domingo, 8 de fevereiro de 2009

ANO PAULINO - Artigos (2)

Paulo, perfil do homem e do apóstolo

Concluímos as nossas reflexões sobre os doze Apóstolos chamados directamente por Jesus durante a sua vida terrena. Iniciamos hoje a aproximar as figuras de outras personagens importantes da Igreja primitiva. Também elas dedicaram a sua vida ao Senhor, ao Evangelho e à Igreja. Trata-se de homens, e também de mulheres que, como escreve Lucas no Livro dos Actos, "expuseram as suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo" (15, 26).
O primeiro deles, chamado pelo próprio Senhor, pelo Ressuscitado, para ser também ele um verdadeiro Apóstolo, é sem dúvida Paulo de Tarso. Ele brilha como estrela de primeira grandeza na história da Igreja, e não só da primitiva. São João Crisóstomo exalta-o como personagem superior até a muitos anjos e arcanjos (cf. Panegirico, 7, 3). Dante Alighieri na Divina Comédia, inspirando-se na narração de Lucas feita nos Actos (cf. 9, 15), define-o simplesmente "vaso de eleição" (Inf. 2, 28), que significa: instrumento pré-escolhido por Deus. Outros chamaram-no o "décimo terceiro Apóstolo" e realmente ele insiste muito para ser um verdadeiro Apóstolo, tendo sido chamado pelo Ressuscitado ou até "o primeiro depois do Único". Sem dúvida, depois de Jesus, ele é o personagem das origens sobre a qual estamos mais informados. De facto, possuímos não só a narração que dele faz Lucas nos Actos dos Apóstolos, mas também um grupo de Cartas que provêm directamente da sua mão e sem intermediários nos revelam a sua personalidade e o seu pensamento. Lucas informa-nos que o seu nome originário era Saulo (cf. Act 7, 58; 8, 1, etc.), aliás em hebraico Saul (cf. Act 9, 14.17; 22, 7.13; 26, 14), como o rei Saul (cf. Act 13, 21), e era um judeu da diáspora, estando a cidade de Tarso situada entre a Anatólia e a Síria. Tinha ido muito cedo a Jerusalém para estudar profundamente a Lei mosaica aos pés do grande Rabi Gamaliel (cf. Act 22, 3). Tinha aprendido também uma profissão manual e áspera, era fabricante de tendas (cf. Act 18, 3), que sucessivamente lhe permitiu sustentar-se pessoalmente sem pesar sobre as Igrejas (cf. Act 20, 34; 1 Cor 4, 12; 2 Cor 12, 13-14).
Para ele foi decisivo conhecer a comunidade dos que se professavam discípulos de Jesus. Por eles tinha sabido a notícia de uma nova fé um novo "caminho", como se dizia que colocava no seu centro não tanto a Lei de Deus, quanto a pessoa de Jesus, crucificado e ressuscitado, com o qual estava relacionada a remissão dos pecados. Como judeu zeloso, ele considerava esta mensagem inaceitável, aliás escandalosa, e por isso sentiu o dever de perseguir os seguidores de Cristo também fora de Jerusalém. Foi precisamente no caminho para Damasco, no início dos anos 30, que Saulo, segundo as suas palavras, foi "alcançado por Cristo" (Fl 3, 12).
Enquanto Lucas narra os factos com riqueza de pormenores de como a luz do Ressuscitado o alcançou e mudou fundamentalmente toda a sua vida ele nas suas Cartas vai directamente ao essencial e fala não só da visão (cf. 1 Cor 9, 1), mas de iluminação (cf. 2 Cor 4, 6) e sobretudo de revelação e de vocação no encontro com o Ressuscitado (cf. Gl 1, 15-16). De facto, definir-se-á explicitamente "apóstolo por vocação" (cf. Rm 1, 1; 1 Cor 1, 1) ou "apóstolo por vontade de Deus" (2 Cor 1, 1; Ef 1, 1; Col 1, 1), para realçar que a sua conversão não era o resultado de um desenvolvimento de pensamentos, de reflexões, mas o fruto de uma intervenção divina, de uma imprevisível graça divina. A partir daquele momento, tudo o que antes constituía para ele um valor tornou-se paradoxalmente, segundo as suas palavras, perda e lixo (cf. Fl 3, 7-10). A partir daquele momento todas as suas energias foram postas ao serviço exclusivo de Jesus Cristo e do seu Evangelho.
Agora a sua existência será a de um Apóstolo desejoso de "se fazer tudo em todos" (1 Cor 9, 22) sem reservas.
Isto constitui para nós uma lição muito importante: o mais importante é colocar no centro da própria vida Jesus Cristo, de modo que a nossa identidade se distinga essencialmente pelo encontro, pela comunhão com Cristo e com a sua Palavra. À sua luz todos os outros valores são recuperados e ao mesmo tempo purificados de eventuais impurezas. Outra lição fundamental oferecida por Paulo é o alcance universal que caracteriza o seu apostolado. Vendo a agudeza do problema do acesso dos Gentios, isto é dos pagãos, a Deus, que em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado oferece a salvação a todos os homens sem excepções, dedicou-se totalmente a dar a conhecer este Evangelho, literalmente "boa notícia", isto é, anúncio de graça destinado a reconciliar o homem com Deus, consigo mesmo e com os outros. Desde o primeiro momento ele tinha compreendido que esta era uma realidade que não dizia respeito só aos judeus ou a um certo grupo de homens, mas que tinha um valor universal e se referia a todos, porque Deus é o Deus de todos.
O ponto de partida para as suas viagens foi a Igreja de Antioquia da Síria, onde pela primeira vez o Evangelho foi anunciado aos Gregos e onde também foi cunhado o nome de "cristãos" (cf. Act 11, 20.26), isto é, de crentes em Cristo. Dali ele dirigiu-se primeiro para Chipre e depois várias vezes para as regiões da Ásia Menor (Pisídia, Licaónia, Galácia), depois para as da Europa (Macedónia, Grécia). Mais relevantes foram as cidades de Éfeso, Filipos, Tessalônica, Corinto, sem contudo esquecer Beréia, Atenas e Mileto.
No apostolado de Paulo não faltaram dificuldades, que ele enfrentou com coragem por amor de Cristo. Ele mesmo recorda ter agido "pelos trabalhos... pelas prisões... pelos açoites, pelos frequentes perigos de morte... três vezes fui açoitado com varas, uma vez apedrejado; três vezes naufraguei... viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus concidadãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre os falsos irmãos; trabalhos e fadigas, repetidas vigílias com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez! E além de tudo isto, a minha obsessão de cada dia: cuidado de todas as Igrejas" (2 Cor 11, 23-28). De um trecho da Carta aos Romanos (cf. 15, 24.28) transparece o seu propósito de chegar até à Espanha, às extremidades do Ocidente, para anunciar o Evangelho em toda a parte, até aos confins da terra então conhecida. Como não admirar um homem como este? Como não agradecer ao Senhor por nos ter dado um Apóstolo desta estatura? É claro que não lhe teria sido possível enfrentar situações tão difíceis e por vezes desesperadas, se não tivesse havido uma razão de valor absoluto, perante a qual nenhum limite se podia considerar insuperável. Para Paulo, esta razão, sabemo-lo, é Jesus Cristo, do qual ele escreve: "O amor de Cristo nos impulsiona... para que, os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Cor 5, 14-15), por nós, por todos.
De facto, o Apóstolo dará o testemunho supremo do sangue sob o imperador Nero aqui em Roma, onde conservamos e veneramos os seus despojos mortais. Assim escreveu acerca dele Clemente Romano, meu predecessor nesta Sede Apostólica nos últimos anos do século I: "Por causa dos ciúmes e da discórdia Paulo foi obrigado a mostrar-nos como se obtém o prémio da paciência... Depois de ter pregado a justiça a todo o mundo, e depois de ter chegado até aos extremos confins do Ocidente, sofreu o martírio diante dos governantes; assim partiu deste mundo e chegou ao lugar sagrado, que com isso se tornou o maior modelo de perseverança" (Aos Coríntios, 5). O Senhor nos ajude a pôr em prática a exortação que nos foi deixada pelo Apóstolo nas suas Cartas: "Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo" (1 Cor 11, 1).
(Bento XVI, Audiência Geral, 25.10.2006) Segue-se: Paulo, a centralidade de Jesus Cristo António Fonseca

