sábado, 17 de janeiro de 2009

CARTA AOS ROMANOS - CAPÍTULO VII

CAP. VII - RM - 1-25 e reflexão sobre os versículos 7 O cristão liberto da Lei
1Ou não sabeis, irmãos, — falo a pessoas competentes em matéria de lei — que a lei tem domínio sobre alguém só enquanto ele vive? 2Por exemplo: a mulher casada está ligada por lei ao marido enquanto este vive; mas, se ele morre, ela fica livre da lei conjugal. 3Por isso, enquanto o marido está vivo, se ela se tornar mulher de outro homem, será chamada adúltera. Mas, se o marido morre, está livre em relação à lei, de modo que não será adúltera se casar com outro homem. 4Meus irmãos, o mesmo acontece convosco: pelo corpo de Cristo, morrestes para a Lei, a fim de pertencerdes a outro, que ressuscitou dos mortos, e assim produzirdes frutos para Deus. 5De facto, quando vivíamos submetidos a instintos egoístas, as paixões pecaminosas serviam-se da Lei para agir em nossos membros, a fim de que produzíssemos frutos para a morte. 6Mas agora, morrendo para aquilo que nos aprisionava, fomos libertos da Lei, a fim de servirmos sob oregime novo do Espírito, e não sob o velho regime da letra.A lei e o pecado 7Que diremos então? Que a Lei é pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado se não existisse a Lei, nem teria conhecido a cobiça se a Lei não tivesse dito: «Não cobiçarás». 8Mas o pecado aproveitou a ocasião desse mandamento e despertou em mim toda a espécie de cobiça, porque, sem a Lei, o pecado está morto. 9Antes eu vivia sem a Lei; mas, quando veio o mandamento, o pecado reviveu, 10e eu morri. O mandamento que devia dar a vida tornou-se para mim motivo de morte. 11Porque o pecado aproveitou a ocasião do mandamento, seduziu-me e, através dele, matou-me. 12A Lei é santa e o mandamento é santo, justo e bom. 13Então uma coisa boa transformou-se em morte para mim? De modo nenhum! Foi o pecado que fez isso. Pois o pecado, através do que é bom, produziu em mim a morte, a fim de que o pecado, por meio do mandamento, aparecesse em toda a sua gravidade.
A força do pecado
14Sabemos que a Lei é espiritual, mas eu sou humano e fraco, vendido como escravo ao pecado. 15Não consigo entender nem mesmo o que faço; pois não faço aquilo que quero, mas aquilo que mais detesto. 16Ora, se faço o que não quero, reconheço que a Lei é boa; 17portanto, não sou eu que faço, mas é o pecado que mora em mim. 18Sei que o bem não mora em mim, isto é, nos meus instintos egoístas. O querer o bem está em mim, mas não sou capaz de fazê-lo. 19Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. 20Ora, se faço aquilo que não quero, não sou eu que o faço, mas é o pecado que mora em mim. 21Assim, encontro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, acabo por encontrar o mal. 22No meu íntimo, eu amo a Lei de Deus; 23mas vejo nos meus membros outra lei que luta contra a lei da minha razão e que me torna escravo da lei do pecado que está nos meus membros. 24Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? 25Sejam dadas graças a Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim, pela razão sirvo a Lei de Deus, mas pelos instintos egoístas sirvo a lei do pecado.
---------------------------reflexão------------------------------------------------------------1-6: Paulo repete o seu pensamento, usando agora uma comparação. Quando morre o marido, a mulher fica livre da lei que a unia a ele. Com o cristão sucede a mesma coisa: pelo baptismo fica livre da Lei, pois morreu com Cristo para o pecado e ressuscitou para uma vida nova. Os «instintos egoístas» (literalmente «carne») são os desejos e projectos do homem fechado no seu egoísmo, fonte de todos os pecados: é a vida do homem voltado para si mesmo, colocando tudo ao serviço dos próprios caprichos e interesses. Daí nasce a corrupção das relações humanas e a promoção de um sistema social que institucionaliza as relações injustas, nas quais um homem explora e oprime o outro. O regime novo do Espírito é precisamente o contrário: a exemplo de Jesus Cristo, o homem não vive já para si, mas para Deus e para o bem do outro. O projecto de Deus, que é justiça e fraternidade entre os homens, torna-se o projecto de uma nova ordem social, e esta supera o sistema injusto. 7-13: A Lei de Moisés é santa, justa e boa, porque a sua finalidade é corrigir os erros de uma sociedade injusta e, assim, construir uma sociedade nova. Como lei, porém, ela só pode prescrever isto e proibir aquilo, sem eliminar o egoísmo, o pecado que é a raiz da estrutura social injusta. Pelo contrário, ordenando e proibindo, a Lei dá a consciência dos erros e provoca ainda mais o egoísmo, fazendo com que o homem desobedeça conscientemente à Lei a que deveria obedecer. 14-25: Usando o artifício de falar em primeira pessoa, Paulo convida cada um de nós a olhar para si mesmo e para a sociedade, a fim de descobrir o drama que se desenrola dentro da condição humana. O homem está dividido entre o egoísmo e o amor, entre servir a si mesmo e servir os outros. Mas o egoísmo predomina e, através da presença e da acção de cada um, acaba por alastrar e perverter as relações sociais. A sociedade torna-se então desumana, injusta e perversa. Quem poderá libertar-nos deste «corpo de morte»?
segue-se Capítulo VIII António Fonseca

