domingo, 22 de novembro de 2009

Conclusões da Semana Social - 20 a 22-11-2009

Construir o Bem Comum com pedagogia social

Conclusões da Semana Social 2009

Reunidos em Aveiro, de 20 a 22 de Novembro, mais de quatro centenas de participantes, com a presença de grande parte do episcopado português e de instituições de solidariedade social, aprofundámos a responsabilidade de cada cidadão, do Estado e da Igreja na construção do Bem comum.
Olhamos para a realidade social do país com confiança. Assim conseguiremos responder ao crescimento do desemprego, às desigualdades económicas profundas, à débil consciência cívica, ao desrespeito pelo ambiente, à perda do lugar da dimensão religiosa na vida pública.
Conscientes da urgência de relançar, na vida das comunidades e das instituições eclesiais, uma lucidez operativa capaz de criar um movimento de pedagogia social, apontamos as seguintes conclusões:
1. Não cabe ao Estado substituir-se aos cidadãos, mas harmonizar com justiça os interesses sectoriais e promover as suas iniciativas. O povo é, deve ser e permanecer o sujeito, o fundamento e o fim da vida social, uma vez que a soberania radica na sociedade civil. É a construção do bem comum que justifica a autoridade do Estado.
2. O bem comum exige que se conceda ao princípio da subsidiariedade pleno alcance e sentido, aliás bem patente na Constituição da República Portuguesa e nos Tratados da União Europeia. Nesse contexto, deverá valorizar-se uma intervenção mais próxima dos cidadãos com lugares de decisão descentralizados.
3. Como elemento essencial da realização das pessoas exige-se a presença da religião. A este propósito é expressiva a afirmação do Papa Bento XVI na recente encíclica: “a religião cristã e as outras religiões só podem dar o seu contributo para o desenvolvimento se Deus encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, económica e particularmente política”. (Caritas in Veritate, nº 56)
4. Na actual sociedade pós-cristã, a laicidade é uma realidade social, que se joga constantemente no interior da comunidade cristã. Tem profundas implicações nas formas de convivência social. No domínio dos valores, considerou-se que a laicidade não é uma perspectiva neutral. A afirmação de valores religiosos, sobretudo no ensino, além de legítima, não coarcta a plena liberdade de formação dos cidadãos, concretizada na opção de escola. Na formação plena dos jovens há responsabilidades que à família incumbem e se vêem contrariadas por uma excessiva dependência da escola.
5. A confiança na sociedade, assumindo todas as suas responsabilidades, tem de verificar-se também no apoio social, nas acções culturais e demais sectores, não excluindo a indispensável intervenção pública, com o estabelecimento e a exigência do cumprimento das “regras do jogo”.
6. Nos direitos sociais, importa de facto passar da retórica à prática. Não basta a sua consagração em textos básicos nacionais e internacionais. Temos de mobilizar para intervenções adequadas a fim de dar satisfação a esses direitos seja na acção politica, seja na prática quotidiana.
7. A globalização, sendo inevitável, convenientemente governada constitui um factor de desenvolvimento humano. Só uma atenta vigilância atenuará os aspectos socialmente perniciosos, como o aumento localizado de pobreza e fenómenos de exclusão. Se governada por organismos supranacionais credíveis, evitar-se-ão efeitos nefastos. Para isso, é fundamental desenvolver actividades locais. Além do Estado, a palavra principal cabe aos empreendedores que têm que apostar claramente na comunidade onde se inserem.
8. No novo mundo a incrementar é indispensável a inovação social. O envolvimento da sociedade civil terá como resultado a conjugação de diferentes factores: predispor para a experimentação permanente; criar harmonia entre investigação e acção; aptidão para criar redes, colaborações e parcerias; novas soluções de investimento e capacitação de todos os actores sociais.
9. É da essência do catolicismo o afastamento de fatalismos e de tentações dominadoras. A interiorização dos valores revigora a segurança que conduzirá à profecia do serviço.
10. Prosseguir com coragem e aperfeiçoar com persistência as intervenções sociais da Igreja, em colaboração com todas as pessoas de boa vontade, permitirá chegar à promoção de dignidade de cada ser humano.
11. Como sectores sensíveis, dado que atendem a cidadãos com especiais dificuldades, importa garantir a qualidade da esperança na presença da Igreja junto dos doentes e dos reclusos.
12. Em cada diocese, requer-se o incentivo de grupos de líderes-servidores, quais agentes dinâmicos e criativos de transformação da mentalidade individualista. Assim se motivará para um fortalecimento da consciência participativa e responsável dos singulares cidadãos e se pautará a vivência cristã da construção do bem comum, pelo estilo evangélico.
Aveiro, 22 de Novembro de 2009

Fotos

Documentos | Conferência Episcopal Portuguesa | 2009-11-22 | 11:33:58 | 6260 Caracteres | Pastoral Social, Semana Social

in: Boletim da Agência Ecclesia

http://ecclesia.pt

CECÍLIA, SANTA (e outros) - 22 de Novembro

Cecília, Santa
Mártir, 22 de novembro

Cecilia, Santa

Cecilia, Santa

Mártir  -  Novembro 22

A grande devoção popular para com a virgem e mártir romana fez que o novo calendário litúrgico conservasse sua memória, apesar de faltarem documentos históricos anteriores ao século VI. Esta devoção e o próprio patrocínio de Santa Cecilia sobre a música sagrada se devem efectivamente ao relato de seu martírio, intitulado Paixão, datado depois do ano 486. Nela a fundadora do “título” da basílica de Santa Cecilia em Trastévere é identificada com uma santa homónima, enterrada nas catacumbas de São Calixto e que haveria sofrido o martírio durante o império de Alejandro Severo, em 230.
Na Liturgia das Horas lê-se: “O culto de Santa Cecilia, sob cujo nome foi construída em Roma uma basílica no século V, se difundiu amplamente por causa do relato de seu martírio, em que é exaltada como exemplo perfeitíssimo da mulher cristã, que abraçou a virgindade e sofreu o martírio por amor a Cristo”.
Cecilia, nobre e rica, ia todos os dias à Missa celebrada pelo Papa Urbano nas catacumbas próximas à Via Ápia, e uma multidão de pobres a esperavam porque conheciam sua generosidade. No dia de sua boda com Valeriano, enquanto o órgão tocava, ela cantava em seu coração: “somente para o Senhor” (desta passagem de sua Paixão teve origem o patrocínio de Cecilia sobre a música sagrada); depois, chegada a noite, a jovem disse a Valeriano: “Nenhuma mão profana pode tocar-me, porque um anjo me protege. Se tu me respeitas, ele te amará, como me ama a mim”.
Ao contrariado esposo não lhe restou outro remédio que seguir o conselho de Cecilia, fazer-se instruir e baptizar pelo Papa Urbano e depois compartilhar o mesmo ideal de pureza da esposa, recebendo em recompensa sua mesma glória: a palma do martírio, a que por graça divina se associou também o irmão de Valeriano, Tiburcio.
Ainda que o relato do martírio parece fruto de uma piedosa fantasia, historicamente é certo que Valeriano e Tiburcio foram mártires e que foram enterrados nas catacumbas de Pretestato. Depois do processo, narrado com abundância de detalhes pelo autor da Paixão, Cecilia foi condenada à decapitação, mas os três poderosos golpes do verdugo não conseguiram cortar-lhe a cabeça: isto se deveu a que, segundo o relato, Cecilia havia pedido ao Senhor a graça de ver ao Papa Urbano antes de morrer.
Em espera desta visita, Cecilia passou três dias em agonia, professando sua fé. Não podendo dizer nem uma palavra, expressou com os dedos seu credo em Deus uno e trino.
¿Queres saber mais? Consulta Santa Cecilia, Lirio do Céu de Jesús Martí Ballester