ANO PAULINO - Artigos

Lista de alguns vídeos publicados por http://ecclesia.pt/anopaulino
VÍDEOS
Ano Paulino
Nos Passos de S. Paulo (1)

Nos Passos de S. Paulo (2)

Nos passos de S. Paulo (3)

Nos passos de S. Paulo (4)

Nos passos de S. Paulo (5)

Nos passos de S. Paulo (6)
Lista de alguns artigos colhidos através do site http://ecclesia.pt que eu tomei a liberdade de publicar em seguida
ARTIGOS

Começarei então por:
Ano Paulino: as dores de cabeça O Ano Paulino: as dores de cabeça
D. Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real, escreve sobre a importância do Ano Paulino para todos os cristãos.
1- Aí está uma realidade que todos conhecemos por experiência pessoal, mesmo em tempo de férias: dores físicas e dores morais, dores de cabeça pelo rodopio das multidões e dores de solidão forçada, dores de operário e dores de empresário, dores de falta de dinheiro e dores de quem não sabe como salvar as economias permanentemente roídas pela inflação, dores pela legítima aquisição das estruturas familiares e dores na sua administração, dores conjugais e dores familiares, dores de fracassos da vida política e dores de sonhos desfeitos. Cada um conhece bem alguns destes sectores e, frequentemente, um pouco de todos. Alguns matizes dos sofrimentos são mais sentidos nas férias: notícias de amigos que faleceram ou que vivem dramas profundos, a escuta de lamentações e desabafos dolorosos, de críticas e advertências.
Mesmo sem vestir a pele de Job ou acrescentar textos novos aos textos de Jeremias, a vida parece, para o comum dos mortais, tecida de muitas dores de cabeça.
2- A esta lista de aflições comuns, gostaria de juntar neste Ano Paulino as dores que nascem da acção pastoral, isto é, as dores oriundas da actividade evangelizadora. Como em Paulo de Tarso, são dores que parecem restritas aos discípulos de Jesus e desconhecidas de quem não tem fé, a quem tudo parece correr bem, sem atritos, sem insónias, sem ondas nem remorsos. Em quase todas as cartas Paulo refere muitas dessas dores e, mesmo as dores físicas, são nele frequentemente efeito do trabalho evangelizador: dores de viagens longas e arriscadas por terra e por mar, naufrágios, dias de fome e de frio, fugas humilhantes como descer uma muralha dentro de um cesto (2 Cor 11,33), incompatibilidade de feitios com Barnabé e João Marcos, diferenças de sensibilidade pastoral e de cultura teológica com outros Apóstolos, dores oriundas das limitações pessoais (defeito físico do rosto? pobreza de apresentação? gaguez análoga a Moisés e Jeremias? a sua condição de judeu a pregar aos gentios e incapaz de convencer os judeus? - 2 Cor 12, 7-9), comunidades adolescentes e inconstantes na Galácia do Norte, comunidades sincretistas em Colossos e dialécticas em Atenas (Act 17,16s), celebrações eucarísticas invadidas pelo populismo de convívios vaidosos em Corinto, comerciantes da religiosidade popular disfarçados de pessoas interessadas pelo progresso económico do povo (Act 19,13-32), falso zelo religioso a encobrir jogadas políticas, instrumentalização de senhoras da sociedade por grupos de pressão política (Act 13,50), desavenças entre mulheres cristãs e caprichos doutorais de outras demasiado faladoras em Éfeso (Cartas a Timóteo), manobras levadas a cabo junto dos tribunais romanos para exercer vinganças.
Tudo isso aconteceu na vida de Paulo, e várias vezes teve de se defender a si mesmo para salvar o seu ministério, o que constituiu mais uma dor de cabeça (2 Cor 11;12). Dir-se-ia ser Paulo um homem conflituoso, um gerador de atritos e desavenças, e mesmo uma vocação difícil.
3- Vale a pena suspender aqui a informação bíblica sobre as tribulações pastorais de Paulo e dar lugar a uma revisão de vida pessoal.
Não há ninguém verdadeiramente cristão que não se sinta retratado em muitas destas cenas, sejam párocos, sejam missionários, sejam bispos, sejam religiosos, sejam pais, catequistas, educadores e professores, sejam leigos militantes na Igreja e no mundo. Perante os problemas, poder invadir-nos a terrível pergunta: serei uma vocação falhada? Será que ando enganado? Será este o meu lugar? Não será melhor deixar andar? Ainda vale a pena a ousadia?
Consciente ou inconscientemente, todos sonhamos com uma vida pastoral e cristã sem atritos, pelo menos no interior da Igreja. E, teoricamente, há conflitos que se podiam evitar, não sendo necessário soprar o vento da agitação para fazer andar o mundo, pois a história não se faz com luta de classes, mas no diálogo sincero, na paciência e conjugação de esforços. Todavia, a marca humana (susceptibilidades e limitações humanas, tanto de pessoas como de grupos, a diversidade de perspectivas), invade o trabalho mais leal.
Analise o leitor o que se passa à sua volta:
De que conflitos é acusado? – De propor aos filhos e àqueles de quem se é responsável o Evangelho como «boa nova», e exigir esforço e brio? De clamar por professores e catequistas que eduquem a cabeça e o coração dos filhos e alunos? De apelar à seriedade na vida académica e profissional, de repetir que estudar faz doer e trabalhar faz suar? De lembrar aos detentores do poder os descaminhos, convidando-os a pôr os pés no chão?
Apesar de todos os conselhos que damos e recebemos, apesar de todas as cautelas que sugerimos e tomamos, apesar da experiência dos anos, surgirão sempre, pela fragilidade de uns, imaturidade de outros e obstáculos de terceiros, dores de cabeça e desgaste, tanto na acção como na omissão. Não se é também acusado de não ter falado nem agido? Até o silêncio faz sofrer, pois evitar sistematicamente pequenas dores de cabeça é contribuir para a criação de furacões sociais, e invocar a paz esconde às vezes o medo de agir e o desejo de «cultivar a imagem». Há atitudes falsamente pacíficas, filhas de um errado irenismo, e saber discernir as atitudes de falar e de calar é outro desafio.
Realmente, é um mistério humano este de termos de sofrer para aprender e fazer sofrer aqueles que estimamos. Geralmente, as coisas só se tornam indiscutíveis e claras depois de feitas, seja o bem, seja o mal, mas já não há volta a dar. Antes, seria preciso acreditar e obedecer a um plano e ainda que todos os intervenientes na obra a executassem fielmente, mas isso ultrapassa a vida humana.
Estamos, pois, condenados a sofrer e a fazer sofrer. Há situações conflituosas inevitáveis e inculpáveis. Resta-nos torná-los salutares, que façam crescer as pessoas. O próprio Jesus advertiu-nos da necessidade constante de pedir perdão, de praticar a correcção fraterna, e, ao mesmo tempo, da nossa condição de soldados da «guerra» que Ele próprio veio «estabelecer». «O reino de Deus sofre violência e são os violentos que o arrebatam». Há uma paz que não vem de Deus, a paz podre, a paz da inércia, a paz da ausência de princípios e da falsa descontracção, a paz dos que ficam parados para não terem a maçada de investir o talento recebido ou dos que não sabem o que querem.
Difundiu-se em vastos sectores da sociedade, nas famílias (incluindo a dinâmica do amor conjugal e da geração de filhos), o sonho de um amor sem dores, sem necessidade de humildade, de pedir perdão e de recomeçar. Sem perder a paz, há que assumir o sonho e o fracasso, pois o caminho evangélico aprende-se sofrendo.
Os textos paulinos falam da «parèsia» do Apóstolo, uma atitude que é um misto de audácia e confiança em Deus. É essa «parèsia» que o anima a pregar nos mais variados tons, incluindo os sentimentos de pai e de mãe, a traçar normas e a aplicar castigos, e a aprender com o insucesso: em Corinto pregou a Cruz, depois de haver falhado com o brilharete filosófico em Atenas. Não há em Paulo quaisquer sinais de angústia existencial acerca da sua vocação: «sei em quem acreditei», sei que «trago comigo os estigmas da paixão de Cristo». E deixa que seja Deus a fazer o julgamento e a marcar a data da colheita; a si basta semear, por vezes com lágrimas.
Quem sabe se este Ano Paulino não fará parte dos frutos da sementeira de há dois milénios!
D. Joaquim Gonçalves - Bispo de Vila Real
Segue-se:
Paulo, perfil do homem e do Apóstolo
António Fonseca