CARTA AOS ROMANOS - CAPÍTULO VI

CAP. VI - RM - 1-23 e reflexão sobre os versículos 6 Morte e vida com Jesus Cristo
1Que diremos então? Devemos permanecer no pecado para que haja abundância da graça? 2De modo nenhum! Uma vez que já morremos para o pecado, como poderíamos ainda viver no pecado? 3Ou não sabeis que todos nós, que fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na sua morte? 4Pelo baptismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai, assim também nós possamos caminhar numa vida nova. 5Se permanecermos completamente unidos a Cristo com morte semelhante à sua, também permaneceremos com ressurreição semelhante à d’Ele. 6Sabemos muito bem que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que o corpo de pecado fosse destruído e assim já não sejamos mais escravos do pecado. 7De facto, quem está morto está livre do pecado. 8Mas, se estamos mortos com Cristo, acreditamos que também viveremos com Ele, 9pois sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte já não tem poder sobre Ele. 10Porque, morrendo, Cristo morreu de uma vez por todas para o pecado; vivendo, Ele vive para Deus. 11Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo. Instrumentos da justiça e da vida 12Que o pecado não reine no vosso corpo mortal, submetendo-vos às suas paixões. 13Não ofereçais os membros como instrumento de injustiça para o pecado. Pelo contrário, oferecei-vos a Deus como pessoas vivas, que voltaram dos mortos; e oferecei os membros como instrumento da justiça para Deus. 14Pois o pecado não vos dominará nunca mais, porque já não estais debaixo da Lei, mas sob a graça. Escravos de Deus e da justiça 15E daí? Devemos cometer pecados, porque já não estamos debaixo da Lei, mas sob a graça? De modo nenhum!16Não sabeis que, oferecendo-vos a alguém como escravos para lhe obedecerdes, vos tornais escravos daquele a quem obedeceis, seja do pecado que leva à morte, seja da obediência que conduz à justiça? 17Damos graças a Deus, porque éreis escravos do pecado, mas obedecestes de coração ao ensinamento básico que vos foi transmitido. 18Assim, livres do pecado, tornastes-vos escravos da justiça. 19Falo com palavras simples por causa da vossa fraqueza. Assim como antes colocastes os vossos membros ao serviço da imoralidade e da desordem que conduzem à revolta contra Deus, agora ponde os vossos membros ao serviço da justiça para a vossa santificação. 20Quando éreis escravos do pecado, éreis livres em relação à justiça. 21Que frutos colhestes então? Frutos de que agora vos envergonhais, pois o seu fim é a morte. 22Mas agora, livres do pecado e tornados escravos de Deus, dais frutos que conduzem à santificação e o fim deles é a vida eterna. 23Pois a morte é o salário do pecado, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo, nosso Senhor. ------------------------------------------------reflexão--------------------------------------- 6 ,1-11: Jesus foi morto por um sistema social injusto, pecaminoso e mortal. Mas Deus ressuscitou-O para sempre, condenando assim o sistema que matou Jesus. Pela fé e o baptismo, o cristão participa na morte e ressurreição de Jesus. Por outras palavras, cristão é aquele quepassa por uma transformação radical: rompe com o sistema pecaminoso, gerador de injustiça e morte, e ressuscita para viver uma vida nova, a fim de construir uma sociedade nova que promova a justiça e a vida. 12-14: Ressuscitando para viver sob o regime da graça concedida por Deus através de Jesus Cristo, os cristãos devem viver em clima de conversão, de contínua passagem da morte para a vida. Trata-se de não mais se prestarem como instrumentos de uma sociedade que produz injustiça e morte, mas de se entregarem ao serviço de Deus, oferecendo-se a si mesmos como instrumentos que realizem o projecto de Deus na História. Por outras palavras: entregar-se de corpo e alma à luta para implantar um sistema social, em que a justiça e a vida sejam o centro e o fundamento. Sobre os cristãos o pecado nunca mais terá voz nem poder. 15-23: Paulo radicaliza o que disse antes: o cristão não deve ser apenas instrumento, mas escravo de Deus e da justiça; deve ser alguém que se empenha total e exclusivamente na realização do projecto de Deus. E, nesse serviço, não existe relação comercial, como no pecado: a recompensa é dom gratuito de Deus, que é a própria vida.
segue-se capítulo 7
António Fonseca

