90 Santos e Beatos
Nº 921
Honorato (ou Onorato) de Amiens, Santo
Bispo
Honorato de Amiens, Santo
É um nome latino (Honoratus) que significa em primeiro lugar "pessoa a que se honra por seus merecimentos".E como derivado deste, chegamos ao significado de "honrado" que nos é mais familiar. Teve que ser nos primeiros tempos do cristianismo um sobrenome bastante frequente, convertido logo em nome, posto que aparecem no santoral até oito santos assim chamados, sem contar o feminino Honorata, com cujo nome temos uma santa (irmã de Santo Epifânio) que morreu em Pavía no ano 1500 e Santo Honório, nome da mesma raiz latina e que soa assimilar-se com o de Honorato. Santo Honorato, padroeiro dos padeiros, foi bispo da localidade francesa de Amiens lá pelo século VI. Nasceu em Port-le-Grand, em Pothieu, não se conhecendo com exactidão em que data concreta, e morreu na mesma localidade em 16 de Maio na primeira metade do século VII (em redor de 650). Era membro de uma das famílias mais importantes do país e praticou desde a infância a virtude. Foi São Beato seu mestre e seu guia espiritual, e falecido seu prelado, e em atenção a suas altas virtudes foi escolhido para lhe suceder, pese a sua forte resistência, já que não acreditava merecer tal honra. Segundo conta a tradição, durante sua consagração, Deus quis confirmar-lhe com um prodígio, e os assistentes viram descender sobre sua cabeça um raio divino e um azeite misterioso. Quando se soube em Port-le-Grand que havia sido proclamado ao episcopado, sua ama, que estava nesses momentos cozendo pão na casa paterna, acolheu a boa nova com completa incredulidade, e disse que só acreditaria se a requeimada pá para meter no forno que tinha na mão deitasse raízes e se convertesse em árvore. Fiel a sua palavra, em continuação plantou no pátio da casa a pá, que se converteu numa amoreira que cedo deu flores e frutos. Todavia no século XVI se seguia ensinando esta árvore na casa paterna de Santo Honorato. Desde então, floristas e padeiros se disputaram o santo patrono. Voltando à vida do santo, depois de se ter produzido o milagre, se conta-se que durante seu episcopado foi honrado com outros sucessos extraordinários, tais como a invenção dos corpos dos santos Fuscio, Victorico e Genten, que haviam permanecido ocultos dos fieis mais de trezentos anos. Dizem também de Santo Honorato, que seu bispado foi significativo por uma série de prodígios que demonstraram sua santidade, sendo, além disso especialmente distinguido pelo Senhor. Segue a lenda atribuindo a este santo numerosos milagres durante sua vida e depois de sua morte. Muitos séculos depois de seu falecimento, para socorrer as necessidades do povo em épocas de terrível seca, o bispo Guy, filho do conde de Amiens, ordenou uma procissão geral em que se levou a urna com o corpo do santo à volta dos muros da cidade, conseguindo-se, no fim, a chuva tão desejada e necessária. São-lhe atribuídos ao longo dos séculos uma infinidade de milagres, os paralíticos andavam, os surdos ouviam, os cegos viam e os prisioneiros recobraram a liberdade.Santo Honorato assinalava claramente aos moleiros e aos padeiros como seus protegidos. O culto a Santo Honorato transbordou os limites do bispado e se estendeu, primeiro, por todo o país, e mais tarde, mais além das fronteiras. Em 1202, o padeiro Renold Theriens, deu em París uns terrenos para construir uma capela em honra do santo. Mais tarde, esta chegou a ser uma das mais ricas de París, dando lugar aliás à Rue e ao Faubourg Saint Honoré, uma das ruas mais simpáticas e buliçosas da capital galesa. Em 1400, os padeiros de París estabeleceram sua confraria na igreja de Santo Honorato, celebrando desde então sua festa patronal em 16 de maio e propagando esta devoção e patronato por todo o mundo. Era tão grande esta devoção, que em 1659, Luis XIV precisa que cada padeiro "deve observar a festa de Santo Honorato, assistir no dia 16 de maio ao serviço divino e pagar todos os domingos uma retribuição para subvencionar as despesas da comunidade". De todas formas, nem em todos os lugares de religião cristã ou católica, os padeiros rendem culto a Santo Honorato. Em outros sítios o foi São Ludardo, que no século XIII, exerceu a profissão de padeiro; em Saint-Denis o é Santo Illes, porque seu nome em grego, significa trigo; na Flandres e em diversas localidades belgas é Santo Ambert, bispo de Cambrai, porque um padeiro foi curado por sua mediação; em Valência é a Virgen de la Merced; em Castellón, Nuestra Sra. De Lidón; em Zaragoza, Santa Rita de Cassia. Sem embargo, nem sempre o há sido, em Barcelona, foram também patronos dos padeiros Santo Gim e São João do Pão. Ainda que haja lugares concretos onde não seja Santo Honorato patrono dos padeiros, o certo é que para quase todo o mundo cristão, não cabe lugar a dúvidas, a quem se deve venerar. Em 16 de maio tem sido e o será sempre o dia em que os padeiros festejam seu patronato.
