Nº 1590 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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CLEMENTE IX
Clemente IX
(1667-1669)
Foi eleito papa, por unanimidade, em 26 de Junho de 1667, tomando o nome de Clemente IX. A sua eleição foi muito bem aceite, pois era um homem pacifico e piedoso e de grande cultura literária. Diziam que era um exemplo de modéstia e moderação, sem defeitos.
Quando foi núncio em Espanha contactou com o dramaturgo Lope de Vega e Calderón.
Como papa, não se deixando arrastar pelo nepotismo e tratando apenas do governo da Igreja, iria conquistar o coração dos Romanos.
Visitava muito os hospitais e todos os dias recebia 12 pobres à sua mesa.
Com o seu feito bondoso e pacifico, atraiu alguns bispos franceses, cultores do jansenismo, suspendendo os processos que Alexandre VII lhes tinha levantado. A sua ação foi de tal ordem que ficou conhecida por «paz clementina».
Interveio nos conflitos entre a França e a Espanha e entre esta e Portugal, confirmando a nossa independência com a aceitação de um embaixador português em Roma e acabou com a questão do provimento de bispos para as dioceses de Portugal.
Favoreceu o apostolado nas missões, zelando pela sua pureza e proibindo qualquer comércio aos missionários.
O seu grande desgosto foi a queda de Creta, conquistada pelos turcos, em Setembro de 1669.
Encarregou Bernini de fazer numerosas estátuas para decorar a Basílica de São Pedro.
Declarou beata Santa Rosa de Lima, canonizou a italiana Santa Maria Madalena e o espanhol São Pedro de Alcântara.
Faleceu em Roma, com profundo pesar dos Romanos, e foi sepultado em São Pedro. Clemente X, que lhe sucedeu, mandou trasladar os seus restos mortais para Santa Maria Maior, onde mandou erigir um mausoléu que o apregoa como de re cristiana optime meritus.
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CLEMENTE X
Clemente X
(1670-1676)
O conclave durou quatro meses até eleger, em 29 de Abril de 1670, o cardeal Emílio Altieri, de 80 anos de idade, que foi consagrado a 11 de maio, com o nome de Clemente X.
O novo papa não queria aceitar o cargo devido á sua avançada idade, chegando a dizer que «a túnica papal não deveria ser mortalha funerária». Assim, entregou os assuntos da igreja ao sobrinho adoptivo, o cardeal Paluzzi, que exagerou no cargo e desagradou ao povo romano.
O pontífice foi um continuador da «paz clementina» mas interveio energicamente contra o rei de França, que pretendia dispor das rendas das Sés católicas.
Com o seu apoio financeiro, João Sobieski, futuro rei da Polónia, venceu os Turcos, em Novembro de 1673.
Celebrou o Ano Santo, em 1675.
Canonizou São Francisco de Borja, Santa Rosa de Lima (a primeira santa do continente americano), em 1671, São Caetano de Tiene, São Luís Beltrão e São Filipe Benício e beatificou São João da Cruz, em 1675.
No campo da arte, encarregou Bernini de fabricar o tabernáculo de bronze dourado da capela do Santíssimo Sacramento no Vaticano e um fontanário na Praça de São Pedro.
Foi no seu pontificado que se verificaram as aparições do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa visitandina, o que desencadeou o incremento do culto, numa resposta concreta aos erros do rigorismo jansenista.
No que se refere a Portugal, os cristãos-novos requereram ao papa o perdão geral e a reforma dos estilos da inquisição portuguesa. Os cardeais rendidos em cortes, em Abril de 1674, rejeitaram a proposta com o apoio do regente D. Pedro, que garantiu o seu apoio ao Conselho Geral do Santo Ofício e escreveu ao papa nesse sentido.
Clemente X não se convenceu com os argumentos e enviou um breve ordenando a suspensão dos processos, sentenças e autos-de-fé da Inquisição portuguesa. D. Pedro, irritado, recusa-se a obedecer e só o papa Inocêncio XI iria retomar o assunto.
Clemente X foi sepultado em São Pedro e considerado um papa de bela alma, grande piedade, justiça e clemência.
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BEATO INOCÊNCIO XI
Beato Inocêncio XI
(1676-1689)
Depois de um conclave de dois meses, o cardeal Odescalchi foi eleito por unanimidade em 21 de Setembro de 1676, tomando o nome de Inocêncio XI.
