em 17 de Julho de 1992, sendo-lhe extraído um tumor benigno no cólon, sujeitando-se ainda a duas operações motivadas por quedas, uma num ombro, em 11 de Novembro de 1993, por ter caído durante uma audiência, e outra em 29 de Abril de 1994, por ter escorregado ao sair da banheira, fraturando o fémur. Em 30 de Abril de 1994, nova operação para implantação de uma prótese. Em 22 de Agosto de 1994, durante a celebração de uma missa nos Alpes, o papa tem um gesto de dor e logo surgem rumores sobre o seu estado de saúde, de tal modo insistentes que em 4 de Setembro corre pelo Vaticano o boato de que o papa morrera e alguns sacerdotes chegam a celebrar uma missa na Basílica de São Pedro pela sua alma, mas o papa, felizmente, estava vivo. Em 25 de Dezembro de 1995, acontece pela primeira vez que João Paulo II é obrigado a interromper a sua bênção urbi et orbe por se sentir mal, e logo aumentaram os rumores sobre a sua saúde. Em 1996 surge uma apendicite aguda e a doença de Parkinson atinge-o também, mas João Paulo II continua a resistir a todos os males e às dores, para prosseguir na sua missão. Em fins de Janeiro, o papa sofre uma recaída com febres altas devido a uma infecção que causou uma septicemia. Em 1 de Fevereiro de 2005 foi internado de urgência na Clínica Gemmeli, em Roma, com problemas respiratórios resultantes de uma gripe, mas regressa ao Vaticano dez dias depois. No dia 24 foi de novo internado devido a uma recaída e é submetido a uma traqueotomia para lhe facilitar a respiração. Não consegue falar. Em 1 de Março parece ter acontecido o milagre, pois João Paulo II recomeça a falar e no dia 13 fala directamente aos fiéis, regressando no mesmo dia ao Vaticano. Passam-se catorze dias e no dia 27, o papa aparece à janela dos seus aposentos no Vaticano para abençoar os católicos no domingo de Páscoa, sem conseguir falar. Os seus gestos comovem o mundo. No dia 30 acontece o mesmo. O papa volta a abençoar os fieis sem conseguir falar, produzindo apenas gestos. O Vaticano anuncia  que o papa está a ser alimentado através de uma sonda nasogástrica para melhorar o seu estado físico, mas no dia seguinte, 31 de Março, o Vaticano anuncia que o papa foi acometido de febres altas provocadas por uma infecção e estava a ser tratado com antibióticos. Não consegue recuperar e na noite de 2 de Abril sucumbe nos seus aposentos do Vaticano, com a Praça de São Pedro cheia de gente que sofria e rezava por ele. Foram estas as suas últimas palavras: «A todos quero dizer uma única coisa:Que Deus vos recompense.” In Manus Tuas, Domine, commendo spiritu meum» ) («nas tuas mãos, Senhor, entrego o meu espírito»). Era o fim. Confirmado o óbito, segundo as regras da Igreja, o corpo de João Paulo II foi transportado para a Basílica de São Pedro e colocado em câmara ardente, onde recebeu, durante dias e noites,  a visita de muitos milhares de fieis que foram levar-lhe um derradeiro adeus, prestando uma homenagem devota e sincera. Na  Missa realizada em frente à Basílica, antecedendo o funeral em 8 de Abril, estiveram presentes, reis, rainhas, chefes de estado, pessoas de destaque no mundo, milhares de fiéis e, principalmente, os chefes das outras religiões, numa homenagem bem merecida ao homem que procurou a união de todos os credos. João Paulo II foi enterrado na cripta sob a Basílica de São Pedro de acordo com o seu testamento, onde escreveu: «No que diz respeito ao funeral, repito as mesmas disposições dadas pelo santo padre Paulo VI, enterro em terra nua e não num sarcófago.» E os milhões de peregrinos que afluíram a Roma começaram, desde logo, a pedir a sua Beatificação, como aconteceu aquando do falecimento de Santo António de Lisboa. Santo ou não, João Paulo II fica na memória de todos os crentes como um homem incomparável que o mundo apreciou e que o futuro nunca esquecerá.

Compilação integral do texto publicado por Círculo de Leitores e escrito por Mendonça Ferreira, respeitando a sua ortografia (com excepção dos parágrafos, para não ser demasiado longa…) por
António Fonseca Estrela 
Estrela Esta publicação é destinada apenas para ser transcrita no meu blogue SÃO PAULO (e Vidas de Santos) em comemoração da Beatificação de Sua Santidade JOÃO PAULO II, que terá lugar amanhã, dia 1 de Maio, na Praça de São Pedro, em Roma.
Recolha através do livro “O PAPADO – 2000 anos de história” – Autor: Mendonça Ferreira – Edição de Círculo de Leitores

Nº 905 - (118) - 30 de Abril de 2011 - Santos de cada dia - 3º ano

10 Santos e Beatos

Nº 905

SÃO PIO V

Papa (1504-1572)