Festa de Santa Cecília
Padroeira da Música, 22 de novembro

Fiesta de Santa Cecilia

Festa de Santa Cecilia

Lirio do céu  -  Novembro 22

I. O PALÁCIO DOS CECÍLIOS. UMA CASA PATRÍCIA DA ROMA IMPERIAL
Num ângulo do campo de Marte, perto do mausoléu de Augusto e tão próxima ao Estádio, que nos grandes dias se ouvem os gritos da multidão, se ergue uma casa patrícia da Roma imperial. Desde ali se vê o Tíber. Detrás, se eleva a fachada do Panteão, à direita o jardim, e no interior um pátio alegre, povoado de estátuas, pertencentes à nobilíssima gens dos Cecílios. Mas os mármores rodaram e a recordação se olvidou. Aquele palácio aristocrático da Roma dos Antoninos, é hoje a igreja de Santa Cecilia, espelho da nova Roma, restaurada por Cristo, a abelha industriosa dos panais do Senhor, como a chama o pontífice Urbano. Uma abelha libadora de flores de virtudes, que entesoura em silêncio e em oração. Numa habitação, num cofre de prata, se guarda o Evangelho que a jovem lê todos os dias.
II. A BODA DE CECÍLIA
O palácio dos Cecílios se veste de festa. Escravos e escravas desfilam levando jóias brilhantes, telas preciosas e cestos de flores, preparando a festa nupcial da boda de Cecilia. Uma noite, nas catacumbas, o pontífice havia posto sobre sua cabeça o véu das virgens; era a esposa de Cristo, mas não pôde vencer a vontade de seu pai; e agora se põe confiada nas mãos do Senhor. Avança o cortejo. Vão adiante um menino adornado com verbenas e uma menina coroada de rosas. Descrevendo ligeiros ritmos de dança, seguem quatro adolescentes que acabam de vestir a toga. Cecilia leva o vestido prescrito pelo ritual: uma túnica branca de lã com seu cingidor também branco e em cima um manto cor de fogo, símbolos da inocência e do amor. Quando começava a brilhar o luzeiro da tarde, a nova esposa é conduzida à morada do esposo.
III. EM CASA DE VALERIANO
A casa de Valeriano estava ao outro lado do Tíber, convertida hoje na igreja de Santa Cecilia. Cecilia sorria com suavidade, mas uma angústia infinita lhe apertava o coração. Aos poucos passos apareceu a casa de Valeriano. No pórtico, adornado de brancas coberturas e grinaldas de flores, aguardava o esposo feliz. Trocaram a saudação tradicional: -"¿Quem és tu?"- perguntou ele. E ela respondeu: -"Onde tu Cayo, eu Caya". Cecilia atravessa o umbral. Uma escrava se adianta e lhe apresenta num cálix de prata a água, figura da limpeza; outra lhe entrega uma chave, símbolo da administração que se lhe confia; e outra, lhe oferece um punhado de lã para recordar-lhe as tarefas do lar. E passam ao triclínio, onde se vai a servir o banquete nupcial. Brilham os candelabros, os lírios de Aécio e de Tivoli derramam seus perfumes, caem o chipre e o falerno nas taças de ouro, escanciadas por jovens efebos, ressoa a melodia das harpas e os címbalos e os comensais aplaudem ao poeta que canta o epitalamio.
IV. NO BANQUETE DE BODA
Cecilia parece enamorada; seu coração está suspenso por uma música celeste. "Durante o banquete de bodas, enquanto a música soava, ela entoava orações na solidão de seu coração, pedindo que seu corpo ficasse imaculado", segundo se lê nas Actas de santa Cecilia, do ano 500: "Que meu coração e minha carne permaneçam puros". Cecilia ia a dar o último passo para o perigo. Duas matronas guiaram seus passos temerosos até à câmara nupcial. Ardem os candelabros, brilham os tapices e fulguram as jóias.
V. NA CÂMARA NUPCIAL
Chega Valeriano. Se acerca de sua esposa radiante de felicidade; mas ela o detém com estas palavras: -"Jovem e doce amigo, tenho um segredo para te confiar; jura-me que o saberás respeitar". Valeriano o jura sem dificuldade, e a virgem acrescenta: -"Cecilia é tua irmã, é a esposa de Cristo. Há um anjo que me defende, e que cortaria num instante tua juventude se intentasses qualquer violência". O jovem empalidece, se irrita, grita desesperado; mas a pouco e pouco a graça o domina, e com a graça a doçura infinita de Cecilia. -"Cecilia -disse por fim-, faz-me ver esse anjo, se queres que creia em tuas palavras". "Para ver esse anjo de Deus é necessário primeiro que creias, que te faças discípulo de Cristo, e te baptizes". -"Pois bem -responde Valeriano -; agora mesmo, esta mesma noite; amanhã será tarde". - E com o ímpeto da juventude e a serpente da dúvida na alma, deixa na habitação a sua esposa e caminha envolto no silêncio da noite em busca do pontífice Urbano. Pouco a pouco, uma força desconhecida vai dominando sua alma. Começa a compreender.
VI. DUAS COROAS DE ROSAS E LÍRIOS
Umas horas mais tarde voltava vestido com a túnica branca dos neófitos. Prostrada em terra, Cecilia está absorta em oração; uma luz deslumbrante a rodeia e um anjo de inefável beleza paira sobre ela, sustentando duas coroas de rosas e de lírios, com que adorna as cabeças dos dois esposos. Ao baptismo de Valeriano seguiu o de seu irmão Tiburcio e pouco depois, os dois esposos davam seu sangue pela fé. Reinava então em Roma o imperador Aurélio, homem honrado, coração bom e compassivo, que se rebela contra os jogos sangrentos do anfiteatro; mas cruel com os cristãos. Em sua perseguição sofreram Tiburcio e algum tempo depois, a virgem
Cecilia.
VII. O MARTÍRIO CRUEL

Após os intentos de afogá-la no hipocausto, o lictor brandiu a espada e a deixou cair três vezes sobre o pescoço de Cecilia, mas com tão má sorte, que ficou envolvida no seu próprio sangue lutando agónica com a morte. Três dias depois ia a receber o galardão de seu heroísmo. Os cristãos recolheram o corpo da mártir e respeitosamente o encerraram numa arca de cipreste, sem mudar a atitude que tinha ao morrer. Assim se encontrou catorze séculos mais tarde, em 1599, segundo o testemunho do próprio Cardeal Baronio.
VIII. TESTEMUNHO DO CARDEAL BARONIO
"Eu vi a arca, que se encerrou no sarcófago de mármore -disse o cardeal Baronio- e dentro, o corpo venerável de Cecilia. A seus pés estavam os panos empapados em sangue, e ainda podia distinguir-se a cor verde do vestido, tecido em seda e ouro, apesar dos destroços que o tempo havia feito nele. Podia ver-se, com admiração, que este corpo não estava estendido como os dos mortos em suas tumbas. Estava a castíssima virgem recostada sobre o lado direito, unidos seus joelhos com modéstia, oferecendo o aspecto de alguém que dorme, e inspirando tal respeito, que ninguém se atreveu a levantar a túnica que cobria o corpo virginal. Seus braços estavam estendidos na direcção do corpo, e o rosto um pouco inclinado para a terra, como se quisesse guardar o segredo do último suspiro. Sentíamo-nos todos possuídos de uma veneração inefável, e nos parecia como se o esposo vigiasse o sono de sua esposa, repetindo as palavras do Cantar: “Não desperteis a amada até que ela queira". Ainda que a relação pareça fruto da fantasia, os mártires Valeriano e Tiburcio, sepultados nas catacumbas de Pretextato, são historicamente certos. Depois do processo, referido pelo autor da Paixão, Cecilia, condenada a ser decapitada, recebeu três poderosos cortes do verdugo, sem que sua cabeça caísse cortada: Havia pedido e obtido a graça de voltar a ver o papa Urbano antes de morrer. Na espera desta visita ela continuou durante três dias professando a fé. Não podendo falar, expressou com os dedos o Credo em Deus uno e trino. E com este gesto a esculpiu Maderno em sua célebre, belíssima e impressionante imagem de mármore.
IX. PADROEIRA DA MÚSICA
Cecilia, virgem claríssima, Lirio do céu chega escoltada pela glória divina com música e cantos, no banquete nupcial, em palavras da narração da Passio (Paixão) : Cantantibus organis, Caecilia, in corde suo, soli Domino decantabat, dicens: - Fiat cor et corpus meum immaculatum ut non confundar -, "Enquanto tocava o órgão, Cecilia cantava salmos ao Senhor". A seu Senhor, a seu Esposo: "Que meu coração e meu corpo permaneçam imaculados, para que não fique confundida". Suas orações foram escutadas e foi martirizada. Este relato escrito das Actas da mártir se gravou em mosaicos, e se decorou em frescos e miniaturas.
X. OS PINTORES E POETAS
No século XVI e seguintes sua posição como padroeira da música foi crescendo. E os artistas a representaram tocando o órgão, ou junto a ele, em numerosas pinturas, destacando as de Rafael, Rubens e Pousin. Assim a celebraram os pintores, os músicos e os poetas, Dryden, Pope, Purcell e Händel. O Movimento Ceciliano alemão do século XIX a tomou como Padroeira para a reforma da música litúrgica, que culminou no Motu Próprio de São Pio X, em 1903.
XI. CECÍLIA CANTA NO CÉU
Podemos imaginar a Cecilia cantando gozosa no céu, pedindo ao Senhor que nós sejamos dignos de cantar os louvores de Deus pelas maravilhas que obra no mundo, unidos a sua alma, limpa e enamorada. Disse santo Tomás na 2a-2ae q. 91 a. 1 resp sobre o Canto Litúrgico, que tanto quanto ascende o homem a Deus pelo divino louvor, se afasta do que vai contra Deus. O homem ascende a Deus por meio do divino louvor, que o eleva afastando-o do que se opõe a Deus, o egoísmo e a soberba, e o converte em homem interior. O louvor exterior da boca ajuda a motivar o amor interior do que louva. O louvor exterior dos lábios contribui a aumentar o amor do que louva, como o havia experimentado muito bem Santo Agostinho vivendo a experiência da Igreja que canta. A melodia divina com sua força transformadora, o havia conduzido ao caminho de sua conversão. Confessa o Santo que quando ouvia os hinos, dos salmos e dos cânticos em Milão, se sentia vivamente comovido à voz de tua Igreja, que o impulsionava suavemente. Aquelas vozes se mantinham em meus ouvidos e destilavam a verdade em meu coração; acendiam em mim sentimentos de piedade; entretanto derramava lágrimas que me faziam bem (Conf. IX 6-14). Na Igreja de Cristo, que é lar de gozo, o canto é esperança em acto porque é prece. Portanto dedicar-se a cantar a Deus e a escutar a música sagrada é preparar-se para orar com maior esperança e a viver a vida de Deus em nosso santuário interior que desborda na sociedade como anúncio do Reino de Cristo.
XII. AS IMAGENS DA PADROEIRA DA MÚSICA
A partir do Século XVI, a iconografia a representa cheia de alegria pela presença do Senhor tocando instrumentos musicais, a lira, a cítara, o órgão, o clavicórdio, a harpa, o violino, o violoncelo, e rodeada de anjos cantando. Assim a representam no Louvre, Domenichino, Guido Reni, Rubens e Pierre Mignard. Desde a Catedral de Palermo à Pinacoteca de Dresde, a figura da mártir romana, personifica o espírito de canto e da música sacra, e sai dos limites da música italiana para inspirar a música e a pintura europeias e a arte internacional já que em arte não tem fronteiras, como não o tem o bem, nem a verdade nem a beleza, que vivem em Deus e são participados pelos homens, que havendo saboreado um retrato de formosura, se enamoram da plenitude da beleza de Cristo Pantocrator. Porque a beleza, a verdade e o bem convergem e conduzem aos homens a reencontrar-se com Deus.
XIII. A PEDAGOGIA DA ARTE
Na Pinacoteca de Bolonha se pode admirar um quadro de Rafael que representa a Cecília, junto a instrumentos musicais, absorta nas harmonias celestes. A Vida divina trinitária, o Paraíso, a Comunhão dos Santos são luz, harmonia e cor, santidade, que é beleza, magnificência e esplendor. Esse é o ministério da liturgia e o magistério de arte, ajudarmos a compreender melhor, a orar e a elevar nossa mente à harmonia do Paraíso, ao que estamos chamados. Os templos não são museus refinados, mas auxílios para afiançar nossa fé e caminhos de conversão interior. A música e o canto sagrado, as expressões artísticas da arquitectura, as pinturas, as imagens, vêm a ser como sacramentais, para que os homens, dotados de sentidos, se abram a sua vocação de santidade, atraídos e fascinados pelo aroma dos nardos dos santos, e pela brancura lirial da Padroeira da Música CECÍLIA, Coeli-lilia, que em castelhano significa Lirio del Cielo.
Comentários ao autor:
jmarti@correo.infase.es

Miguel de Tver, Santo
Mártir, 22 de novembro

Miguel de Tver, Santo

Miguel de Tver, Santo

Novembro 22

Etimologicamente significa “¿quem como Deus?”. Vem da língua hebraica.
Quando o crente está atento à voz de Deus, dia após dia renova em sua pessoa uma espontaneidade que faz que se sustente só em Cristo. A fidelidade de toda uma vida supõe uma atenção constante.
Morreu no ano 1318. Seu tio se chamava santo Alejandro Nevski. Era um pai de família generoso e muito comprometido com todos os assuntos referentes à religião cristã.
Teve quatro rapazes e quatro raparigas. A todos os educou numa autêntica formação espiritual.
Teve que intervir com dureza para que seu povo não caísse sob a invasão dos Tártaros, sustentados e apoiados em seu tempo pelos próprios príncipes moscovitas.
A todo aquele que não seguisse as instruções dos Tártaros, se os obrigava a levar amuletos que indicassem sua confissão e sua conformidade com os deuses pagãos.
O que não o fizesse o intitulavam de traidor e era exposto ao riso e vergonha públicas.
Tinham que levar os estandartes do chefe dos Tártaros.
Aquele que não os levasse era considerado traidor à pátria. Por cantar a glória de Deus desconhecido a quem adoravam os cristãos.
Então fizeram o mais fácil: o entregaram ao príncipe dos moscovitas, que se chamava Georges Danielocitch.
Este príncipe tinha tão más entranhas que não pensava nada mais do que em acabar com eles e com ele.
Cheio de desespero pela valentia que demonstravam os cristãos e Miguel à sua cabeça, se enfadou tanto que ordenou que todos fossem levados à morte sem mais julgamento. Os esbirros os assassinaram com suas espadas.
¡Felicidades a quem leve este nome!

 

Filêmon e Ápia, Santa
Mártires, 22 de novembro

Filemón y Apia, Santa

Filêmon e Ápia, Santa

Discípulos de São Paulo

Etimologicamente significa “o mesmo”. Vem da língua latina.
O profeta Miqueas disse: “ O povo que te elegeu, Senhor, mora solitário num campo feroz; sê seu pastor
No transcorrer de seus duas primeiras viagens apostólicas, são Paulo conheceu e converteu a uma família exemplar, que vivia em Colossos.
O marido e pai se chamava Filemón. A mulher era uma senhora óptima. Se chamava Ápia.
O marido chegou a ser um dos cristãos mais zelosos e benfeitor desta cidade.
Quando saiu Paulo, ele mesmo pregava e organizo a primitiva igreja da cidade reunindo a toda sua família.
Tinham escravos a seu serviço. Um deles era um ladrão e um frouxo no trabalho. Depois de um roubo fugiu de casa.
O escravo, sem embargo, ficou cativado pela pregação de
Paulo.
Por isso, ao encontrá-lo em Roma, se fez baptizar e se converteu ao cristianismo.
Paulo escreveu uma carta a Filemón dizendo-lhe que perdoasse ao escravo e que fosse paciente com ele.
A carta é uma obra mestra de trato, delicadeza e afecto para com os escravos.
Os dois perdoaram a Onésimo seu pecado.
Não se sabe muito mais deste casal. Tão somente que a perseguição de Nero os levou ao martírio no século I.
¡Felicidades a quem leve este nome!

 

Pedro Esqueda Ramírez, Santo
Mártir, 22 de Novembro

Pedro Esqueda Ramírez, Santo

Pedro Esqueda Ramírez, Santo

Nasceu em São João dos Lagos, Jal. (Diocese de ), em 29 de Abril de 1887.
Vigário de São João dos Lagos. O ministério a que se dedicou com verdadeira paixão foi a catequese das crianças.
Fundou vários centros de estudo e uma escola para a formação de catequistas. Sempre foi muito devoto do Santíssimo. Em plena perseguição organizava as famílias para que não faltassem à guarda perpétua a Jesus Sacramentado em casas particulares.
Desde o momento em que foi preso, foi tão duramente agredido, que se lhe abriu uma ferida na cara. Um militar, depois de o agredir, disse-lhe: «Agora já hás-de estar arrependido de ser cura»; ao que respondeu docemente o padre Pedro: «Não, nem um momento, e pouco me falta para ver o céu».
Em 22 de Novembro de 1927 foi tirado de sua prisão para ser executado; as crianças o rodearam e o Padre Esqueda insistentemente repetiu a um pequeno que caminhava junto a ele: «Não deixes de estudar o catecismo, nem deixes a doutrina cristã por nada».
E num pedaço de papel escreveu suas últimas recomendações para as catequistas. Ao chegar fora das portas do povoado de Teocaltitlán, Jalisco, dispararam-lhe três balas que mudaram sua vida terrena pela eterna.
Foi canonizado por João Paulo II em 21 de Maio de 2000.
Para ver más sobre seus 24 companheiros mártires no México faz "click" AQUI
Publicado com autorização de Vatican.va

Mártires Mexicanos de siglo XX (San Cristóbal Magallanes y compañeros)

Mártires mexicanos do século XX (São Cristóvão Magalhães e acompanhantes)

Cristóbal Magalhães e mártires 24 companheiros

Em 1917 foi promulgada no México uma nova Constituição, firmada pelo presidente Don Venusiano Carranza, que estava inspirada em princípios anticlericais e provocou uma era de violenta perseguição religiosa.
Em 1926, sob a presidência de Don Plutarco Elías Calles, a perseguição se faz mais violenta, com a expulsão de alguns sacerdotes, a clausura de escolas privadas e de obras de beneficência.
Foram muitos os fieis que sofreram o martírio por defender sua fé, de entre eles apresentamos agora a vinte e cinco que foram proclamados santos da Igreja por João Paulo II.

 

Os 25 santos canonizados em 21 de Maio de 2000 foram:

Mártires Mexicanos de siglo XX (San Cristóbal Magallanes y compañeros)

Mártires Mexicanos de século XX (São Cristóbal Magalhães e companheiros)


Cristobal Magallanes Jara, Sacerdote
Roman Adame Rosales, Sacerdote
Rodrigo Aguilar Aleman, Sacerdote
Julio Alvarez Mendoza, Sacerdote
Luis Batis Sainz, Sacerdote
Agustin Caloca Cortés, Sacerdote
Mateo Correa Magallanes, Sacerdote
Atilano Cruz Alvarado, Sacerdote
Miguel De La Mora De La Mora, Sacerdote
Pedro Esqueda Ramirez, Sacerdote
Margarito Flores Garcia, Sacerdote
Jose Isabel Flores Varela, Sacerdote
David Galvan Bermudez, Sacerdote
Salvador Lara Puente, Laico
Pedro de Jesús Maldonado Lucero, Sacerdote
Jesus Mendez Montoya, Sacerdote
Manuel Morales, Laico
Justino Orona Madrigal, Sacerdote
Sabas Reyes Salazar, Sacerdote
Jose Maria Robles Hurtado, Sacerdote
David Roldan Lara, Laico
Toribio Romo Gonzalez, Sacerdote
Jenaro Sanchez Delgadillo
David Uribe Velasco, Sacerdote
Tranquilino Ubiarco Robles, Sacerdote

Para ver as biografias dos vinte mártires do século mexicano Clique AQUI

Salvador Lilli e companheiros, mártires, Beato
Mártires, 22 de Novembro

Salvador Lilli y compañeros mártires, Beato

Salvador Lilli e companheiros, mártires, Beato

Salvatore Lilli nasceu em Capadócia, província italiana de Aquila, em 19 de Junho de 1853. Em 1870 entrou na Ordem franciscana. Em 1873 teve que prosseguir os estudos em Terra Santa, pois o Governo italiano havia suprimido as Ordens religiosas. Recebeu a ordenação sacerdotal em Jerusalém, em 16 de abril de 1878.
Em 1880 foi enviado a Marasc, missão de Arménia Menor (Turquia), compreendida na Custódia franciscana de Terra Santa que abarca Egipto, Israel, Jordânia, Síria, Líbano, Chipre e Rodas.
Após uma breve viagem a Itália em 1886, prosseguiu a actividade apostólica em Marasc, e em 1890 foi nomeado pároco desta localidade. Na epidemia de cólera do mesmo ano, o P. Lilli se prodigalizou tão extraordinariamente na atenção aos empestados, que seus colaboradores o julgaram exagerado.
En 1894 passou à missão de Mujuk–Deresi, a sete horas de viagem a cavalo de Marasc. No ano seguinte estalou uma forte perseguição contra os cristãos arménios, que sempre haviam sido marginalizados e desprezados por causa de sua fidelidade à religião cristã. A matança de homens, mulheres, crianças e anciãos causou milhares de vítimas na região. O P. Lilli recebeu uma mensagem urgente de seus superiores que lhe sugeriam que abandonasse o posto; a segunda mensagem no mesmo sentido, o missionário respondeu que «o Pastor não pode abandonar as ovelhas em perigo», e decidiu ficar junto aos arménios perseguidos. Um mês depois, os soldados entraram a baioneta calada e o heróico franciscano foi ferido numa perna quando intentava ajudar as vítimas. Invadido seu convento pela tropa, foi feito prisioneiro e encerrado numa cela da casa franciscana. Alternando afagos e ameaças, promessas e maus tratos, o chefe dos soldados tratou de conseguir que renegasse de Cristo e se passasse para Maomé. Uma semana depois o obrigaram a partir com vários camponeses do lugar, também prisioneiros, até Marasc. Se reuniram todos na igreja, e o P. Lilli lhes confessou e animou ao martírio. Depois de duas horas de duro caminhar (no grupo havia uma menina de 11 anos que logo será testemunha do martírio), chegaram à beira de um rio, e o chefe de novo os incitou a renegar de Cristo. Ante sua unânime resposta negativa, o comandante ordenou matá-los a baioneta calada. O martírio se consumou em 22 de Novembro de 1895, quando o P. Salvador Lilli tinha 42 anos. Seus sete companheiros de martírio eram: Baldji Oghlou Ohannes, Khodianin Oghlou Kadir, Kouradji Oghlou Tzeroum, Dimbalac Oghlou Wartavar, Geremia Oghlou Boghos, David Oghlou David e Toros Oghlou David, todos eles arménios.
O processo ordinário para a beatificação destes mártires se instruiu em 1930-32, e a causa se inseriu na Sagrada Congregação de Ritos no ano 1959, sendo Papa João XXIII, conhecedor e amante das Igrejas orientais de Europa. Em 1962-64 se instruíram processos apostólicos em Alepo (Síria) e Beirute. Em 3 de Outubro de 1982, João Paulo II os proclamou Beatos, precisamente ao encerrar-se o VIII centenário do nascimento de São Francisco de Assis.

Tomás Reggio, Beato
Bispo, 22 de novembro

Tomás Reggio, Beato

Tomás Reggio, Beato

Nasceu em Génova (Itália) em 9 de Janeiro de 1818 de uma família nobre. Ainda que se pudesse prever para ele uma carreira brilhante, aos 20 anos decidiu ser sacerdote deixando tudo para atrás.
"Quero fazer-me santo, custe o que custar", dirá Tomás no momento en que sua opção passou a ser definitiva.
Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 18 de Setembro de 1841 e, com apenas vinte e cinco anos, foi nomeado vice-reitor do Seminário de Génova e sucessivamente reitor do Seminário de Chiávari. Neste serviço se dedicou com valor à formação dos futuros sacerdotes para que estivessem dispostos a comprometer a própria vida, sem receios, por Deus e pela igreja.
Precisamente enquanto dirigia o Seminário, desenvolveu uma intensa actividade como jornalista e foi um dos co-fundadores do primeiro jornal italiano católico, preocupando-se em defender a fé e os princípios autênticos do cristianismo.
Em 1865, durante a campanha eleitoral, o "Estandarte católico" – assim se chamava o jornal - conduziu a luta para promover listas de candidatos católicos e pensou em criar um partido católico. 
A ideia era demasiado audaz, e quando em 1874 o "non expedit" soava claramente e os católicos foram convidados a não votar, o Padre Tomás "intuiu" que seu jornal não poderia continuar. Acatou as ordens dos superiores e preferiu estar em sintonia com o Papa e a Igreja; apenas expôs seu pensamento quando foi consultado pela Santa Sede.
Em 1877 foi consagrado Bispo de Ventimiglia, diocese muito pobre: o cobriu várias vezes, foi pastor clarividente e verdadeiro guia espiritual de seu rebanho, convoco três sínodos em quinze anos, criou novas paróquias, renovou a liturgia e se esforçou por manter o património artístico das Igrejas.
Em 1878 fundou a Congregação das Religiosas de Santa Marta, que tinham por finalidade “responder às necessidades de todos os tempos". Pediu às irmãs de acolhessem os mais pobres entre os pobres “como Marta, que teve a ventura de servir a Jesus com o humilde trabalho de suas mãos”. Estas religiosas aprenderam dela a adorar em silêncio, a alimentar-se da oração, a encontrar de joelhos as razões de uma fé, que há que descobrir a Cristo nos pequenitos com os quais ele se identificou.
Quando, em 1887, um terramoto devastou a Região, D. Reggio, apesar de sua avançada idade, se apresentou imediatamente junto aos afligidos pela catástrofe levando-lhes ajuda, e depois convocou aos párocos pedindo-lhes que o informassem sobre o Estado de suas paróquias, a fim de providenciar as ajudas que recebia de muitas pessoas, entre as quais leitores de vários periódicos.
Foi pródigo, reservando para si apenas sua batina e seu antigo relógio testemunhou assim que se fez pobre por sua gente. Cuidou de modo especial dos muitos órfãos vitimas do terramoto, inicialmente assistiu em alguns centros já existentes na cidade que o criou, mais tarde, um orfanato em Ventimiglia entregou ao cuidado das Religiosas de Santa Marta.
Em 1892 escreveu ao Papa: "Peço a Sua Santidade que me exonere do cargo episcopal, a fim de poder ser um simples sacerdote para que a diocese não vá a sofrer por causa de minha idade e se confie a outro uma tarefa tão pesada". 
A resposta do Santo Padre foi surpreendente: em Maio desse mesmo ano, D. Tomás foi nomeado Arcebispo de Génova. Apesar de seus 74 anos de idade e das dificuldades, aceitou humildemente o cargo para cumprir a vontade de Deus.
Quando em 1900 a Itália católica decidiu consagrar a Deus e à Virgem o novo século, D. Tomás Regio convidou a todos os Bispos da Região a uma grande peregrinação ao Monte Saccarello, onde se colocou a estátua do redentor. Também ele partiu de Génova numa carruagem de terceira classe, com outros sacerdotes e muitos peregrinos, até Triora, pequena localidade aos pés do Monte. O desejo de prosseguir a pé o itinerário da peregrinação era muito forte, mas não lhe foi possível fazê-lo, pois um mal-estar o impediu. Foi o inicio da enfermidade que o levaria ao termo de sua vida.
Faleceu na tarde de 22 de Novembro de 1903, respondendo àqueles que se perguntavam se desejaria alguma coisa: “Deus, Deus, só Deus me basta!”. A resposta foi a expressão disso que o moveu sempre.

