Nº 1589 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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URBANO VIII
Urbano VIII
(1623-1644)
O Cardeal Barberini foi eleito em 6 de Agosto de 1623 e consagrado em 29 de Setembro seguinte, tomando o nome de Urbano VIII.
No seu primeiro dia como papa, emitiu as bulas de canonização de São Filipe Néri, Santo Inácio de Loiola e São Francisco Xavier, que Gregório XV deixara preparadas; reservou a designação de beatos para a Santa Sé e proibiu a representação com o halo de santidade a pessoas não beatificadas ou canonizadas, assim com o a colocação de velas, retábulos e outros objetos de adoração ante os seus sepulcros, bem como a divulgação impressa de supostos milagres ou revelações.
A nível litúrgico, reduziu os dias de preceito a trinta e quatro, além dos domingos, introduziu novos ofícios e nomeou uma comissão para a reforma do Breviário de São Pio V, a qual se manteve até à reforma posterior de São Pio X.
Compôs o ofício de Santa Isabel e fixou os hinos para as festas de Santa Martinha, Santa Hermenegilda e Santa Isabel de Portugal, que canonizou em 1926.
Decretou, de acordo com o Concilio de Trento, que todos os bispos, incluindo cardeais, residissem na sua Sé.
Protegeu as ordens religiosas, aprovando, em 1626, a Ordem dos Sacerdotes da Missão ou Lazaristas, fundada por São Vicente de Paulo e várias congregações femininas.
Criou várias dioceses e vicariatos em países pagãos, para apoiar os missionários, alargou as atividades da Congregação da Propaganda Fide, fundou o Colégio Urbano, para preparar missionários com destino à China e Japão; proibiu a escravatura dos índios do Paraguai, Brasil e de todas as Índias Ocidentais. O seu interesse missionário foi recompensado em 1626, quando o Négus da Etiópia abdicou da crença monofisita para abraçar a fé católica, grandemente influenciado pelo jesuíta português patriarca Afonso Mendes.
Encarregou Bernini de várias obras monumentais, como o baldaquino na Basílica de São Pedro, e Maderno, dando início à construção da residência de férias dos papas em Castel Gandolfo.
Mandou fortificar vários pontos da cidade e do Vaticano, transformou Civita Vecchia em porto militar, erigiu várias igrejas e mosteiros e traçou passeios, ruas, praças e fontes públicas.
A nível político, ampliou os estados Pontifícios, quando o duque Francisco Maria della Rovere cedeu o ducado de Urbino à Igreja; não conseguiu trazer a Inglaterra ao catolicismo; teve um certo êxito na sua intervenção na Guerra dos Trinta Anos, com a paz de 1644, cujos resultados finais se devem, em grande parte, à sua política, menos preocupado em restaurar o catolicismo na Europa do que em manter a sua independência e poder em Itália.
Foi acusado, e talvez com certa razão, de condescendência ante o absolutismo do cardeal Richelieu, em França.
Um caso muito falado e contestado ao seu pontificado foi a condenação de Galileu. O grande matemático e astrónomo adoptara a teoria heliocêntrica, defendida por Nicolau Copérnico em De revolutionibus orbium coelestium, de 1543, segundo a qual era o Sol e não a terra o centro do Universo, que era a Terra que girava à volta do Sol e não o inverso. Até o Papa Paulo V se interessara pela teoria e recebera Galileu em audiência.
Entretanto, outros cientistas, filósofos aristotélicos e exegetas bíblicos moviam uma campanha contra Galileu, dizendo que a teoria se encontrava em desacordo com a doutrina de Aristóteles e contradizia a própria Bíblia. Houve uma denúncia ao Santo Ofício e Galileu submeteu-se, mas entre 1622 e 1623, apareceram três cometas e, em 1632, Galileu publica Dialoghi sopra i due massimi sistemi… Tolemano e Copérnico, publicação que teve a aprovação eclesiástica e apoio de homens eminentes como o jesuíta Cavalleri e cientistas como Viviani e Castelli, mas a facção aristotélica conseguiu que o Santo Ofício, em 1633, abrisse um processo contra Galileu, que foi condenado como suspeito de heresia.
Galileu submeteu-se à sentença que o encarcerava por algum tempo, prisão que Urbano VIII suavizou, mandando que fosse cumprida na casa do Embaixador da Toscana. Daí passou a viver em Siena em casa de seu amigo Arcebispo Piccolomini e, finalmente, na sua própria residência, onde faleceu em 1642.
Um ponto contra Urbano VIII, foi o ter sido último para praticar o nepotismo em grande escala. Três dias depois da coroação fez cardeal o sobrinho Francisco Barberini, que nomeou bibliotecário do Vaticano e Vice-chanceler. Outro sobrinho, António Barberini, foi nomeado Cardeal, camareiro e comandante-chefe das tropas papais. Um terceiro sobrinho, Tadeu Barberini, foi nomeado príncipe da Palestina e prefeito de Roma, e até o seu irmão António, frade capuchinho, foi beneficiado com a diocese de Senigaglia, tornando-o Cardeal, grande penitenciário e bibliotecário do Vaticano.
Os sobrinhos envolveram-se numa luta com Odoardo Farnese, duque de Parma, por uma questão insignificante, e o papa acabou por excomungar o duque, privando-o de todos os seus feudos. O duque reagiu, acabando o papa por assinar uma paz vergonhosa, levantando a excomunhão e devolvendo os territórios ocupados pelas tropas papais.
