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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Nº 3365 - (3 *) - O PAPADO - 2000 ANOS DE HISTÓRIA - 26 DE JANEIRO DE 2018,

Caros amigos:

NOVO ANO - NOVA VIDA

Como podem verificar desde o passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores. 

Esta recolha de textos é feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.


Atingi em 20 de Janeiro exactamente, o número de 200 Biografias dos primeiros 200 Papas da Igreja Católica (incluindo 33 Anti-Papas - que são discriminados na cor Vermelha). 

Com a média de publicação de 10 Papas por dia = 20 dias, estão publicadas 200 biografias, faltando apenas pouco mais de 60  (o que, significa que em principio, daqui a 5 dias, no fim deste mês 31 de Janeiro) ficarão 50 editadas.

Em 22 de Janeiro, porém, dado o extenso número de Anti-papas que se intercalaram entre o Papa CCI - INOCÊNCIO VII e CCIV - EUGÉNIO IV - «8 Anti-papas», decidi alterar o Nº de publicações, pelo que a partir de agora, as publicações serão em menor número, e, por consequência a minha previsão de poder terminar no fim do corrente mês, já não poderá ser cumprida.

Por este motivo, e também porque como já disse anteriormente as biografias passarão a ser mais longas - veja-se o caso de JOÃO PAULO II, o número de publicações diárias será mais reduzido.
Assim, termine ou não até 20 de Fevereiro (data do meu aniversário) que inicialmente tinha colocado como meta, poderá não ser atingido, ou antes, poderá ser ultrapassado, mas não faz mal.

Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos... 








Foto actual do autor




Nº  3 3 6 5 - (3)




26 de JANEIRO de 2018


Texto do livro 
O PAPADO - 2000 Anos de História
do Círculo de Leitores - 2009 
e compilado por Mendonça Ferreira 


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CLEMENTE XI - Papa


Papa desde o ano 1700 até 1721


CCXLI Papa
243º na Wikipédia


SÍNTESE

Nasceu em Urbino - Itália em 21 de Julho de 1649. Chamava-se GIOVANNI FRANCESCO ALBANI de uma familia nobre. Foi muito novo para Roma, onde a rainha CRISTINA da Suécia o fez ingressar na sua Academia para estudar Teologia e Direito. Foi consagrado Bispo aos 28 anos e regeu as Sés de Riéti, Sabina e Orvieto. Foi vigário de São Pedro, secretário dos Assuntos papais e, mais tarde, cardeal-diácono e cardeal-presbitero de São Silvestre. Morreu em Roma em 19 de Março de 1721.


HISTÓRIA


O Conclave pretendia eleger o cardeal MARISCONTI mas os cardeais franceses conseguiram impor-se e eleger o cardeal ALBANI, que era partidário de MARISCONTI e, por isso, recusou aceitar o cargo, até que o convenceram e a 8 de Dezembro de 1700 foi consagrado, tomando o nome de CLEMENTE XI com o aplauso, até, de protestantes e reformadores católicos.
O seu pontificado teve, logo de início de enfrentar os problemas da Guerra da Sucessão de Espanha (1700-1714) com a Áustria e França lutando pela posse do trono e ambas querendo o apoio do Papa.
CLEMENTE XI procurou evitar o conflito sem o conseguir e os Estados Pontificios chegaram mesmo a ser invadidos pelas tropas austríacas do imperador JOSÉ I que coagiu o Papa a reconhecer os direitos de seu irmão CARLOS, atitude que levou ao corte de relações de FILIPE IV de Espanha com Roma.
Por outro lado VITOR AMADEU II, de Sabóia, pretendia dispor da nomeação de bispos e abades. O Papa não cede e declara inválidas quaisquer determinações de VITOR AMADEU em matéria eclesiástica. Anos mais tarde, devido ao Tratado de Paz de Utreque, em 1713, o duque recebe o reino da Sicília e volta a insistir, mas CLEMENTE XI interdita toda a ilha. VITOR AMADEU vinga-se expulsando 1500 eclesiásticos fiéis a Roma. Este conflito só terminou cinco anos depois com o regresso da Sicília ao domínio espanhol.
Os Turcos entretanto, lançam novo ataque contra Veneza e CLEMENTE XI pede o auxilio das nações católicas. PORTUGAL acede ao pedido e zarpa do Tejo uma esquadra que ajuda a vencer os Turcos junto do cabo Matapão, em 19 de Julho de 1717.
A luta contra o Jansenismo ressurgia devido ao livro Reflexões Morais, de Quesnel, já condenado por CLEMENTE X.
Os reis de Espanha e de França pedem a intervenção do papa e este volta a condenar a heresia pela Bula Vineam Domini, de 1705, seguida de um Breve, três anos mais tarde, a proibir a leitura de Reflexões Morais. O arcebispo de Paris NOAILLES, aprova o livro e suspende todos os jesuítas do seu arcebispado por serem acérrimos opositores do Jansenismo.
O Papa, dando mostra de serenidade, nomeia uma comissão de cinco cardeais e cinco teólogos de diversas ordens religiosas, para fazerem um exame consciencioso à obra e como resultado as 101 proposições de Quesnel são de novo condenadas na famosa Bula Unigenitus, de 8 de Setembro de 1713, umas como falsas e ambíguas e outras como ímpias, blasfemas ou heréticas.
CLEMENTE XI fomentou o auxílio missões, enviando missionários para a Pérsia, Egipto, Abissínia e outras regiões de Africa, oferecendo uma coroa ao rei do Congo, onde, graças aos missionários portugueses, florescia o Cristianismo.
Para mostrar a sua veneração à Santissima Virgem impôs como obrigatória a festa da Imaculada Conceição no calendário universal.
Como protector da arte e da cultura, enviou peritos à Síria e ao Egipto, que adquiriram preciosos manuscritos para a Biblioteca Vaticana , restaurou o Panteão, erguendo na praça um Obelisco , e proibiu que levassem para fora de Roma qualquer achado arqueológico.
Por sua iniciativa, um grupo de astrónomos traçou com exactidão um meridiano no pavimento de Santa Maria dos Anjos.
No que respeita a Portugal, por ocasião da publicação da Bula Unigenitus vários prelados, ordens religiosas e a Universidade de Coimbra manifestaram publicamente a sua obediência ao papa.
CLEMENTE XI grato a Dom JOÃO V pelo auxilio na luta contra os Tucos, eleva a Capela real à dignidade de Igreja Metropolitana e Basilica Patriarcal, através da Bula In supremo apostulatum solio, de 19 de Julho de 1717, sendo escolhido Dom TOMÁS DE ALMEIDA, bispo do Porto, para primeiro patriarca.
A 7 de Novembro do mesmo ano, o papa dividiu a capital em duas metrópoles, Lisboa Oriental e Lisboa Ocidental. A primeira baseada na Sé, seria governada por um arcebispo e a segunda, instalada na Capela real, seria dirigida pelo patriarca.
Também nenhum Núncio sairia do reino antes de ser promovido a cardeal.
A cidade de Braga ficou a dever-lhe a instituição do Sagrado Lausperene Quaresmal, em 1709, devoção que ainda hoje persiste.
CLEMENTE XI canonizou São PIO X, Santo ANDRÉ AVELINO, São FÉLIX DE CANTALÍCIO e Santa CATARINA DE BOLONHA.
 Depois de um pontificado dificil, mas firme, e de uma vida austera sempre a servir os mais necessitados, faleceu no dia da festa de São JOSÉ e foi sepultado em São Pedro.





INOCÊNCIO XIII - Papa  

Papa desde o ano 1721 até 1724

CCXLII Papa
244º na Wikipédia

SÍNTESE

Nasceu em Roma em 13 de Maio de 1655. Chamava-se MIGUEL ÂNGELO DEI CONTI, sendo filho de CARLOS II, duque de Poli e pertencia à familia de INOCÊNCIO III. estudou no Colégio Romano com os Jesuítas. Foi arcebispo de Tarso, Núncio em Cerna e em Lisboa (1697-1710) cardeal-presbitero, nomeado por CLEMENTE XI, que lhe confiou a diocese de Osimo e, mais tarde, a de Viterbo. Morreu em 7 de Março de 1724.



HISTÓRIA

 O Conclave pretendia eleger o cardeal PAOLLUCI que tinha sido secretário de CLEMENTE XI, mas dada a oposição do imperador da Áustria, elegeram, em 18 de Abril de 1721, o cardeal MIGUEL ÂNGELO DEI CONTI que tomou o nome de INOCÊNCIO XIII em homenagem ao Papa INOCÊNCIO III também da familia CONTI.
O novo Papa homem doente, pacifico e tranquilo, nomeou como seu secretário o cardeal PAOLUCCI e enviou saudações a todos os soberanos católicos.
Investiu o imperador CARLOS VI como rei da Sicília, que lhe jurou fidelidade, mas um ano mais tarde o imperador colocou o principe espanhol Dom CARLOS à frente de Parma e de Placência, embora estes dois ducados pertencessem ao papado.
Pretendeu restaurar o catolicismo na Inglaterra e ofereceu 100 000 ducados a JAIME III, pretendente ao trono.
Aprovou o projecto de pacificação religiosa em França, redigido pelo seu antecessor, mas teve de enfrentar sete bispos oposicionistas que chegaram a insultá-lo por carta.
A Inquisição romana, em 8 de janeiro de 1722, condenou o documento e o Papa escreveu ao rei requerendo a sua intervenção. O Conselho de estado examinou a queixa do Pontifice e classificou a carta como «temerária. caluniadora e ofensiva para o defunto rei, para a Santa Sé e para os bispos franceses e contrária à consolidação da paz eclesiástica».
O cardeal NOAILLES o principal dos dissidentes, reconciliou-se com Roma, arrependido m ,em 1728.
Entretanto, os Jansenistas acusam os missionários jesuítas na China de desobediência na questão dos ritos malabares. INOCÊNCIO XIII determina que o geral da Companhia de Jesus TAMBURINI faça a própria defesa, o que este fez em janeiro de 1724, mas já o Papa tinha adoecido, vindo a falecer pouco depois.
No que respeita a Portugal houve um diferendo entre a Santa Sé e o rei Dom JOÃO V, que pretendia ser consultado previamente quanto ao Núncio a nomear para Lisboa, chegando a ameaçar com a retirada do embaixador em Roma. O Papa manteve-se firme e Dom JOÂO V teve de ceder, sem deixar de manter as suas ideias.



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BENTO XIII -  Papa  

Papa desde o ano 1724 até 1730


CCXLIII Papa
245 na Wikipédia

SÍNTESE

Nasceu perto de BARI - Itália, em 2 de fevereiro de 1649. Chamava-se PIETRO FRANCESCO ORSINI, sendo filho dos duques de Gravina. Aos 16 anos ingressou na Ordem de São Domingos. Foi cardeal aos 23 anos, bispo de Cesena e arcebispo de Benevento, em 1686. Morreu em Roma, em 2 de Março de 1730.

