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Nº 1242-2ª Página
ACTOS DOS APÓSTOLOS
II – A IGREJA DE JERUSALÉM PONTO DE PARTIDA
6 i) Primeiro encontro com o Helenismo – Por esses dias, como o número de discípulos ia aumentando, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. Os doze convocaram então, a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém deixarmos a palavra de Deus para servirmos à mesa. É melhor procurardes entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e da sabedoria, e confiar-lhe-emos essa tarefa. Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da palavra». A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Foram apresentados aos Apóstolos que, depois de rezarem, lhes impuseram as mãos. A palavra de Deus ia-se espalhando, cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém e grande multidão de sacerdotes submetia-se à Fé.
III – EXPANSÃO DA IGREJA FORA DE JERUSALÉM
a) O primeiro mártir – Cheio de graça e força, Estêvão fazia extraordinários milagres e prodígios entre o povo. Ora, alguns membros da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e da Ásia vieram para discutir com Estevão; mas era-lhes impossível resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então uns homens para dizerem: «Ouvimo-lo proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus». Provocaram, assim, a ira do povo, dos anciãos e dos escribas; depois, surgindo-lhe na frente, arrebataram-no e levaram-no ao Sinédrio. Aí, apresentaram falsas testemunhas que declararam: «Este homem não cessa de falar contra este Lugar santo e contra a Lei, pois ouvimo-lo afirmar que Jesus, o Nazareno destruiria este lugar e mudaria os usos que Moisés nos legou».Todos os membros do Sinédrio tinham os olhos fixos nele e viram que o seu rosto era como o rosto de um Anjo.
Discurso de Estevão – Depois, o Sumo Sacerdote perguntou-lhe: «Isso é verdade?» Ele respondeu: «Irmãos e pais, escutai! O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, quando ele estava na Mesopotâmia, antes de se ter estabelecido em Haran, e disse-lhe: «Deixa a tua terra e a tua parentela e vai para a terra que te hei-de mostrar». Abandonou, então, o País dos Caldeus, e foi estabelecer-se em Haran. Daí, após a morte do pai,. Deus fê-lo emigrar para esta terra que habitais agora. Não lhe deu aí propriedade alguma, nem mesmo um palmo de terra, mas prometeu-lhe a posse dela, a ele e, depois, à sua descendência, embora não tivesse sequer um filho. E Deus afirmou-lhe que a sua descendência habitaria em terra estranha, que a reduziriam à escravidão e que seria maltratada, durante quatrocentos anos. «Mas a nação de quem forem escravos, hei-de Eu julgá-la, disse Deus. Depois disso, hão-de sair e prestar-Me culto neste lugar». Em seguida deu-lhe a aliança da circuncisão. Foi assim que Abraão gerou Isaac e o circuncidou ao oitavo dia. E Isaac fez o mesmo a Jacob e Jacob aos doze patriarcas. Os Patriarcas, invejosos de José, venderam-no a fim de ser levado para o Egito. Mas Deus estava com ele, livrou-o de todas as provas e deu-lhe graça e sabedoria diante do Faraó, rei do Egito que o nomeou governador do Egito e de toda a sua casa. Veio depois a fome sobre todo o Egito e Canaã. A angústia era grande e os nossos pais não encontravam nada para comer. Ouvindo dizer que no Egito havia trigo, Jacob mandou lá os nossos pais uma primeira vez. À segunda vez, José deu-se a conhecer, a seus irmãos, e a sua origem foi revelada ao faraó. José mandou, então, buscar seu pai Jacob, e toda a sua parentela, composta de setenta e cinco pessoas. Jacob desceu ao Egito e lá morreu, assim como os nossos pais. Os seus corpos foram trasladados para Siquém e depositados no sepulcro que Abraão adquirira, por uma importância em prata, aos filhos de Emor, em Siquém. Enquanto se aproximava o tempo em que deveria realizar-se a promessa feita por Deus e Abraão o povo cresceu e multiplicou-se no Egito, até que subiu ao trono do Egito um novo rei que não tinha conhecimento de José. Usando de astúcia para com a nossa raça, esse rei perseguiu os nossos pais, até ao ponto de os fazer expor aos recém-nascidos para os privar da vida. nessa altura, nasceu Moisés, que era agradável aos olhos de Deus. Foi criado durante três meses em casa de seu pai. Depois, tendo sido exposto, a filha do Faraó recolheu-o e criou-o como seu filho. Moisés foi iniciado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras. Quando atingiu os quarenta anos, veio-lhe ao espírito a ideia de visitar os seus irmãos, os filhos de Israel. Ao ver um deles maltratado, tomou a sua defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. Pensava que os seus irmãos compreenderiam ser Deus Quem, por sua mão, lhe trazia a liberdade, mas não o compreenderam. No dia seguinte, apareceu a dois deles que lutavam e pretendeu reconciliá-los, dizendo: «Porque sendo irmãos, vos agredis um ao outro?» Então, aquele que agredia o companheiro repeliu-o, dizendo: «Quem te nomeou nosso chefe e nosso juiz. Queres matar-me como ontem mataste o egípcio?» A essas palavras Moisés fugiu e foi, residir, como estrangeiro, para a terra de Madiã onde teve dois filhos. Ao fim de quarenta anos, apareceu-lhe um Anjo no deserto do monte Sinai, na chama de uma sarça de fogo. Perante essa aparição, Moisés ficou aturdido e, aproximando-se para observar melhor, fez-se ouvir a voz do Senhor: «Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob». A tremer Moisés não ousava erguer os olhos. Então o Senhor disse-lhe: «Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. Eu vi a angústia do Meu Povo no Egito, ouvi os seus gemidos e desci para os libertar. E agora vem cá, pois vou mandar-te ao Egito». Foi este Moisés, que eles renegaram, dizendo: «Que te nomeou chefe e juiz?» que foi enviado por Deus como chefe e libertador, pela mão do Anjo que lhe apareceu na sarça. Foi ele que nos fez sair do Egito, no Mar Vermelho, e no deserto durante quarenta anos . Foi ele, Moisés, quem disse aos filhos de Israel: «Deus fará surgir um profeta como eu entre os vossos irmãos». Foi ele que, durante a assembleia no deserto, esteve com o anjo que lhe falava no Monte Sinai, e com os nossos pais; foi ele que recebeu palavras de vida para no-las transmitir. Foi a ele que os nossos pais se recusaram a obedecer, antes o repeliram, voltando em seus corações ao Egito, e dizendo a Aarão: «Faz-nos deuses que marchem à nossa frente, pois desse Moisés que nos fez sair do Egito, não sabemos que foi feito dele». E, nesses dias construíram um bezerro, ofereceram um sacrifício ao ídolo e festejaram alegremente a obra das suas próprias mãos. Deus, então afastou-Se deles e entregou-os ao culto do exército celeste, como está escrito no Livro dos Profetas:
«Ofereceste-Me, porventura, vítimas e sacrifícios durante quarenta anos no deserto, Ó Casa de Israel?
Levastes a tenda de Moloc e a estrela do deus Refan, imagens que fizestes para as adorar! Por isso, exilar-vos-ei para além da Babilónia».
Os nossos pais tinham, no deserto, a tenda do testemunho, como ordenara Aquele que disse a Moisés que a construísse de harmonia com o modelo por ele visto. Foi precisamente essa tenda que os nossos pais receberam e introduziram, sob o comando de Josué, no território conquistado às nações que Deus expulsou na sua frente, e assim se manteve até aos dias de David. Este achou graça diante de Deus e pediu para edificar uma habitação ao Deus de Jacob. Foi, porém, Salomão quem Lhe construiu uma casa. Mas o Altíssimo não habita em casa erguida pela mão do homem, como diz o profeta.
“O Céu é o Meu trono
e a Terra estrado dos Meus pés.
Que casa Me haveis de construir, diz o Senhor,
e qual será o lugar do Meu repouso?
Não foi a Minha mão que fez todas as coisas?»
«Homens de cerviz dura, incircuncisos de corações e de ouvidos, sempre vos opondes ao Espírito Santo; como foram os vossos pais, assim vós também. Qual foi o profeta que os vossos pais não tenham perseguido? Mataram os que predisseram a vinda do Justo e Este mesmo traístes e assassinastes. Vós, que recebestes a lei pelo ministério dos anjos, mas não a guardastes!»
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Amanhã, dia 2/4/12, se Deus o permitir, prosseguirei esta transcrição.
António Fonseca
aarfonseca0491@hotmail.com