• Ubaldo Baldassini de Gubbio, Santo
Bispo
Ubaldo Baldassini de Gubbio, Santo
Nascido de nobre berço em Gubbio, Umbría, Itália. Perdeu a seu pai quando era muito jovem, foi educado pelo prior da Igreja Catedral de sua cidade natal, onde foi canónico regular. Desejando servir a Deus com maior regularidade, passou ao mosteiro de São Segundo da mesma cidade, onde permaneceu alguns anos. Chamado de volta por seu bispo regressou ao mosteiro da Catedral, onde foi feito prior. Foi nomeado bispo de Gubbio pelo papa Honório II. Durante seu governo pastoral se distinguiu por sua grande paciência e a notável frugalidade de sua vida. Sua presença salvou a cidade de ser saqueada por Federico Barbarroja. Morreu no ano 1160. No dia 16 de Maio se celebra a festividade de Santo Ubaldo, sendo padroeiro de Gubbio, também se celebra sua festividade em Jessup, Pensilvânia, Estados Unidos. A devoção para com o santo é muito grande em toda a Umbria e especialmente em Gubbio, onde em todas as famílias há ao menos algum membro com o nome de Ubaldo. A festividade de seu padroeiro se celebra pelos habitantes com grande solenidade.
• Brendan (ou Brendano) de Cluain Ferta, O Navegante, Santo
Monge
Brendan o Navegante, Santo
Pertencente à tribo dos altraiges de Kilkenny, descendente da estirpe de Edganacht, perto de Tralee, no Condado de Kerry pelo ano 460. Foi batizado pelo bispo Erc de Dungarvan, no Condado de Waterford que se assegurou de que um ano mais tarde Brendan fosse entregue ao cuidado de Santo Ita em Killeedy. Com a idade de dezasseis anos Brendan voltou com Erc, que continuou sua educação por vários anos mais, antes de comprazer o desejo do rapaz de o deixar marchar para estudar sob a custódia de outros homens santos. Erc, posteriormente voltaria a requerer para “ordenar a seu pupilo como sacerdote”, e Brendan voltou para esta cerimónia. Entre os santos irlandeses visitados por Brendan estavam Finnian de Clonard, Enda de Aran e Jarlath de Tuam. Imediatamente Brendan atraiu a seus discípulos e estabeleceram um número de mosteiros na Irlanda. O mais famoso será Clonfert, no Condado de Galway, que foi fundado em redor do ano 560, já no final da vida do santo. Clonfert se converteu numa das escolas monásticas maiores de Irlanda e aguentou até ao século XVI. Seus biógrafos dizem que seu regulamento fundacional, chamado a regra, lhe foi ditada por um anjo. O facto é que o mosteiro cresceu estendendo-se sua fama mais além da ilha. A fama de navegante e descobridor de terras para a fé fez crescer sua popularidade rapidamente. Chegou a albergar a 3.000 monges irlandeses, escoceses, ingleses, galeses, bretões e do resto do continente. Também fundou mosteiros no Condado de Kerry, em Ardfert, perto de Tralee, ao pé do Monte Brandon, com o mesmo êxito. Posteriormente continuou seu ministério por 3 anos em Inglaterra e Gales fundando centros de fé. A seu regresso a Irlanda prosseguiu sua atividade fundadora. De seus últimos dias legou escritos sobre a Vida e os Tempos de Santa Brígida. Hoje - na catedral de São Brendan de Clonfert -pode contemplar-se a portada construída num magnífico Românico. Brendan também fundou um convento em Annaghdown, no Condado de Galway, que foi regido por sua irmã. Muitos lugares de Irlanda ocidental se correspondem com toponímicos do santo, incluindo o Monte Brandon no condado de Kerry. Também se associa o nome de Brendan a um número de sítios monásticos perto do rio Shannon e em redor da costa oeste de Irlanda. Além disso, viajou a Escócia fundando um mosteiro em Arran e visitando outras ilhas. Se narra que pode haver conhecido a Santa Columba na ilha de Hynba, na Escócia, e que acompanharia ao monge galês Santo Malo até Bretanha. Poderia haver permanecido em Llancarfan, no mosteiro Galés fundado por Santo Cadoc. Faleceu em redor do ano 577 em Annaghdown (Enach Duin); e enterrado em Clonfert, Irlanda. É o santo patrono dos barqueiros, das dioceses de Clonfert e Kerry, dos viajantes e dos marinheiros.