HISTÓRIA

O conclave iniciou-se em 15 de março de 1724 e só em 30 de Maio estava concluído com a eleição do cardeal ORSINI, que só aceitou o pontificado por obediência ao geral da sua ordem. Tomou o nome de BENTO XIV, mas mudou-o para BENTO XIII nome que já fora usado pelo Anti-Papa PEDRO DE LUNA em (1394-1423).
Homem modesto, que para reformar a disciplina eclesiástica se recusou a viver no Vaticano, mandando construir uma modesta cela numa casa afastada.
Ordenou a forma de  vestir dos eclesiásticos e pediu aos cardeais que renunciassem ao luxo, Viveu sempre como um monge e isso fez com que sua mãe, GIOVANNA FRANGIPANI DE TOLPHA duquesa de Gravian, sua irmã e duas sobrinhas se tornassem religiosas na Ordem Terceira de São Domingos.
A dignificação e formação do clero levaram-no a celebrar um concilio provincial em Latrão, em 1725 e a criar a Congregação dos seminários.
Quanto ao jansenismo, confirmou a Bula Unigenitus de CLEMENTE XI, como regra de fé, sendo secundado pelo rei LUÍS XV, que, em 1739, viria a conseguir que o parlamento de Paris aceitasse a Bula como lei da nação.
No confronto do Papado com VITOR AMADEU II de Sabóia, não foi muito firme, concedendo ao rei o patronato sobre as igrejas e mosteiros dos seus domínios. neste pontificado ressurgiu num grave conflito com Dom JOÃO V, rei de Portugal, que já vinha do anterior, agora devido à nomeação para Núncio  em Lisboa do Monsenhor FIRRAO que o monarca rejeitou, expulsando-o do reino, por não terem elevado ao cardinalato o seu antecessor. Dom JOÂO V cortou relações com a Santa Sé em 1728, pediu aos portugueses residentes em Roma que regressassem a Portugal e proibiu que os seus vassalos requeressem à Cúria ou que mandassem esmolas em dinheiro ou correspondência.
Um grande momento do pontificado foi a canonização de dezasseis santos numa só solenidade, entre eles: São JOÃO DA CRUZ, os jesuítas São LUÍS DE GONZAGA (1568-1591) e Santo ESTANISLAU KOSTKA (1550-1568), São JOÃO NEPOMUCENO (1330-1387), Santa MARGARIDA DE CORTONA (1247-1297) e o Papa São GREGÓRIO VII (1073-1085).
O seu maior erro foi confiar no seu secretário, o cardeal COSCIA que se apoderou de grande quantidade de dinheiro do orçamento do Vaticano. A ingenuidade de BENTO XIII foi, no dizer do historiador LUDWIG VON PASTOR «que não basta ser um bom monge para ser ser um bom papa».
Faleceu em Roma. Os seus contemporâneos consideraram-no um Santo.





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CLEMENTE XII - Papa

Papa de 1730 a 1740


CCXLIV Papa
246º na Wikipédia

SÍNTESE

Nasceu em Florença a 7 de Abril de 1652. Chamava-se LORENZO CORSINI de uma familia de aristocratas florentinos. estudou no Colégio Romano e foi para a Universidade de Paris onde se doutorou em Direito. Trabalhou como advogado junto de seu tio, o cardeal NERI CORSINI. Tornou-se clérigo, foi bispo de Nicomédia, Núncio em Viena, tesoureiro geral do Vaticano e governador do castelo de Santo Ângelo. Cardeal-diácono de Santa Susana, nomeado por CLEMENTE XI, pertenceu à Congregação do Santo Ofício foi prefeito do Tribunal de Justiça, cardeal-presbitero de São Pedro e cardeal-bispo de Frescati. Morreu em 6 de fevereiro de 1740.


HISTÓRIA


Foi eleito em 16 de Julho de 1730, depois de quatro meses de Sede Vacante, o Cardeal CORSINI, que tomou o nome de CLEMENTE XII.
O novo papa encontrou a Igreja em bancarrota devido ao desfalque do cardeal COSCIA, pelo que tratou de recuperar as finanças, e mandou prender, julgar e expropriar o Cardeal COSCIA por apropriação e má aplicação de fundos. COSCIA foi condenado a dez anos de prisão, com a obrigação de distribuir pelos pobres o que roubara.
Durante o seu pontificado teve de enfrentar as forças maçónicas e do jurisdicionalismo, com os detentores do poder civil a quererem alargar as áreas da sua jurisdição em detrimento dos poderes da Igreja. CLEMENTE XII desenvolveu uma acção diplomática cautelosa e atenta.
Autorizou e pôs de novo em funcionamento a lotaria pública, que BENTO XIII proibira, pois ela trazia para as finanças do papado a quantia anual de meio milhão de escudos.
Recuperadas as finanças, pôs em marcha uma série de obras de urbanização: começou a fachada da Basilica de São João de Latrão, na qual mandou construir a Capela dedicada a Santo ANDRÉ CORSINI, da sua familia; restaurou o Arco de Constantino, construiu o Palácio da Consulta, no Quirinal; comprou ao cardeal ALBANI, por 60 mil escudos, uma colecção de estátuas e inscrições com que adornou a galeria do Capitólio, transformando-a no primeiro museu  de antiguidades do mundo; pavimentou as ruas de Roma e os caminhos que chegavam à cidade; mandou construir a famosa Fonte de Trevi. Na cidade de Ravena construiu um canal que a ligou ao mar e protegeu das inundações com um dique e um sistema hidráulico, considerada a obra de engenharia mais importante do século. 
A nível eclesiástico, elevou a moral e a disciplina nos claustros e foi o primeiro Papa que condenou os franco-mações com a Bula In Eminenti, de 28 de Abril de 1738
Procurou a união com as igrejas ortodoxas, fundando o Colégio CORSINI no qual se educavam estudantes gregos. Graças aos seus esforços, 10 000 cristãos coptas, na maioria egípcios, reintegraram a Igreja Católica e o patriarca da Arménia levantou o anátema que lançara contra o Concilio de Calcedónia e São LEÃO I.
Ao nível politico, conseguiu a independência para a republica de San Marino, opondo-se com firmeza á sua integração nos Estados Pontificios.
Com este Papa reataram-se as relações com Portugal sendo o patriarca de Lisboa elevado a cardeal por decisão de 17 de Dezembro de 1737. Dois dias depois é assinada em Roma a Concordata.
Canonizou São VICENTE DE PAULO (1581-1660), São FRANCISCO RÉGIS (1597-16540), Santa JULIANA DE FALCONERI (1270-1341) e Santa CATARINA DE GÉNOVA (1447-1519).
Faleceu aos 88 anos, quase cego, sendo sepultado em São João de Latrão.










BENTO XIV - Papa


Papa  no ano 1740-1758


CCXLV Papa
247 na Wikipédia


SÍNTESE

Nasceu em Bolonha em 31 de Março de 1675. Chamava-se PRÓSPERO LAMBERTINI filho de MARCELLO LAMBERTINI e LUCRÉCIA BULGARINI. Estudou Retórica, Teologia e Filosofia no Colégio Clementino de Roma. Aos 19 anos doutorou-se em Teologia e Direito Civil e Eclesiástico. Arcebispo de Ancona (1727), cardeal (1728), arcebispo de Bolonha (1731), bispo de Teodósia, conselheiro do Consistório, conselheiro do Santo Ofício, promotor da Fé, assessor da Congregação de Ritos, prelado doméstico e secretário da Congregação do Concílio, nomeado por CLEMENTE XI. Morreu em Roma, em 3 de Maio de 1758.




HISTÓRIA

O conclave reunido durante seis  meses - o mais longo do século - elegeu em 17 de Agosto de 1740, o arcebispo de Bolonha, PRÓSPERO LAMBERTINI que foi consagrado a 22 do mesmo mês, tomando o nome de BENTO XIV.
A nível religioso, o seu pontificado foi importante e deixou marca duradoura na Igreja e na sua administração: regulou os casamentos mistos entre católicos e protestantes, decretando que os filhos daí nascidos deveriam ser educados no catolicismo; recusou-se a incrementar o número de festas religiosas,;criou uma comissão para rever o Breviário; reformou o martirológio Romano; modificou e fixou as normas que ainda regem a Beatificação e a Canonização e promulgou leis sobre as missões, nas Bulas Ex quo singulari e Omnium solicitudinum, enunciando e proibindo o sincretismo do Cristianismo com as culturas nativas, que nos jesuítas permitiam e favoreciam nas missões da China e da América.
Propagou a devoção da Via Sacra, celebrou em 1750 o XVIII Ano Santo e reconheceu duas novas Ordens religiosas dos Passionistas e dos Redentoristas.
Conseguiu o retorno à disciplina católica de algumas Igrejas orientais, reconheceu SERAFIM TANAS como Patriarca dos Melaquitas gregos de Antioquia e solucionou conflitos na Igreja Maronita. 
Renovou as proibições de CLEMENTE XII contra os maçons e conseguiu que em Espanha, Nápoles e Milão fossem aprovadas leis contra a maçonaria.
Na política interna, introduziu importantes reformas na administração dos estados Pontificios, para diminuir os abusos dos poderosos e melhorar o nível de vida do povo; reformou as leis pelas quais se regia a nobreza; fez nova divisão das Comarcas de Roma para maior eficácia administrativa; apoiou a agricultura com a introdução de novos métodos de cultivo; promoveu o comércio e perseguiu a usura até quase a fazer desaparecer.
Ao nível da cultura, fundou em Roma quatro academias para o estudo da antiguidade romana, da antiguidade cristã, da história da Igreja e dos Concílios e do direito canónico e da liturgia, estabeleceu um museu cristão e encarregou JOSÉ AKEMANI de preparar um catálogo dos manuscritos da Biblioteca Vaticana, enriquecida, com a compra de 3300 manuscritos da Biblioteca Ottoboniana.
A nível politico internacional, estando bem relacionado com Dom JOÃO V, rei de Portugal, concedeu-lhe um privilégio extraordinário com a faculdade dada pelo Breve Quod expensis, de 26 de Agosto de 1748, de todos os sacerdotes de Portugal,  Espanha e respectivos domínios poderem celebrar três missas no dia dos fiéis defuntos, privilégio que só em 1915 se tornou extensivo à Igreja universal.
A pedido de Portugal extinguiu o arcebispado de Lisboa Oriental (13 de Dezembro de 1743), voltando a capital a ter só uma diocese, reforçou o poder da intervenção da coroa nos assuntos eclesiásticos, ao permitir que nos bispados fossem providos por apresentação régia, e publicou o Breve Immensa pastorum principisa, de 20 de Dezembro de 1741, que proibia, sob pena de excomunhão, a prática de actividades comerciais por parte das ordens religiosas, congregações ou quaisquer pessoas eclesiásticas e singulares.
Em 23 de Dezembro de 1748, concedeu a Dom JOÃO V o título de «Rex Fidelissimus» (Rei Fidelíssimo).
Mais tarde, surgiram problemas com Portugal. O conde de Oeiras, SEBASTIÃO E CARVALHO E MELO (futuro MARQUÊS DE POMBAL), embaixador de Portugal em Londres e Viena, estabelecia contactos com a maçonaria e urdia um ataque à Companhia de Jesus. Depois, já ministro de Dom JOSÉ I, ainda no pontificado de BENTO XIV, entre 1751 e 1760, consegue desmantelar a florescente assistência Inaciana em Portugal. Em 1757 houve um tumulto popular no Porto contra a Companhia Geral da Agricultura e das Vinhas do Alto Douro, instituída pelo Marquês de Pombal. a repressão foi sangrenta e os jesuítas acusados como seus promotores.
Com o apoio de Dom JOSÉ I, o marquês iniciou a sua campanha contra os Jesuítas na Santa Sé, acusando-os de comércio ilícito na América e de sublevarem o povo no reino.
BENTO XIV acredita nas acusações e nomeia o cardeal SALDANHA visitador e reformador da Ordem. O cardeal, em qualquer investigação, publica uma provisão a dar como provadas as acusações do Marquês contra os jesuítas.
Também procurou sanar os conflitos pendentes entre a Santa Sé e as cortes de Turim, Nápoles e Espanha.
O conflito da sucessão ao trono da Áustria (1742-1748) no qual estiveram envolvidas a França, Alemanha, Espanha e Áustria foi numa das amarguras do seu pontificado.
No seu último ano de vida empreendeu a reforma dos Jesuítas, que já não concluiu, porque, entretanto, faleceu.
BENTO XIV fica na história da Igreja comum dos papas de maior prestigio.
Mostrou-se demasiado tolerante em relação a certos países, mas foi merecedor de idêntico apreço por parte de católicos e protestantes.
Como se diz no monumento erigido em Londres, em sua honra, pelo protestante inglês LORDE WALPOLE , foi «Monarca sem favoritos, nem cortesãos e Papa sem nepotismo, Doutor sem orgulho e Censor sem acrimónia».













CLEMENTE XIII - Papa


Papa desde o ano 1758 até 1769.


CCXLVI Papa
248º na Wikipédia


SÍNTESE

Nasceu em Veneza, em 7 de Março de 1691. Chamava-se CARLO DE LA TORRE RAZZONICO. Educado pelos Jesuítas em Bolonha, foi referendado em Roma, governador em Rieti e em Fano, auditor do Tribunal da Rota, cardeal-diácono, cardeal-presbitero (1737) e bispo de Pádua (1743). Morreu em 2 de fevereiro de 1769.


