S. PAULO (e Vidas de Santos)

domingo, 30 de junho de 2013

Nº 1698-4 - A RELIGIÃO DE JESUS - DOMINGO 13º do Tempo Comum - 30 de Junho de 2013

Nº 1698-4

Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca

O texto dos Evangelhos, que inicialmente estavam a ser transcritos e traduzidos de espanhol para português, diretamente através do livro acima citado, são agora copiados mediante a 12ª edição do Novo Testamento, da Difusora Bíblica dos Missionários Capuchinhos, (de 1982, salvo erro..). No que se refere às Notas de Comentários continuam a ser traduzidas como anteriormente.AF.

30 de Junho de 2013

DOMINGO - 13º do Tempo Comum

Lc 9, 51-62

Hostilidade dos samaritanos - Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-Se resolutamente a Jerusalém, e enviou mensageiros à Sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Mas não O receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?» Mas Ele voltando-Se repreendeu-os. E foram para outra povoação.

Exigências da vocação apostólica - Enquanto iam a caminho, disse-lhes alguém: «Seguir-te-ei para onde quer que fores». Jesus respondeu-lhes: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». E disse a outro: «Segue-Me». Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus». Disse-lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor, mas deixa que primeiro vá despedir-me dos meus». Jesus respondeu-lhe: «Quem depois de deitar a mão ao arado, olha para trás, não é apto para o Reino de Deus».

1 – A história da intolerância está profundamente ligada à história das religiões. E com isso, intolerância e violência - ambas benditas pela religião - fogem da mão. Tem-se dito, com toda a verdade, que as ideias grandiosas custam numerosos sacrifícios. Elas justificam a violência e desejam-na. «Como os vampiros, os valores necessitam de sangue para renovar as suas energias. E quanto mais mortos, mais radiantes e divinos são os valores em cujos altares arderam os cadáveres» (Z. Baumann, citado por W. Sofsky). Isto é forte e desagradável, mas na realidade isto é o que (sem o saber) estavam propondo Santiago e São João. E isto é o que Jesus recusa com toda a sua energia. Jesus não tolera a intolerância religiosa.

2 – Não sabemos porque Lucas uniu o episódio da intolerância com os relatos do "seguimento". Sem dúvida, há uma relação entre ambas as coisas em que, da mesma maneira que a intolerância é o que mais nos desumaniza, porque antepõe a bondade e a honradez de Jesus a qualquer outro interesse, inclusive quando se trata de interesses ou vínculos tão fortes como pode ser o dever religioso de enterrar o próprio pai, a exigência humana de se despedir da própria família ou a necessidade premente de ter um lugar onde se recolher, como o têm os animais do campo. Quando a humanidade e a bondade chegam a tais extremos, é porque estamos perante uma boa pessoa de verdade.

3 – No fundo, o que isto nos vem dizer é que o projecto do seguimento de Jesus é o projecto da liberdade ao serviço da misericórdia. Nesta fórmula radica o próprio centro do Evangelho e sua surpreendente actualidade porque se algo precisamos neste tempo de crise é a liberdade que supere todos os nossos medos.