*********************************************NICOLAU DE TOLENTINO, Santo
Até 1800 mais ou menos, este São NICOLAU foi um dos grandes santos da cristandade, com muito espalhado culto, verdadeiramente popular; o seu crédito (humano) parece ter diminuído muito desde essa altura.
Nasceu por 1245, nas Marcas, Itália. segundo o sue biógrafo contemporâneo, PEDRO DE MONTE TUBIANO, os seus pais estavam tristes por não terem filhos; foram convidados em sonhos a ir em peregrinação a Bári, onde São NICOLAU DE MIRA apareceu prometendo-lhes um menino. Por gratidão, foi ele chamado NICOLAU no baptismo. Estando já velho e doente, contou ao enfermeiro que, sendo muito novo, via o Menino Jesus na hóstia da elevação.
Pelos 20 manos, sendo já cónego, foi conquistado pela pregação dum eremita de Santo Agostinho e entrou nessa Ordem. Mostrou-se muito zeloso e mortificado. Ordenando-se padre por 1270 foi enviado para o eremitério de Pêsaro. Era tão fervoroso que celebrava a Missa todos os dias, diz-nos o seu referido biógrafo. Sendo hebdomadário. Isto é, encarregado de celebrar a Missa conventual durante uma hebdómada (quer dizer, uma semana), viu certo dia uma alma do purgatório que lhe pedia celebrasse por ela. Desculpou-se: sendo hebdomadário, não podia. A alma insistiu e mostrou-lhe uma multidão desses espíritos ávidos de socorro. De manhã, pediu ao prior licença para celebrar pelos defuntos durante a semana. Passados sete dias, a sombra suplicante reapareceu com alegria para agradecer: ela e várias outras tinham sido libertadas, graças às celebrações dele.
Veio para Tolentino, vila das Marcas. Um dia visitou um primo seu, prior dum priorado confortável. Este insistiu para que deixasse uma vida miserável e se viesse fixar junto dele. NICOLAU pôs-se a rezar na igreja desse mosteiro. Ora apareceram-lhe 20 jovens vestidos de branco e com os rostos resplandecentes. Cantavam
«Em Tolentino, em Tolentino, em Tolentino, será o teu fim. Mantém-te na tua vocação! Nela estará a tua salvação».
E NICOLAU, afastando o primo tentador, tomou logo o caminho de Tolentino. retomou a vida austera no mosteiro dos eremitas donde vinha. Devia aí passar os
últimos 30 anos de vida, de 1275 a 1305.
Comia tão pouco que ficou doente. O seu prior quis dar-lhe um pouco de carne mas em vão. Chamou-se o prior geral. NICOLAU, vencido pela santa obediência que professara, consentiu e engoliu um pedacinho:
«Já obedeci, não me aborreçam mais com gulodices».
E Deus curou-o. Jejuava a pão e água às segundas, quartas e sextas, e aos sábados em honra de Maria Santíssima. Tanta austeridade trouxe-lhe dores articulares do estomago e da cabeça e ainda perturbações na vista. Perguntava a si mesmo se tanto rigor agradava ou não a Deus, mas o Senhor apareceu-lhe em sonho e confortou-o.
Caindo mele de novo doente, curou-se, por indicação de Nossa Senhora, comendo um pedaço de pão molhado em água, depois de fazer o sinal da cruz. Daí veio o costume de benzer pães em honra de São NICOLAU, destinados a robustecer os fracos. NICOLAU trazia sobre a pele cadeias metálicas, tecidos ásperos e irritantes. Rezava entre as horas canónicas, a que era notavelmente fiel: de completas até ao canto do galo, de matinas até à aurora, da Missa (se não tinha confissões) até terça e de noa até vésperas (se não tinha obrigações impostas pela obediência). rezava na Igreja, perto dum altar, ou na cela.
Nesta dispusera duas lajes: uma para se ajoelhar, a outra em caso de cansaço, para apoiar os antebraços; o frio destas pedras livrava-o da sonolência. E o demónio apresentou-.se um dia:
«Eu sou Belial, para espicaçar a tua santidade».
Tinha-lhe escondido parte da túnica, quando o eremita estava ocupado em cosê-la. Uma noite, Belial tanto maltratou NICOLAU que os irmãos, despertados com o barulho, tiveram de o levar ferido numa cama. Desde então precisou de um bastão para andar.
Esta invalidez não o impedia de visitar os pobres e os doentes. Tinha o segredo das palavras animadoras. Quando pregava, o auditório ficava contentíssimo. No confessionário oferecia a alguns cumprir a penitência em vez deles. Dava às vezes uma penitência mínima por uma falta considerável. O importante era para ele, o movimento de contrição sincera.
Era apertado para ele, largo para os outros. Punha o bem comum acima dos seus interesses particulares. O seu biógrafo PEDRO conta várias curas que ele obteve do céu. Detém-se demoradamente a falar dum astro maravilhoso que brilhou por cima do santo nos seus últimos anos e lhe iluminou o tumulo algum tempo. Durante os seus seis últimos meses NICOLAU ouviu cada noite, antes de matinas, anjos a cantar. Quando sentiu a morte próxima, mandou vir os irmãos, rogou que lhes perdoassem e suplicou ao prior que lhe concedesse o Viático, contra Belial. Recebeu a absolvição e a Eucaristia. Foi colocada à sua vista uma relíquia da cruz.