HISTÓRIA

O cardeal RAZZONICO bispo de Pádua, foi eleito em 16 de Julho de 1758, com o nome de CLEMENTE XIII.
O novo Papa aprovou o culto do Sagrado Coração de Jesus e nomeou o sábio alemão WINCKELMANN como comissário das Antiguidades, o que lhe permitiu escrever a História da Arte na Antiguidade, obra básica para esta Disciplina.
Condenou as ideias do Racionalismo enciclopedista pelas suas «doutrinas falsas» e aprovou a condenação emanada da Sorbonne contra o Emile de Rousseau.
Alarmado com as injúrias contra a Santissima Trindade, ordenou que em todos os domingos sem prefácio próprio se rezasse na missa o prefácio da Santissima Trindade.
VOLTAIRE e os enciclopedistas, dominando a intelectualidade europeia, mostravam-se inimigos dos jesuítas, chegando VOLTAIRE  a escrever: «Quando destruirmos os Jesuitas, o nosso trabalho será mais fácil». As forças apostadas na destruição da Igreja sabiam que o grande obstáculo era a Companhia de Jesus, baluarte da ortodoxia e fiéis ao Papa. A grande ajuda para a desejada destruição viria das cortes bourbónicas.
Em Portugal, o marquês de Pombal, como CLEMENTE XIII não acedeu ao seu pedido de suprimir a Companhia de Jesus, chega a propor à França e a Espanha uma acção para se apoderarem dos Estados Pontificios e obrigarem o Papa a ceder. CHOISEUL ministro de LUÍS XV, achou a ideia exagerada, preferindo esperar por um novo Papa mais acessível.
O marquês de Pombal não desiste e dá início a uma campanha contra os Jesuitas e, em 1750, acusados de uma sublevação dos índios do Paraguai, os missionários jesuítas foram deportados e encarcerados nos calabouços de Lisboa, como  criminosos vulgares.
Em 1758 são acusados do atentato contra o rei Dom JOSÉ I e o marquês manda confiscar todos os bens dos 1100 Jesuitas existentes em Portugal e desterrá-los como sediciosos, traidores e inimigos do rei.
O Papa recebe-os carinhosamente e Pombal, reprovando-lhe a atitude, leva o governo português a cortar relações com a Santa Sé.
Quatro anos depois, o Parlamento francês suprime a Companhia de Jesus, como perigosa para o estado.
Em Espanha, acusados de um motim ocorrido em Madrid, em março de 1766, CARLOS III decreta a 27 de fevereiro de 1767, a expulsão de todos os Jesuitas dos seus domínios e a usurpação de todos os seus bens, pelo que 6000 jesuítas foram obrigados a embarcar para os Estados Pontificios.
CLEMENTE XIII protestou junto de  CARLOS III sem qualquer resultado, e o rei FERNANDO DE NÁPOLES, filho de CARLOS III, expulsou do seu reino, contra vontade, 500 jesuítas e o mesmo fizeram Malta e o ducado de Parma, governados por Bourbons. Como o ducado de Parma era feudo da santa Sé, CLEMENTE XIII interveio energicamente, mas as cortes de França, Espanha  Nápoles, com base num «pacto de familia», levantaram-se contra o papa exigindo uma satisfação. Este manteve-se firme e os estados Pontificios  foram invadidos, com a França a ocupar Avinhão e o condado veneziano, enquanto tropas napolitanas invadiam Benevento e Pontecorvo.
Expulsos os Jesuitas das nações citadas, estas procuraram a ajuda de MARIA TERESA DE ÁUSTRIA para os imitar, mas ela recusou dizendo não ter motivos para persegui-los, pelo que os Bourbons enviaram um memorando ao Papa a pedir a extinção da Companhia de Jesus.
CLEMENTE XIII pede que lhe apresentem acusações concretas, mas não obtém resposta, pelo que publica a Bula Apostolicum munus, que aprova e confirma a Ordem e envia uma nota aos núncios apostólicos a dizer «não poder explicar como é que as cortes bourbónicas persistem no triste empenho de acrescentar mais esta dor a todas as dores que já afligiam a Igreja?».
Faleceu devido a um ataque de apoplexia e foi sepultado em São Pedro, onde o seu sepulcro é uma obra prima de Canova.








CLEMENTE XIV - Papa


Papa de 1769 a 1774


CCXLVII Papa
249º na Wikipédia


SÍNTESE

Nasceu em Rimini - Itália em 31 de Outubro de 1705. Chamava-se GIOVANNI VICENZO GANGANELLI. Foi educado pelos jesuítas; frade franciscano e em 1740 reitor do Colégio Boaventura, em Roma. Foi confessor dos Papas BENTO XIV e CLEMENTE XIII, quando este o nomeou cardeal em 1759. Morreu em 22 de Setembro de 1774.




HISTÓRIA

O Conclave teve 179 votações, com as cortes bourbónicas a pretenderem coagir os cardeais eleitores e o próprio imperador JOSÉ I da Áustria conseguiu visitar incógnito o próprio Conclave para o pressionar.,  Era necessário, diz-se, conseguir um Papa que fosse inimigo dos Jesuitas.
O próprio cardeal GANGANELLI teria dito aos seus companheiros do conclave: 
«<...> corresponde ao Sumo Pontifice o direito de aniquilar em boa consciência, a Companhia de Jesus, com base nas leis canónicas e é desejável que o Papa faça uso do seu poder para satisfazer os desejos das coroas».
E a verdade é que o cardeal GANGANELLI, que na véspera obtivera 19 votos entre 47 votantes, foi eleito por unanimidade em 4 de Junho de 1769, tendo adoptado o nome de CLEMENTE XIV.
Homem piedoso e bom teólogo e canonista, foi facilmente manobrado pelos seus conselheiros e logo que eleito começaram as exigências dos monarcas absolutistas contra a Companhia de Jesus, pois mesmo depois da expulsão dos seus territórios pretendiam a sua supressão por parte do Pontifice. O mais feroz era o Marquês de Pombal, ministro de Dom JOSÉ I, que escreveu contra os Jesuitas uma obra intitulada Dedução Cronológica, sobre tudo quanto «dois séculos de queixas, de rivalidades e má-fé haviam juntado estes religiosos».
CLEMENTE XIV ainda tentou protelar a decisão que lhe impunham, mas acabou por ceder, expedindo a 21 de Julho de 1773 o Breve Dominus ac Redemptor Noster Jesus Christus, que suprimia a Companhia de Jesus, a ordem que nos seus dois séculos de existência fora a defesa da Igreja.
Por toda a Europa, os Jesuitas exerciam, para além da prática da pregação, a quase totalidade do ensino médio e grande preponderância no superior. Só em Portugal, tinham 27 grandes colégios e uma universidade, com ensino inteiramente gratuito.
No Estado Pontificio, o geral e os seus assistentes foram detidos e encarcerados.
Na Prússia e na Rússia, os jesuítas não foram expulsos para que o sistema educacional não ficasse comprometido.
A nível interno, CLEMENTE XIV fundou o Museu Clementino, em Roma, modificou o regulamento do coro da Capela Sistina e foi protector de RAFAEL MENGS e de PIRANESI. outorgou a Ordem da Espada de Ouro a MOZART, que esteve em Roma em 1770 e escreveu uma nova versão do Miserere de Allegri.
Portugal encontra-se ligado ao pontificado de CLEMENTE XIV pela criação de diversas dioceses, quase artificiais, criadas pelo marquês de Pombal, como as de Beja, Pinhel e Portalegre, em 1770, a de Castelo Branco em 1771 e a de Aveiro, em 1774. Estas dioceses viriam a ser extintas. A de Pinhel em 1881, por LEÃO XIII, ficando anexada à da Guarda, a de Castelo Branco, anexada em 1882 à de Portalegre e a de Aveiro, incorporada em 1881 na de Coimbra, só vindo a ter autonomia própria em 1938.
CLEMENTE XIV faleceu, deixando no cárcere o geral da Companhia de Jesus e os seus assistentes.