Pío V, Santo

Pío V, Santo

Tinham-se reunido nos princípios do ano de 1566, cinquenta e dois cardeais para eleger o sucessor de Pio IV. S. Carlos Borromeo, Cardeal de Milão era quem mais podia influir no conclave. O Cardeal Pacheco, como escreve a Filipe II, pediu-lhe que trabalhasse quanto pudesse “para fazer um Papa muito para serviço de Deus e útil à Igreja, porque nisto me parece que mereceria mais do que em jejuar e em açoitar-se toda a vida”. Carlos Borromeo trabalhou efectivamente porque fosse escolhido o Papa que então requeriam as necessidades da Igreja, e foi eleito o Cardeal Miguel Ghislieiri, que tomou o nome de Pio V, filho dum humilde lavrador de Bosco, aldeola do território de Milão. Guardou ovelhas na infância. sendo ainda muito novo, entrou na Ordem de S. Domingos. Em 1556 subia a bispo de Sútri; e em 1557 a cardeal. Foi cardeal austero, parco em palavras, e mais amante da sua túnica dominicana que dos reflexos da púrpura. Vivia modestamente; um frade da sua Ordem fazia-lhe companhia, e ele mesmo varria a habitação e construía com ramos de palmeira as vassouras que usava. Como eram conhecidos o seu rigor e austeridade, alguns sentiram a sua eleição. “Não me importa que não se alegrem no principio do meu pontificado; o que desejo é que sintam pena quando eu morrer”. E assim foi. Por poucos Pontífices terão chorado tanto Roma e a cristandade inteira, como pela morte de Pio V . Toda a sua vida foi constante subir pelos degraus do altar. Claro que manteve como Papa a simplicidade da sua vida; reduziu ao mais indispensável os gastos da sua pessoa; os seus parentes deixou-os no estado em que se encontravam e dedicou-se de corpo e alma, desde o principio, a velar pela pureza da fé e pela promoção da reforma cristã. A sua primeira solicitude foi a aplicação dos decretos do Concilio Tridentino. Segundo eles, já em em 1566 apareceu o Catecismo Romano e continuou a trabalhar-se, sob o seu impulso, na edição do Breviário Romano, que se publicou em 1570.

Pío V, Santo

Pío V, Santo

O alvo principal da sua atividade esteve na defesa da fé. Por isso favoreceu constantemente o trabalho da Inquisição, excomungou em 1570, Isabel de Inglaterra e apoiou o apostolado de S. Pedro Canísio na Alemanha. Em 1568 publicou a Bula In Coena Domini, resumo das Censuras reservadas ao Papa e, apesar dos vivíssimos protestos que houve contra ela em Veneza e na Espanha, pois os príncipes civis julgavam estar lesados os seus direitos, Pio V manteve energicamente os da Santa Sé. A luta contra o Islão é glória também de Pio V. Os Turcos tinham avançado muito e constituíam verdadeira ameaça contra a Hungria e as possessões venezianas do Oriente. No ano de 1570 rendeu-se Chipre, última praça forte dos cristãos. Pio V promoveu a cruzada e, ao cabo de esforços dolorosos, conseguiu unir as frotas de Espanha, Veneza e dos Estados Pontifícios, sob o comando de D. João de Áustria. A célebre e retumbante vitória de Lepanto, de 7 de Outubro de 1571, deveu-se tanto às armas, como às orações do Santo Pontífice e à invocação por ele ordenada de Nossa Senhora do Rosário. É notável como Pio V, de origem modesta, de pouca ou nenhuma preparação política, pôde desempenhar um pontificado tão glorioso. O segredo da sua atividade e êxitos foi certamente a santidade que tinha, a pureza de intenção e as constantes preces. A 21 de Abril de 1572, dez dias antes da morte, quis visitar as Sete Basílicas de Roma, com a esperança de ver depressa os Santos Mártires no céu. A partir da Basílica de S. Paulo fez a pé o longo e penoso trajeto até à de S. Sebastião, na Via Ápia. Quando chegou esgotado a S. João de Latrão, pediram-lhe os seus que subisse para a liteira ou deixasse o que faltava da peregrinação para o dia seguinte. Respondeu em Latim que, quem tinha feito tudo, terminaria o que faltava; qui fecit totum, ipse perficiet opus. E continuou caminhando. Já tarde, entrou no Vaticano, onde repousou e mandou que lhe lessem os Sete Salmos Penitenciais e a Paixão do Senhor, não tendo ele nem sequer força para tirar o Solidéu, quando era lido o nome de Jesus. Quis celebrar a Santa Missa a 28 de Abril, mas não pôde. recebeu os últimos Sacramentos e morreu na véspera do primeiro de Maio, com estas palavras, que eram invocação do Breviário:

Quaesumus, Autor omnium, In hoc Paschali gaudio, Ab omni mortis impetu Tuum defende populum. (Pedimos-Te, Senhor de todos, que nesta alegria pascal, salves o teu povo de todo o perigo mortal)

Sisto V colocou-lhe o corpo numa magnifica urna, na capela do Santíssimo Sacramento, da basílica de Santa Maria Maior. www.jesuitas.pt . Ver também www.es.catholic e www.santiebeati.it

A seguir, transcrevo texto publicado no livro “O Papado – 2000 anos de História”, de Mendonça Ferreira – Círculo de Leitores, sobre este Papa:

