sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

CARTA AOS CORÍNTIOS - CAP XII - S. PAULO

12

Jesus é o Senhor
1Sobre os dons do ignorância. 2Sabeis que, quando éreis pagãos, vos sentíeis irresistivelmente arrastados para os ídolos mudos. 3Por isso, eu declaro-vos que ninguém, falando sob a acção do Espírito de Deus, jamais poderá dizer: «Maldito Jesus E ninguém poderá dizer: «Jesus é o Senhor a não ser sob a acção do Espírito Santo.
A Trindade gera a comunidade
4Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; 5diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; 6diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. 7Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. 8A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; 9a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; 10a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. 11Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isto, distribuindo os seus dons a cada um, conforme Ele quer.
A comunidade é o Corpo de Cristo
12De facto, o corpo é um só, mas tem muitos membros; e no entanto, apesar de serem muitos, todos os membros do corpo formam um só corpo. Assim acontece também com Cristo. 13Pois todos fomos baptizados num só Espírito para sermos um só corpo, quer sejamos judeus ou gregos, quer escravos ou livres. E todos bebemos de um só Espírito.

14O corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. 15Se o pé diz: «Eu não sou mão; logo, não pertenço ao corpo», nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 16E se o ouvido diz: «Eu não sou olho; logo, não pertenço ao corpo», nem por isso deixa de fazer parte do corpo. 17Se o corpo inteiro fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfacto? 18Deus é que dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. 19Se o conjunto fosse um só membro, onde estaria o corpo? 20Há, portanto, muitos membros, mas um só corpo. 21O olho não pode dizer à mão: «Não preciso de ti»; e a cabeça não pode dizer aos pés: «Não preciso de vós». 22Os membros do Corpo que parecem mais fracos são os mais necessários; 23e aqueles membros do corpo que parecem menos dignos de honra, são os que cercamos de maior honra; e os nossos membros que são menos decentes, nós tratamo-los com maior decência; 24os que são decentes, não precisam desses cuidados. Deus dispôs o corpo de modo a conceder maior honra ao que é menos nobre, 25a fim de que não haja divisão no corpo, mas os membros tenham igual cuidado uns para com os outros. 26Se um membro sofre, todos os membros participam do seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria.

27Ora, vós sois o corpo de Cristo e sois seus membros, cada um no seu lugar. 28Aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, Apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres... A seguir vêm os dons dos milagres, das curas, da assistência, da direcção e o dom de falar em línguas. 29Acaso, são todos Apóstolos? Todos profetas? Todos mestres? Todos realizam milagres?

30Têm todos o dom de curar? Todos falam línguas? Todos as interpretam? 31Aspirai aos dons mais altos.Aliás, vou indicar-vos um caminho que ultrapassa a todos.
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12,1-6: Esta experiência talvez seja a base de toda a vida missionária de Paulo. Deve ter acontecido no ano 42, na Síria ou na Cilícia (cf. Act 11,25), cinco anos depois da conversão. Trata-se duma experiência espiritual, em que o Apóstolo contemplou a transcendência divina, que nenhuma palavra humana jamais poderá descrever.
7-10: Não se sabe ao certo ao que Paulo se refere quando fala de «espinho na carne». Trata-se talvez de alguma doença que multiplica as dificuldades da sua vida apostólica. Ele experimenta um paradoxo: é na sua fraqueza que se manifesta a força de Deus.
11-18: As características do verdadeiro apóstolo são: paciência a toda a prova, testemunho dado pela Palavra que se traduz em testemunho prático, acção desinteressada e gratuita, sinceridade e veracidade, dedicação total.
12,19-13,4: As agitações na comunidade agravaram o relaxamento que Paulo já lamentara na primeira carta. Agora está decidido a punir os culpados aplicando as medidas que são comuns em outras Igrejas (cf. Mt 18,16).
António Fonseca
A seguir Capítulo XIII

CARTA AOS CORÍNTIOS - CAP XI - S. PAULO

11
1Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.
3. Assembleias litúrgicas
O véu das mulheres
2Elogio-vos, porque em todas as ocasiões vos lembrais de mim, e porque conservais as tradições conforme eu vo-las transmiti. 3Todavia, quero que saibais que a cabeça de todo o homem é Cristo, que a cabeça da mulher é o homem, e a cabeça de Cristo é Deus. 4Todo o homem que reza ou profetiza de cabeça coberta, desonra a sua cabeça. 5Mas, toda a mulher que reza ou profetiza de cabeça descoberta, desonra a sua cabeça; é como se estivesse com a cabeça rapada. 6Se a mulher não se cobre com o véu, mande cortar os cabelos. Mas, se é vergonhoso para uma mulher ter os cabelos cortados ou rapados, então cubra a cabeça. 7O homem não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e a glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem. 8Pois o homem não foi tirado da mulher, mas a mulher foi tirada do homem. 9E o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem. 10Sendo assim, a mulher deve trazer sobre a cabeça o sinal da sua dependência, por causa dos anjos. 11Portanto, diante do Senhor, a mulher é inseparável do homem, e o homem da mulher. 12Pois, se a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher, e tudo vem de Deus. 13Julgai por vós mesmos: será conveniente que uma mulher reze a Deus sem estar coberta com o véu? 14A própria natureza ensina que é desonroso para o homem ter cabelos compridos; 15no entanto, para a mulher é glória ter longa cabeleira, porque os cabelos lhe foram dados como véu. 16Contudo, se alguém quiser contestar, não temos esse costume, e nem as Igrejas de Deus.
Eucaristia e coerência
17Dito isto, não posso elogiar-vos, porque as vossas assembleias, em vez de vos ajudarem a progredir, prejudicam-vos. 18Antes de tudo, ouço dizer que, quando vos reunis em assembleia, há divisões entre vós. E, em parte, acredito nisso. 19É preciso mesmo que haja divisões entre vós, a fim de que se veja quem dentre vós resiste a essa prova.
20De facto, quando vos reunis, o que fazeis não é comer a Ceia do Senhor, 21porque cada um se apressa a comer a sua própria ceia. E, enquanto um passa fome, outro fica embriagado. 22Será que não tendes as vossas casas para nelas comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus e que reis envergonhar aqueles que nada têm? Que devo dizer-vos? Devo elogiar-vos? Não! Neste ponto não vos elogio. 23De facto, recebi pessoalmente do Senhor aquilo que vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24e, depois de dar graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim». 25Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo: «Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que beberdes dele, fazei-o em memória de Mim». 26Portanto, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha.
27Por isso, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28Portanto, cada um examine-se a si mesmo antes de comer deste pão e beber deste cálice, 29pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação. 30É por isso que entre vós há tantos fracos e enfermos, e muitos morreram. 31Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados; 32mas o Senhor corrige-nos por meio dos seus julgamentos, para que não sejamos condenados com o mundo. 33Em resumo, irmãos, quando vos reunirdes para a Ceia, esperai uns pelos outros. 34Se alguém tem fome, coma em sua casa. Assim não vos reunireis para a vossa própria condenação. Quanto ao resto, darei instruções quando aí chegar.
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11,1-6: Como um pai conduz a filha ao noivo para o casamento, Paulo conduziu a comunidade de Corinto a Cristo. Agora ele teme que essa Igreja se deixe seduzir por falsos apóstolos, que apresentam evangelhos diferentes. A imagem do matrimónio exprime intimidade e pertença. Para o Apóstolo, cada comunidade está profundamente ligada a Jesus, seu Senhor único e exclusivo; e ninguém tem o direito de se apoderar de uma comunidade cristã.
7-15: O auxílio financeiro que Paulo recebe destina-se à evangelização e não a ele próprio. Além disso, frequentemente ele prefere exercer o ministério de maneira gratuita, para que não haja críticas ou objecções ao seu único interesse: servir as comunidades sob a sua coordenação. Em Corinto, provia ao seu sustento fabricando tendas (cf. Act 18,3).
16-33: Paulo não abusa da sua autoridade de Apóstolo para se impor às comunidades. Os títulos que apresenta de si próprio, mais do que diplomas que possam dar prestígio pessoal, são as suas lutas, sofrimentos, preocupações e perseguições, pelas quais passou no incansável trabalho de evangelização. A sua compaixão pelos mais fracos recomenda-o acima de todos os «super-apóstolos» que usam os seus títulos para explorar as comunidades por onde passam.
segue-se Capítulo XII
António Fonseca

