domingo, 30 de novembro de 2008

Vídeos - Pe. Marcelo Rossi

Finalmente consegui colocar vídeo neste blog e para iniciar fui buscar a You tube, canções do Padre Marcelo Rossi, que considero muito bonitas e que espero possam deliciar também os possíveis leitores que por aqui passem. Vou ser se vou conseguindo de vez em quando editar vídeos idênticos. As minhas saudações Vicentinas Ver: http://br.youtube.com/user/cemoloki/ António Fonseca

Leitura nº 31 - UM ANO A CAMINHAR COM SÃO PAULO

TERCEIRA PARTE PAULO FALA-NOS DA IGREJA DE DEUS 31 “SOIS CONCIDADÃOS DOS SANTOS E MEMBROS DA CASA DE DEUS" Imaginemo-nos num encontro de cristãos, reunidos de várias raças, línguas e nações, para a celebração da Eucaristia. Possivelmente já nos vimos nessa situação ou conservamos imagens de eventos semelhantes. É provável que nunca tão facilmente como então nos brotou nos lábios a confissão: Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica, um, dos artigos do símbolo da fé que talvez mais recitamos, mas que nem sempre é fácil de dizer, mormente tendo em conta o que na mesma Igreja tem acontecido ao longo da sua história. Paulo mostra-nos em Ef 2, 11-22, não só como a Igreja adquiriu tais qualificativos, como sobretudo em que contexto é realmente possível fazer deles objecto da nossa fé. Ef 2, 11-22 Lembrai-vos, portanto, de que vós outrora – os gentios na carne, os chamados incircuncisos por aqueles que se chamavam circuncisos, por uma circuncisão feita na carne – lembrai-vos de que nesse tempo estáveis sem Cristo, excluídos da cidadania de Israel e estranhos às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós que outrora estáveis longe , estais perto, pelo sangue de Cristo. Com efeito, Ele é a nossa paz, Ele que, dos dois povos, fez um só e destruiu o muro da separação, a inimizade: na sua carne, anulou a lei que contém os mandamentos em forma de prescrições, para, a partir do judeu e do pagão, criar em si próprio um só homem novo, fazendo a paz, e pare reconciliar uns e outros com Deus num só corpo, por meio da cruz, matando assim a inimizade. E na sua vinda anunciou a paz a vós que estáveis longe e paz àqueles que estavam perto. Porque é por Ele que uns e outros num só Espírito temos acesso ao Pai. Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É nele que toda a construção, bem, ajustada, cresce para formar um templo santo no Senhor. É nele que também vós sois integrados na construção, para formardes uma habitação de Deus pelo Espírito. Estamos perante duas situações antagónicas: um passado de exclusão dos gentios do povo de Deus (vv. 11s) e um presente de plena integração numa Igreja una, santa, católica e apostólica (vv. 19-22). No centro está o processo salvífico de unificação, santificação e alargamento à escala universal, levado a cabo por Cristo, sob a mediação apostólica, o qual pôs termo ao antagonismo e levou à formação da Igreja (vv. 13 e 14-18). É nele, até por ser o fundamento da nossa fé, que devemos concentrar-nos. Vamos por partes: 1. A separação entre pagãos e israelitas (vv. 11-13). A diferença que os distinguia na carne transformara-se em oposição religiosa. Era uma ofensa chamar aos pagãos incircuncisos (à letra, prepúcio). Mas também entre gregos e romanos não faltava quem ridicularizasse a circuncisão. Geralmente as rivalidades são mútuas e prejudiciais para ambas as partes. Paulo, dada a predominante origem étnica dos interlocutores, fala apenas do desprezo de que tinham sido vítimas, agravado por outras privações: a expectativa de um Messias; a pertença a um povo, cujas leis e instituições concediam aos seus membros uma cidadania única e se fundavam em sucessivas alianças com Deus; a falta de esperança, por desconhecimento do Deus vivo e verdadeiro. Tudo isso passou, desde que vivem em Cristo, redimidos pelo seu sangue (v. 13). Cumpriu-se finalmente a promessa de Is 57, 19: Paz, para os de longe e os de perto. Vejamos como: 2. A intervenção salvífica de Cristo, (vv. 14-18). Toda ela converge para a paz. Cristo é mesmo chamado a nossa paz, um título único em todo o NT e com um sentido exclusivo: só Ele é a nossa paz. Por três razões: a) Ao contrário dos habituais mediadores da paz, não se limitou a unir os dois povos em litígio, mas destruiu as armas da inimizade: a Lei judaica que, nos seus mandamentos e prescrições, funcionava, de facto (vv. 11s), como muro de separação, Cristo matou-a com a sua morte na cruz. Esta foi-lhe sentenciada com base na Lei, mas Ele assumiu-a, para realizar o que, só pela Lei, é impossível de alcançar (Rm 7, 7-24): o amor, que tem a sua expressão máxima no perdão e sem o qual não há paz que subsista. E foi com esse amor que: b) Ao contrário dos habituais mediadores da paz, criou em si próprio um só homem novo. É novo, porque não existia. O que havia eram dois povos em rivalidade. Convertidos ao amor que vence a morte, as diferenças que os distinguem, passam a estar ao serviço da complementaridade que una os membros do mesmo corpo. Por isso Paulo, em vez de povo, chama-lhe um só homem. É único, porque a uni-los está Cristo que, no dom da sua vida os reconciliou com Deus, para um só corpo. E é em si próprio, isto é, em Cristo, que o corpo se mantém e cresce. De que modo? c) Ao contrário dos habituais pacificadores que se retiram a seguir à reconciliação, Cristo permanece no homem novo por Ele criado. A sua vinda não se limitou ao tempo da sua vida terrena . A paz que então obteve é anunciada, até hoje, no Evangelho (v. 17), É por ele que Cristo continua, em todos os tempos e lugares, a conduzir os homens para o Pai, na comunhão de um só Espírito (v. 18). E é nesta comunhão trinitária que se fundamenta o resultado final da sua acção salvífica: 3. A unidade de uma só Igreja (vv. 19-22), expressa por duas imagens. A primeira, de ordem sócio-política e familiar (v. 19), aponta para a constituição de uma comunhão em que, de estrangeiros passámos a concidadãos dos santos, e de imigrantes (à letra, afastados de casa) passámos a membros da Casa de Deus. Uma comunhão reforçada pela segunda imagem, do âmbito da arquitectura (vv. 20-22). A consciência do edifício em que somos integrados deve-se ao seu fundador: Cristo vitorioso sobre a morte. Foi do seu anúncio pelos Apóstolos, como testemunhas oculares, e pelos Profetas, como intérpretes carismáticos do Evangelho, que nasceu a Igreja. Mas se, por isso, eles são o seu alicerce, a pedra angular É Cristo por eles anunciado. É nele que assenta a construção e é por Ele que ela se orienta no seu crescimento, para formar um templo santo, o lugar do encontro com Deus para os homens de todas as raças, cores e línguas. Encontrá-lo-ão, se cada um de nós para isso contribuir: se em Cristo, formarmos realmente uma habitação de Deus, pelo Espírito ... pelo caminho da fé. Talvez agora percebamos porque razão, no Credo que recitamos e nos une, só depois de nos confiarmos a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, proclamamos: Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. É da comunhão trinitária que vem a nossa comunhão em Igreja ... e a paz sem fronteiras que o mundo de nós espera.

Cristo triunfante

António Fonseca

sábado, 29 de novembro de 2008

então ... e os pobres ?

Do livro "então ... e os pobres?" ouso transcrever alguns textos que foram editados pelos Conselhos Centrais das Conferências Vicentinas de S. Paulo, do Porto, em 2004. Os textos foram compilados por António Ferreira de Gouveia, Bernardino Queirós Alves e Domingos Oliveira e a sua Apresentação foi escrita pelos Presidentes dos referidos Conselhos Centrais, Arminda Marques e Luís Roque, a quem com a devida vénia, peço autorização para a transcrição de alguns capítulos, que creio merecerem a atenção de todos os Vicentinos.
Cristo, o Mestre da Caridade
O Evangelho, boa Nova do Amor a Deus e aos irmãos
1. "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei".
O Amor do Pai revela-se a todos nós na Pessoa de Jesus Cristo. As suas palavras, os seus gestos, o modo como viveu entre nós, o estilo de vida que viveu, os valores que defendeu e comunicou, em tudo isto se expressa a novidade do Seu Amor.
A actividade social do Estado e das Instituições particulares procuram responder aos problemas dos pobres. Esta actividade está organizada num Ministério e tem estruturas nacionais e regionais. Gasta muito dinheiro e orienta-se por critérios de eficácia. A Igreja, na sua Pastoral da Caridade e nas Instituições de Solidariedade Social procura trabalhar com os pobres e a partir dos pobres e não para os pobres.
Os pobres não são considerados objecto mas o sujeito e pretende-se que eles sejam também actores. É aqui que se encontra a novidade da Pastoral da Caridade promovida pelos cristãos e pela Igreja: "Amai-vos como eu vos amei", é no como que está a novidade. Cristo é o Mestre. Há um modo específico, próprio, que o Evangelho nos propõe.
Muitas vezes na Sagrada Escritura a ajuda aos mais pobres é referenciada como uma forma de poder. S. Lucas 22, 25 diz: os reis da terra dominam as nações e os que exercem a autoridade são chamados benfeitores. Mas o Evangelho diz: Convosco não seja assim: o que quiser ser o maior seja o servidor de todos.
2. Cristo está atento ao clamor dos pobres
O Evangelho diz-nos que do meio da multidão barulhenta, o cego deu conta de que Jesus passava e gritou: Filho de David, tem compaixão de mim. Jesus perguntou: Quem me chama? Ouviu o clamor do cego e por causa da sua fé, curou-o. A mulher que sofria de hemorragia crónica dizia: se eu ao menos lhe tocar no manto ficarei curada. Jesus sentiu que ela lhe tocou e ela ficou curada com a força de Jesus.
Jesus percorria os caminhos dos homens e encontrava os que precisavam de libertação: os que estavam escravizados pelo dinheiro, como Zaqueu, os que estavam paralisados, que punha a andar, os que eam marginalizados, como os leprosos, os que eram humilhados, como as prostitutas, os que eram colocados à parte e mal vistos, como os Samaritanos. A todos Ele libertava. Estes e muitos outros levam Jesus a dizer: tive compaixão deste povo. Por isso, Ele foi Bom Pastor e deles se aproximou como Bom Samaritano.
3. Cristo é Mestre como Bem-aventurado
Nas Bem-Aventuranças (Lc 6, 22ss) Ele dá o conteúdo do pobre e do seu caminho para estabeledcer no mundo a Justiça e a Paz. A novidade da acção cristã encontra-se aqui expressa. É n'Ele que aprendemos as Bem-Aventuranças.
Bem-aventurados os pobres: os que não estão presos aos bens e na sua pobreza sentem e sofrem o que isso significa. Bem-aventurados os pobres que estão despojados de egoísmo, da escravatura e da prisão de bens.
Os pobres de bens materiais precisam de não se escravizar aos bens quando os podem conquistar. São as duas dimensoes do pobre. Jesus, na multiplicação dos pães, chamou a atenção àqueles que nâo perceberam para além do pão material.
Nas bem-aventuranças Jesus chama a atenção para vários aspectos de uma Pastoral da Caridade:
- Felizes os pobres, porque deles é o Reino dos Céus;
- Felizes os aflitos porque serão consolados;
- Felizes os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados;
- Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia;
- Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o Reino dos Céus;
4. Jesus e a opção dos pobres
O que fizerdes ao mais pequeno é a Mim que o fazeis (Mt 25, 40);
O Espírito do Senhor repousa sobre Mim e me enviou a anunciar a Boa Nova aos pobres (Lc 4, 18-19):
A Boa Nova é anunciada aos pobres (Mt 11, 4-5).
Jesus despoja-se para se identificar com os pobres (Fil 2, 5-8). Em Mt 25, dar ao homem o que o dignifica e liberta é construir o Reino de Deus, é tê-lo como herança. A Igreja no nosso país e no nosso mundo tem confirmado esta sua vocação e missão de estar com os pobres: é por isso que todos saberão se sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (Jo 13, 55).

Jesus junto dos pobres nâo só os ajudou nas suas necessidades, mas libertou-os do que os tinha dependentes tornando-os autónomos e dignos. Além disso, Jesus denunciava as causas dessa dependência ou opressão; o pecado, as injustiças e desníveis sociais e a moral legalista que culpabilizava e marginalizava. Diz aos fariseus que eles carregam os homens com fardos pesados, que praticam a violência (o sangue de Abel e Zacarias), e se apoderam das chaves da Ciência (Lc 11, 37-54). Jesus percorria toda a Galileia e curava todos as enfermidades (Mt 4, 23-24).

5. O Evangelho como Boa Nova do Reino

O Prefácio da Missa de Cristo Rei diz-nos que o Reino de Deus é um Reino de Verdade, de Justiça, de Amor e de Paz. è este Reino que a Igreja procura servir e concretizar na terra. Cristo foi movido pela compaixão e pela paixão do Reino. São as duas tónicas da missão de Jesus.

A compaixão é o deixar-se comover e tocar até às vísceras pelo sofrimento dos pobres: Eu tive compaixão deste povo que são como um rebanho sem pastor (Mt 9, 35-36).

A paixão pelo Reino levou-o até ao dom da vida: ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. E vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando.

6. O Evangelho é Boa Nova para os pobres

O verdadeiro culto é culto do amor, em espírito e verdade, como Jesus falou à samaritana. Revela uma particular atenção ao clamor dos pobres, desde o Egipto (êxodo) até aos nossos dias. Jesus pergunta: quem me chamou? Quem me tocou?

Todo o Evangelho é um livro à Caridade, ao Amor. Ainda que eu fale todas as línguas (...) ainda que tenha o dom da profecia ou distribuir todos os bens pelos pobres (...) se não tiver Caridade nada vale (1 Cor 13). É que não basta fazer o bem. É preciso fazer o bem, bem feito. O bem tem de ser feito com gratuitidade e levar à promoção e libertaçao do pobre. É o sentido da partilha do óbolo da viúva ou da viúva de Sarepta (1 Reis 17).

É aos pequenos que o Senhor revela a sua sabedoria (Mt 11, 25ss). É preciso ter um coração simples e aberto para acolher a sabedoria de Deus. E a sabedoria do Evangelho, por vezes, está contra a sabedoria que orienta o mundo. Há muitas vezes tensão ou conflito entre estas duas sabedorias. Diz S. João (1 Jo 2, 11-19): não vos deixarei orfãos. Irmãos, se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a Mim. Se fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu ... Temos a responsabilidade do mundo; não te peço, ó Pai, que os tires do mundo, mas que os libertes da corrupção (Jo 17, 15). A nós também Ele perguntará, como a Caim, o que foi feito do irmão Abel.

(Bernardino Queirós Alves - Padre)

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...