Nasceu em Bosco, Piemonte (Itália), em 1504. Chamava-se Miguel Ghislieiri e era conhecido por cardeal Alexandrino e filho dum modesto lavrador. Guardou ovelhas na infância e, muito novo, entrou na Ordem de S. Domingos. Foi mestre de Filosofia e de Teologia, bispo de Sutri, nomeado por Paulo IV, inquisidor-mor em Milão e depois inquisidor-mor de toda a Cristandade. Morreu em 30 de Abril de 1572, foi beatificado por Clemente X, em 1672, e canonizado em 1712, por Clemente XI. Tem a sua festa em 30 de Abril. Cinquenta e dois cardeais reuniram-se no princípio de Janeiro de 1566 para eleger o papa. São Carlos Borromeu, cardeal de Milão, e o cardeal Pacheco tiveram grande influência na escolha, chegando este a escrever a Filipe II pedindo-lhe que trabalhasse quanto pudesse «para fazer um papa muito para serviço de Deus e útil à Igreja, porque nisto me parece que mereceria mais do que em jejuar e açoitar-se toda a vida». O cardeal Miguel Ghislieri foi eleito em 7 de Janeiro de 1566 e tomou o nome de Pio V, mas não foi fácil convencê-lo a aceitar, porque era um homem modesto, vivia com um frade da sua ordem que lhe fazia companhia e ele próprio varria a habitação e preparava a vassoura que usava, com ramos de palmeira. Como era conhecido o seu rigor e austeridade, alguns sentiram a sua eleição e ele disse: «Não me importa que se não alegrem no princípio do meu pontificado; o que eu desejo é que sintam pena quando eu morrer». Logo que foi eleito mostrou que a escolha tinha sido acertada, pois mandou distribuir pelos pobres tudo o que tencionava gastar na coroação. Conservando o hábito branco de dominicano, foi sempre mais pastor do que senhor temporal e os descontentes, por vê-lo frugal e mais dado à oração do que às vaidades, tiveram de se calar e submeter. Os que viviam à custa da Cúria foram mandados embora e a própria Cúria adoptou um regime sóbrio e austero. Roma mas  também sofreu mudanças. Acabaram as liberdades das cortesãs, puniram-se com medidas rigorosas a profanação de domingo, a blasfémia, o adultério e toda a imoralidade pública, proibindo-se as manifestações pagãs,  como eram as corridas de touros e, pouco a pouco, Roma voltou a merecer o nome de Cidade Santa. Instituiu a Confraria da Doutrina Cristã que, por bula dirigida a todos os bispos, obrigava a ensinar o catecismo às crianças todos os domingos e em todas as dioceses. Para a concretização da reforma no campo da instrução religiosa, aparece o Catecismo Romano, inestimável auxílio dos párocos para uma catequese mais esclarecida e eficaz. Dois anos depois, publica-se o Breviário Romano, para uso do clero e ordens conventuais, mas a grande reforma foi a publicação do Missal Romano, em 1570, que vigorou até à reforma operada pelo Concílio Vaticano II. Neste pontificado iniciou-se o trabalho para uma edição correta e definitiva da Vulgata, elaborada por São Jerónimo nos fins do século IV e adoptada como versão oficial. Pio V iniciou grandes obras públicas para melhorar as condições de vida da população de Roma, entre as quais a abertura de estradas e reparação de aquedutos de Trevi. Este papa teve de enfrentar problemas internacionais. Na Inglaterra, a rainha Isabel I, excomungada em 1570 por ter mandado matar a rainha Maria Stuart, da Escócia, lança o país num protestantismo claramente anti episcopal. Na Alemanha, que pela Dieta de Augsburgo, de 1566, tinha aceitado oficialmente os decretos tridentinos nos estados católicos, sobretudo na região da Baviera, o imperador Maximiliano II, não vendo aceites as suas exigências de comunhão sob as duas espécies e abolição do celibato para o clero, não aceita os decretos da reforma. Na França, ainda agitada pela guerra dos huguenotes (calvinistas), embora aceitando –se as decisões doutrinárias do concílio, promulgar-se-iam decretos gradualmente, por meio de sínodos provinciais. Um facto positivo se deu, a vitória da armada cristã, com as frotas de Espanha, Veneza e dos Estados Pontifícios, sob o comando de D. João de Áustria, na vitória contra os Turcos na batalha de Lepanto, em 7 de Outubro de 1571. Um dos participantes nesta batalha foi Miguel de Cervantes o imortal autor de D. Quixote. Pio V faleceu em Roma, com estas palavras que eram invocação do Breviário: QUAESUMUS, AUCTOR OMNIUM. IN HOC PASCHALI GAUDIO. AB OMNI MORTIS IMPETU TUUM DEFENDE POPULUM – «pedimos-Te, Senhor de todos, que nesta alegria pascal salves o teu povo de todo o perigo mortal»). Sisto V colocou-lhe o corpo numa magnifica urna, na Capela do Santíssimo Sacramento, da basílica de Santa Maria Maior. Pio V publicou duas bulas que foram muito discutidas: uma proibindo as corridas de touros e a outra mandando Daniel Volterra cobrir os corpos nus que, anos antes, Miguel Ângelo havia pintado na Capela Sistina. No que respeita a Portugal, aprovou a Ordem dos Irmãos de São João de Deus e ofereceu ao rei D. Sebastião, em 1567, uma espada e um capacete por ele benzidos na noite de Natal.

SÃO JOSÉ BENTO COTTOLENGO

Confessor (1786-1842)

