Nº 1677-4
Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
O texto dos Evangelhos, que inicialmente estavam a ser transcritos e traduzidos de espanhol para português, diretamente através do livro acima citado, são agora copiados mediante a 12ª edição do Novo Testamento, da Difusora Bíblica dos Missionários Capuchinhos, (de 1982, salvo erro..). No que se refere às Notas de Comentários continuam a ser traduzidas como anteriormente.AF.
9 de Junho de 2013
DOMINGO - 10º do Tempo Comum
Lc 7, 11-17
O filho da viúva - Em seguida, dirigiu-Se a uma cidade chamada Naim, indo com Ele os Seus discípulos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva: e, a acompanhá la, vinha muita gente da cidade. Vendo-a, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Aproximando-Se, tocou no caixão e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu to digo. Levanta-te.» O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe. O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o Seu povo». E a fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por todas as regiões vizinhas.
1 – Os estudiosos deste Evangelho de Lucas estão de acordo em que existe um paralelismo entre este milagre e os que se atribuem aos profetas Elias (1 R 17, 7-24) e Eliseu (2 R 4, 8-37) - (J. P. Meyer). A coincidência com o que fez Elias é chamativa. Elias encontra uma viúva à entrada da cidade de Sarepta, a quem havia morrido o seu único filho (1 R 17, 22-23). E Elias ressuscitou o rapaz (e o entregou a sua mãe). Exactamente o mesmo que diz Lucas sobre a actuação de Jesus à entrada de Naim.
2 – Como é lógico, o relato de Lucas pretende destacar que, em igualdade com Elias, Jesus é o grande profeta que Deus enviou ao seu povo. O que quer dizer duas coisas fundamentais: 1) O Deus de Jesus é igual ao de Elias, não é um Deus nacionalista e por tanto, "excluidor". Deus quer por igual a todos os seres humanos de todos os povos, de todas as culturas e de todas as religiões. Como sabemos, Sarepta, não era uma cidade de Israel, mas sim uma cidade de pagãos, coisa que irritou os vizinhos de Nazaré (Lc 4, 24-30). O Deus de Jesus é o Deus da vida, que vence a morte, e, que em consequência dá vida a todos, seja qual for a sua religião, sua cultura ou sua forma de viver. Isto desconcerta-nos e é possível até que nos escandalize. Mas Deus é tão grande em tudo, tão genial absolutamente em tudo, que faz possível o que a nós parece escândalo ou loucura.
3 – Uma vez mais se coloca manifesta a delicadeza de Jesus com as mulheres, suas penas e sofrimentos, suas situações de desamparo e a desigualdade em que viviam, com os homens, então mais do que hoje. A sensibilidade, a bondade e o respeito de Jesus para com os débeis, e os pior tratados pela vida, fica patente, uma vez mais. E sobretudo, tratando-se de suas preferências por dignificar as mulheres, isto vem-nos dizer que Jesus queria outro modelo de sociedade. Porque uma sociedade, em que as mulheres são tratadas em igualdade, é uma sociedade em que muda a família, a economia, o direito, a cultura, tudo. A isto é o que aponta o Evangelho. E não meramente a fazer-nos mais piedosos e espirituais. Isso é bom. Mas a espiritualidade não nos leva a modificar o modelo de sociedade, essa espiritualidade não serve senão para nos enganar ou tranquilizar inutilmente as nossas consciências.