Nº 993
SÃO PANTALEÃO
Mártir (século III)
Médico e mártir de Cristo, nascido em Nicomédia de Bitínia, na atual Turquia, filho de Eustóquio, gentio, e de Êubola, cristã. Falecendo a mãe, Pantaleão, foi aplicado pelo pai aos estudos de retórica, filosofia e medicina. Durante a perseguição, travou amizade com um sacerdote, exemplo de virtude, Hermolau, que o persuadiu de Nosso Senhor Jesus Cristo ser o autor da vida e o senhor da verdadeira saúde. Um dia que se viu diante duma criança morta por uma víbora, disse para consigo: «Agora verei se é verdade o que Hermolau me diz». E, segundo isto, diz ao menino: «Em nome de Jesus Cristo, levanta-te; e tu, animal peçonhento, sofre o mal que fizeste». Levantou-se a criança e a víbora ficou morta; em vista disso, Pantaleão converteu-se e recebeu logo o santo baptismo. As milagrosas curas que em nome de Jesus Cristo realizava excitaram a inveja dos outros médicos, que o acusaram de cristão diante do imperador Maximiano (286-305); este mandou aplicar ao santo toda a espécie de tormentos. A glória deste glorioso atleta foi muito celebrada pelos fiéis, que lhe veneraram religiosamente as relíquias e levantaram ao seu nome muitos templos. É um dos Santos Auxiliadores (8 de Agosto). O corpo de S. Pantaleão, segundo se crê, foi trazido para a cidade do Porto, no século XV, por cristãos arménios, e conservava-se ainda na catedral. Diz-se que as relíquias do mártir foram roubadas e abandonadas pelos ladrões da arca metálica em que estavam; e acrescenta-se que foram passadas para uma arca de madeira, colocada por trás do altar-mor; mas ninguém as viu, nem mesmo durante as últimas obras de restauro da sé. Deixou em 1981 de ser o padroeiro da cidade, e celebra-se neste dia. Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas.pt. Áudio em RadioVaticana:
BEATA MARIA MADALENA MARTINENGO
Religiosa (1687-1736)
A nossa Beata nasceu em 1687, dos condes de Barco, em Bréscia, na Lombardia. Nasceu muito fraca, tanto que imediatamente a batizaram. A mãe morreu cinco meses mais tarde. Passado pouco tempo, o pai casou-se de novo. Aos cinco anos andava ela bem vestida, chamava as atenções e com isso envaidecia-se, mas não gostava de brincar e apreciava o estudo. Aos sete anos já lia o breviário romano, em latim concerteza. Tornara-se piedosa; aparecia com o ofício de Nossa Senhora ou o terço na mão. Aos dez anos entrou como interna na casa das ursulinas de Santa Maria dos Anjos. «Deixei de boa vontade a casa paterna, escreveu ela nas suas notas autobiográficas, para me dar toda a Deus no santo claustro». Ao receber a primeira comunhão, a hóstia caiu no chão, entre ela e a grade; apanhou-a logo, mas pareceu-lhe que o Senhor não queria vir ao seu coração. Começou bem cedo a oferecer grandes penitências: orações prolongadas de noite, no maior frio; enxergão com pedaços de madeira, pedras e espinhos; caminhar descalça sobre cascalho e urtigas, até deitar sangue. Impressionava-se com as imundícies que às vezes via no mosteiro; paras se vencer, tudo isso beijava. Pedia às companheiras que lhe batessem muito, pois o merecia. Nessa altura, não julgava a obediência necessária, em matéria de penitência; e sendo pequena a vigilância sobre ela, seguia a inclinação, julgando fazer bem. O crucifixo servia-lhe de modelo, animador e juiz. «Tudo o que ouvia ler na Vida dos Santos, propunha-me copiá-lo na minha». Mais tarde, para reproduzir um ponto da paixão dos santos Crispim e Crispiniano, espetou agulhas entre a carne e as unhas das mãos e dos pés, e conservou estas vinte torturas, durante três horas. Passados dois anos, foi para o convento do Espírito Santo, onde lhe começaram a chamar Santinha (Santarella). Ao cabo de três anos de internato, voltou à casa da família. Os irmãos procuraram-lhe romances e foi obrigada a vestir-se com elegância. Pensava-se em lhe encontrar noivo, mas ela queria conservar-se virgem por amor de Deus. e o pai teve de capitular diante de tal firmeza. Viu um dia Santa Teresa e Santa Clara discutirem, diante de Nossa Senhora, a respeito da sua vocação. Mas o cinzento de Santa Clara venceu o branco de Santa Teresa: A nossa donzela tomaria o duro hábito das pobres clarissas. Fez experiências nos fins de 1704 e princípios de 1705; mas era austeridade demasiada. Finalmente, a 8 de Setembro de 1705, tomou em Bréscia o hábito das capuchinhas, ficando