José Benito Cottolengo, Santo

José Benito Cottolengo, Santo

Nasceu José Cottolengo na vila de Bra, no Piemonte, Itália, a 3 de Maio de 1786. Teve a sorte de encontrar uma mãe inteligente e profundamente cristã. Desde os cinco anos, notava nele a mãe um amor especial pelos pobres. Um dia encontrou-o a medir com uma vara os quartos de casa: “Que fazes aí? Para que tomas tantas medidas?” - “Olhe, mamã: queria saber quantas camas se poderiam colocar nesta casa, pois, quando eu for maior, quero enchê-la de pobres e doentes”. Todos os seus biógrafos estão concordes em que José não tinha grande facilidade para o estudo. A escola para ele era um martírio. dela voltava e lançava-se a chorar nos braços da mãe, dizendo: “Não entendo nada”. Propôs-lhe ela que se consagrasse a S. Tomás de Aquino. Este foi o seu guia e a sua luz no estudo. Aos 17 anos vestiu a batina dos clérigos, embora continuasse a viver em casa. Em 1805 entrou no seminário de Turim e aos 15 anos ordenou-se de sacerdote, em 1811. O irmão mais novo, Inácio, ajudava-lhe todos os dias à Missa e dizia à mãe, ao voltar a casa: “Mas, porque chora José no altar? - “Deixa-o chorar. José bem sabe o que faz. É tão agradável chorar no altar”. Desde que o admitiram como membro do Corpus Domini de Turim, piedosa associação de sacerdotes, ficou sendo, por direito próprio, cónego da Metropolitana da Santíssima Trindade. O “cónego bom” muito depressa começou a ser director de almas, pai dos pobres e solicito enfermeiro. Em 1817 estava na igreja de Corpus Domini, quando viu uma pobre mulher, que não tinha podido encontrar acolhimento nos hospitais da cidade. Deus inspirou então ao cónego que fundasse o Pio Instituto da Divina Providência. Começou por arrendar algumas moradas na Volta Rossa, que se foram desenvolvendo até se converterem em verdadeiro hospital. Para cuidar dos enfermos, fundou as Damas de Caridade. Chamou-lhes Vicentinas, mas o povo preferiu designá-las como Cottolenguinas. Por ocasião da cólera-morbo de 1831, as autoridades de Turim obrigaram a fechar o hospital de Volta Rossa. “Tudo está acabado”, diziam amigos e inimigos. Ele respondia: “Agora vamos transplantar as couves”. E a 27 de Abril de 1832 abria-se a Píccola Casa (pequena Casa) da Providência de Valdocco, nos arrabaldes de Turim. “Chama-se Pequena Casa, escrevia o santo fundador, porque em comparação com o mundo inteiro, que é igualmente casa da Divina Providência, é com toda a certeza, pequena”. O lema de Cottolengo era “caridade e confiança”. Fazer todo o bem possível e confiar sempre em Deus. A Deus custa o mesmo dar de comer a dois pobres e doentes, ou a dois mil. Quem reza com confiança tem à sua disposição todos os recursos de Deus. Inspirado nestes princípios, Dom Cottolengo dava sempre, sem olhar ao dinheiro que despendia. “Se Nosso Senhor disse que não saiba a mão esquerda o que dá a direita, porque o há-de saber a vista?”. Não pensava senão nos pobres. Convidado por uma família rica, ofereceram-lhe um cálice de vinho fino. Bebeu um pouco e depois, olhando para o vinho que ficava no fundo, disse: “Um cálice deste vinho velho tornaria felizes os meus doentes do hospital”. No dia seguinte, chegaram dois barris com esta direcção: “Ao Rev. Cónego Cottolengo, para os seus doentes”.

José Benito Cottolengo, Santo

José Benito Cottolengo, Santo

Noutra visita encontrou a senhora da casa a tecer umas camisolas de lã para os netos. Louvou o trabalho e disse: “Como ficariam quentinhos, com uma camisola como esta, os pobres meninos do meu bairro!” Uma semana depois, recebia cem camisolas de lã. A confiança em deus era a fonte da sua generosidade e amor aos pobres. Um dia, a Superiora das Irmãs da Caridade mostrou-se aflita porque, pata todos os asilados, não tinha mais que uma moeda de ouro de vinte liras. “Onde está a moeda?”, perguntou o Santo. Pegou nela, embrulhada num papelito, foi à janela e com toda a força atirou-a para o jardim. “Agora, Irmã, confie. Deus proverá”. Outro dia, a Irmã Dominica foi-lhe dizer que não havia pão para o almoço. “Na devida hora que vão almoçar, a Providência não se esquecerá de que têm de almoçar”. E foi para a igreja rezar. Ao padeiro da “Píccola casa” chegou o Santo a dever 18 000 liras (de então). O homem necessitava de as receber e Dom Cottolengo não tinha nem um cêntimo: “Tenha um poucochinho de paciência”. - “Já tive muita”, e o padeiro foi-se embora muito aborrecido. Mas logo que chegou á padaria, um senhor entregou-lhe quanto lhe devia Dom Cottolengo. O rei Carlos Alberto, de Turim, quis informar-se do que se passava na Píccola casa e mandou lá o Conde de Escarena. – “O senhor é director da Píccola Casa?” – “Eu não. Sou apenas agente da Divina Providência, que é quem dirige a casa”. – “Com que recursos conta?” – “Com os que me dá a Divina Providência”. – “Para sustentar mais de 600 bocas, terá algumas rendas fixas?”“Crê Vossa Excelência que à Divina Providência lhe vão faltar fundos?” O rei quis tomar sob a sua protecção a Píccola Casa. Dom Cottolengo agradeceu-lhe a boa intenção, mas recusou, “porque o Patrono é Deus”. Também quis visitar a Casa. O Santo agradeceu o anúncio da visita, mas acrescentou que agradeceria a Sua Majestade que a não visitasse, “pois semelhante manifestação da protecção humana não seria talvez do agrado da Divina Providência”. Noutra ocasião perguntou-lhe o Rei: “Meu querido cónego, espero que Deus lhe conceda uma vida prolongada. Mas, quando faltar, que disposições tomou sobre o sucessor? – “Tem Vossa Majestade desconfiança na Divina Providência? Porque não hei-de deixar que Deus escolha o sucessor?” E acenou ao Rei para a janela da sala, donde se via a rendição da guarda: “Uma palavra entre um soldado e outro, e a nova guarda substitui a anterior. Assim acontecerá, quando Deus dispuser a minha substituição. Falará ao ouvido de alguém e a nova sentinela virá ocupar o meu posto”. O Rei queria que houvesse contas na Píccola casa. O Cónego negava-se a isso: “Quanto tempo há que a Divina Providência governa o mundo? fez alguma vez mal a alguém ou negou-lhe o que lhe tocava"?” A Píccola casa levada dez anos de existência, quando adoeceu gravemente Dom Cottolengo, vítima do tifo. O natural era que desejasse morrer entre os seu pobres. Mas não foi assim. Fez que o levassem para Chieiri e não se tornou a ouvir-lhe nem uma palavra sobre a Píccola casa. Deixava-a nas mãos da Divina Providência. O resto não tinha importância… Morreu a 13 de Abril de 1842, aos 56 anos de idade. Foi beatificado por Bento XV, a 29 de Abril de 1917 e canonizado por Pio XI, a 19 de Maio de 1934. A Píccola casa, há muito tempo chamada Cottolengo – com várias comunidades de oração e milhares de pessoas a receberem ou prestarem cuidados – subsiste em Turim até aos nossos dias, com muita alegria e eficiência, sem quaisquer rendimentos fixos , dependente só da caridade, monumento vivo da Providência

