Nº 1670-4 - IN MEMORIAM do Pde Mário Salgueirinho - 15 de Junho de 2013

Nº 1670-4

(Post para publicação em 15 de Junho de 2013 – 10,30 h).

(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)

Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.

Que descanse em paz com as honras do Senhor.

18\06\1927 - 29\10\2011

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Do livro “Caminhos da Felicidade”

O DINHEIRO

O dinheiro é a mola mágica e potente que movimenta o mundo.

Uns procuram-no sacrificadamente, num trabalho honesto e desgastante, para obviar à subsistência pessoal ou da família.

Outros procuram-no avidamente, loucamente, passando por cima de tudo e de todos, não respeitando os direitos dos outros nem da honestidade.

O dinheiro é um tentador aliciante e misterioso, que arrasta muita gente a procurá-lo por todas as formas: pelos negócios, pelos jogos lícitos ou ilícitos, pela fraude, pela traficância e até pela corrupção hedionda.

O dinheiro contém tal poder de sedução que nos cria a avareza sórdida, que os faz fecharem-se em si mesmos, privando-se até do essencial.

Noutros desenvolve uma ambição tão desmesurada que atropelam toda a gente e lançam mão a todo os meios para enriquecer.

Muita gente julga que o dinheiro é tão poderoso que compra tudo, que compra a própria felicidade.

É bem interessante este pequeno texto de Tiâmer Toth:

«Nem tudo o que desejamos o dinheiro pode comprar».

Pode, por exemplo, comprar-se:

- a cama, mas não o sono;

- a comida, mas não o apetite;

- o livro, mas não a inteligência;

- o luxo, mas não a beleza;

- uma casa, mas não um lar;

- o remédio, mas não a saúde;

- - a convivência, mas não o amor;

- a diversão, mas não a felicidade;

. o crucifixo, mas não a fé;

- um lugar luxuoso no cemitério, mas não no céu.

Porto, Dezembro de 1998

Mário Salgueirinho

céu.=======.===============================

Do livro “Dar é receber”

O IMPERADOR E O MONGE

São extremamente perigosas e sujas as tentações da riqueza e do pode, como verificamos no dia a dia, e nos adverte esta curiosa lenda oriental.

O imperador Saga era já idoso e sem filhos. Admirava muito  pela sua bondade, um monge Zen que vivia numa cabana humilde nos arredores da capital.

De vez em quando ia visitá-lo e, sentado num tronco de árvore, observava como ele orava, como meditava e trabalhava. 

Um dia disse ao monge: - Ryoben, há anos que te conheço.

"És enérgico, generoso e sábio. Estou a envelhecer sem sucessor. Queres suceder-me? Queres ser imperador?"

O monge nada respondeu e o imperador continuou  « Imagina a riqueza enorme, o poder,  o direito de vida ou de morte sobre todo o povo deste país. Podias mandar construir aqui um palácio e um templo grandioso. Não te sentes tentado?»

O monge ouviu silencioso, alisou a roupa e disse: "Vou até ao ribeiro lavar os ouvidos emporcalhados por essas palavras",

E foi até ao ribeiro onde encontrou um camponês que ali levara a sua vaca a beber.

- Estás a lavar os ouvidos a esta hora do dia? - interrogou surpreendido o lavrador.

- Os meus ouvidos foram emporcalhados pelas palavras do imperador! - respondeu o  monge. Propôs-me que lhe sucedesse. Que subisse ao trono...

- Compreendo bem que te laves! - respondeu o camponês. E por isso nem vou deixar que a minha vaca beba essa água suja...

Quanta tentação aliciante de riqueza, de poderio, de valimento, de glória, de vaidade, suja os nossos ouvidos humanamente frágeis.

E quantas tragédias, dores e lágrimas por ter caído em alguma dessas traiçoeiras tentações.

 

Porto, Dezembro/2003

Mário Salgueirinho

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A publicar em:

15-Junho-2013 - 10,30 horas