Urbano VIII faleceu em Roma, dizendo-se na altura que a sua morte fora devida à tristeza pela sua derrota com o duque de Parma, na guerra inútil em que o tinham envolvido os seus favorecidos sobrinhos.
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INOCÊNCIO X
Inocêncio X
(1644-1655)
O conclave demorou 37 dias para a eleição, porque os cardeais não queriam dar o voto a nenhum candidato pró-espannhol, mas acabaram por escolher, em 4 de Janeiro de 1644, o cardeal Pamphili, apesar da sua simpatia por Espanha, que tomou o nome de Inocêncio X, em honra de Inocêncio VIII, benfeitor dos Barberini.
Os dois cardeais e irmãos, Barberini, pensaram em extorquir-lhe concessões, mas o papa recusou e quis tomar ações legais, acusando-os de apropriação indevida dos re cursos públicos durante o pontificado anterior, mas eles refugiaram-se em Paris, protegidos pelo Cardeal Mazarino, adversário do papa.
Neste pontificado, a Guerra dos Trinta Anos, entre católicos e protestantes terminou com o Tratado de Vestefália de 1648, determinando a igualdade de cultos.
Inocêncio X viu diminuída a sua autoridade e protestou com a bula Zelus dominus Dei, declarando inválidos os artigos do tratado, como contrafios à Igreja de Cristo e à verdadeira religião e por não terem em conta nem as aspirações dos povos nem a moral, mas o seu protesto foi infrutífero.
O catolicismo começava a perder a hegemonia na Europa. A França mantinha-se essencialmente católica, mas não ajudava Roma, a Inglaterra era protestante, a Holanda calvinista e a Espanha entrava em declínio e verificava-se já supremacia do poder civil sobre o eclesiástico. Os papas já não podiam pensar em conter os reis dentro dos limites da justiça, por meio de sanções espirituais.
A nível internacional condenou, em 1653, o jansenismo baseado na doutrina do holandês Cornélio Jansen, bispo de Ypres.
Teve enérgica intervenção ao reprovar a chamada «heresia das duas cabeças», que pretendia para São Paulo uma autoridade igual à de São Pedro no governo da igreja.
Celebrou em 1650 mais um Ano Santo da Redenção, com grande influência de peregrinos a Roma.
Na Península Ibérica, Portugal vi via os primeiros anos da restauração da independência e Inocêncio X, fiel a Espanha, recusou-se a reconhecer o rei D. João IV e negou-lhe o direito de aprovar os bispos nomeados para Portugal. D. João IV recusou-se aceitar as nomeações de Inocêncio X, sem apreciação prévia da coroa, como era habitual.
A situação agravou-se a tal ponto que os três estados do reino dirigiram em 8 de Outubro de 1649, uma carta ao papa, pondo-o a par da gravidade do problema, pois as 13 dioceses do continente estavam todas vagas, com exceção de Elvas.
Inocêncio X morreu sem conseguir resolver os problemas do clero em Portugal.
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ALEXANDRE VII
Alexandre VII
(1655-1667)
Depois de um conclave que durou cerca de quatro meses, devido à pressão dos cardeais franceses, o cardeal Fábio Chigi foi eleito por unanimidade e consagrado a 18 de Abril de 1655, tomando o nome de Alexandre VII, em atenção ao seu conterrâneo Alexandre III.
Logo no início do pontificado, e para acabar com o nepotismo, proibiu os seus parentes de se aproximarem do Vaticano, mas devido às pressões dos cardeais acabou por chamar um irmão e sobrinhos, cumulando-os de benefícios e dando-lhes importantes cargos eclesiásticos.
A nível internacional, condenou o Augustinus, de Cornélio Jansen, e as Cartas Provinciais, de Pascal, que atacavam ferozmente a Companhia de Jesus. Teve conflitos graves com o rei Luís XIV, de França, e o seu cardeal Mazarino, e assinou o Tratado de Pisa, em 1664, perdendo Avinhão. Na Península Ibérica continuaram os problemas com a corte espanhola dos Filipes, por causa da independência de Portugal.
A nível espiritual merece referência a bula Solicitudo, de 8 de Dezembro de 1661, sobre a Imaculada Conceição, cuja crença reafirmou.
Durante o seu pontificado deu-se a conversão da rainha Cristina, da Suécia, que foi viver para Roma, no Palácio Farnese. Nesta conversão tiveram grande influência o jesuíta português António Macedo, capelão da Embaixada de Portugal e, mais tarde, os padres da Companhia de Jesus, Francisco de Malinas e Paulo Casati.
Na altura da ida da Rainha para Roma, encontrava-se ali o padre António Vieira, e Cristina, impressionada com a sua eloquência, fez com que pregasse em italiano o sermão da quinta Terça Feira da Quaresma, em 1673, e os célebres sermões das cinco pedras da funda de David, em 1674.
Alexandre VI mandou construir a Bernini a grande colunata da Praça de São Pedro, cujas colunas são encimadas por 182 estátuas de santos.
Modernizou a Universidade de Roma, enriquecendo a sua biblioteca, e ordenou o restauro e decoração da Igreja de Santa Maria del Pópulo, da escada régia e da cadeira de São Pedro, na Basílica do Vaticano.
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Continua:… Este Post era para ser colocado em 15-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA