Nº 1661-4 - IN MEMORIAM do Padre MÁRIO SALGUEIRINHO - 25 de Maio de 2013

Nº 1661-4

(Post para publicação em 25 de Maio de 2013 – 10,30 h).

(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)

Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.

Que descanse em paz com as honras do Senhor.

18\06\1927 - 29\10\2011

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Do livro “Caminhos da Felicidade”

UMA RODA

Qualquer pequena coisa pode encerrar uma grande mensagem, como a história desta roda.

Uma roda de madeira, numa pancada mais forte numa pedra da calçada, perdeu um pedaço em forma de cunha. Daí em diante, sentia-se infeliz e só desejava voltar a ser uma roda completa.

Começou então a procurar pelos caminhos o pedaço que lhe faltava.

Como não podia rolar depressa, ia admirando a relva e as flores e apanhando sol. Encontrou muitos pedaços de madeira, mas nenhum encaixava na falha que tinha. Deixava-os na berma e continuava a sua busca.

Certo dia, encontrou um pedaço que era exatamente o que lhe faltava.

Recolocou-o no seu lugar e ficou imensamente feliz.

Começou então a rolar pelos caminhos, pelas calçadas, pelas estradas. Era agora uma roda perfeita, completa. Deslizava com facilidade e com muita velocidade. Mas verificou, com tristeza, que já não podia admirar a beleza das flores nem saborear o seu perfume nem outras coisas belas da natureza.

Quando sentiu que o mundo lhe era não muito diferente do anterior, parou, deixando o pedaço de madeira que tinha incorporado em si, e prosseguiu o seu caminho devagar, apreciando e saboreando as maravilhas do mundo.

 

Talvez se possa concluir que somos mais inteiros e mais felizes quando nos falta alguma coisa.

A pessoa que tem tudo é, de certa forma, uma pessoa carente. Mesmo muito rica, é uma pessoa pobre.

Nunca saberá o que é a ânsia  de alguma coisa, ter esperança de alguma coisa, sonhar com alguma coisa que se não tem.

É que, quando se perde algo importante para nós ou alguém que fazia parte de nós, o caminho é mais reflexivo, mais consciente, mais atento às nossas limitações e fragilidades.

A dor faz-nos caminhar mais lentamente, com mais dificuldade: faz-nos até parar, permitindo-nos apreciar e ponderar melhor o valor e a beleza das coisas e das pessoas.

 

Porto, Dezembro de 1998

Mário Salgueirinho

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Do livro “Dar é receber”

UMA BANDA DE MÚSICA

Uma das imagens mais simbólicas da vida humana é uma banda de música.

Ocorreu-me esta imagem quando, há tempos, vi uma banda de música entrar no espaço engalanado de uma romaria. Todos os componentes, de diversas idades e de ambos os sexos, manipulando briosamente o instrumento que lhes competia, caminhavam num passo vivo e marcha.

Todos, desde os saxofones às trompas, desde os pratos ao bombo, – todos procuravam tocar afinadamente, para proporcionar uma agradável sinfonia.

Algo de semelhante acontece na sociedade humana.

Os elementos de cada grupo – família, profissão, classe - têm a sua função para a harmonia: uns manuseando instrumentos mais complexos, outros menos exigentes, como na banda os ferrinhos ou o bombo. Mas todos complementares para a harmonia e felicidade da sua família ou do seu grupo de trabalho.

Cada um, conforme os seus talentos, oferece o seu contributo – elevado ou humilde –esforçando-se por executar a partitura da vida com competência e beleza.

Em cada componente de banda de música transparece uma preocupação fundamental: não desafinar, não sair do tom, não se distrair, para executar a partitura com perfeição.

É isso que tem que acontecer na vida; cada pessoa: pai ou mãe, filho ou irmão, chefe ou subalterno – cada um tem de exercer a sua função executando a partitura dos seus deveres na pauta da Lei de Deus.

 

Porto, Dezembro/2003

Mário Salgueirinho

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A publicar em:

25-Maio-2013 - 10,30 horas

António Fonseca