SANTOS AMADOR e companheiros PEDRO e LUÍS

Mártires (855)

A cruel perseguição que suscitaram os mouros em Córdova nos meados do século IX tinha os cristãos em grande aflição e tristeza; todavia, não escasseavam muitos ilustres e zelosos fiéis, que se apresentavam todos os dias aos tribunais, com santa intrepidez e coragem verdadeiramente heroica, a confessar a divindade de Jesus Cristo. Do número destes heróis foram Amador, Pedro e Luís, dos quais nos diz Santo Eulógio, historiador dos seus gloriosos triunfos, que Amador foi “ilustre sacerdote, natural da antiga cidade de Tucci, colónia de romanos. Viera a Córdova com  o pai e irmãos com o nobre intento de se instruir nas ciências sagradas”. Acompanhavam Amador um célebre monge, chamado Pedro , e Luís, irmão de S. Paulo, diácono e parente de Santo Eulógio, ambos naturais de Córdova e filhos de pais cristãos. A conformidade da religião, sentimentos e costumes uniu os três cristãos pelos vínculos da mais estreita amizade, amizade santa, que os impulsionou a pactuarem de nunca se separarem e de comprarem o céu com o sangue, já que se lhes oferecia tão belo ensejo na perseguição terrível, suscitada contra a Igreja de Córdova. Apresentam-se perante o juiz agareno, pregando audaciosamente as verdades do Evangelho. Este magistrado sem gastar tempo em formalidades de processos, entregou-os aos seus carrascos, para que lhes fizessem pagar com a cabeça as pretendidas loucuras. Foram executadas as ordens do tirano no dia 30 de Abril de 885; mas, não satisfeito o bárbaro com o injusto castigo, mandou ainda lançar os três cadáveres ao rio Guadalquivir, para tirar aos cristãos as veleidades de futuras práticas de veneração. Assim se fez; mas, poucos dias depois, quis Deus manifestar na margem do mesmo rio os corpos de S. Pedro e de S. Luís, não aparecendo o de Santo Amador, por maiores diligências que para isso fizeram os cristãos. Do livro SANTOS DE CADA DIA,  de www.jesuitas.pt.

SÃO DONATO

Bispo (387)

S. Donato recebeu desde a infância uma educação modelada pelos preceitos do Evangelho. Graças às suas distintas qualidades, teve a fortuna de instruir e converter o Imperador Teodósio e sua filha, aos quais administrou o sacramento do baptismo. As famílias principais de Constantinopla foram também convertidas por este Santo. Foi elevado por unânime aclamação à dignidade de sucessor dos apóstolos, e por isso consagrado bispo de Evoreia, cidade do Epiro. A sua vida de bispo, do mesmo modo que a de sacerdote, foi sublime e bem acabado exemplo de todas as virtudes evangélicas. os pobres eram os prediletos de Donato. Por último, cheio de santidade e merecimentos, descansou no Senhor nos fins do século IV, em 387 segundo o Martirológio Romano. Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas.pt.

BEATA MARIA DA ENCARNAÇÃO

Religiosa (1599-1672)

María de la Encarnación Guyart, Beata

María de la Encarnação Guyart, Beata

Veio ao mundo em TOURS, a 28 de Outubro de 1599, João Paulo II, na homilia da beatificação, a 22 de Junho de 1980, retrata a Serva de Deus da seguinte forma: “Maria da Encarnação (Marie Guyart) foi chamada ‘Mãe da Igreja Católica no Canadá’. Aos 17 anos casa-se com Claude Martin; aos 18 anos é mãe; aos 20 anos é já viúva. Maria recusa um segundo casamento que lhe propõem os pais e, aos 32 anos, entra no mosteiro das Ursulinas de Tours. Deus levou-a a compreender a fealdade do pecado e a necessidade da redenção. Tendo profunda devoção ao Coração de Jesus e meditando assiduamente o mistério da Encarnação, ela leva à maturidade a sua vocação missionária: ‘O meu corpo estava no nosso mosteiro, escreverá ela na sua autobiografia, mas o meu espírito não podia estar encerrado. O Espírito de Jesus levava-me às Índias, ao Japão, à América, ao Oriente, ao Ocidente, às paragens do Canadá e dos Hurões, e a toda a terra habitável onde houvesse almas racionais que eu via pertencerem a Jesus Cristo”. Em 1639, está ela no Canadá. É a primeira irmã francesa missionária. O seu apostolado catequético em favor dos indígenas é infatigável: compõe um catecismo na língua dos Hurões, outro na dos Iroqueses e um terceiro na dos Algunquins. Alma profundamente contemplativa, comprometida todavia na acção apostólica, faz o voto de ’procurar a maior glória de Deus em tudo o que seja de maior santificação’ e, em Maio de 1653, oferece-se interiormente em holocausto a Deus pelo bem do Canadá. Mestra da vida espiritual, a ponto de Bossuet a definir como a ‘Teresa do Novo Mundo’, e promotora de obras evangelizadoras, Maria da Encarnação une em si, de maneira admirável, a contemplação e a acção. Nela a mulher cristã realizou-se plenamente e com raro equilíbrio, nos seus diversos estados de vida: esposa, mãe, viúva, directora de empresa, religiosa, mística, missionária, isto sempre na fidelidade a Cristo, sempre em união estreita com Deus”. Faleceu em Quebeque, a 30 de Abril de 1672. L’OSS. ROM. 29.6.1980. Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas.pt. Ver também www.es.catholic e www.santiebeati.it

• Paulina von Mallinckrodt, Beata
Fundadora

Paulina von Mallinckrodt, Beata

Paulina von Mallinckrodt, Beata

Estrela Devido a problemas técnicos e outros não me foi possível traduzir por completo esta biografia. As minhas desculpas. AF.