a chamar-se Irmã Madalena. A saúde mantinha-se fraca, dormia mal: «Levantava-me, mais cansada do que me deitava na véspera». Caiu gravemente doente, mas curou-se. Os seus escrúpulos de consciência persistiam. Por fim, viu Nosso Senhor, em vestes pontifícias, que lhe dizia: «Absolvo-te completamente de todos os teus pecados». Fez um tríplice voto: de procurar o mais perfeito, o mais custoso e o mais intensamente «capuchinho». Esta contemplativa não desestimava, por outro lado, rezar cem Ave-Marias com genuflexões, todos os sábados. E mais rezava nas grandes circunstâncias. Não compreendia que se temesse a morte. No caso de vir a falecer dentro e poucas horas, dizia ela: «Pôr-me-ia como criança nos braços do meu Deus e absolutamente nada temeria». Gostava de meditar sobre a sua padroeira Madalena, que, segundo a liturgia romana, confundia com a pecadora perdoada, de S. Lucas (cap. 7). Como ela, ardia a Beata hoje celebrada. Assim cantava o seu mal: «O martírio do amor é, meu Deus, o que me faz sofrer. Anseio por Te amar, ó meu Deus. Mas o meu amor não iguala o meu desejo… Desejar eu e não poder, por Ti só derreter-me a cada momento, Jesus ? Tu não sofreste tal tormento». A esta pena sublime juntou-se durante algum tempo incompreensão dum confessor. A sua piedade tornava-se cada vez mais profunda. Sofria ao ver um padre celebrar o santo sacrifício apressadamente , atrapalhando as palavras. O Senhor disse-lhe um dia: «Esquece-te, como se realmente não existisses». Era terrivelmente engenhosa para encontrar sofrimentos; mas, desde que religiosa, não prescindia da licença. De noite rezava, por horas a fio, com os braços estendidos. Punha na comida fel de peixe. Tomava a disciplina algumas vezes por uma hora, e o sangue corria. Mergulhava espinhos no corpo, em particular na cabeça. No Inverno, dormia de janela aberta e os dentes batiam-lhe; às vezes passava a noite no jardim. Tinha um cilício de ferro com 500 pontas, e cadeias apertadas nos braços. E usava por vezes outro cilício menos benigno, de lâminas de ferro branco, que a esfolavam profundamente; espetava agulhas no corpo, etc.. São proezas de faquir, dir-se-á. O que é certo é que ela sofria cruelmente com estas torturas inventadas, como testemunho de amor a Cristo Crucificado. Mas o grande empenho era a obediência, a morte da vontade própria. Dizia que a profissão a decapitara; tinha entrado no mosteiro com a cabeça nas mãos, como se representa S. Dinis. Gostava de obedecer a todas, de se fazer menina (bambina). Quem escolhera para ser humilde serva das suas Irmãs foi nomeada três vezes mestra das noviças, abadessa em 1732 e de novo em 1736, embora estivesse doente. Exerceu também o cargo de porteira e de vigária. Embora dissesse «O nada não faz nada», era julgada inutilizável! Servia de proteção ao mosteiro; se era anunciada a peste para breve, vinha-lhe uma dor tremenda de dentes, e a peste afastava-se. Às noviças mandava ler e reler a Regra, as Constituições, o Legendário Franciscano e os Anais dos irmãos menores capuchinhos. Pedia a união de todos os corações, para amarem a Deus: «Amá-lo com um só coração, é pouquíssimo, é pouquíssimo!» Para 15 de Fevereiro (santos Faustino e Jovita, patronos de Bréscia), os «filósofos» do local quiseram inaugurar um casino. Durante a manifestação, o animador da ímpia iniciativa caiu moribundo; converteu-se, porém, antes de expirar. Entretanto, a irmã Maria Madalena orava. De repente parou, com uma alegria radiosa, dizendo: «A graça está concedida!». A graça era a festa sacrílega interrompida e o filósofo reconduzido a deus. Gostava do «silêncio alegre, afável, bom; das palavras humildes, doces e santas». Antes de falar era precisos, segundo ela, fazer a pergunta se as palavras se podiam escrever, a seguir à letra N do dicionário:«necessidade». Já doente, foi reeleita abadessa, e 15 dias mais tarde faleceu, a 27 de Julho de 1736, aos quarenta e nove anos, e trinta e dois de vida religiosa. Em 1738, apareceu uma dissertação dum médico que lhe tinha examinado o cadáver. É admirável, escrevia ele, que as agulhas no corpo não tenham dado nem inflamação, nem úlceras nem gangrena. Maria Madalena Martinengo foi beatificada por Leão XIII, a 3 de Junho de 1900. Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas.pt.
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António Fonseca