PIO VI - Papa


Papa desde o ano 1775 até 1799.

CCXLVIII Papa
250º na Wikipédia



SÍNTESE

Nasceu em Cesena - Itália em 27 de Dezembro de 1717.. Chamava-se GIOVANNI ANGÉLICO BRASCHI, de uma familia nobre, mas empobrecida. Foi educado pelos Jesuitas em Cesena e estudou em Ferrara, formando-se em Direito Civil e Canónico. Foi diplomata em Nápoles, secretário papal e cónego de São Pedro. CLEMENTE XIII nomeou-o tesoureiro da Igreja romana e CLEMENTE XIV fê-lo cardeal. Quando se retirou a abadia de Subiaco foi nomeado abade. Morreu em 29 de Agosto de 1799.



HISTÓRIA


Depois de cinco meses de Sede Vacante, o Conclave elegeu, em 22 de fevereiro de 1775, o cardeal BRASCHI, que tomou o nome de PIO VI.
O novo Papa era um homem hábil, inteligente, simpático e de grande presença física.
Embora Espanha, Portugal e França tenham tentado impedir a sua eleição pela amizade que tinha aos Jesuitas, nunca, depois de eleito, revogou o decreto de dissolução ditada por CLEMENTE XIV contra a Companhia de Jesus, mas mandou libertar o geral, padre RICCI, prisioneiro no castelo de Santo Ângelo.
A pedido de FREDERICO II, permitiu aos Jesuitas conservar as suas escolas na Prússia e, por acordo com CATARINA II, permitiu a sua continuidade na Rússia.
Começou o seu pontificado pela celebração do Ano Santo (1775).
No aspecto interno, mandou drenar os terrenos pantanosos entre Terracina e Valletri, dando com isso grande impulso á agricultura. Sob a orientação de engenheiros competentes, 3500 trabalhadores conseguiram recuperar uma vasta zona de terreno arável.
Em 1789 inaugurou numa nova estrada de 50 quilómetros que conduzia aos pântanos drenados e às habitações construídas para os colonos.
Reorganizou as finanças, fomentou a indústria e embelezou a cidade com obeliscos e outras obras importantes, entre elas o Museu Lateranense, onde se recolheram os tesouros artisticos das ruínas e do sub solo de Roma.
Promoveu escavações arqueológicas, encontrando o túmulo dos Cipiões na Via Ápia, enriqueceu a Biblioteca Vaticana com preciosos manuscritos, ampliou os jardins do Vaticano, empreendeu grandes obras na Basilica de São pedro, criou um conservatório e apoiou as universidades de Ferrara e de Roma, introduzindo as cadeiras de Obstetrícia e de Cirurgia.
Atraídos pela sua cultura, diversos príncipes católicos visitaram Roma. O rei da Suécia dá-lhe conta da liberdade de culto concedida aos católicos nos seus domínios e pede um vigário apostólico para Estocolmo. Igual pedido é feito pelos Estados Unidos da América, que acabavam de se tornar independentes (1776).
Apesar de tão bons auspícios, este pontificado foi muito atormentado.
Logo na sua primeira encíclica, o Papa fazia alusão ao crescente ateísmo e às suas dificuldades nas relações com o poder civil, cuja prepotência aumentara com a extinção da Companhia de Jesus.
PIO VI não restaurou a Companhia de Jesus, mas fez o possível por incutir aos milhares de jesuítas espalhados pelo mundo a esperança de renascer. Mandou que fossem libertados os que haviam sido encarcerados  no pontificado anterior e celebrar exéquias solenes em honra do geral da Ordem, o padre RICCI que falecera em 24 de Novembro de 1775, na prisão, antes de poder ser libertado.
Em Portugal, por morte de Dom JOSÉ I, sucede-lhe Dona MARIA I, sua filha, que tira o poder ao Marquês de Pombal e manda libertar os Jesuitas que tinham sobrevivido a 18 anos de cativeiro.
Em 20 de Junho de 1778 foi celebrada uma Concordata com Portugal. pelo Breve Quamquam majoribus de 18 de Agosto de 1789, concedeu PIO VI a Dona MARIA I autorização para reformar a Ordem de Cristo. No seu Pontificado desapareceu em Portugal a antiga distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos para o efeito de provimento dos canonicatos. PIO VI foi padrinho do Infante Dom ANTÓNIO PIO DE BRAGANÇA.
Nas outras cortes bourbónicas continuavam as prepotências regalistas, medrava o jansenismo e o Febronianismo e as novas ideias enciclopedistas, esforçando-se por descatolicazar o ensino.
Alarmado com as decisões do Imperador JOSÉ II, da Áustria, que se arrogava atribuições do foro eclesiástico, chegando a publicar Bulas da sua autoria, reduziu os bispos, suprimiu mosteiros e pôs todo o ensino nas mãos do estado. PIO VI resolve ir a Viena conferenciar com o imperador. Foi muito bem recebido pelo povo, o imperador mostrou-se receptivo a colaborar, mas o Papa apenas conseguiu a abolição da obrigação de os bispos jurarem obediência e fidelidade ao Imperador, o que foi muito pouco.
Na Toscana, o duque LEOPOLDO irmão do imperador, intromete-se no campo eclesiástico, suprime mosteiros, fecha confrarias e legisla sobre procissões e cerimónias litúrgicas. Para consolidar os seus planos, mandou celebrar o sínodo diocesano de Pistóia, em 1786, onde o bispo, inimigo da devoção do Coração de Jesus, pretende introduzir ideias Jansenistas. PIO VI intervém, condenando 85 proposições cheias de erros, pela Bula Auctorem fidei, de Agosto de 1794.
Em 1789 rebenta a revolução Francesa. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, por ela votada em 29 de Agosto de 1789, constituiu a base doutrinal de todas as medidas tomadas pelas autoridades contra a Igreja e a religião. Os bens eclesiásticos foram confiscados, os conventos fechados e as ordens religiosas suprimidas., A Igreja nacionalizada deixava de depender de Roma, sendo mo clero francês obrigado a jurar a Constituição.
PIO VI protesta contra tal juramento, mas a sua Bula condenatória foi queimada em público pelos jacobinos e o Núncio foge de Pais. PIO VI escreve a LUÍS XVI uma comovedora carta chamando a atenção para os erros cometidos, mas o monarca, que pouco depois morreria na guilhotina, nada podia fazer para o ajudar.
Em 1796, o Directório, que sucedera à Convenção, lança NAPOLEÃO BONAPARTE sobre a Itália, o qual, vencedor na Sardenha, entra em Bolonha, onde assina um armísticio com o papa, comprometendo-se a não invadir os Estados Pontificios, a troco de uma grande quantia em dinheiro.
No ano seguinte, perante nova ameaça de invasão, o papa assina o novo Tratado de Tolentino com NAPOLEÃO e tem de lhe pagar mais 30 milhões, além de renunciar, a favor da França, a qualquer pretensão futura sobre Avinhão. Um incidente em que morreu o general francês DUPHOT, quando atacava o povo de Roma, leva às tropas francesas a ocupar a cidade em 10 de fevereiro de 1798, depois de um saque impiedoso, sendo proclamada a República Romana,que o papa se recusou a aceitar.
Perante o estado a que tudo tinha chegado, PIO VI chegou a pensar em refugiar-se em Malta ou em Portugal, onde Dona MARIA I tinha inaugurado a Basilica da Estrela, a primeira em todo o mundo em honra do Sagrado Coração de Jesus, mas não concretizou a ideia e foi preso pelo general BERTHIER, por ordem do Directório, encarcerado no convento dos Agostinhos, depois na Cartuxa de Florença, com os franceses a levá-lo da cidade  com medo que o raptassem, até que faleceu, completamente alquebrado, aos 82 anos, em Valence, no Sul de França, onde estava prisioneiro e foi aí sepultado.
Só em 1802 depois da Concordata celebrada entre NAPOLEÃO e PIO VII, foi autorizada a sua trasladação para a Basilica de São Pedro, em Roma.







PIO VII - Papa


Papa no ano 1800 a 1823


CCXLIX Papa
251 na Wikipédia



SÍNTESE

Nasceu em Cesena - Itália em 1742. Chamava-se LUIGI BARNABA CHIARAMONTI. Ingressou aos 16 anos num mosteiro beneditino, onde estudou Filosofia e Teologia, sendo depois professor em colégios da ordem, em Parma e Roma. Abade do mosteiro de São Calisto e bispo de Tivoli nomeado por PIO VI (1782) e bispo de 
Ímola (1787). Morreu em Roma, em 20 de Agosto de 1823.
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HISTÓRIA


O Directório, que dirigia a França foi derrubado em 11 de Novembro de 1799 por NAPOLEÃO que chegara das campanhas do Egipto; uma nova coligação de Inglaterra, Nápoles e Áustria expulsa os Franceses de Roma, tornando possível que 36 cardeais se reunissem em Conclave em Veneza, onde em 14 de Março de 1800 elegeram o cardeal CHIARAMONTI que tomou o nome de PIO VII e foi acolhido em triunfo pela população na sua chegada a Roma. 
A situação continuava preocupante, com a Áustria a ocupar o Norte de Itália e Nápoles o Sul. Pior do que isso, as ideias trazidas pela Revolução Francesa e espalhadas por toda a Europa, com os gritos de «Liberdade, Igualdade e Fraternidade», impelidas pela Maçonaria, eram todas de tendência anti-religiosa.
Na sua primeira encíclica, PIO VII afirmava que o veneno tinha penetrado demasiado fundo. reinava a desorientação com o clero dividido entre a fidelidade a Roma e a subserviência, primeiro ao Directório e depois a NAPOLEÃO. A Igreja tinha perdido os seus bens e os fiéis mostravam-se perplexos e inseguros.
NAPOLEÃO propunha uma Concordata, mas fazia grandes exigências e, por seu lado, PIO VII também exigia muito. Finalmente, a Concordata  foi assinada em 15 de Julho de 1801. O culto católico, em França, ressurgia, abriam-se Igrejas, reorganizava-se a pregação e as batinas podiam andar pelas ruas.
NAPOLEÃO pretendia a dignidade imperial, que obteve em maio de 1804, com PIO VII a ir a Paris para o sagrar imperador de França. NAPOLEÃO tudo tentou para que o Papa aceitasse viver em Paris ou em Avinhão, mas PIO VII rejeitou com toda a dignidade e em 4 de Abril de 1805 iniciou o regresso a Roma, enquanto o Imperador tentava dominar toda a Europa.
Apodera-se de Milão e faz-se coroar rei de Itália, impondo-lhe o seu Código Civil, que permitia o divórcio e nomear bispos à sua vontade.
PIO VII reage e escreve-lhe lembrando que ele era apenas imperador  dos Franceses e não de Roma, mas NAPOLEÃO não reconhece poder superior ao seu e considera o Papa como um simples vassalo e escreve-lhe, dizendo: «Vossa Santidade é soberano em Roma, mas eu sou o Imperador».
Nestes tempos difíceis, apesar de rodeado de tropas francesas, PIO VII foi o único na Europa com coragem para enfrentar NAPOLEÃO, o que o irritou. Vencedor das batalhas de Ulm e Austerlitz, com as suas tropas a invadirem Portugal, em 17 de Novembro de 1807, não tolera que o Papa o enfrente e diz: «Pensa PIO VII que as suas excomunhões farão cair as armas das mãos dos meus soldados?» Assim, ordena a seu irmão JOSÉ, feito por ele rei de Nápoles, que ocupe Civitavécchia e Óstia para isolar o papa em Roma. Ao mesmo tempo apodera-se de Espoleto, Urbino e Fermo e, por fim, em Fevereiro de 1808, ocupa a cidade de Roma.
PIO VII fica refugiado e cercado no Quirinal, mas NAPOLEÃO não o consegue domar, pois o Papa manda afixar um protesto público contra a invasão e desenvolve grande actividade junto das embaixadas acreditadas em Roma.
A 17 de maio de 1809 em Viena, NAPOLEÃO incorpora os restantes Estados Pontificios e o Papa fica confinado a alguns Palácios em Roma e a uma pensão anual.
PIO VII publica uma Bula excomungando o Imperador e seus colaboradores, as tropas francesas assaltam o Quirinal e intimam o Papa a renunciar à soberania temporal sobre os Estados Pontificios. O Papa recusa e o general RADET que comandava o assalto, obriga o Papa a deixar o Quirinal, levando como bagagem apenas o Breviário e o Crucifixo, indo para Savona, na França, onde ficou preso três anos no paço episcopal, vexado e incomunicável.
Em março de 1809, começa a surgir a má fortuna de NAPOLEÃO BONAPARTE. As tropas francesas derrotadas em Portugal na primeira invasão - a do general JUNOT - entram novamente em Portugal, agora com o general SOULT, e sofrem nova derrota. Na terceira invasão com  MASSENA em Agosto de 1810, nova derrota no Buçaco e a 26 de setembro a 4 de Outubro, em Torres Vedras, as tropas portuguesas, auxiliadas pela Inglaterra, desbaratam as tropas de NAPOLEÃO.
Com o Papa prisioneiro, NAPOLEÃO exagera. Suprime dioceses e paróquias em Roma, persegue bispos e sacerdotes fiéis ao Papa, desterrando-os para França e confisca os bens de 13 cardeais que se recusaram a comparecer no seu casamento com MARIA LUÍSA DE ÁUSTRIA.
Em 1812 em Fontainebleau, o Papa muito doente, é levado a assinar a chamada «Concordata de Fontainebleau», que imediatamente contradiz. Finalmente em 10 de março de 1814, NAPOLEÃO restitui o domínio papal nos Estados Pontificios e permite que PIO VII regresse  Roma, onde entrou aclamado pelo povo, em 14 de maio de 1814.
NAPOLEÃO abdica em favor de LUIS XVIII e vai desterrado para a ilha de Elba mas em Março de 1815, regressa e apodera-se de novo do poder. MURAT rei de Nápoles, marcha sobre Roma e o papa refugia-se em Génova. Por pouco tempo, pois em 18 de Junho de 1815 NAPOLEÃO é derrotado pelos ingleses na Batalha de Waterloo e é desterrado para a ilha de Santa HELENA, onde morreu em 5 de maio de 1821.
De novo em Roma, o Papa publica um decreto de amnistia para todos os que o tinham atraiçoado, sobretudo famílias da aristocracia que colaboraram o NAPOLEÃO e dois dias depois assina uma nova Concordata com a França.
Na Bula de 7 de Agosto de 1814 restaura a Companhia de Jesus, justificando assim a sua decisão: 
«No meio de tão perigosas tormentas que atravessa a barca de PEDRO não se pode privar por mais tempo a Igreja de tão experientes e  ousados remadores». 
Os jesuítas retomam a actividade apostólica, sobretudo no campo da cultura e do ensino.
Nos Estados Unidos da América do Norte, o catolicismo continua a crescer, pois muitos sacerdotes europeus para lá emigraram fugindo aos problemas que tinham na Europa.
No Oriente as coisas iam mal, pois na Coreia e na China os cristãos estavam a ser perseguidos e martirizados.
Em Espanha, a agitação politica desarticulava a vida católica.
Na Alemanha, foram extintos os três principados eclesiásticos: Mogúncia, Colónia e Tréveris, espoliados dos seus bens e fechadas as escolas.
Em Portugal, as forças maçónicas hostilizavam a religião, espalhando ideias liberais. O governo comunicava à Santa Sé por alvará de 1 de Abril de 1815, que não consentia nos seus Estados a Companhia de Jesus.
Em 31 de março de 1821 por uma resolução da Assembleia Constituinte, resultante da revolução de 1820, foi extinta a Inquisição em Portugal, resolução publicada no Diário das Cortes Gerais em 5 de Abril seguinte.
Durante a Inquisição em Portugal foram queimadas cerca de 1500 pessoas e condenadas mais de 25 000, entre elas o padre ANTÓNIO VIEIRA, FILINTO ELÍSIO, FERNANDO DE OLIVEIRA,  ANASTÁCIO DA CUNHA BARBOSA.
PIO VII por Bula de 21 de Setembro de 1821, condena as actividades carbonárias e morre, aos 84 anos, depois de uma queda que lhe provocou a fractura do fémur.
Neste pontificado Roma voltou a ser a cidade favorita dos artistas e PIO VII reabriu os Colégios Alemão, Inglês e Escocês, ampliou a Biblioteca Vaticana, reorganizou a Congregação de Propaganda Fide e incentivou as escavações na Roma Antiga.
PIO VII foi um homem com notável capacidade de abnegação, grande piedade e bondade. A sua acção muito contribuiu para uma nova fase do prestigio da Igreja.








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Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.

Textos recolhidos

In

O Papado  -  2000 Anos de História 
Ed. Círculo de Leitores - 2009

e

sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros






Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso



Blogue: 
 SÃO PAULO (e Vidas de Santos) http://confernciavicentinadesopaulo.blogspot.com


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