Algumas das nossas fontes atribuem ao moribundo dizeres muito poéticos:
«Com este omnipotente bastão, serei capaz de atravessar o Jordão desta vida, passar o rio do paraíso transparente como cristal, e chegar à árvore da vida de Jesus Cristo».
Beijou a relíquia e depois disse ao enfermeiro:
«Sobretudo não te esqueças de me entoar ao ouvido Dirupisit vincula mea (Quebraste as minhas cadeias, e imolar-vos-ei um sacrifício de louvor - Slm 115, 16). Fraco como estou, se nada pudesse dizer de mim mesmo, poderia ao menos rezar este texto, de cor, ó meu Senhor».
A voz do moribundo tornava-se alegre e como que transfigurada. Perguntavam-lhe:
«Donde vem essa alegria, meu padre?».
Respondeu:
«Deus está presente, e meu Deus Jesus Cristo, com sua Mãe e o nosso Pai Agostinho, que me diz: "Bravo, bom e fiel servo"» (cfr Mt 25, 23).
Estes belos textos litúrgicos, cantados outrora na esperança, cantava-os agora face a face. Os irmãos rezaram as orações dos agonizantes, e ele entregou-se a Deus como Cristo na cruz (Lc 23 46): ergueu as mãos para o céu, levantou os olhos para a relíquia da cruz e entregou a alma ao Senhor com um ar sossegado e alegre.
O Papa de Avinhão, JOÃO XXII não pôde, por causa da morte (1334), fazer a canonização. Só o canonizou EUGÉNIO IV em 1447.
PULQUÉRIA, Santa
«É a vós que se deve a supressão dos escândalos suscitados pelo espirito do mal; graças ao vosso esforço toda a terra está presentemente unida na mesma confissão de fé». Foi com estas palavras que o papa São LEÃO prestou homenagem à imperatriz PULQUÉRIA, digna neta de Teodósio Magno. Tinha ela sido baptizada por JOÃO CRISTÓSTOMO em Constantinopla e, muito nova ainda, tinha feito voto de virgindade, juntamente com as duas irmãs mais novas. Quando morreu Arcádio, seu pai, foi proclamada «augusta», tendo apenas 15 anos, e passou a governar, sob a tutela de Teodósio II, dois anos mais novo do que ela; em 414, assumiu todas as responsabilidades do governo. Raras vezes se viu tanta prudência aliada a tamanha precocidade: o império do Oriente gozou da maior tranquilidade durante o seu governo.
Quando Teodósio II chegou aos 20 anos, PULQUÉRIA concorreu para que ele desposasse ATENAIS, filha dum filósofo pagão de Atenas e tão formosa como erudita. Baptizada com o nome de EUDÓXIA, a principio ela sujeitou-se ao ascendente que PULQUÉRIA exercia sobre o ânimo de seu marido, mas, com o andar dos tempos, passou a ressentir-se disso, perseguiu a cunhada e obrigou-a a retirar-se para o campo. PULQUÉRIA conservou-se afastada durante três anos, até que, em 450, São LEÃO lhe pediu encarecidamente que viesse em auxilio da ortodoxia ameaçada. Condenado pelo concílio de Éfeso em 431, o patriarca Êutiques tinha, com efeito, caído nas boas graças do imperador, e a heresia triunfava então, com a sua pessoa, na sé de Constantinopla. Bastou que PULQUÉRIA aparecesse na corte para acabar com os abusos de que era vítima seu irmão e conseguir que o concílio de Calcedónia condenasse o Eutiquianismo e os seus adeptos.
Entretanto, deu-se a morte de Teodósio e o afastamento de Eudóxia, o que tornou PULQUÉRIA senhora absoluta do império, ameaçado nessa altura por Átila. A fim de estabilizar a sua autoridade, PULQUÉRIA resolveu casar com o general MARCIANO, oito anos mais novo do que ela, e só teve que se felicitar pela resolução que tomou, pois MARCIANO respeitou o seu voto de continência, perseguiu os partidários de NESTÓRIO e de ÊUTIQUES e obrigou Átila a afastar-se das fronteiras.
Faleceu Santa PULQUÉRIA em 453.
NEMÉSIO, Santo
Em Alexandria, no Egipto, São NEMÉSIO que caluniosamente denunciado de ser ladrão, foi absolvido deste crime; mas depois , durante a perseguição do imperador Décio, acusado perante no juiz Emiliano de ser cristão, foi submetido a numerosas torturas e condenado à fogueira com outros ladrões, à semelhança do divino Salvador que suportou a cruz com os ladrões. (251)
NEMESIANO, FÉLIX, LÚCIO outro FÉLIX, LITEU, POLIANO, VÍTOR, JÁDER e DATIVO, Santos