CARTA AOS CORÍNTIOS - CAP X - S. PAULO

10
Aprender da História
1Irmãos, não quero que ignoreis uma coisa: todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem; todos atravessaram o mar 2e, na nuvem e no mar, todos receberam um baptismo que os ligava a Moisés. 3Todos comeram o mesmo alimento espiritual, 4e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava; e essa rocha era Cristo. 5Apesar disso, a maioria deles não agradou a Deus e caíram mortos no deserto. 6Ora, esses factos aconteceram como exemplo para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles cobiçaram. 7Não vos torneis idólatras, como alguns deles, conforme está na Escritura: «O povo sentou se para comer e beber; depois levantaram-se para se divertir». 8Nem nos entreguemos à imoralidade, como alguns deles se entregaram, de modo que num só dia morreram vinte e três mil. 9Não tentemos ao Senhor, como alguns deles tentaram, e morreram vitimados pelas serpentes. 10Não murmureis, como alguns deles murmuraram, e pereceram às mãos do anjo exterminador.
11Tais coisas aconteceram-lhes como exemplo, e foram escritas para nossa instrução, a nós que vivemos no fim dos tempos. 12Portanto, aquele que julga estar de pé tome cuidado para não cair. 13Não fostes tentados além do que podíeis suportar, porque Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças. Mas, juntamente com a tentação, ele também vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar.
Não pactuar com a idolatria
14Por isso, amados, fugi da idolatria. 15Falo-vos como a pessoas sensatas; julgai vós mesmos o que digo. 16O cálice da bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? 17E como há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois participamos todos desse único pão. 18Considerai o povo de Israel: quando comem as vítimas sacrificadas, não estão em comunhão com o altar? 19E o que quero eu dizer com isto? Que a carne sacrificada aos ídolos seja alguma coisa? Ou que os próprios ídolos sejam alguma coisa? 20Não! O que digo é o seguinte: aquilo que os pagãos sacrificam, sacrificam-no aos demónios, e não a Deus. Ora, eu não quero que entreis em comunhão com os demónios. 21Vós não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demónios. Não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa dos demónios. 22Ou queremos provocar o ciúme do Senhor? Seríamos nós mais fortes do que Ele?
Liberdade e discernimento cristão
23 «Tudo é permitido». Mas nem tudo convém. «Tudo é permitido». Mas nem tudo edifica. 24Ninguém procure satisfazer os seus próprios interesses, mas os do próximo. 25Comei de tudo o que se vende no mercado, sem levantar dúvidas por motivo de consciência, 26pois a Terra e tudo o que ela contém pertence ao Senhor. 27Se algum pagão vos convidar e aceitardes o convite, comei de tudo o que vos for oferecido, sem levantar dúvidas por motivo de consciência. 28Mas se alguém vos disser: «Isto é carne sacrificada aos ídolos», não comais, por causa daquele que vos avisou e por motivo de consciência. 29Falo da consciência dele, não da vossa. Por que motivo a minha liberdade deveria ser julgada por outra consciência? 30Se eu tomo alimento dando graças, porque seria eu censurado por alguma coisa, pela qual dou graças? 31Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. 32Não vos torneis ocasião de escândalo, nem para judeus, nem para gregos, nem para a Igreja de Deus. 33Fazei como eu, que me esforço por agradar a todos em todas as coisas, não procurando os meus interesses pessoais, mas o interesse do maior número de pessoas, a fim de que sejam salvas.
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10-13: Nestes capítulos o tom torna-se severo e violento. Como a vida cristã e a autenticidade do Evangelho se acham ameaçadas, Paulo enfrenta alguns missionários que procuram desacreditá-lo e repreende os cristãos que deram ouvidos a calúnias. É provável que estes capítulos pertençam à carta severa, da qual se fala em 2Cor 2,3 (cf. Introdução).
10,1-18: Paulo conhece a imagem que dele fazem os novos e pretensos missionários: de longe, cheio de severidade; de perto, fraco e tímido; numa palavra, alguém que não possui qualificações para ser Apóstolo. Contudo, ele vive uma convicção diferente: a sua missão não é dominar os homens, mas ganhá-los para Cristo unicamente com a força da Palavra de Deus, que é capaz de «destruir fortalezas». Paulo mostra que esses «super-apóstolos» se aproveitam do trabalho que ele realiza; ao mesmo tempo, critica os Coríntios por lhes darem atenção, preocupando-o e impedindo de evangelizar outros lugares. Com isso, os Coríntios acabam por se tornar um obstáculo e não um auxílio para a propagação do Evangelho. A comunidade precisa de saber distinguir entre o verdadeiro e o falso evangelizador.
Segue-se Capítulo XI
António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...