• Simón (ou Simone) Stock, Santo
Carmelita
Simón Stock, Santo
Recebeu da Santíssima Virgem o Escapulário Carmelita
Nasceu pelo ano de 1165, no condado de Kent, de família nobre e cristã. Conta-se que na idade de doze anos deixou os seus e foi viver vinte anos como eremita, abrigando-se na cavidade dum carvalho; daí o cognome de “Stock”. Em 1213, entrou na Ordem do Carmo, que pouco antes se estabelecera na Inglaterra. Em 1215, subiu à dignidade de vigário geral das províncias ocidentais. Viu o papa em Roma, em 1226, depois assistiu ao capitulo geral da sua ordem na Terra Santa, em 1237, e voltou a Inglaterra em 1245. Foi então que o elegeram geral da Ordem. Durante o ano de 1251, teve uma visão: a Santíssima Virgem apareceu-lhe, entregou-lhe o escapulário do Carmo e revelou-lhe que os que viessem a morrer com ele escapariam às penas do inferno. Foi durante uma visita das casas da sua Ordem situadas em França que ele caiu doente. Morreu em Bordéus, em 1265. Nicolau III permitiu celebrar-se o seu oficio na Igreja dos carmelitas de Bordéus e, no princípio do século XII, Paulo V alargou a licença a todos os conventos da Ordem. S. Simão Stock escreveu um opúsculo sobre a penitência cristã, cartas a carmelitas, homilias, preceitos litúrgicos e duas antífonas da Santíssima Virgem. (Ver também: 16 de Julho, Nossa Senhora do Carmo). www.jesuitas.pt
• André Bobola, Santo
Mártir
Andrés Bobola, Santo
Junto à cidade de Pultondsk, na Masóvia, nasceu em 1590 Santo André Bobola, oriundo de uma das mais antigas famílias da Polónia. Desde muito pequenino se notaram nele indícios dos singulares dons com que Deus lhe tinha adornado a alma. Na adolescência, as provas de virtude foram tão superiores à idade que os mestres o propunham por modelo aos condiscípulos. Quando contava vinte e um anos de idade, renunciando aos esplendores de sua casa e às glórias que o mundo prometia brindar-lhe, abraçou a vida religiosa, na Companhia de Jesus. Feitos os estudos de filosofia e teologia, empregou-se algum tempo na educação da juventude nos colégios, ministério para o qual era dotado de prendas singulares. Porém, a partir de 1625 a sua principal ocupação foi a de pregador, na qual perseverou mais de trinta anos. O teatro onde sobretudo se exercitou o seu zelo foi o reino da Lituânia, que percorreu quase todo, espalhando a semente da palavra divina. De todos era extraordinariamente benquisto, principalmente pela admirável afabilidade com que acolhia e tratava os que a ele se dirigiam. Durante os poucos anos que nos colégios se ocupou na formação da mocidade, foi muito considerável o número de alunos que, inflamados no amor da vida religiosa com as conversas do P. Bobola, renunciaram ao mundo para entrarem em várias ordens religiosas. Depois, na vida de missionário, com esta natural afabilidade conseguiu arrancar a muitos nobres à heresia e trazê-los, de uma vida de pecado e de escândalo, a um proceder verdadeiramente honesto e cristão. Em Janow, uma das cidades lituanas mais cultivadas espiritualmente pelo P. Bobola, e que apenas contava duas pessoas católicas quando ele começou a evangelizá-la, foi tão abençoado o seu trabalho que, à morte do Bem-aventurado, estava quase toda reduzida novamente ao catolicismo. Raivavam de ira os cismáticos, vendo rarear cada vez mais as próprias fileiras, e espreitavam ocasião azada para descarregar a sua sanha contra o autor da mudança tão prodigiosa. Essa ocasião não tardou a proporcioná-la a guerra em que ardia a Polónia. Corria o ano de 1657. Encontrava-se o P. André Bobola exercitando os sagrados ministérios no distrito de Pinsk, quando um exército de 2000 cossacos invadiu a Podláquia, da qual não tardou a apoderar-se. O P. Bobola, bem como os demais da Companhia, ante a invasão desse figadais inimigos do nome católico, especialmente dos sacerdotes, retiraram-se para Janow, na esperança de nesse retiro poderem vir a ser mais úteis aos fiéis perseguidos, a grande número dos quais o furor dos cossacos obrigava também a abandonar as suas terras e possessões. Não tardou porém a dirigir-se a Janow um destacamento de cossacos, a quem os cismáticos tinham informado do paradeiro do Padre. Era a 16 de Maio, véspera da Ascensão do Senhor. O P. Bobola encontrava-se nos arredores de Janow, na vilazinha de Perezdyle, onde fora preparar o povo para a solenidade do dia seguinte. A noticia da chegada dos cossacos a Janow encheu de sobressalto os habitantes, vendo o perigo iminente em que se encontrava o missionário, a quem obrigaram a meter-se num carro para fugir a seus perseguidores. Mas os desígnios de Deus eram bem diferentes. Vindo ao conhecimento dos cismáticos que o P. Bobola estava em Perezdyle, foram pressurosos a comunicar a noticia aos cossacos, alguns dos quais se lançaram sem demora a caminho da povoação. Meia hora levaram andada, quando encontraram o carro que transportava o P. Bobola. Imediatamente se lançaram sobre ele e o prenderam, para começarem a infligir-lhe essa inaudita série de tormentos que forma o martírio de Santo André Bobola, do qual a Sagrada Congregação dos Ritos não duvidou afirmar que «é talvez o martírio mais cruel que jamais se submeteu ao exame desta Sagrada Congregação». Preso, procuraram com modos brandos e afáveis induzi-lo a abraçar o cisma. Vendo, porém, que se lhes frustravam os intentos, lançaram mão das torturas. Em primeiro lugar, ataram a vitima a um poste e flagelaram-na impiedosos, durante largo espaço. Depois cortaram, alguns ramos tenros e flexíveis de salgueiro e, aplicando-os à roda da cabeça do esforçado confessor da fé, apertavam-na por meio de torções e retorções das extremidades dos ramos, tendo porém o cuidado de que se não produzissem fracturas dos ossos do crânio, a fim de poderem prolongar à vontade os sofrimentos, na esperança de renderem a constância do mártir. Em vão, porém, eram todas esses esforços. Ajuntaram crueldades ainda maiores. Com extremos de barbaridade, arrancaram-lhe a pele da parte exterior das mãos, de maneira que o sangue jorrava em abundância. Depois, desataram-no do poste, ao qual o tinham conservado ligado enquanto o atormentavam. Porém, não desataram o Padre para o deixarem ir solto e confessarem a própria derrota nesse combate em defesa da fé católica. Desataram-no para o ligarem por uma corda à sela de dois cavaleiros que, pondo-se em marcha, obrigavam o santo mártir a segui-los a caminho de Janow. Como o esgotamento de forças, em que tantos sofrimentos o deixaram, lhe não permitia andar com a pressa desejada pelos cossacos, davam-lhe pancadas com as armas, recebendo ele nesta ocasião duas profundas feridas nos braços. Ao chegar a Janow a lúgubre comitiva, o estado do P. Bobola era por demais lastimoso. Porém, os padecimentos, aos quais até então o tinham submetido o seu amor a Deus e à Igreja, eram apenas um prelúdio à cena do martírio. Às portas de Janow havia, à beira da estrada, uma pequena casa que servia de matadouro público. Para lá conduziram o Padre. E, ou fosse desejo de saciar ás ocultas o ódio ferino que os impelia, ou horror instintivo do crime que iam cometer, fecharam a porta do matadouro. Ataram depois, com cordas, a um banco o inocente e mansa vítima, e tomando duas tochas acesas foram-lhe aplicando aos lados e ao peito, queimando-o a fogo lento. A lembrança de que tinham em seu poder um sacerdote católico, sugeriu-lhes outros suplícios. Começaram os tormentos pela cabeça que ostentava a coroa sacerdotal, arrancando-lhe grande parte da pele do crânio e deixando-lhe os ossos a descoberto. As mãos, que tinham recebido a unção sagrada e às quais já em Perezdykle haviam arrancado a pele do lado exterior, foram também sacrilegamente mutiladas. Cortaram as falanges de ambos os polegares e o dedo indicador da mão direita, e desligaram os músculos da esquerda para os arrancarem juntamente com a pele. Voltaram o Santo sobre o peito e ataram-.no novamente ao banco, e praticando ao longo das costas uma incisão na pele, arrancavam-lha de todo o dorso e de uma parte dos braços. O bálsamo, lançado sobre tão horrorosas feridas, foi palha de cevada moída. A fim de que os fragmentos penetrassem mais na carne, voltaram de novo o bem-aventurado e apertaram-no fortemente contra o banco. Parecia não se saciarem de atormentar o mártir. Afiaram pedaços de madeira e meteram-lhos entre a polpa e as unhas dos dedos dos pés e das mãos. Os tormentos eram entremeados de pancadas e bofetadas , com tal violência que lhe fizeram saltar vários dentes na maxila superior, inchando-lhe disformemente as faces. Em meio de tão cruéis sofrimentos, o santo padecente levantava com frequência ao céu os olhos e as mãos purpúreas em seu próprio sangue, e orava pelos algozes, aos quais exortava a abraçarem a religião católica. Porém, as palavras de oração e exortação do mártir incomodavam-nos. Era necessário arrancar a língua ao sacerdote católico. Por isso, depois de lhe vazarem um olho, de lhe cortarem o nariz e de lhe rasgarem os lábios, abriram-lhe na garganta uma larga ferida pela qual arrancaram inteira a língua, que atiraram para o chão. Estariam já satisfeitos os algozes? Ainda não. Após outras mutilações horrorosas, tomaram um punção e, enterrando-o no lado esquerdo do mártir, abriram-lhe uma ferida circular e profunda em direcção ao coração. Julgando-o talvez morto, suspenderam pelos pés o Santo corpo, e à vista das contrações nervosas, diziam com escárnio: Olha como dança este polaco! Tocava já o seu fim a crueldade mais que feroz dos algozes, vencida pela constância mais que humana da vítima. Cansados, abandonaram finalmente o mártir, mergulhado no sangue que lhe brotava das feridas. Mais de uma hora durara a terrível carnificina. Saídos os cossacos, entrou um dos chefes, que, vendo, no santo corpo ainda alguns sinais de vida, mandou que acabassem com ele . Dois golpes na garganta vieram pôr termo a esse martírio, sem igual nos fastos da Igreja militante. Foi beatificado por Pio IX, em 1853. As suas relíquias foram violentamente arrebatadas pelos bolchevistas, levadas depois a Moscovo e chegaram a Roma a 2 de Novembro de 1923, obtidas pela Santa Sé depois de negociações muito demoradas. André Bobola foi canonizado em 1938 por Pio XI, que mais tarde o declarou protetor da nobre nação polaca. www.jesuitas.pt
• Vidal Vladibir Bajrak, Beato
Sacerdote e Mártir
Vidal Vladibir Bajrak, Beato
Nasceu em 24 de Fevereiro de 1907 em Shaikivtsi (região de Ternopol, na Ucrânia). Em 4 de Setembro de 1922 entrou no noviciado da Ordem Basiliana de São Josafat, e em 9 de Maio de 1926 emitiu a primeira profissão. Foi ordenado sacerdote em 13 de Agosto de 1933. Desempenhou sua atividade pastoral no mosteiro basiliano de Zovkva e mais tarde como superior do mosteiro de Drohobych. Foi detido em 17 de Setembro de 1945 com a acusação de "haver escrito um artigo com falsidades sobre o partido bolchevique, que se publicou logo num diário anti-soviético". Condenaram-no a oito anos de cadeia num campo de reeducação. A noticia de sua morte se difundiu na véspera de Páscoa de 1946. Havia cumprido 39 anos quando morreu na cadeia de Drohobych, em 16 de Maio de 1946. Foi beatificado por João Paulo II em 27 de Junho de 2001 junto com outras 24 vítimas do regime soviético de nacionalidade ucraniana. O grupo beatificado está integrado por: 1 - Mykolay Charneckyj, Bispo, 2 Abril; 2 - Josafat Kocylovskyj, Bispo, 17 Novembro; 3 - Symeon Lukac, Bispo, 22 Agosto; 4 - Basilio Velyckovskyj, Bispo, 30 Junho; 5 - Ivan Slezyuk, Bispo, 2 Dezembro; 6 - Mykyta Budka, Bispo, 28 Setembro; 7 - Gregorio (Hryhorij) Lakota, Bispo, 5 Novembro; 8 - Gregorio (Hryhorij) Khomysyn, Bispo, 28 Dezembro; 9 - Leonid Fedorov, Sacerdote, 7 Março; 10 - Mykola Konrad, Sacerdote, 26 Junho; 11 - Andrij Iscak, Sacerdote, 26 Junho; 12 - Román Lysko, Sacerdote, 14 Outubro; 13 - Mykola Cehelskyj, Sacerdote, 25 Maio; 14 - Petro Verhun, Sacerdote, 7 Fevereiro; 15 - Alejandro (Oleksa) Zaryckyj, Sacerdote, 30 Outubro; 16 - Klymentij Septyckyj, Sacerdote, 1 Maio; 17 - Severijan Baranyk, Sacerdote, 28 Junho; 18 - Jakym Senkivskyj, Sacerdote, 28 Junho; 19 - Zynovij (Zenón) Kovalyk, Sacerdote, 30 Junho; 20 - Vidal Vladimir (Vitalij Volodymyr) Bajrak, Sacerdote, 16 Maio; 21 - Ivan Ziatyk, Sacerdote, 17 Maio; 22 - Tarsicia (Olga) Mackiv, Monja, 18 Julho; 23 - Olympia (Olha) Bidà, Soror, 28 Janeiro; 24 - Laurentia (Leukadia) Harasymiv, Monja, 26 Agosto; 25 - Volodymyr Pryjma, Laico, 26 Junho (as datas indicadas correspondem às de seu martírio)
• Miguel (Michal) Wozniak, Beato
Presbítero e Mártir
Miguel (Michal) Wozniak, Beato
Filho único de um matrimónio campesino, João e Mariana, desde pequeno queria ser sacerdote, ao que se opunha seu pai. Tinha já 27 anos quando ingressou no seminário de Varsóvia, ordenando-se sacerdote em 1907. Seguidamente passou um ano em Turim com os salesianos, por ser admirador extremo do carisma de Dom Bosco. Voltando à Polónia, foi pároco sucessivo em duas paróquias onde animou religiosamente. Numa delas fundou um colégio salesiano que se mostrou muito cedo eficaz como resposta pastoral aos problemas da juventude. O Papa lhe concedeu o título de prelado doméstico seu. Teve como coadjutor o beato mártir Miguel Ozieblowski. Ambos perseveraram na paróquia pese o risco que significava a ocupação alemã. Preso em Outubro de 1941 e levado ao campo de extermínio de Lad, daí passou a Dachau, Alemanha, onde sofreu tantas penalidades que sua saúde se ressentiu até ao extremo de esgotamento e morreu em 16 de Maio de 1942. Se dizia deste grande pastor de almas que era um sacerdote como poucos. O queriam inclusive os não católicos, dada a bondade e abertura de coração com que tratava a todos. Sua especial atenção à juventude e seu apreço à obra de Dom Bosco, o fizeram pioneiro de muitas iniciativas pastorais consolidadas posteriormente.Foi beatificado por S.S. João Paulo II, em 13 de Junho de 1999 junto a outros 107 mártires polacos.
BEATA MARIA LUISA TRICHET
Religiosa (1684-1759)
Maria Luisa Trichet nasceu em Poitiers, no dia 7 de Maio de 1684. Cresceu no ambiente de oito irmãos, sob a guia da mãe, mulher de carácter forte, e do pai, habituado a exercer o direito e a julgar com rectidão, como consultor jurídico do governo da cidade. Chegada ao tempo da escolaridade, frequentou um colégio de religiosas, no Convento de Notre Dame, onde encontrou um ambiente de formação cristã muito ao seu gosto, observando como as educadoras levavam uma vida contemplativa na acção. A sombra da cruz projetou-se nesta família. Vitimada por grave doença, morreu sua irmã Teresa, enquanto Joana, a irmã mais velha, ficou paralítica desde os 13 anos de idade até à morte. A jovem estudante, sempre que regressava a casa, ocupava-se carinhosamente da sua irmã paralítica, familiarizando-se com a dor e o carinho para com os doentes. No ano de 1701, Isabel, outra sua irmã, regressou emocionada do sermão que acabara de ouvir numa igreja da cidade. Maria Luisa intuiu que ela tinha feito uma grande descoberta. Indaga a razão da grande emoção e chega ao conhecimento de que sua irmã tinha ouvido a pregação e se tinha confessado ao capelão do Hospital, padre Luis Maria Grignon de Montfort. Quis também ela conhecer e ouvir o fervoroso sacerdote. No confessionário dá-se o primeiro encontro entre estas duas almas sedentas de Deus, ambas sonhadoras de dedicação à salvação dos homens e ao amparo dos desprotegidos. Perante os sinais evidentes da vocação consagrada, o padre Luis Maria afirmou sem rodeios «Foi Nossa Senhora que te enviou. Tornar-te-ás religiosa». Estas palavras marcaram o compromisso entre estas duas grandes almas, um compromisso para a glória de Deus e louvor de Maria, que eles tanto amavam, compromisso que tinha por base a cruz, a Sabedoria da Cruz, que o Verbo Encarnado quis abraçar. Após um doloroso noviciado entre incompreensões e obstáculos, começou Maria Luisa ao dedicar-se ao serviço dos pobres e doentes do hospital de Poitiers. Entretanto, ficou entregue aos cuidados do Espírito Santo, já que o padre capelão se tinha ausentado por um período de 10 anos para se dedicar à pregação de missões populares na sua querida Bretanha. A 2 de Fevereiro de 1703 emitiu Maria Luisa os votos religiosos, sob a orientação do seu confessor, tornando-se assim a primeira pedra da Congregação das Filhas da Sabedoria. O novo Instituto, à sombra da cruz e sob a protecção de Maria, teria por missão servir os pobres e os doentes e dedica-se à formação cristã da juventude. Depois de um período de florescimento, atingindo a cifra de 5000 religiosas, encontra-se actualmente muito diminuído, devido à falta de vocações. Esta discípula de S. Luis Maria Grignon de Montfort e sua colaboradora na fundação da Congregação das Filhas da Sabedoria, faleceu a 28 de Abril de 1759. Foi beatificada em Roma pelo Papa João Paulo II, a 16 de Maio de 1993. www.jesuitas.pt
SANTO ALÍPIO
Bispo
Celebra-se em Tagaste, na África, Santo Alípio, Bispo. Primeiro foi discípulo de santo Agostinho, depois seu companheiro na conversão. E tornou-se seu colega no episcopado, seu auxiliar corajoso nos combates contra os hereges, e por último seu associado na glória celeste. www.jesuitas.pt
SÃO JOÃO NEPOMUCENO
Mártir (1383)
Tem especial importância na história do sigilo ou segredo no sacramento da Penitência. Chama-se Nepomuceno por ter nascido na cidade de Nepomuk, na Boémia, antiga Checoslováquia. Ordenado sacerdote, sobressaiu imediatamente pela santidade de vida e a energia da palavra. Foi nomeado pregador da corte de Venceslau IV em Praga e cónego dessa sé metropolitana. A história do seu ministério sacerdotal resume-a o epitáfio que foi gravado no seu túmulo: «Aqui jaz o venerabilíssimo João Nepomuceno, doutor, cónego desta igreja e confessor da rainha, ilustre pelos seus milagres, o qual, por ter guardado o sigilo sacramental foi cruelmente atormentado, e lançado de cima da ponte de Praga, ao rio Moldava, por ordem de Venceslau IV, no ano de 1383». A rainha e imperatriz, filha de Alberto da Baviera e mulher de Venceslau, tomou-o na verdade por confessor. Ela era modelo de todas as virtudes cristãs, especialmente de modéstia, silêncio e fidelidade conjugal. Venceslau, que a história denegriu com os qualificativos de preguiçoso e borracho, esquecendo os altos exemplos do pai, o imperador Carlos IV, tornou-se céptico e materialista. Tudo lhe parecia fingido e até da virtude da mulher começou a duvidar, sem qualquer fundamento. Invadiu-lhe a imaginação uma ideia diabólica: obrigar o confessor a descobrir-lhe as faltas de que ela se acusava na confissão.
Juan Nepomuceno, Santo
A paixão e a dúvida inquietante foram crescendo; mas sempre iam de encontro à firmeza granítica do Santo confessor, que seguiu inalteravelmente o mesmo princípio: é preciso servir a Deus mais que aos homens. A paixão é louca até se precipitar em conseguir, a todo o preço, aquilo que tem em vista. O Rei, incapaz de arrancar o segredo que pretendia, veio a acariciar o mais disparatado e cruel dos planos. Mandou prender o santo e torturá-lo até ele confessar. Os ossos foram-lhe desconjuntados, os membros dilacerados. Por um momento, ainda conseguiu a Rainha a liberdade para o confessor, que pôde curar as feridas. Mas João sabia que as paixões não se convertem nem recuam. Se Deus lhe concedia uma trégua, era para consumar a sua obra de pregador evangélico. « O meu fim aproxima-se – disse na catedral de Praga. Morrerei. Sobre a Boémia descarregar-se-á a tormenta, e ai de quem venha a cair nas mãos dos falsos profetas!» A ira do tirano tinha-se concentrado. Não esperou mais. Mandou que João fosse lançado durante a noite ao rio Moldava. O Santo confessor morreu mas ficou vivo o sigilo sacramental. A 19 de Março de 1993, dirigiu João Paulo II ao Arcebispo de Praga uma carta comemorativa do 6º centenário do martírio de S. João Nepomuceno. Transcrevemos algumas passagens: «Seiscentos anos nos separam da triste noite em que o corpo martirizado e exânime de São João Nepomuceno foi deitado nas ondas do rio Moldava. Este memorável aniversário representa uma ocasião preciosa para refletir sobre as vicissitudes deste santo. Juntamente com os Santos Venceslau e Adalberto, ele é Padroeiro celeste da Arquidiocese de Praga, da qual foi sacerdote e na qual, durante toda a vida, desempenhou o seu ministério… De modo eloquente a antiga iconografia põe em evidência o ministério sacerdotal de S. João, que o situa entre os extraordinários apóstolos do confessionário, inscritos pela Igreja no álbum dos Santos. No Sacramento da Penitência manifesta-se plenamente a misericórdia de Deus, máxima expressão da sua omnipotência, porque “o Senhor é bom para com todos, é misericordioso com todos” (cf. Sl 144.99… São João Nepomuceno é em primeiro lugar um santo Mártir. Assim foi chamado, logo depois da morte, pelo seu Arcebispo, que o tinha nomeado Vigário-Geral. especialmente as pessoas mais próximas dele compreenderam que num homem justo tinha morrido por causa da injustiça…
São João Nepomuceno é comemorado, também, hoje, em quase todo o mundo. Já os seus contemporâneos davam testemunho dele: era querido a Deus e aos homens, predileto dos checos e dos alemães. Muito cedo, a sua veneração difundiu-se também, para além dos confins do país que o viu nascer, viver e morrer. Mas, sobretudo depois da canonização, por parte do meu predecessor Bento XIII, esta devoção atravessou todas as fronteiras. A intercessão de São João era invocada não só pelos seus devotos nos países de toda a Europa, mas também nas terras mais longínquas do mundo: tanto no Extremo Oriente como na América do Norte e do Sul, onde os missionários difundiram, juntamente com o anúncio do evangelho, também, a devoção por ele. Até hoje testemunham-no as igrejas, as capelas, as estátuas, as imagens a ele dedicadas. O fervor maior nota-se contudo, entre os seus compatriotas; já nos séculos passados eles iam ao seu túmulo, na catedral de Praga, para se confiarem a ele com as suas aflições e angústias. Na sua intercessão encontravam conforto e estímulo. Renove-se também hoje a confiança dos fieis no seu auxilio, a fim de que se cumpra a prece expressa com as palavras do canto: “Que a piedosa extirpe boémia guarde com veneração a tua genuína herança! Implora, ó mártir do Senhor, pelo teu povo e pelo bem estar da terra boémia!”». www.jesuitas.pt
53420 > Santi Abda e Ebedieso Martiri 16 maggio MR
53400 > Beato Adamo degli Adami 16 maggio
53450 > Beato Adamo di Fermo Confessore 16 maggio MR
90142 > Sant' Alipio 16 maggio
90413 > Sant' Andrea Bobola Martire 16 maggio MR
53375 > San Brendano di Cluain Ferta Abate 16 maggio MR
53460 > San Carantoco 16 maggio MR
53390 > Santi Felice e Gennadio Martiri 16 maggio MR
53430 > San Fidolo 16 maggio MR
53410 > Santi Fiorenzo e Diocleziano Martiri 16 maggio MR
53480 > San Germerio di Tolosa Vescovo 16 maggio MR
94123 > Beato Ludovico della Pietà Mercedario 16 maggio
93099 > Beato Michele (Michal) Wozniak Sacerdote e martire 16 maggio MR
53440 > Sant' Onorato di Amiens Vescovo 16 maggio MR
90598 > San Pellegrino d'Auxerre Vescovo e martire 16 maggio MR
90177 > San Possidio 16 maggio MR
90974 > San Possidonio (Possidio) Venerato a Mirandola 16 maggio
53470 > Santi Quarantaquattro monaci Martiri di Mar Saba 16 maggio MR
90050 > San Simone Stock 16 maggio MR
32650 > Sant' Ubaldo di Gubbio Vescovo 16 maggio MR
92944 > Beato Vitale Vladimiro (Vitalij Volodymyr) Bajrak Sacerdote e martire 16 maggio MR
94656 > San Vukasin di Klepci Martire 16 maggio (Chiese Orientali)
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Recolha, transcrição e tradução de espanhol para português,
por António Fonseca