Nº 1548 - (3)
Desejo a continuação de
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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SÉRGIO III
Sérgio III
(904-911)
Tinha sido forçado a exilar-se de Roma no pontificado de João IX, a cuja eleição se havia oposto. Regressado a Roma, consegue fazer-se eleger em 29 de Janeiro de 904, graças ao apoio do cônsul Teofilato, chefe do exército pontifício, que assim, na prática, tornava o papa pertença da sua família.
Teodora, mulher de Teofilato, astuta, bem como uma das suas filhas, Marózia, ficariam na história como manobradoras de sucessivos papas durante várias décadas.
A fazer fé em Luitprando, a esposa de Teofilato não passava de «impudica meretriz» que se servia da formosura para atingir as suas ambições. Ainda segundo Luitprando, Sérgio III teria sido amante de Marózia, da qual nasceu um filho que viria a ser o futuro papa João XI.
A verdade é que, ao que consta, Marózia era tão poderosa que terá nomeado, ou feito nomear, os seguintes papas: Leão VI (928), Estevão VII (928-931) e João XI (931-935). Contudo, Luitprando é contestado no quer diz sobre Sérgio III, pois historiadores como Vulgário e Floduardo, sem deixarem de ser severos com Sérgio III, rejeitam ou omitem acusações ao seu comportamento moral.
Sérgio III mostrou-se sensível às carências dos necessitados, como se conclui duma bula sua de 906; tendo os habitantes do episcopado de Silva Cândido sido saqueados e exterminados pelos sarracenos, procurou atenuar a situação com a cedência de fundos do seu património pessoal, tendo a mesma atitude com o mosteiro feminino de Corsarum, em igual dificuldade.
Também restaurou muitas igrejas de Roma e a Basílica de Latrão, que tinha ruído num terramoto em 896.
Sérgio III merece ainda atenção pela sua intervenção no Cisma de Bizâncio, conseguindo que os bispos franceses rejeitassem a doutrina fociana acerca do Espírito Santo.
O ponto mais negativo e até vergonhoso, para além de sacrílego, do seu pontificado, foi o ódio contra o papa Formoso, o pontífice que o tinha sagrado bispo, pois revalidou o chamado «Sínodo do Cadáver», anulando o que haviam estabelecido os seus antecessores quanto à reabilitação do papa Formoso e declarando nula a sua eleição e inválidas as ordenações sacerdotais por ele conferidas.
Tudo isto gerou enorme confusão e desorientação entre as comunidades cristãs e levou à criação de um movimento clandestino contra a prepotência do papa e da família Teofilato.
Mal-grado tudo o que teve de mau, favoreceu a Fundação da Abadia de Cluny, um manancial de homens apostólicos, poderoso dique contra os extravios do «século de ferro».
Foi o primeiro papa a usar a tiara com forma cónica.
Sérgio III está sepultado na basílica lateranense, por ele reconstruída.
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ANASTÁSIO III
Anastásio III
(911-913)
Terá sido eleito em Abril de 911, por pertencer à facção da família Teofilato, mas a brevidade do seu pontificado não permite grandes juízos a seu respeito. Contudo, dando crédito a Luitprando, quem governava a cidade não era Anastásio, mas sim Teodora, esposa de Teofilato.
No seu pontificado deu-se a conversão dos normandos, que no século VIII se tinham fixado no Norte de França. O rei de França, Carlos, o Simples, fez um pacto com o seu chefe; deixava-lhes a posse das terras em troca de se instruir na fé cristã e receber o baptismo. Assim aconteceu e os seus cavaleiros e o povo seguiram-lhe o exemplo, abandonando a barbárie e fixando-se em núcleos cristianizados.
Deste pontificado ficaram duas bulas sobre questões de jurisdição.
Morreu, ao que parece, envenenado e está sepultado no Vaticano.
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LANDON
Landon
(913-914)
Terá sido eleito em 7 de Agosto de 913 por influencia de Teodora, da família Teofilato, mas o seu pontificado durou apenas seis meses e dele pouco se sabe.
Apenas se conhece que decorreu com docilidade perante os desejos (ordens) de Teodora; que nomeou bispo de Ravena um dos protegidos de Teodora, que era bispo de Bolonha e seu herdeiro no papado, com o nome de João X; que outorgou um privilégio à Igreja da sua terra natal, de que se desconhece o nome, mas pertencia à comarca de Sabina e que numa discussão teológica chegou a declarar, segundo as cartas da época: «afirmar que o papa é infalível só demonstra o desconhecimento dos factos de quem os faz, ou que está dominado por um fanatismo religioso que insulta a inteligência de quem o escuta e cega a razão de quem o afirma».
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JOÃO X
João X
(914-928)
Quando diácono foi enviado à corte de Ravena para apaziguar os ânimos e pôr termo às divisões surgidas com a condenação de Formoso.
A seguir, é escolhido para secretário na corte pontifícia e, segundo Luitprando, deixou-se enredar nas habilidades de Teodora, esposa de Teofilato. Viu a sua carreira eclesiástica facilitada, foi nomeado bispo de Bolonha e obteve a seguir o arquiepiscopado de Ravena. Quando Landon morreu foi eleito papa, em Março de 914.
Luitprando explica que este caso está ligado aos seus amores ilícitos com Teodora, tese contestada por Gregorovius, que o apresenta como um papa enérgico e isento, o primeiro estadista da época.
Com efeito, ante o perigo dos sarracenos que infestavam a Itália, organiza uma liga com diversos príncipes e os bizantinos do Sul de Itália, para acabar com esse mal. Ele próprio toma o comando das tropas e, com o auxilio da frota grega, elimina os últimos redutos árabes na península itálica.
O seu regresso a Roma, depois da vitória, foi apoteótico. Um dos que mais se distinguiram nas batalhas foi Alberico, marquês de Espoleto, casado com Marózia, filha de Teofilato, o que fez com que o casal se tornasse ainda mais poderoso e com influência na política de Roma, levando João X a ter de apelar à sua energia para não se deixar absorver. Escudado por Berengário, enquanto este viveu, conseguiu preservar a sua independência. mas Berengário foi assassinado e Marózia, que enviuvara entretanto e se casara com Guido, marquês de Túscia, viu que João X lutava contra a sua influência.
Marózia era uma mulher terrível e provocou um levantamento. Latrão foi invadido, o papa encarcerado e depois assassinado, asfixiado com um coxim.
Era mais um papa a ter um fim trágico e, como escreveu Gregorovius, «Assim acabou o benfeitor de Roma, digno de melhor sorte».
«Coisa estranha que, no principio e no fim da sua vida de pontífice, encontrasse no caminho duas figuras de mulher, mãe e filha; Teodora que lhe ofereceu a tiara e Marózia que lhe tirou a tirar e a vida». E prossegue o mesmo escritor: «Sobre a história destes factos cerra-se uma tenebrosa escuridão que talvez dure para sempre».
Atribui-se a João X ter terminado a basílica lateranense, onde terá sido, possivelmente, sepultado.
No seu pontificado, interveio para sufocar um pequeno cisma na Igreja de Narbona e escreveu diversas cartas a Eriveu de Reims para apartar dos costumes bárbaros os recém-convertidos na França Setentrional.
O Mosteiro de Monte Cassino, destruído pelos sarracenos, regista-lhe o nome entre os seus restauradores, e os mosteiros de Fulda (Alemanha), Saint-Gall (Suíça) e Subiaco (Itália), também o têm por insigne benfeitor.
Enviou um legado a Espanha para examinar o rito moçárabe aí usado. Nada tendo sido encontrado de contrario à ortodoxia, ratificou a sua aprovação em concílio celebrado em Roma em 924.
Em 925 escreveu aos bispos e príncipes da Dalmácia incitando-os a prosseguir no rito latino e enviou legados para reconciliar os Búlgaros com os Croatas. Respondendo aos apelos do patriarca Nicolau, mandou a Constantinopla dois legados com o fim de restabelecerem a unidade com Roma, interrompida há uma dezena de anos.
Tudo isto levaria Gregorovius a afirmar que «João X, cujas virtudes brilham entre os factos que a história regista, ressalta, entre sombras tenebrosas da sua época bárbara, como uma das figuras mais memoráveis entre os papas».
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Post colocado em 1-2-2013 – 10H15
ANTÓNIO FONSECA
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