Martirológio Romano: Em Paderborn, na Alemanha, beata Paulina von Mallinckrodt, virgem, fundadora das Irmãs da Caridade Cristã, para atender às crianças, pobres e cegos e auxiliar aos enfermos e pobres (1881). Etimologicamente: Paulina = Aquela de pequeno tamanho, é de origem latina. Paulina von Mallinckrodt nasce em 3 de Junho de 1817 em Minden, Westfalia. É a mais velha dos filhos de Detmar von Mallinckrodt, de religião protestante e alto funcionário de governo do estado de Prússia e de sua esposa, a baronesa Bernardine von Hartmann, de religião católica, originária de Paderborn. Desde pequena absorve com avidez a formação cristã que lhe dá sua mãe, com amor. Dela herda uma fé profunda, um grande amor a Deus e aos pobres e uma férrea adesão à Igreja católica e a seus para com os outros e o cumprimento da palavra empenhada. Parte de sua meninice e juventude passa Paulina em Aquisgrán, onde foi trasladado seu pai. Por precoce morte de sua mãe, Paulina, quando só conta 17 anos de idade, toma em suas mãos a direção de sua casa e a educação de seus irmãos mais novos Jorge e Herman e da pequena Berta. Cumprindo sua tarefa a plena satisfação de seu pai, encontra tempo e meios para por-se ao serviço de tantos pobres que por mudanças técnicas, económicas e sociais de seu século, sofrem de misérias materiais e espirituais. Em Aquisgrán, com suas amigas, cuida enfermos, crianças e jovens. A los 18 años recibe el sacramento de la Confirmación y se hace habitual en ella la Misa diaria. Un poco más tarde su confesor le permite la comunión diaria, algo infrecuente en esa época. Fruto de la Confirmación es también la decisión de Paulina de consagrar su vida entera al servicio de Dios. Cuando su padre se retira del servicio estatal y se instala con su familia en Paderborn, prosigue Paulina su actividad caritativa. Invita y entusiasma a señoras y jóvenes a colaborar en el cuidado de enfermos pobres; pero ante todo le parece necesaria la educación e instrucción de los niños pobres.
Funda para ellos una guardería y acoge niños ciegos para cuidarlos e instruirlos. Impulsada por la fuerza de la gracia, organiza la Liga Femenina para el cuidado de los enfermos pobres. Luego funda un jardín de infantes para atender a los niños de las madres que deben trabajar fuera de su hogar para ganar el sustento diario de la familia. La fundación de este kindergarten en 1840 fue una idea novedosa y de avanzada para proteger y dar un ambiente de contención y afecto a estos niños que no podían ser cuidados por sus madres. Llega hasta las chozas de los pobres para aliviar sus miserias; los ayuda, consuela, exhorta y ora con los enfermos, sin temer ni la suciedad ni los contagios, sino por el contrario, lo afronta todo con una sonrisa dedicando gran parte de su vida en un incansable servicio en favor de los que sufren. "Nunca he encontrado a una persona como ella; es difícil describir la imagen tan atrayente y emotiva de su vivir en Dios" escribe en una carta su prima Bertha von Hartmann.
En 1842 poco después de la muerte del señor von Mallinckrodt, le confían a Paulina el cuidado de unos niños ciegos muy pobres. Ella los atiende con la exquisita afabilidad que la caracteriza. Y como Dios sabe guiar todo según sus planes, son los niños ciegos los que darán origen a la Congregación, porque a Paulina la admiten en distintas congregaciones religiosas pero no así a los ciegos. Paulina pide una vez más consejo a Monseñor Antonio Claessen quien después de escucharla atentamente y de hacer mucha oración le hace ver que ella está llamada por Dios a fundar una Congregación. Y obtenida la aprobación del Obispo de Paderborn Monseñor Francisco Drepper, el 21 de agosto de 1849 funda la Congregación de las Hermanas de la Caridad Cristiana, Hijas de la Bienaventurada Virgen María de la Inmaculada Concepción con tres compañeras más. Pronto se abren otros campos de actividad: hogares para niños y escuelas. Bendecida por la Iglesia, la Congregación florece y se extiende rápidamente en Alemania; pero como toda obra grata a Dios, debe ser probada por el sufrimiento; la prueba no tarda en llegar. El Canciller von Bismark emprende en 1871 una dura lucha contra la Iglesia católica. Una tras otra ve la Madre Paulina cómo se van cerrando y expropiando las casas de la Congregación en Alemania. Con su profundo espíritu de fe la Madre Paulina ve la mano de Dios en esta persecución religiosa. Las casas de la joven Congregación fueron confiscadas, las Hermanas expulsadas, la fundación parecía llegar a su fin. Pero justamente así produjo frutos, se extendió por Estados Unidos y América Latina. En la misma época de las persecuciones en Alemania llegan muchos pedidos de Hermanas desde Estados Unidos y Sudamérica para enseñar a los niños inmigrantes alemanes. Paulina respondió enviando pequeños grupos de Hermanas a Nueva Orleans en 1873.
En los siguientes meses se enviaron más grupos de religiosas a los Estados Unidos y ella misma hizo dos largos viajes a América para constatar en persona las necesidades del Nuevo Mundo, donde fundó al poco tiempo una Casa Madre en Wilkesbarre, Pennsylvania. Desde entonces las Hermanas abrieron además casas en las arquidiócesis de Baltimore, Chicago, Cincinnati, New York, Philadelphia, St. Louis, y St. Paul, y en la diócesis de Albany, Belleville, Brooklyn, Detroit, Harrisburg, Newark, Sioux City y Syracuse. En noviembre de 1874 arriban las primeras religiosas a la diócesis de Ancud, en Chile, solicitadas por Monseñor Francisco de Paula Solar. De allí partirían unos años más tarde hacia el Río de la Plata, en 1883 a Melo, Uruguay, y en 1905 a Buenos Aires, Argentina. A fines de década de 1870 la persecución religiosa terminó en Alemania y las Hermanas pudieron volver desde Bélgica a su patria donde prosiguieron con su obra. La Comunidad había crecido en integrantes y en misiones durante los años de opresión. La Madre Paulina volvió a Paderborn después de su viaje a América en 1880. A los pocos meses, ante el dolor de las Hermanas, la Madre Paulina enfermó gravemente de neumonía y murió el 30 de abril de 1881. S.S. Juan Pablo II la beatificó el 14 de Abril de 1985.