Homem austero e piedoso, iniciou o seu pontificado recusando cerimónias de espavento e aplicando o dinheiro em, benefício dos pobres. Esta característica de ajudar os necessitados faria com que viesse a ser cognominado «o pai dos pobres».
Começou por ditar normas estritas contra o nepotismo e, para acabar com os abusos e escândalos na corte pontifícia e na sociedade romana, promulgou leis adequadas e pediu aos cardeais que evitassem qualquer mundanismo.
Modificou uma série de leis que ficaram conhecidas por «inocentinas», reduziu as tarifas dos tribunais e opôs-se à usura.
O seu pontificado ficou marcado pelas lutas contra o absolutismo de Luís XIV, rei de França, que continuava a usurpar os chamados «direitos de Igreja», pretendendo dispor dos bens eclesiásticos vacantes, pelo que publicou a chamada «declaração galicana», com auxilio de Bossuet, pela qual declarava a autoridade do papa inferior à do Concílio Ecuménico, exigia que a Santa Sé se obrigasse a respeitar as tradições da Igreja de França e liberdades galicanas; decretava que fosse preciso o consenso da Igreja Universal para ratificar qualquer definição dogmática pontifícia.
Inocêncio XI reagiu energicamente e recusou-se a confirmar as nomeações episcopais feitas pelo Rei-Sol. Luís XIV, como represália, ocupa Avinhão e prende o núncio apostólico, mas a maioria dos bispos e as universidades francesas ficaram ao lado do papa. Na Inglaterra, Jaime II, católico, quis eliminar o protestantismo, todavia mostrou-se fanático e não teve o apoio do papa.
A ameaça turca contra a Áustria e estados balcânicos foi outra grande preocupação, mas o papa, sem contar com a França, conseguiu o apoio de outros países católicos, que organizaram um forte exército, sob o comando do polaco João Sobieski, que socorreu Viena e obteve uma grande vitória contra os Turcos.
Três anos depois era reconquistada Budapeste e libertada a Hungria.
No campo doutrinal, teve de confrontar-se com as teorias do quietismo molinista, pois Miguel Molinos, sacerdote de Saragoça, publicou em 1675 um Guia Espiritual, que espalhou uma série de erros à sombra de um falso misticismo. denunciando a Inquisição, provocou a intervenção do papa, que pela sua bula Coelestis Pastor condenou as 68 proposições contidas na obra, umas como heréticas e outras como perigosas, escandalosas e blasfemas.
Perante a atuação do papa, Molinos abjurou dos seus erros, recebeu a absolvição papal e recolheu a um convento para fazer penitência.
A preocupação constante de Inocêncio XI foi não gastar dinheiro em obras de arte, utilizando-o em casas para recolher e educar crianças pobres.
No que respeita a Portugal, depois das queixas a Clemente X sobre a Inquisição Portuguesa, o papa quis inteirar-se mais profundamente da veracidade das acusações, porém, o processo foi ficando esquecido, até que Inocêncio XI, através de um breve enviado ao inquisidor-geral D. Veríssimo de Lencastre, em Dezembro de 1678, lhe ordena que entregue, num prazo de dez dias, «quatro ou cinco processos originais, já findos e terminados no dito tribunal contra réus do judaísmo e, «não o fazendo, vos suspenderemos». Caso não obedeça, o papa ameaça ainda com a pena de interdito ab ingressu ecclesiae, para o arcebispo D. Veríssimo e a excomunhão maior para os outros inquisidores.
O papa enviou também um breve ao príncipe-regente, no qual se mostra agastado com os «vários pretextos» com que se tem adiado o envio dos processos, considerando a desobediência como «gravíssima culpa».
D. Pedro convoca o Conselho de Estado e uma junta de teólogos e decide não aceder à ordem do papa e obriga o inquisidor-geral a desobedecer, sob pena de ser desnaturalizado. também os bispos portugueses seguem a recusa.
Reunidas em 1679, as cortes voltam, a suplicar ao papa que restitua ao Santo Oficio a jurisdição de que estava provido.O papa transige e pelo breve de 22 de Agosto de 1681 restitui à Inquisição os seus poderes, recomendando caridade no tratamento dos presos.
O seu processo de beatificação foi impugnado pelos Franceses, pelo que só se concretizou em 1956, pelo papa Pio XII.
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Este Post era para ser colocado em 16-3-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA