NOTA PRÉVIA:
Meus amigos e Irmãos em Cristo.
Na sexta feira passada, dia 30/1 fui ao Hospital de S. João para uma consulta externa de Ortopedia, pensando que iria ser-me retirado o gesso do braço esquerdo que fracturei em 11 de Janeiro no acidente que tive em minha casa. Porém, após ter sido retirado o gesso, constatei que afinal o braço ainda me doía bastante; efectuei uma radiografia e fui depois à consulta, na qual o médico me informou que o osso partido ainda não estava em condições pelo que teria de ser colocado novo gesso pelo menos, até 27 de Fevereiro, o que foi feito.
Resulta daí que continuo impossibilitado de escrever normalmente durante este longo período, pelo que volto a transcrever as Cartas de S. Paulo, recolhidas através do site da http://diocese-porto.pt conforme vinha fazendo, dado que será muito dificil retomar em breve a transcrição das leituras do livro "Um ano a caminhar com S. Paulo" que estavam a ser reescritas por mim, como já havia informado anteriormente.
No entanto, julgo que não se perderá nada com a troca, pois as Cartas são possivelmente mais importantes do que os extractos das mesmas, e por isso embora o meu trabalho seja um pouco mais facilitado, talvez seja mais elucidativo, porquanto o seu teor completo será desconhecido por muitos de nós - penso eu.
Assim retomo, as referidas transcrições e para já aí está a Carta a FILÉMON. Depois passarei às que restantes que ainda não publiquei. Bem hajam, pela vossa compreensão.
Cartas de São Paulo
Carta a Filémon
EM CRISTO TODOS SÃO IRMÃOS
Introdução
De todas as cartas de Paulo, esta a Filémon é a mais breve e pessoal, a única escrita inteiramente de próprio punho. Paulo está na prisão, provavelmente em Éfeso. O facto de Onésimo voltar com Tíquico para Colossos (Cl 4,7-9) faz supor que esta carta foi escrita na mesma data que a carta aos Colossenses. Filémon parece ser membro importante da Igreja de Colossos, e é muito provavelmente o chefe do grupo que se reúne em sua casa (vv. 1-2).
É uma carta de recomendação em favor de Onésimo, um escravo que fugiu ao seu patrão, Filémon, provavelmente depois de o ter roubado (v. 18). Onésimo procurou o apoio de Paulo, que estava na prisão, e acabou por se converter ao cristianismo (v. 10). Paulo devolve-o a Filémon, pedindo-lhe que o trate como irmão (v. 16).
Paulo não pensava certamente em criticar o estatuto da escravidão, comum no seu tempo, provocando assim uma revolução social. Os cristãos ainda não tinham força para exigir transformações estruturais da sociedade. Mas o Apóstolo, implicitamente, declara que a estrutura vigente não é legítima. De facto, mostrando que as relações dentro da comunidade cristã devem ser fraternas, Paulo esvazia completamente o estatuto da escravidão e a desigualdade entre as classes. Em Cristo todos são irmãos, com os mesmos direitos e deveres. Só Cristo é o Senhor.
CARTA A FILÉMON
Endereço e saudação
1[1]Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, a Filémon, nosso amigo e colaborador, 2e também à irmã Ápia, a Arquipo, nosso companheiro de luta, e à Igreja que se reúne em casa de Filémon. 3Que a graça e a paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco.
Agradecimento e pedido
4Dou graças ao meu Deus sempre que me lembro de ti nas minhas orações. 5De facto, ouço falar do amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e em favor de todos os cristãos. 6Peço a Deus que a participação que tens na fé seja eficaz para compreenderes que todos os bens que temos são para Cristo.
Uma nova relação entre os homens
7Caro irmão: o teu amor tem-me dado muita alegria e coragem, pois graças a ti os cristãos sentem-se tranquilos. 8Tenho toda a liberdade em Cristo para te ordenar o que deves fazer, 9mas prefiro pedir por amor. Quem faz este pedido sou eu, o velho Paulo, agora também prisioneiro de Jesus Cristo. 10Peço-te em favor de Onésimo, o filho que eu gerei na prisão. 11Antes ele era inútil para ti, mas agora é útil, tanto para ti, como para mim. 12Vou enviar-to novamente; ele é como se fosse o meu próprio coração.
13Gostaria que ele ficasse comigo para me servir em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. 14Eu, porém, não quis fazer nada sem o teu consentimento. Não quero que a tua bondade seja forçada, mas espontânea. 15Talvez Onésimo se tenha afastado de ti por algum tempo, para que o recuperes para sempre. 16Agora tê-lo-ás, não já como escravo, mas muito mais do que escravo: tê-lo-ás como irmão querido; ele é querido para mim, e sê-lo-á muito mais para ti, seja como homem, seja como cristão.
17Assim, se me consideras como irmão na fé, recebe Onésimo como se fosse eu mesmo. 18Se te causou algum prejuízo ou te deve alguma coisa, põe isso na minha conta. 19Eu, Paulo, escrevo com a minha própria mão: eu pagarei... É claro que não preciso de te lembrar que também me deves a tua própria vida. 20Sim, irmão, permite-me que abuse da tua bondade no Senhor. Conforta, em Cristo, o meu coração.
21Escrevo na certeza de que me vais obedecer, e sei que farás mais ainda do que te estou a pedir. 22Peço também que prepares um quarto para mim, porque espero ser-vos devolvido, graças às orações que estais a fazer.
Saudações finais
23Saudações de Épafras, meu companheiro de prisão em Jesus Cristo, 24como também de Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores.
25A graça do Senhor Jesus Cristo esteja convosco.
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[1]1-3: Embora a carta interesse particularmente a Filémon, é dirigida a toda a comunidade que se reúne em sua casa. Poderíamos suspeitar que Paulo tem intenção de fazer uma catequese à comunidade, a partir de um caso particular: a atitude do chefe da comunidade para com o escravo fugitivo teria sérias consequências para o testemunho cristão.
4-6: O comportamento em relação aos irmãos demonstra a fé e o amor que se tem por Jesus. Paulo convida Filémon a dar um testemunho prático e eficaz da própria fé: mostrar que tudo o que tem, inclusive Onésimo, pertence a Cristo.
7-12: Paulo considera Onésimo como filho, porque foi graças a eleque Onésimo se converteu. O nome Onésimo significa «útil».
13-16: Pedindo a Filémon que trate Onésimo como irmão, Paulo mostra que o Evangelho põe fim às diferenças entre os homens e esvazia completamente o estatuto da escravidão.
17-20: Paulo assume inteira responsabilidade, propondo-se pagar pessoalmente o dano causado pela fuga de Onésimo. Mas lembra também que Filémon foi convertido por Paulo, a quem deve, por isso, a própria vida. Deste modo, o Apóstolo mostra que há valores muito mais importantes do que qualquer dívida material.
21-22: Embora Paulo não queira recorrer à própria autoridade (v. 8), espera que Filémon obedeça às suas sugestões, e faça mais do que lhe é pedido. Talvez esteja veladamente a sugerir que Filémon liberte Onésimo.
23-25: Sobre as pessoas citadas cf. a nota em Cl 4,10-18.
LOUVADO SEJA DEUS PAI
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
LOUVADA SEJA SUA MÃE MARIS SANTISSIMA
PARA TODO O SEMPRE
António Fonseca