Por imposição da TROIKA e anuência do Governo Português, a Conferência Episcopal Portuguesa, acedeu a transferir esta Festa para o 1º Domingo seguinte a partir do corrente ano de 2013 e durante 5 anos, contrariando assim o que está definido Pontificalmente desde há muitos anos e que é praticado, praticamente em todo o Mundo Católico.
Assim, e, porque pessoalmente não concordo com esta decisão, resolvi publicar o texto abaixo referido, hoje e no passado dia 30 de Maio. (Quinta-feira)
Nº 1670-4
Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
O texto dos Evangelhos, que inicialmente estavam a ser transcritos e traduzidos de espanhol para português, diretamente através do livro acima citado, são agora copiados mediante a 12ª edição do Novo Testamento, da Difusora Bíblica dos Missionários Capuchinhos, (de 1982, salvo erro..). No que se refere às Notas de Comentários continuam a ser traduzidas como anteriormente.AF.
2 de Junho de 2013
DOMINGO - CORPO DE DEUS
Lc 9, 11b-17
«Jesus (…) pôs-se a falar-lhes do reino de Deus, curando os que necessitavam de cura. Ora, o dia começava a declinar, e os doze aproximaram-se e disseram-Lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e casas em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui estamos num lugar deserto». Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer». Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos comprar a comida para todo este povo!» Eram de facto, cerca de cinco mil homens. Disse Jesus aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta». Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos. Tomando então os cinco pães e os dois peixes, Jesus ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos seus discípulos, para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e ainda apanharam o que lhes tinha sobrado: doze cestos cheios de fragmentos.
1 – Há um facto indiscutível: a importância que este relato da multiplicação dos peixes e dos pães teve na Igreja nascente. Prova disso é que, como se já indicou, este relato repete-se até seis vezes nos evangelhos. Outra coisa é a interpretação que se fez deste episódio. Não há dúvida de que tem a ver com a Eucaristia. E nesse sentido é lógico que na festividade do Corpo de Deus a liturgia no-lo recorde. Mas, além da interpretação eucarística, com frequência se tem dado também a este facto uma interpretação social: Jesus saciando a fome dos pobres e provocando o milagre da abundância, quando se compartilha o que se tem, ainda que seja escasso.
2 – Como é lógico, as duas leituras indicadas sobre o relato dos pães são inteiramente lógicas e de grande fundamento teológico e espiritual. Mas não esgotam todo o significado que entranha este episódio. Além do significado eucarístico e do significado social, este evangelho contém também um ensinamento profundamente humano. Antes de mais, porque há que o situar no contexto geral das muitas refeições de Jesus, das que falam os evangelhos; com quem e como comia, quando comia e os detalhes relativos ao posto que cada um ocupava na mesa. Tudo isso indica uma estratificação social que rompe todos os nossos esquemas relativos a privilégios, desigualdades e separações dos humanos e entre os humanos.
3 – Mas há algo no que se não pensa e que é de capital importância. A Igreja dos séculos III e IV cresceu vertiginosamente precisamente pela sua capacidade de acolhimento, expressa sobretudo nas suas refeições compartilhadas com todo o mundo, numa época de angústia (E. R. Dodds). A decadência da religião tradicional, naqueles tempos, foi alarmante, como está bem demonstrado pela história e arqueologia. Pois bem, numa crise assim, as pessoas buscavam consolo na religião. Mas queria uma religião diferente: menos culto e ritos antigos. E um interesse recente por uma religião mais pessoal (D. MacCuloch). As pessoas, desamparadas pela crise, encontravam no acolhimento das refeições (eucarísticas) a ajuda, a segurança e a proteção que lhes devolvia o respeito para com si próprios. Esta lição da história teria que nos motivar para abrir os olhos e darmos conta da verdadeira atualidade do antigo simpósio, o acolhimento sem condições de paróquias e as casas religiosas a toda a classe de desclassificados sem futuro e a oportunidade que nos oferece esta nova época de angústia).