CARTA AOS ROMANOS - CAPÍTULO V

CAP. V - RM - 1-21 e reflexão sobre os versículos 5 O motivo da nossa esperança
1Assim, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 2Por meio d’Ele e através da fé, temos acesso à graça, em que nos mantemos e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 3E não só isso. Nós gloriamo-nos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. 5E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 6De facto, quando ainda éramos fracos, Cristo, no momento oportuno, morreu pelos ímpios. 7Dificilmente se encontra alguém disposto a morrer em favor de um justo; talvez haja alguém que tenha coragem de morrer por um homem de bem. 8Mas Deus demonstra o seu amor para connosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores. 9Assim, tornados justos pelo sangue de Cristo, com maior razão seremos salvos da ira por meio d’Ele. 10Se quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus por meio da morte do seu Filho, muito mais agora, já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. 11E não só isso. Também nos gloriamos em Deus obtivemos agora a reconciliação.A vida supera a morte 12Assim como o pecado entrou no mundo através de um só homem e com o pecado veio a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. 13De facto, já antes da Lei existia pecado no mundo, embora o pecado não possa ser levado em conta quando não existe Lei. 14Ora, a morte reinou de Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não haviam pecado, cometendo uma transgressão igual à de Adão, que é figura d’Aquele que devia vir. 15O dom da graça, porém, não é como a falta. Se todos morreram devido à falta de um só, muito mais abundantemente se derramou sobre todos a graça de Deus e o dom gratuito de um só homem, Jesus Cristo. 16Também não acontece com o dom da graça, como aconteceu com o pecado de um só que pecou: a partir do pecado de um só, o julgamento levou à condenação, enquanto que, a partir de numerosas faltas, o dom da graça levou à justificação. 17Porque se através de um só homem reinou a morte por causa da falta de um só, com muito mais razão reinarão na vida aqueles que recebem a abundância da graça e do dom da justiça, por meio de um só: Jesus Cristo. 18Portanto, assim como pela falta de um só resultou a condenação para todos os homens, do mesmo modo foi pela justiça de um só que resultou para todos os homens a justificação que dá a vida. 19Assim como, pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, do mesmo modo, pela obediência de um só, todos se tornarão justos. 20A Lei sobreveio para dar plena consciência da falta; mas, onde foi grande o pecado, foi bem maior a graça, 21para que, assim como o pecado havia reinado através da morte, do mesmo modo a graça reine através da justiça para a vida eterna, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. --------------------reflexão------------------------------------------------------------------- 5 ,1-11: Justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança da salvação. Essa esperança é vivida no meio de uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito Santo que nos foi dado (vv. 1-5). Deus manifestou o seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (vv. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (vv. 9-11). O termo «tribulação», que aparece muitas vezes no Novo Testamento, refere-se às opressões e repressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que não abale a estrutura vigente na sociedade. 12-21: Paulo contrapõe duas figuras, dois reinos e duas consequências: Adão-Cristo, pecado-graça; morte-vida. Adão é o início e a personificação da humanidade mergulhada no reino do pecado e que caminha para a morte; Cristo, o novo Adão, é início e personificação da Humanidade introduzida no reino da graça e que caminha para a vida. Paulo não está interessado nas semelhanças entre Cristo e Adão. Ele contrapõe-os, apenas para mostrar a supremacia de Cristo e do reino da graça sobre Adão e o reino do pecado; pois o dom de Deus supera de longe o pecado dos homens.

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

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