Julian Elias Torrijo, Beato
Lassalista Mártir, 22 de Novembro

Elías Julián Torrijo, Beato

Elías Julián Torrijo, Beato

Julián Torrijo Sánchez nasceu em Torrijo del Campo, Teruel, em 17 de Novembro de 1900. Foi baptizado em 18 do mesmo mês.
Ingressou no Noviciado Menor de Cambrils em 3 de Novembro de 1916. Recebeu o Hábito em 11 de Fevereiro de 1917 em Hostalets de Llers, Gerona.
Começou seu apostolado com os humildes de Sta. Coloma de Farnés em 1920.
Em 1925 lhe encomendaram os trabalhos de carpintaria na construção do Noviciado de Cambrils, pois antes de entrar com os Irmãos ajudava a seu pai neste oficio.
Em 1928 foi nomeado Administrador do Internato de Manlleu. Em 1929 voltou à aula em Santo Hipólito de Voltregá e logo depois esteve dois anos em Condal. Em 1934 passou para a Escola Nossa Senhora del Carmen, em Barcelona.
Devido a uma enfermidade, teve que passar uma temporada na enfermaria de Cambrils. Ali se achava quando estalou a perseguição religiosa.
Era uma pessoa simples, serviçal e de grande capacidade de trabalho.
Junto com o Irmão Bertrán Francisco, foi destinado a acompanhar um grupo de Noviços e Escolásticos aragoneses a suas casas, mas antes de chegar, em Segunto, os interceptaram os milicianos. Chegados a Valência e não podendo continuar para Aragão, distribuíram os rapazes pelas casas de famílias amigas.
Numa das visitas aos rapazes, foram interceptados, identificados como religiosos e detidos. Dos calaboiços do Governo Civil, foram trasladados para o Cárcel Modelo de Valência. Ao ser fuzilado, o Irmão Elías tinha 35 anos.
Para ver mais sobre os mártires lassallistas em Valência faz "click" AQUI

Francisco Lahoz Beltran, Beato
Lassalista Mártir, 22 de Novembro

Beltrán Francisco Lahoz, Beato

Beltrán Francisco Lahoz, Beato

Francisco Lahoz Moliner nasceu em Campos, Teruel, em 15 de Outubro de 1912. Foi baptizado no dia seguinte de seu nascimento.
Em 10 de agosto de 1925 ingressou no Noviciado Menor de Cambrils, procedente do Aspirantado de Monreal del Campo.
Tomou o Hábito em 2 de Fevereiro de 1929.
Terminada sua formação no Escolasticado, foi enviado como professor do Noviciado Menor, onde se ocupou dos alunos com maiores dificuldades de aprendizagem e depois foi destinado à catequese dos noviços.
De carácter firme e austero, era paciente para suportar brincadeiras e sua atitude com os demais era complacente e fina. Homem modesto e de grande capacidade de trabalho.
Com o motivo da perseguição religiosa de 1936, foi enviado, junto com o Irmão Elías Julián, (citado anteriormente) para acompanhar aos noviços da região de Valência e Aragão.
Como se mencionou nos dados do Irmão Elías Julián, depois de haver permanecido isolados de forma quase total, foram sumariamente julgados e fuzilados no campo militar de Benimamet. O Irmão Bertrán Francisco tinha 24 anos de idade. Foram sepultados numa vala comum do cemitério de Valência.
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Recolha, transcrição e tradução incompleta por António Fonseca

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO







ANO B


34º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

22 de Novembro de 2009





Tema da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo



No 34º Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. A Palavra de Deus que nos é proposta neste último domingo do ano litúrgico convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus; deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza que se concretiza de acordo com uma lógica própria, a lógica de Deus. O Evangelho, especialmente, explica qual é a lógica da realeza de Jesus.

A primeira leitura anuncia que Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a crueza, a ambição, a violência, a opressão que marcam a história dos reinos humanos. Através de um “filho de homem” que vai aparecer “sobre as nuvens”, Deus vai devolver à história a sua dimensão de “humanidade”, possibilitando que os homens sejam livres e vivam na paz e na tranquilidade. Os cristãos verão nesse “filho de homem” vitorioso um anúncio da realeza de Jesus.

Na segunda leitura, o autor do Livro do Apocalipse apresenta Jesus como o Senhor do Tempo e da História, o princípio e o fim de todas as coisas, o “príncipe dos reis da terra”, Aquele que há-de vir “por entre as nuvens” cheio de poder, de glória e de majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, de vida e de paz. É, precisamente, a interpretação cristã dessa figura de “filho de homem” de que falava a primeira leitura.

O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, Jesus a assumir a sua condição de rei diante de Pontius Pilatus. A cena revela, contudo, que a realeza reivindicada por Jesus não assenta em esquemas de ambição, de poder, de autoridade, de violência, como acontece com os reis da terra. A missão “real” de Jesus é dar “testemunho da verdade”; e concretiza-se no amor, no serviço, no perdão, na partilha, no dom da vida.





LEITURA I – Dan 7,13-14







Leitura da Profecia de Daniel



Contemplava eu as visões da noite,

quando, sobre as nuvens do céu,

veio alguém semelhante a um filho do homem.

Dirigiu-Se para o Ancião venerável

e conduziram-no à sua presença.

Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza,

e todos os povos e nações O serviram.

O seu poder é eterno, não passará jamais,

e o seu reino não será destruído.



AMBIENTE



Já vimos, no domingo anterior, que o Livro de Daniel aparece na primeira metade do século II a.C., numa época em que o rei selêucida Antíoco IV Epífanes procurava impor, pela força, a cultura grega ao Povo de Deus. As imposições de Antíoco IV Epífanes foram, contudo, mal acolhidas e depararam com uma tenaz resistência, sobretudo por parte dos sectores mais tradicionais do judaísmo. Uns judeus optaram abertamente pela insurreição armada (como foi o caso de Judas Macabeu e dos seus heróicos seguidores); outros, contudo, optaram por fazer frente à prepotência dos reis helénicos com a sua palavra e os seus escritos.

O Livro de Daniel surge neste contexto. O seu autor é um judeu fiel à cultura e aos valores religiosos dos seus antepassados, interessado em defender a sua religião, apostado em mostrar aos seus concidadãos que a fidelidade aos valores tradicionais seria recompensada por Jahwéh com a vitória sobre os inimigos. Contando a história de um tal Daniel, um judeu exilado na Babilónia, que soube manter a sua fé num ambiente adverso de perseguição, o autor do Livro de Daniel pede aos seus concidadãos que não se deixem vencer pela perseguição e que se mantenham fiéis à religião e aos valores dos seus pais. Neste Livro, o autor garante-lhes que Deus está do lado do seu Povo e que recompensará a sua fidelidade à Lei e aos mandamentos.

O texto que nos é proposto integra a segunda parte do Livro de Daniel (Dan 7,1-12,13). Aí o autor, recorrendo à “figura” da “visão”, apresenta-nos uma leitura profética da história, cuja finalidade é transmitir a esperança aos crentes perseguidos por causa da sua fé e dos seus valores tradicionais.

Na primeira das “visões” propostas (Dan 7,1-28), o autor do Livro apresenta “quatro grandes animais” (o primeiro “era semelhante a um leão”; o segundo era “semelhante a um urso”; o terceiro era “parecido com uma pantera”; o quarto era “horroroso, aterrador e de uma força excepcional” e “tinha dez chifres”, embora lhe tivesse depois nascido um outro “chifre mais pequeno” que “tinha olhos como homem e uma boca que proferia palavras arrogantes” – Dan 7,4-8). Esses “quatro animais” evocam a sucessão dos impérios humanos… O primeiro seria o império neo-babilónico, o segundo representaria o império dos medos, o terceiro referir-se-ia ao império persa e o quarto seria o império grego de Alexandre, do qual os reis selêucidas eram os herdeiros directos. Os “dez chifres” desse quarto animal referem-se a uma série de dez reis que se sucederam uns aos outros; e o décimo primeiro chifre, mais pequeno do que os outros, seria, seguramente, Antíoco IV Epífanes, o rei perseguidor do Povo de Deus.

Em paralelo com o quadro histórico destes impérios – todos eles conotados com o mal, com o imperialismo, com a opressão, com a perseguição ao Povo de Deus – o autor coloca, numa outra cena, “um ancião” com os cabelos e as vestes brancos “como a neve; sentado num trono feito de chamas e servido “por milhares e dezenas de milhares”, esse “ancião” decretou a morte do décimo primeiro “chifre”, bem como o fim do poderio dos “quatro animais” (Dan 7,9-12). É precisamente aqui que começa a cena descrita pelo texto da nossa primeira leitura: a entronização do “Filho do Homem” (Dan 7,13-14).



MENSAGEM



A “visão” descrita por Daniel desde 7,1 amplia-se, agora, com o aparecimento de um “filho de homem”. Ao contrário dos “animais” apresentados nos versículos anteriores (que vêm do mar – na simbólica judaica, o reino do mal, da desordem, do caos, das forças que se opõe a Deus e à felicidade do homem), esse “filho de homem” aparece “sobre as nuvens do céu” (vers. 13) e tem, portanto, uma origem transcendente. Ele vem de Deus e pertence ao mundo de Deus.

O “filho de homem” recebe de Deus um reino com as dimensões do universo (“todos os povos e nações O serviram” – vers. 14) e um poder que não é limitado pelo tempo, nem pela finitude que caracteriza os reinos humanos (“o seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído” – vers. 14).

Com o anúncio do aparecimento “sobre as nuvens” desse “filho de homem”, o autor do Livro de Daniel anuncia aos crentes perseguidos por Antíoco IV Epífanes a chegada de um tempo em que Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a crueza, a voracidade, a ferocidade, a violência (os reinos dos “quatro animais”), que oprimem os homens; em contrapartida, Deus vai devolver à história a sua dimensão de “humanidade”, possibilitando que os homens sejam livres e vivam na paz e na tranquilidade.

Para a teologia judaica, esse “filho de homem” que há-de chegar para instaurar o “reino de Deus” sobre a terra será o Messias (o “ungido”) de Deus. A sua intervenção irá pôr fim à perseguição dos justos e possibilitar a vitória dos santos sobre as forças da opressão e da morte. É esta esperança que anima os corações dos crentes na época imediatamente anterior à chegada de Jesus.

De acordo com vários textos neo-testamentários, Jesus aplicará esta imagem do “filho de homem que vem sobre as nuvens” à sua própria pessoa. Ao ser interrogado pelo sumo-sacerdote Caifás, Jesus assumirá claramente que é “o Messias, o Filho de Deus bendito”, o “Filho do Homem sentado à direita do Poder”, que virá “sobre as nuvens do céu” (Mc 14,61-62). A catequese cristã primitiva retomará esta imagem para sublinhar a glória de Cristo e o poder soberano de Cristo sobre a história humana (cf. Act 7,55-56). Para os cristãos, Cristo é, efectivamente, esse “filho de homem” anunciado em Dan 7, que irá libertar os santos das garras do poder opressor e instaurar o reino definitivo da felicidade e da paz.



ACTUALIZAÇÃO



• O texto que nos é proposto como primeira leitura na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, aparece inserido numa reflexão mais ampla sobre a história e sobre os valores sobre os quais são construídos os impérios humanos. Os reinos construídos pelos homens baseiam-se, frequentemente, num poder arrogante e são geradores de exploração, de miséria, de violência. Trata-se de uma realidade que os modernos impérios perpetuam e que, hoje como ontem, marca a história humana. A humanidade estará, irremediavelmente, condenada a viver sob o domínio da injustiça e da opressão? Nunca nos libertaremos desse ciclo de morte? Deus assiste, indiferente e de braços cruzados, a esta dinâmica de violência e de violação dos direitos mais elementares dos povos e das nações? O “profeta” autor do Livro de Daniel acredita que o reino do mal não será eterno e que Deus intervém na história para destruir essas forças de morte que impedem os homens de alcançar a liberdade, a paz, a vida plena. Numa época em que os imperialismos, os fundamentalismos, os colonialismos, a cegueira dos líderes das nações poderosas multiplicam o sofrimento de tantos homens e mulheres, a profecia de Daniel convida-nos à esperança e à confiança: Deus não abandona o seu Povo em marcha pela história e saberá derrubar todos os poderes humanos que impedem a realização plena do homem.



• O anúncio de um “filho de homem” que virá “sobre as nuvens” para instaurar um reino que “não será destruído” leva-nos a Jesus. Ele veio ao encontro dos homens para lhes propor uma nova ordem, em que os pobres, os débeis, os fracos, os marginalizados, aqueles que não podem fazer ouvir a sua voz nos grandes areópagos internacionais não mais serão humilhados e espezinhados. Jesus introduziu na história uma nova lógica, substituindo a lógica do orgulho e do egoísmo, por uma lógica de amor, de serviço, de doação. É verdade que, mais de dois mil anos depois do nascimento de Jesus, esse reino ainda não se tornou uma realidade plena na nossa história; contudo, o reino proposto por Jesus está presente na vida do mundo, como uma semente a crescer ou como o fermento a levedar a massa. Compete-nos a nós, discípulos de Jesus, fazer com que esse reino seja, cada vez mais, uma realidade bem viva, bem presente, bem actuante no nosso mundo.





SALMO RESPONSORIAL – Salmo 92 (93)



Refrão: O Senhor é rei num trono de luz.



O Senhor é rei,

revestiu-Se de majestade,

revestiu-Se e cingiu-Se de poder.



Firmou o universo, que não vacilará.

É firme o vosso trono desde sempre,

Vós existis desde toda a eternidade.



Os vossos testemunhos são dignos de toda a fé,

a santidade habita na vossa casa

por todo o sempre.





LEITURA II – Ap 1,5-8






Leitura do Apocalipse



Jesus Cristo é a Testemunha fiel,

o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra.

Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado

e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus seu Pai,

a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amen.

Ei-l’O que vem entre as nuvens,

e todos os olhos O verão, mesmo aqueles que O trespassaram;

e por sua causa hão-de lamentar-se todas as tribos da terra.

Sim. Amen.

«Eu sou o Alfa e o Ómega», diz o Senhor Deus,

«Aquele que é, que era e que há-de vir,

o Senhor do Universo».



AMBIENTE



“Apocalipse” significa “manifestação de algo que está oculto”. O nosso “Livro do Apocalipse” – do qual é retirado o trecho da nossa segunda leitura – é um livro que se apresenta como uma “revelação” sobre “as coisas que brevemente devem acontecer” (Ap 1,1) e que um tal João, exilado na ilha de Patmos (uma pequena ilha do Mar Egeu) por causa da sua fé, tem por missão comunicar aos seus irmãos na fé.

Estamos na fase final do reinado do imperador Domiciano (à volta do ano 95). As comunidades cristãs da Ásia Menor vivem numa grave crise interna, resultante das heresias, da falta de entusiasmo, da tibieza, da indiferença, do medo de dar testemunha da própria fé. Por outro lado, há também uma crise que resulta de causas externas, sobretudo da violenta perseguição que o imperador ordenou contra os cristãos: muitos seguidores de Jesus eram condenados e assassinados e outros, cheios de medo, abandonavam o Evangelho e passavam para o lado do império. Na comunidade dizia-se: “Jesus é o Senhor”; mas lá fora, quem mandava mesmo, como senhor todo-poderoso, era o imperador de Roma.

É neste contexto de crise, de perseguição, de medo e de martírio que vai ser escrito o Apocalipse. O objectivo do autor é levar os crentes a revitalizarem o seu compromisso com Jesus e a não perderem a esperança. Nesse sentido, o autor do livro começa por fazer um convite à conversão (primeira parte – Ap 1-3); passa, depois, a apresentar uma leitura profética da história humana, que dá conta da vitória final de Deus e dos seus fiéis sobre as forças do mal (segunda parte – Ap 4-22). Estes conteúdos são apresentados com o recurso sistemático ao símbolo (como é típico da literatura apocalíptica), o que torna este livro estranho e difícil mas, ao mesmo tempo, muito belo e interpelante.

O texto da segunda leitura de hoje apresenta-nos alguns dos primeiros versículos do Livro do Apocalipse. Trata-se de uma espécie de introdução litúrgica, onde se apresenta o diálogo litúrgico entre um leitor e a comunidade cristã reunida para escutar uma proclamação. Neste diálogo, a comunidade é convidada a aceitar Cristo como o centro da história humana, a razão de ser da comunidade, a coordenada fundamental à volta da qual se estrutura e organiza toda a vida cristã.



MENSAGEM



O leitor começa por apresentar Jesus à comunidade reunida para celebrar o seu Senhor, recorrendo a três títulos cristológicos (vers. 5a) que deviam fazer parte da catequese da comunidade joânica: “testemunha fiel”, “primogénito dos mortos”, “príncipe dos reis da terra”. Jesus é a “testemunha fiel” porque, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos de serviço, de amor e de doação, com a sua entrega até à morte, testemunhou, de forma perfeita, o que Deus queria revelar aos homens e mostrou aos homens o rosto do Deus-amor. Jesus é o “primogénito dos mortos”, porque foi o primeiro a vencer a morte e o pecado e demonstrou-nos, com essa vitória, que quem vive nos caminhos de Deus não será vencido pela morte, mas está destinado à vida eterna. Jesus é o “príncipe dos reis da terra”, porque inaugurou uma nova forma de ser e um reino novo, de vida e de felicidade sem fim.

Depois de escutar esta proclamação, a comunidade, reconhecida, louva o seu Senhor: “àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amén” (vers. 5b-6). Os membros da comunidade cristã têm consciência de que a entrega de Jesus na cruz é expressão do amor sem medida com que Ele ama todos os homens… Porque ama, Jesus libertou os homens do egoísmo e do pecado; porque ama, Jesus convidou os homens a integrar um reino novo, de amor e de paz; porque ama, Jesus associou os homens à sua missão, tornando-os sacerdotes que oferecem a Deus o culto das suas próprias vidas. Jesus inseriu os homens numa dinâmica de vida nova, aproximou-os de Deus, convidou-os a integrar a família de Deus. A comunidade cristã, consciente desta realidade, manifesta no culto o seu reconhecimento.

A “liturgia” prossegue com o leitor a recordar à comunidade reunida que Jesus há-de vir ao encontro dos seus, cheio de poder e majestade, a fim de inaugurar uma nova era de vida e de paz sem fim (“entre as nuvens” – vers. 7. A imagem é tirada do Antigo Testamento e está associada às manifestações de Deus. No Livro de Daniel – cf. Dan 7,13 – o “filho de homem” que aparece sobre as nuvens está associado à vitória de Deus sobre os reinos e os poderes do mundo). Recorda-se, assim, aos crentes que a última palavra nunca é dos maus e dos perseguidores, mas sim de Deus. Por outro lado, todos os homens poderão ver o coração trespassado de Cristo (vers. 7a.b) e tomarão consciência de quanto Ele ama os homens. A vitória de Cristo concretizar-se-á através do seu amor, feito dom a todos os homens, sem excepção.

A comunidade manifesta a sua adesão a Cristo e às verdades proclamadas respondendo: “sim. Amén” (vers. 7c).

O leitor conclui a sua apresentação de Jesus, definindo-O como o princípio e o fim de todas as coisas (o “alfa” e o “ómega”, a primeira e a última letra do alfabeto grego), Aquele que é Senhor da História e que abarca a totalidade do tempo (“Aquele que é, que era e que há-de vir” – vers. 8). Os cristãos que participam nesta “liturgia” percebem, assim, que podem confiar incondicionalmente nesse Jesus que é a referência fundamental da história humana; e percebem, também, que são convidados a fazer de Jesus o centro das suas vidas.



ACTUALIZAÇÃO



• A figura de Jesus que é proposta à comunidade pelo autor do nosso texto é a figura do Senhor do Tempo e da História, princípio e fim de todas as coisas; é a figura do “príncipe dos reis da terra”, que há-de vir “por entre as nuvens” cheio de poder, de glória e de majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, de vida e de paz. Esta imagem de Jesus apela à confiança e à esperança: sejam quais forem as circunvoluções e as derrapagens da história humana, o caminho dos homens não será um caminho sem saída, destinado ao fracasso; mas será um caminho que desembocará inevitavelmente nesse reino novo de vida e de paz sem fim que Jesus veio anunciar e propor.



• A acção de Jesus como Senhor da História não se concretizará, contudo, numa lógica de poder, de autoridade, de força, à imagem dos reis da terra. Na sua catequese, o autor do Livro do Apocalipse sublinha o amor de Jesus, manifestado no dom da vida para libertar os homens do egoísmo e do pecado, para os inserir numa dinâmica de vida nova, para os integrar na família de Deus. Jesus, o nosso rei, é um rei que ama os seus com um amor sem limites e que, por amor, ofereceu a sua vida em favor da liberdade e da realização plena do homem. Neste dia em que celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, somos convidados (com as comunidades a quem o Livro do Apocalipse se destinava) a agradecer pelo amor de Jesus que nos libertou do egoísmo e da morte; e somos convidados, também, a ter a mesma atitude de Jesus, substituindo os esquemas de egoísmo, de poder e de prepotência, pelo amor que se faz doação e serviço aos homens.



• Na apresentação feita pelo autor do Livro do Apocalipse, os crentes são convidados a ver Jesus como o centro da história e a fazerem d’Ele a coordenada fundamental à volta da qual se constrói a existência humana, em geral, e a existência cristã, em particular. Jesus é, efectivamente, o centro da história humana? Que impacto tem a sua proposta na construção do nosso mundo? Jesus está, efectivamente, no centro das nossas comunidades cristãs? Ele é a referência fundamental para os crentes? Os seus valores, os seus ensinamentos condicionam a vida dos crentes, a sua forma de ver o mundo, os compromissos que eles assumem com os outros homens?





ALELUIA – Mc 11,9.10



Aleluia. Aleluia.



Bendito o que vem em nome do Senhor,

bendito o reino do nosso pai David.





EVANGELHO – Jo 18,33b-37



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João



Naquele tempo,

disse Pilatos a Jesus:

«Tu és o Rei dos judeus?»

Jesus respondeu-lhe:

«É por ti que o dizes,

ou foram outros que to disseram de Mim?»

Disseram-Lhe Pilatos:

«Porventura eu sou judeu?

O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim.

Que fizeste?»

Jesus respondeu:

«O meu reino não é deste mundo.

Se o meu reino fosse deste mundo,

os meus guardas lutariam

para que Eu não fosse entregue aos judeus.

Mas o meu reino não é daqui».

Disse-Lhe Pilatos:

«Então, Tu és Rei?»

Jesus respondeu-lhe:

«É como dizes: sou Rei.

Para isso nasci e vim ao mundo,

a fim de dar testemunho da verdade.

Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».



AMBIENTE



O Evangelho da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, apresenta-nos uma cena do processo de Jesus diante de Pontius Pilatus, o governador romano da Judeia. Para trás havia já ficado o frente a frente de Jesus com os líderes judaicos, nomeadamente com Anás (sogro de Caifás, o sumo-sacerdote; Anás, apesar de ter deixado o cargo de sumo-sacerdote, continuava a ser um personagem muito influente e foi ele, provavelmente, quem liderou o processo contra Jesus – cf. Jo 18,12-14.19-24).

Pontius Pilatus, o interlocutor romano de Jesus, governou a Judeia e a Samaria entre os anos 26 e 36. As informações de Flávio Josefo e de Fílon apresentam-no como um governante duro e violento, obstinado e áspero, culpado de ordenar execuções de opositores sem um processo legal. As queixas de excessiva crueldade apresentadas contra ele pelos samaritanos no ano 35 levaram Vitélio, o legado romano na Síria, a tomar posição e a enviá-lo a Roma para se explicar diante do imperador. Pontius Pilatus foi deposto do seu cargo de governador da Judeia logo a seguir.

Curiosamente, o autor do Quarto Evangelho descreve Pontius Pilatus como um homem fraco, indeciso e volúvel, uma espécie de marioneta habilmente manobrada pelos líderes judaicos. Esta apresentação – que contradiz os dados deixados pelos historiadores da época – não deve ter grandes bases históricas: deve ser, apenas, uma tentativa de livrar os romanos de qualquer culpa no processo de Jesus. Na época em que o autor do Quarto Evangelho escreve (por volta do ano 100), não era conveniente para os cristãos acusar Roma, afirmando a sua responsabilidade no processo que levou Jesus à morte. Assim, os escritores cristãos da época preferiram branquear o papel do poder imperial e, por outro lado, fazer recair sobre as autoridades judaicas toda a culpa pela condenação de Jesus.



MENSAGEM



O interrogatório de Jesus começa com uma pergunta directa, posta por Pontius Pilatus (vers. 33b): «Tu és o Rei dos judeus?» Este início de interrogatório revela qual era a acusação apresentada pelas autoridades judaicas contra Jesus: Ele tinha pretensões messiânicas; pretendia restaurar o reino ideal de David e libertar Israel dos opressores. Esta linha de acusação vê em Jesus um agitador político empenhado em mudar o mundo pela força, que fundamenta as suas pretensões e a sua acção no poder das armas e na autoridade dos exércitos. Esta acusação tem fundamento? Jesus aceita-a?

A resposta de Jesus situa as coisas na perspectiva correcta. Ele assume-se como o messias que Israel esperava e confirma, claramente, a sua qualidade de rei; no entanto, descarta qualquer parecença com esses reis que Pontius Pilatus conhece (vers. 36). Os reis deste mundo apoiam-se na força das armas e impõem aos outros homens o seu domínio e a sua autoridade; a sua realeza baseia-se na prepotência e na ambição e gera opressão, injustiça e sofrimento… Jesus, em contrapartida, é um prisioneiro indefeso, traído pelos amigos, ridicularizado pelos líderes judaicos, abandonado pelo povo; não se impõe pela força, mas veio ao encontro dos homens para os servir; não cultiva os próprios interesses, mas obedece em tudo à vontade de Deus, seu Pai; não está interessado em afirmar o seu poder, mas em amar os homens até ao dom da própria vida… A sua realeza é de uma outra ordem, da ordem de Deus. É uma realeza que toca os corações e que, em vez de produzir opressão e morte, produz vida e liberdade. Jesus é rei e messias, mas não vai impor a ninguém o seu reinado; vai apenas propor aos homens um mundo novo, assente numa lógica de amor, de doação, de entrega, de serviço.

A declaração de Jesus causa estranheza a Pontius Pilatus. Ele não consegue entender que um rei renuncie ao poder e à força e fundamente a sua realeza no amor e na doação da própria vida. A expressão posta na boca de Pontius Pilatus «então, Tu és Rei» (vers. 37a) parece uma “deixa” de alguém para quem as declarações do seu interlocutor não são claras e que conserva a porta aberta a ulteriores explicações… Na sequência, Jesus confirma a sua realeza e define o sentido e o conteúdo do seu reinado.

A realeza de que Jesus Se considera investido por Deus consiste em «dar testemunho da verdade» (vers. 37b). Para o autor do Quarto Evangelho, a “verdade” é a realidade de Deus. Essa “verdade” manifesta-se nos gestos de Jesus, nas suas palavras, nas suas atitudes e, de forma especial, no seu amor vivido até ao extremo do dom da vida. A “verdade” (isto é, a realidade de Deus) é o amor incondicional e sem medida que Deus derrama sobre o homem, a fim de o fazer chegar à vida verdadeira e definitiva. Essa “verdade” opõe-se à “mentira”, que é o egoísmo, o pecado, a opressão, a injustiça, tudo aquilo que desfeia a vida do homem e o impede de alcançar a vida plena. A “realeza” de Jesus concretiza-se, por um lado, na luta contra o egoísmo e o pecado que escravizam o homem e que o impedem de ser livre e feliz; por outro lado, a realeza de Jesus consuma-se na proposição de uma vida feita amor e entrega a Deus e aos irmãos. Esta meta não se alcança através de uma lógica de poder e de força (que só multiplicam as cadeia de mentira, de injustiça, de violência); mas alcança-se através do amor, da partilha, do serviço simples e humilde em favor dos irmãos. É esse “reino” que Jesus veio propor; é a esse “reino” que Ele preside.

A proposta de Jesus provoca uma resposta livre do homem. Quem escuta a voz de Jesus adere ao seu projecto e se compromete a segui-l’O, renuncia ao egoísmo e ao pecado e faz da sua vida um dom de amor a Deus e aos irmãos (vers. 37c). Passa, então, a integrar a comunidade do “Reino de Deus”.



ACTUALIZAÇÃO



• As declarações de Jesus diante de Pontius Pilatus não deixam lugar a dúvidas: Ele é “rei” e recebeu de Deus, como diz a primeira leitura, “o poder, a honra e a realeza” sobre todos os povos da terra. Ao celebrarmos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, somos convidados, antes de mais, a descobrir e interiorizar esta realidade: Jesus, o nosso rei, é princípio e fim da história humana, está presente em cada passo da caminhada dos homens e conduz a humanidade ao encontro da verdadeira vida. Os inícios do séc. XXI estão marcados por uma profunda crise de liderança a nível mundial. Os grandes líderes das nações são, frequentemente, homens com uma visão muito limitada do mundo, que não se preocupam com o bem da humanidade e que conduzem as suas políticas de acordo com lógicas de ambição pessoal ou de interesses particulares. Sentimo-nos, por vezes, perdidos e impotentes, arrastados para um beco sem saída por líderes medíocres, prepotentes e incapazes… Esta constatação não deve, no entanto, lançar-nos no desânimo: nós sabemos que Cristo é o nosso rei, que Ele preside à história e que, apesar das falhas dos homens, continua a caminhar connosco e a apontar-nos os caminhos da salvação e da vida.



• No entanto, a realeza de Jesus não tem nada a ver com a lógica de realeza a que o mundo está habituado. Jesus, o nosso rei, apresenta-Se aos homens sem qualquer ambição de poder ou de riqueza, sem o apoio dos grupos de pressão que fazem os valores e a moda, sem qualquer compromisso com as multinacionais da exploração e do lucro. Diante dos homens, Ele apresenta-se só, indefeso, prisioneiro, armado apenas com a força do amor e da verdade. Não impõe nada; só propõe aos homens que acolham no seu coração uma lógica de amor, de serviço, de obediência a Deus e aos seus projectos, de dom da vida, de solidariedade com os pobres e marginalizados, de perdão e tolerância. É com estas “armas” que Ele vai combater o egoísmo, a auto-suficiência, a injustiça, a exploração, tudo o que gera sofrimento e morte. É uma lógica desconcertante e incompreensível, à luz dos critérios que o mundo avaliza e enaltece. A lógica de Jesus fará sentido? O mundo novo, de vida e de felicidade plena para todos os homens nascerá de uma lógica de força e de imposição, ou de uma lógica de amor, de serviço e de dom da vida?



• Nós, os que aderimos a Jesus e optámos por integrar a comunidade do Reino de Deus, temos de dar testemunho da lógica de Jesus. Mesmo contra a corrente, a nossa vida, as nossas opções, a forma de nos relacionarmos com aqueles com quem todos os dias nos cruzamos, devem ser marcados por uma contínua atitude de serviço humilde, de dom gratuito, de respeito, de partilha, de amor. Como Jesus, também nós temos a missão de lutar – não com a força do ódio e das armas, mas com a força do amor – contra todas as formas de exploração, de injustiça, de alienação e de morte… O reconhecimento da realeza de Cristo convida-nos a colaborar na construção de um mundo novo, do Reino de Deus.



• A forma simples e despretensiosa como Jesus, o nosso Rei, Se apresenta, convida-nos a repensar certas atitudes, certas formas de organização e certas estruturas que criamos… A comunidade de Jesus (a Igreja) não pode estruturar-se e organizar-se com os mesmos critérios dos reinos da terra… Deve interessar-se mais por dar um testemunho de amor e de solidariedade para com os pobres e marginalizados do que em controlar as autoridades políticas e os chefes das nações; deve preocupar-se mais com o serviço simples e humilde aos homens do que com os títulos, as honras, os privilégios; deve apostar mais na partilha e no dom da vida do que na posse de bens materiais ou na eficiência das estruturas. Se a Igreja não testemunhar, no meio dos homens, essa lógica de realeza que Jesus apresentou diante de Pontius Pilatus, está a ser gravemente infiel à sua missão.





ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 34º DOMINGO DO TEMPO COMUM



(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)



1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

Ao longo dos dias da semana anterior ao 34º Domingo do Tempo Comum (Solenidade de Cristo Rei), procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.



2. BILHETE DE EVANGELHO.

Dois homens presentes para um processo: Pilatos e Jesus. O primeiro tem uma autoridade que vem dos homens, tem um poder sobre eles, é ele, em último grau, que decide sobre a vida de Jesus, libertação ou condenação à morte. Mas Pilatos exerce o seu poder sob o medo, a verdade mete-lhe medo. Face a este homem, Jesus apresenta-Se com a fraqueza de um condenado, a sua única força é o testemunho que presta à verdade. Jesus desarma Pilatos que pergunta: «que é a Verdade?». Este rei sem exército, com uma coroa de espinhos na cabeça, revestido de um manto vermelho, só pede uma coisa: que se escute a sua voz a fim de se pertencer como Ele à verdade. O drama que se desenrola no palácio de Pilatos é o drama da humanidade que procura onde está a verdade. Por vezes, ela vira-se para os poderosos deste mundo, que não sabem que só um pôde dizer «Eu sou a Verdade!» e que só a verdade nos pode tornar livres.



3. À ESCUTA DA PALAVRA.

«Eu vim ao mundo para dar testemunho da verdade». E que é a verdade? – pergunta Pilatos. E nós também… Tantas formas de ver a verdade, mesmo nas religiões… Cada um procura fabricar a sua pequena verdade pessoal… Porém, a verdade só se pode encontrar em Jesus. Ele veio para olhar os homens à luz do olhar de seu Pai, para testemunhar esse olhar. Jesus pôde dizer “Eu sou a Verdade”, porque seu Pai encarregou-O de chegar a cada ser humano na última profundidade do ser. Só o olhar do Pai pode dizer a última verdade de cada ser. Este olhar só pode ser amor infinito. Eis porque Jesus não pode condenar ninguém, nem sequer Pilatos, nem os seus carrascos. Cristo Rei do universo? Sim, sob a condição de não se esquecer que o seu Reino não é somente o amor da verdade. É primeiramente a Verdade do Amor.



4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…

Balanço anual… Acabar um ano é também dar graças por tudo aquilo que pudemos viver. Individualmente, em família e em comunidade, fazer o balanço do ano que passou… Recordar alguns momentos concretos do ano litúrgico que marcaram o dinamismo do crescimento da fé, a nível pessoal e comunitário…





UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS



PROPOSTA PARA



ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS

Grupo Dinamizador:


P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho


Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)


Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal


Tel. 218540900 – Fax: 218540909


scj.lu@netcabo.pt – www.dehonianos.org

http://ecclesia.pt/
 
Recolha e transcrição por António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...