Nº 1569 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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INOCÊNCIO IV
Inocêncio IV
(1243-1254)
Foram 21 meses de sede vacante, até que o imperador Frederico II manda libertar os dois cardeais que tinha aprisionado e o conclave reúne em Anagni, onde, em 25 de Junho de 1243, foi eleito por unanimidade o cardeal Sinibaldo, que tomou o nome de Inocêncio IV.
Frederico II escreve ao papa a felicitá-lo pela eleição, tentando cativá-lo, mas Inocêncio IV não se deixa enganar e exige-lhe que ponha em liberdade os prelados que tinha em seu poder e suplicando que acabe com a guerra injusta que mantinha contra a Igreja. A atuação do papa foi coroada de êxito, pois em 31 de Março de 1244, os plenipotenciários imperiais vieram a Roma jurar solenemente a paz com a Igreja.
Três meses depois, o imperador convida o papa para um encontro em Sutri, que Inocêncio aceita, mas ao chegar a Sutri verifica que se trata de uma armadilha para se apoderarem dele e vai imediatamente refugiar-se em França. Esta fuga comoveu todo o povo cristão e foi má para Frederico II pois a sua tentativa contra o papa demonstrou falta de honradez e dignidade.
Em França, Inocêncio IV convoca um concílio para Lyon, que tem início a 23 de Junho de 1245, com a presença de 150 bispos, na sua maioria franceses e da Península Ibérica e alguns convidados de honra, entre eles o príncipe D. Afonso, irmão do rei de Portugal, Sancho I.
O papa inicia a primeira sessão enumerando os cinco sofrimentos que o afligiam: os pecados dos eclesiásticos; a perda definitiva de Jerusalém; as angústias do Império Latino de Constantinopla: a entrada dos mongóis na Europa Oriental; a perseguição de Frederico II contra a Igreja, acusando-o de heresia, aliança com os infiéis, desrespeito pelos tratados acordados e perjúrio.
Depois de uma espera de alguns dias, Frederico II foi declarado incurso em excomunhão e destituído dos seus títulos de rei da Alemanha e de Imperador de Roma.
Frederico reage brutalmente , como era seu hábito, e aumenta a perseguição à Igreja, principalmente contra os frades franciscanos e dominicanos, mas, pouco depois, vê-se deposto pelos príncipes alemães, que elegem, em seu lugar, Henrique Landgrave.
Também o nosso rei D. Sancho II, que lutava encarniçadamente contra o clero e não respeitava a imunidade eclesiástica, se viu condenado pelo papa. Em, Fevereiro de 1245, Inocêncio IV ordena a separação de D. Sancho e de D. Mécia Lopez de Haro, por terem casado sem dispensa de consanguinidade.
D. Sancho não acata a sentença e continua a lutar com o clero, pelo que o papa publica, em Março de 1245, a bula Inter alia desiderabilis, responsabilizando o rei pela anarquia em Portugal. Depois, ouvidos alguns bispos portugueses, no Concílio de Lyon, declara D. Sancho II rex inutilis e publica uma bula em 21 de Julho de 1245, pela qual depõe D. Sancho e entrega o reino a seu irmão, D. Afonso, que estava, então, à frente do condado de Bolonha.
Entretanto, durante a sua permanência em França, o próprio rei São Luís dispõe-se a chefiar a nova cruzada, para cumprir um voto que fizera.
A cruzada sai de Marselha em Junho de 1248, dirige-se ao Egipto, reconquista Damieta, mas, logo a seguir, o rei é feito prisioneiro e tem de se pagar um elevado resgate para o soltarem. Dirigem-se depois para a Terra Santa, mas São Luís é surpreendido com a notícia da morte de sua mãe, D. Branca, que ficara como regente na sua ausência e vê-se obrigado a regressar em França.
Finalmente, depois de três anos de ausência, Inocêncio IV, regressa a Roma, já pacificada, onde se dedicou aos problemas internos da Igreja e à ação missionária na Prússia, Rússia e Arménia.
Pouco tempo teve para trabalhar, pois, chegado a Nápoles, onde foi recebido em triunfo, adoeceu, vindo a falecer nesta cidade.
Com a sua capacidade de intelectual, escreveu um livro sobre as decretais e deixou vários escritos sobre os poderes da Igreja.
O seu pontificado ficou, de certo modo, manchado por ter permitido, pela bula Ad extirpanda, o emprego de torturas contra os hereges, com a condição de serem aplicadas pelo «braço secular» e sem chegar à perda de nenhum membro e muito menos à morte.
Durante o pontificado de Inocêncio IV deu-se a reconquista definitiva de Portugal aos mouros, com a campanha levada a efeito no Algarve, em 1249, com D. Afonso III a conquistar Faro, Albufeira, Porches e Silves.
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ALEXANDRE IV
Alexandre IV
(1254-1261)
Os cardeais eleitores, reunidos em Nápoles, elegeram em 12 de Dezembro de 1254, o cardeal Rinaldo di Conti, que tom ou o nome de Alexandre IV.
Homem piedoso, não tinha a energia do seu antecessor. Débil e vacilante, deixou diminuir a influência do papado. Gregorovius apresenta-o como «um papa avesso a guerras e bondoso, justo e temente a Deus, mas débil».
Para dificultar a sua atuação, Roma era palco de tumultos devido à prepotência de Brancaleone, apoiado por Manfredo, filho bastardo de Frederico II. O papa, temeroso, vendo o perigo, refugia-se em Anagni e em Viterbo, de onde lança a excomunhão sobre Manfredo, que, entretanto, se tinha apoderado da Sicília, violando os direitos da Santa Sé.
A seguir, dá-se a queda de Brancaleone e o papa regressa a Roma, mas vê-se obrigado a refugiar-se outra vez em Viterbo, onde veio a falecer.
No seu pontificado surgiu em Perúsia o fenómeno místico dos flagelantes, que se estendeu a Roma e depois a quase toda a Itália, Alemanha e Polónia. Tratava-se de uma confraria que pretendia honrar a Paixão de Cristo e expiar os pecados do mundo.
Quando o movimento começou a desaparecer, surgiram doutrinas extremistas e até heresias, advogando um falso misticismo, como o de Frei Gerardo de Borgo, que, ao escrever o Liber introductoris ad Evangelium Aeternum, foi condenado por Alexandre IV, e é a pedido do papa que Santo Alberto Magno escreve De unitate intelectus, contra a agitação provocada pelos escritos de Avicena. No mesmo intuito de lutar contra as heresias, autorizou a Inquisição em França, a pedido do rei São Luís.
Durante o seu pontificado aprovou a nova Ordem Religiosa dos Servitas, fundada em 1233, em Florença, por sete ricos comerciantes que repartiram os seus bens pelos pobres e passaram uma vida de oração, vivendo de esmolas. O nome vem do facto de se terem consagrado de um modo especial a honrar as dores da Santíssima Virgem, como seus servos.
Apareciam, por essa altura, diversas congregações de eremitas e Alexandre IV, para lhes dar unidade e estabilidade, reunia-as numa só ordem religiosa sobre a Regra de Santo Agostinho, dependendo diretamente da Santa Sé, com o nome de «Agostinha».
Alexandre IV desenvolveu grande atividade missionária, procurando reatar a união com a Igreja do Oriente.
Mesmo falho de energia no campo político, Alexandre IV teve ação positiva no campo espiritual e eclesiástico.
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Continua:…
Post colocado em 23-2-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA