*********************************************TODOS OS SANTOS
A Festa de TODOS OS SANTOS é uma das mais formosas e alegres. É triunfo, é esperança, é luz. Céu azul ornamentado com brilhantes estrelas na noite escura do mundo.
O nosso viver agitado e ligeiro, como a corrente das águas, que vil e diminuto parece, contemplado na extensão da eternidade, dessa abóboda celeste onde estamos chamados a brilhar como lâmpadas sempre vivas, no Templo eterno de Deus!
A Igreja quer que hoje contemplemos o Céu vivo de todos os predestinados, de todos os que morreram «em Cristo Jesus», com este nome bendito nos lábios e a fé no coração. Todos os heróis da virtude que brilham como estrelas de primeira grandeza, e os pecadores arrependidos, que por fim entraram no hemisfério da luz e da verdade.
Nos primeiros séculos cristãos, o culto dos Santos reduzia-se unicamente aos mártires. Estes eram os grandes heróis que atraíam todo o entusiasmo e simpatia dos fiéis nos opacos subterrâneos das catacumbas e nas régias naves das primeiras Basílicas. Em Antioquia, havia um domingo dedicado a todos os mártires em comum. No Ocidente começou também a celebrar-se a festa de todos os mártires, de todos os apóstolos e de todos os Anjos. Em principio do século VII, em Roma, purificou BONIFÁCIO IV o Panteão do Campo de Marte e dedicou-o à Santíssima Virgem e a todos os mártires. A 13 de Maio, o aniversário de tal dedicação constituiu a primeira festa dos Santos em geral. No século VIII, GREGÓRIO III erigiu na Basílica de São Pedro uma Capela ao Divino Salvador, a sua Mãe Santíssima, aos Apóstolos e a todos os Mártires e Confessores. O objecto da festa dos Santos ia-se cada vez ampliando mais. Compôs-se um Ofício próprio e em 737 inseriu-se no Cânone da Missa uma comemoração de Todos os Santos. A festa deles fixou-a definitivamente no 1º de Novembro, o papa GREGÓRIO IV no século IX. Por fim SISTO IV elevou-a a uma das maiores solenidades, com Oitava. Solenidade ainda é agora.
A fé cristã apresenta-nos sempre, como meta feliz da nossa peregrinação pela terra, «a Cidade permanente» da glória, «o descanso eterno», «o refrigério», «a luz eterna», «a paz» dos que nos precederam. Impunha-se, portanto, a liturgia de Todos os Santos, da humildade cristã que descansa na paz imensa do amor. A vida é uma batalha dura e monótona pelo reino de Deus nas nossas almas. Era preciso olhar para o arco de triunfo, para o monumento da vitória que levantaram os Santos ao Rei dos Séculos.
O vento da inspiração profética de São JOÃO rasga hoje o véu do tempo e do espaço, e coloca-nos na presença dos coros bem-aventurados que celebram os louvores do Cordeiro. Não são alguns escolhidos; são imensa multidão, turba magna, que vem de todas as tribos, de todas as línguas, de todos os povos e de todas as nações, para formar a pátria das pátrias, a única cuja vitória não fará escravos nem tiranos. Nasceram na nossa mesma terra, percorreram-na um dia, como nós agora, lutaram, caíram também, cansaram-se; mostraram ainda nas suas frontes o suor do peregrino, a sede nos lábios e o pó nas sandálias. Passaram já todas estas coisas. Foram perseguidos, tiveram fome, sede, sofreram a calúnia, o ódio e a injustiça. Mas agora são bem-aventurados, beati estis. Passaram a grande tribulação; não voltarão a ter sede, pois «o Cordeiro, que está no meio do trono, os há-de apascentar e levar às fontes da água viva».
Não é fácil ao homem mortal imaginar a vida eterna dos Santos, «que nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem aos homens passou pelo pensamento». O Catecismo descreve-a como «o conjunto de todos os bens, sem mistura de mal algum»; Jesus Cristo no seu Evangelho, como um Reino, como o Paraíso, como a Casa de seu Pai, onde há muitas moradas, como a Vida Eterna, a Bem-aventurança, a Bênção de Deus, como o Gozo do Senhor. Santo AGOSTINHO chama-a «fonte de sabedoria e felicidade, onde a alma se embriaga, bebendo da água que é de Deus».
A liturgia e a arte dos primeiros cristãos, tão cheios de fé na vida eterna, deixaram-nos descrições e imagens inspiradíssimas que falam aos sentidos e ao coração. A abóboda estrelada do céu, o jardim exuberante com plantas, flores e água. As aves a cantar e a saltar de ramo em ramno, os cordeiros que tosam a verde pradaria, o veado que se dessedenta na fonte, o pavão com a sua plumagem e as suas cores, a ave fénix. Tudo o que mais alegra e satisfaz os sentidos escolheu-se como meio de representação duma beleza, duma plenitude espiritual e inefável.
A liturgia copta diz: «Dá-lhes, Senhor, descanso no lugar verdejante, junto às águas que fortificam, no jardim das delícias, longe das aflições do coração, da tristeza e do gemido».
A chamada liturgia de São TIAGO: «Dispõe, Senhor, que possamos descansar na região dos que vivem no teu reino, nas delícias do Paraíso, no seio de ABRAÃO, de ISAAC e de JACOB, nossos pais, onde não têm entrada a dor, a tristeza e o gemido, onde preside a luz do teu rosto e resplandece para sempre».
O refrigério domina a liturgia e a arte primitiva cristã. São CIPRIANO dizia no século III: «Os justos estão chamados ao refrigério; os maus ao suplício eterno».
Santa PERPÉTUA contempla numa visão a vida bem-aventurada de seu irmão DINÓCRATE e vê-o «num corpo limpo, regiamente vestido e no refrigério». As Actas de São MARIANO e de São TIAGO mártires de Cartago, pintam-nos o céu como ,«um caminho a correr entre o sorriso dos prados e o germinar dos bosques, onde negros ciprestes e altos pinheiros chegam ao céu, donde mana uma fonte de água pura, que os sentidos bebem».
A epigrafia funerária está cheia também desta ideia de refrigério aplicada à vida do Céu: «Descansa a tia alma no refrigério». «O Deus omnipotente refrigere a tua alma». As lajes dos mármores transmitiram-nos a pomba que bebe num cântaro cristalino, onde se vê a cor azul da água. No Cemitério de São CALISTO há três ânforas transparentes, em cujos bordos bebem felizes as aves do céu, imagem dos bem-aventurados. É representação gráfica da felicidade eterna, que a antiguidade cristã condensou nestas palavras: «Bebe, vive».
A imagem mais expressiva do refrigério eterno é a pintura das ovelhas, que se encontra em São CALISTO. No centro, como figura principal, está o Bom Pastor, que levou a alma do defunto para entre a fileira interminável das suas ovelhas escolhidas. Entre elas, dois homens com vestuários sacros que estendem as mãos para a fonte da vida e assim saciam a sede de felicidade eterna.
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Ver mais sobre a festividade de TODOS OS SANTOS no livro SANTOS DE CADA DIA da editorial AO de Braga
Diz-se que São BENIGNO vindo de Esmirna, desembarcou em Marselha, tomou o caminho de Autun e lá viveu durante alguns anos; passando depois por Langres, chegou a Dijon onde exerceu o zelo apostólico e foi martirizado. Uns colocam a sua morte em tempo de Marco Aurélio, outros no século seguinte, sob o imperador Aureliano. Segundo alguns, ela teria sido acompanhada das mais extraordinárias circunstâncias. Acusado de magia e com o corpo dilacerado de açoites, o apóstolo foi levado à presença dos ídolos e empanturrado de carne que lhes tinha sido consagrada. Nesse mesmo instante, as estátuas dos ídolos e todos os aprestos do seu culto se desfizeram em fumo. Conservaram-no preso durante seis dias com os pés chumbados a uma pedra e deram-lhe como companheiros três cães que, no entanto, não lhe fizeram qualquer mal. Para acabarem com ele, desfecharam-lhe golpes brutais com uma barra de ferro na cabeça.
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Ver mais sobre São BENIGNO acima citados no livro SANTOS DE CADA DIA da editorial AO de Braga.
CESÁRIO, Santo
Em Terracina, litoral do Lácio - Itália, São CESÁRIO mártir. (data incerta)
AUSTREMÓNIO, Santo
Em Arvena, na Aquitânia hoje Clermont-Ferrand - França, Santo AUSTREMÓNIO bispo que segundo a tradição pregou nesta cidade a palavra da salvação. (séc. III)
MARCELO, Santo