Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12 que venho a transcrição das Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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SÃO FÉLIX III (ou II)
Santo Félix III (ou II)
(De 483 a 492)
Foi eleito em 13 de Março de 483 e devia chamar-se Félix II, mas ficou Félix III, em virtude de o seu antecessor com esse nome (355-365), apesar de ilegítimo, ter sido considerado, por algum tempo, na Lista Oficial dos Papas.
São Félix recebeu o diaconado depois de enviuvar e foi o primeiro papa oriundo da nobreza senatorial romana.
Enérgico e determinado, envia legados a Constantinopla para esclarecer a relação das posições monofisitas quanto ao Honoticon.
Os legados deixaram-se amedrontar e aceitaram a comunhão oficial com os monofisitas. Félix III, desapontado, repreende-os severamente e profere a excomunhão contra o patriarca Acácio. Este pretende a ajuda do imperador Zenão, mas Félix III não se amedronta e declara: «O imperador é um filho da Igreja e não um bispo. Em matéria de fé tem de aprender e não ensinar.» Porém, nas cartas que manda ao imperador é bem mais benigno e conciliador.
Alguns historiadores acusam Félix III de ter sido, com esta atitude, o causador da cisão verificada durante 35 anos(484-519) com a Igreja do Oriente, mas ele não podia agir de outro modo, e perante a ameaça contra a unidade da fé e a atitude prepotente do patriarca Acácio.
Este pontificado foi também atribulado devido às perseguições dos Vândalos no Norte de África, que levaram muitos cristãos a abraçar o arianismo.
São Félix foi compreensivo no acolhimento e readmissão dos lapsi, ou apóstatas, como digno continuador dos caminhos abertos por São Leão Magno.
Dadas as relações dos seus familiares com a Basílica de São Paulo Extramuros, foi ali sepultado.
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SÃO GELÁSIO I
São Gelásio I
(De 492 a 496)
Começou o seu pontificado tentando uma aproximação ao imperador de Constantinopla, mas este não lhe deu atenção.
Gelásio não desiste e volta a escrever-lhe lembrando a distinção entre a autoridade civil e a religiosa, tomando ainda uma posição firme quanto ao poder dos bispos.
Nenhum papa antes dele, nem mesmo São Leão Magno, afirmara a realidade e natureza do primado, como ele fez.
Consciente desta dignidade e responsabilidade de vigário de Cristo, mostrou-se grande defensor da ortodoxia frente à teimosia oriental do Honoticon. Embora sem resultado práticos, condena o maniqueísmo e o pelagianismo e procura erradicar os últimos vestígios do paganismo, proibindo as Lupercais, festas pagãs com que o povo pretendia esconjurar as epidemias e os demónios.
São Gelásio salienta-se pelo desenvolvimento e enriquecimento da liturgia.
O Liber Pontificalis atribui- lhe inovações na celebração da missa.
Foi o escritor mais fecundo de todos os papas, com várias homilias e hinos por ele compostos e outros escritos.
Chegaram aos nossos dias diversas decretais e algumas obras teológicas de refutação do pelagianismo e monofisismo, bem como 42 cartas e fragmentos de outras 49.
Morreu a 19 de Novembro de 496 e o Liber Pontificalis dá-lhe o título de “pai dos pobres”, dizendo que «morreu pobre depois de enriquecer os necessitados», tendo sido enterrado dois dias depois, em 21 de Novembro de 496.
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SANTO ANASTÁSIO II
Santo Anastásio II
(De 496 a 498)
Foi eleito em 14 de Novembro de 496 e logo que assumiu o pontificado tentou atrair a Igreja do Oriente à comunhão com Roma.
A sua benevolência levou-o a enviar legados a Constantinopla para comunicar ao imperador a sua eleição, pedindo-lhe para reconhecer o primado da Sede romana e garantindo que todos os batizados ordenados por Acácio seriam, apesar de tudo, abrangidos pela comunhão da Igreja Romana. O clero romano não gostou desta condescendência e a situação agravou-se quando o diácono Fótino, enviado pelo bispo de Tessalónica, até então seguidor de Acácio, agora disposto à ortodoxia romana, é recebido à comunhão pelo papa.
Ao clero romano pareceu ruinosa e uma traição à fé esta atitude benevolente, chegando até a afirmar-se que Santo Anastásio pretendia anular as decisões dos seus antecessores. A investigação história e mais recente rejeita semelhante acusação e define o perfil de Anastásio II dentro da pura ortodoxia.
Facto muito importante neste pontificado foi a conversão de Clóvis, rei dos Francos, a seguir à vitória sobre os Alemães na Batalha de Tolbiac, em 496. Este facto seria de grande importância para o futuro da Cristandade em França, como compreenderam os bispos galo-romanos que passaram a ter Clóvis como seu rei e protetor.
Continua:…
Post colocado em 29-12-12 – 11H00ANTÓNIO FONSECA