• Benito (ou Bento) de Urbino, Beato
Presbítero Capuchinho

Benito de Urbino, Beato

Benito de Urbino, Beato

Estrela Devido a problemas técnicos e outros não me foi possível traduzir por completo esta biografia. As minhas desculpas. AF.

Martirológio Romano: Em Fossombrone, de Piceno, em Itália, beato Benito de Urbino, presbítero da Ordem dos Irmãos Menores Capuchinhos, que foi companheiro de santo Lorenzo de Bríndisi na pregação entre husitas e luteranos (1625). Etimologicamente: Benito = Aquele a quem Deus bendiz, é de origem latina. Nunca se é completamente livre para poder eleger o que cada um queira. Ao menos isso é o que me passou a mim. Porque eu nasci em Urbino, uma cidade das Marcas na Itália central, em setembro de 1560 e dentro duma familia de nobres, os Passionei. Fui o sétimo de onze irmãos, e aos poucos dias me batizaram impondo-me o nome de Marcos. Aos quatro anos fiquei sem pai; e aos sete nos deixou também minha mãe. Total, que os tutores da familia nos foram criando e educando até que pudemos valer-nos por nós mesmos. Pelo que a mim respeita, ainda recordo aquele 28 de maio de 1582 quando nove ilustres «leitores» do Estudo universitário de Pádua me declaravam doutor em leis, em direito civil e canónico, entregando-me a toga, o barrete e o anel doutoral; tinha 22 anos. O mundo se abria ante mim, e para o conquistar de uma forma mais rotunda me fiz apresentar no ambiente da nobreza romana, sobretudo eclesiástica.Mas a coisa não foi como eu sonhava. O preço do êxito era demasiado caro para que me decidisse a investir nele, pelo que apenas aguentei um ano no medio desse ambiente que me produzia asco e também medo. De volta ao povo começou a invadir-me uma espécie de «crise» espiritual. Minha vida ia tomando sentido à medida que a sonhava como una entrega total a Deus e à gente. E uma forma de concretizá-la era fazendo-me Capuchinho. Muchas tardes subía al convento y me pasaba las horas muertas en la iglesia; hasta que me decidí a comunicarle al P. Guardián mi voluntad de hacerme religioso. Pero todos se pusieron en contra: los Capuchinos, mi familia, y hasta el obispo. A los frailes les parecía que un señorito como yo no podría aguantar el rigor de la vida capuchina. Para mi familia era demasiado duro tener que perder a uno de sus miembros más cualificados; mientras que el señor obispo trataba de desviarme hacia otra Orden menos austera, como eran los Camaldulenses. Sin embargo, aunque de naturaleza frágil y quebradiza, mi tenacidad era de acero, por lo que insistí varias veces hasta conseguir que me admitieran en el Noviciado. Recuerdo que al recibir en la calle la noticia de mi admisión pegué tal salto y tal grito de alegría, que todos se quedaron extrañados, dada mi habitual compostura y timidez. Mi gozo era tan grande que me fui directo al convento sin pasar siquiera por mi casa a despedirme. En el Noviciado lo pasé francamente mal, debido a mi quebradiza salud; pero mi empeño por seguir adelante -y mi enchufe con el General, que todo hay que decirlo- hizo que pudiera profesar como Capuchino. Repartí todos mis bienes y comencé una vida nueva. Una vez ordenado sacerdote y tras ejercer el ministerio por los conventos de las Marcas, me enviaron a Bohemia, junto con S. Lorenzo de Brindis y otros hermanos, a convertir a los protestantes. Menos mal que estuve poco tiempo, porque aquello fue durísimo. De nuevo volví a las Marcas y allí se desarrolló toda mi vida. Los que escribieron mi biografía han dicho que me distinguí por tres cosas: por la cantidad y calidad de la oración, por mi austeridad de vida, y por dedicarme al ministerio de los pobres. Ellos sabrán. Lo que sí os puedo decir es que, después de abandonar mi vida de «señorito» y hacerme fraile, estaba como seducido por esa presencia misteriosa que es Dios, de modo que dedicaba a Él todo mi tiempo disponible; así fue como me salieron hasta callos en las rodillas de estar arrodillado en su presencia. Sin embargo lo que más me asombraba era experimentarlo como un Dios sufriente; de ahí que reflexionara continuamente sobre la Pasión de Cristo. Esto me hacía pensar en mi frágil salud y en la urgencia de remediar las necesidades de los pobres. Con frecuencia los enviaba a casa de mis hermanos para que los atendieran, hasta el punto de que solían decir, en plan de broma: «Nuestro hermano el fraile, no contento con haber distribuido todo lo suyo en limosnas, quiere también repartir todo lo nuestro». La verdad es que yo me contentaba con poco, y hubiera estado dispuesto a repartirlo cien veces si hubiera tenido algo que dar; pero sólo disponía de mi persona y del servicio que pudiera prestar a los demás. Así que la mayoría del tiempo lo pasaba predicando en los pueblecitos donde me llamaban, ya que, por lo visto, mi oratoria no iba muy allá. Sin embargo yo me encontraba muy a gusto entre esa gente pobre, pues eran más receptivos al Evangelio.  Y así estuve casi toda mi vida, hasta que mi frágil cuerpo empezó a envejecer y a resistirse a caminar. Ya al final de mis días, un hermano religioso, creyendo que estaba ya en la agonía final encendió, como era costumbre, una vela; pero yo me di cuenta y le hice una señal para que la apagara, porque todavía no me estaba muriendo. Tardé tres días más, y el 30 de abril de 1625 me encontraba con la hermana muerte. La gente me veneraba como un santo, hasta el punto de que tuvieron que cambiarme de sepultura y guardarme en un lugar tan escondido, que estuvieron dos siglos sin encontrarme. Por fin lo hicieron y pudieron beatificarme en 1867. Después de todo me cabe la satisfacción de no ser un «santo» del todo, sino simplemente el beato Benito de Urbino.

• Gualfardo, Santo
Monge Camaldulense

Gualfardo, Santo

Gualfardo, Santo

Martirológio Romano: Em Verona, na região de Veneza, santo Gualfardo, que, oriundo de Alemanha e carniceiro de profissão, depois de passar vários anos na solidão foi recebido pelos monges do mosteiro de São Salvador, perto da cidade (1127). De origen germánico y de profesión guarnicionero (talabartero), san Gualfardo, obedeciendo a su deseo interior de una vida todo entregada a Dios, después de haber transcurrido algún tiempo en Verona, se apartó en soledad eremítica, como hicieron muchos jóvenes hombres de la Edad Media, en un lugar cerca del Adige. Sobre el ejemplo de san Romedio, ermitaño en el Val di Non en Trentino, pasadas en este lugar solitarios veinte años de aislamiento, luego algunos barqueros que navegaron por el río lo descubrieron, obligándolo así a trasladarse a Verona cerca de la iglesia de San Pedro.  Después de cierto tiempo, pasó a la iglesia de la Santísima Trinidad fuera de los muros de la ciudad y por fin fue acogido caritativamente como oblato, por los monjes camaldulenses de San Salvador de Corteregia en Verona, con los que permaneció durante diez años hasta su muerte. Mediante la oración incesante, las vigilias nocturnas, los ayunos, las penitencias, logró llegar a los más altos grados de la contemplación y santidad; todo lo anterior estaba entretejido con gracias tales como equilibrio, serenidad, modestia y prudencia, que reflejaban su paz interior y su íntima unión con Dios. Un monje contemporáneo, que fue el autor de la primera hagiografía de San Gualfardo, describió el fervor que aquel ponía en la santa conversación con los fieles y con los camaldulenses; además relató muchos milagros que obró en vida y después de muerto. Murió en el convento de Verona el 30 de abril de 1127; los veroneses celebran la fiesta el 1° de mayo como protector de los guarnicioneros, mientras que el orden Camaldulense y el Martirologio Romano, lo recuerda el 30 de abril, aniversario de su nacimiento al cielo. Reproduzido com autorização de Santiebeati.it  responsável da tradução (para espanhol): Xavier Villalta

51390 > Sant' Adiutore di Vernon Monaco  MR
90564 > Santi Amatore, Pietro e Ludovico di Cordova Martire  MR
51380 > Sant' Augulo Vescovo MR
90347 > Beato Benedetto da Urbino (Marco Passionei) Sacerdote cappuccino  MR
51330 > Santi Diodoro e Rodopiano Martiri MR
51340 > San Donato di Evorea Vescovo  MR
93365 > Sant' Earconvaldo Vescovo  MR
51320 > Sant' Eutropio di Saintes Vescovo MR
94081 > San Forannan di Waulsort Abate
32150 > San Giuseppe Benedetto Cottolengo Sacerdote  MR
51420 > San Giuseppe Tuan Sacerdote domenicano, martire MR
92681 > San Gualfardo Religioso camaldolese  MR
51410 > San Guglielmo Southerne Martire  MR
92169 > Beata Ildegarda (Hildegarda) di Kempten Regina 
91609 > San Lorenzo di Novara Vescovo e martire  MR
93718 > Beati Luigi Puell e 69 compagni Martiri mercedari
91912 > Beata Maria dell’Incarnazione Guyart Vedova e fondatrice MR
93818 > San Mariano Venerato ad Acerenza 
51360 > San Mercuriale di Forlì Vescovo MR
91635 > Beata Paolina von Mallinckrodt Fondatrice  MR
44800 > Beato Pietro Diacono (Levita)  MR
27000 > San Pio V (Antonio Ghislieri) Papa - Memoria Facoltativa MR
51370 > San Pomponio di Napoli Vescovo MR
92135 > San Quirino Martire, venerato a Neuss MR
94280 > Beata Rosamunda 
51450 > Santa Sofia di Fermo Vergine e martire  MR
90821 > San Ventura di Spello 

www.es.catholic.  -  www.santiebeati.it  -  www.jesuitas.pt

Compilação e tradução (incompleta) de espanhol para português

por António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...