sábado, 7 de fevereiro de 2009

LECTIO PAULI - AS ADVERSIDADES DE PAULO

NOTA PRÉVIA:
Encontrei no site de www.ecclesia.pt/anopaulino dois artigos intitulados LECTIO PAULI que li e achei interessantes para colocar aqui no meu blog.
Os referidos artigos estão em ADOBE. Consegui publicar o segundo As Adversidades de Paulo que, julgo ser uma espécie de guia para Encontros a celebrar nos vários Santuários Jubilares. Quanto ao outro não consegui ainda efectuar a respectiva cópia para poder transcrevê-la para aqui e não sei como é que hei-de fazê-lo. No entanto prometo que farei os possíveis para tal.
AS ADVERSIDADES DE PAULO
1. OBJECTIVO DO ENCONTRO
1. Perceber que na vida de Paulo a fidelidade à Missão de Evangelizar exigiu entrega, renúncias, sacrifícios e martírio.
2. Descobrir que na vida de Paulo a fidelidade é fruto da correspondência à graça de Deus e não tanto consequência da sua heroicidade meramente humana.
3. Interiorizar, que na nossa vida de cristãos do século XXI, a fidelidade à Missão continua exigir de nós abertura ao Dom de Deus, para que haja entrega, renúncias, sacrifícios e testemunho.
2. ORAÇÃO INICIAL
Cântico:
Deixa Deus entrar
Deixa Deus entrar na tua própria casa.
Deixa-te tocar pela sua graça.
Dentro em segredo, reza-lhe sem medo:
«Senhor, Senhor, que queres que eu faça?»
É bem dentro de mim, que vou encontrar
As razões de viver, as razões de amar.
É bem dentro de nós que está a raiz,
Que me faz amar e ser feliz.
Invocação ao Espírito Santo
Aqui estamos nós, Fonte do Amor, para fazermos a experiência de Paulo, a experiência do encontro com Jesus, a experiência da conversão, a experiência do Amor que é mais forte que a própria morte. O Amor ressuscitou Paulo. Abre o meu coração, a vida, toda a minha existência ao Amor, que és Tu. Ajuda-me a interpretar tantos momentos de graça que o Senhor concede à minha vida.
Abre os meus olhos para ver, nas contrariedades comuns do dia-a-dia, a máxima experiência da graça de Deus, do Seu Amor, na minha vida, que nunca me abandona.
Abre o meu coração a Jesus.
Abre os meus ouvidos para escutar Jesus que me fala no mais profundo do meu íntimo e me convida à conversão.
Abre a minha boca para que pronuncie com todo o fervor as mesmas palavras de todos aqueles a quem o Senhor chama e envia, porque descobrem em voz a âncora nas tempestades e a força nas adversidades: Eis-me aqui.
(Repete-se o refrão)
3. O PONTO DE PARTIDA DA VIDA
Iniciemos este nosso encontro de reflexão e de partilha, partindo de um de dois textos muito conhecido, o primeiro é de Judá, um rabino do século XVI (1525-1609) e o segundo, do Papa Bento XVI. Ambos os textos nos falam da força do Amor.
Só o Amor é mais forte
O rabino Judá (1525-1609), como já referimos anteriormente, costumava dizer que no mundo foram criadas dez coisas fortes.
A montanha é forte, mas o ferro pode derrubá-la. O ferro é forte, mas o fogo pode derretê-lo. O fogo é forte, mas a água pode apagá-lo. A água é forte, mas a nuvem pode levá-la. As nuvens são fortes, mas o vento arrasta-as. O vento é forte, mas o corpo humano resiste. O corpo humano é forte, mas o medo pode fazê-lo tremer. O medo é forte, mas o vinho expulsa-o. O vinho é forte, mas o sono vence-o. A morte é mais forte que todas esta coisas. Mas o amor, apenas o amor, vence a morte e nos liberta dela. Quem ama já passou da morte para a vida.
4. LEITURA DA PALAVRA DE DEUS: 2 Cor. 11, 16-33
5. DESENVOLVIMENTO DO TEMA
5.1- O texto bíblico que acabamos de ouvir diz-nos que São Paulo teve de sofrer muito pelo Evangelho, ao entregar-se totalmente à missão recebida de Cristo Ressuscitado. O cumprimento desta missão pedia-lhe muitas renúncias, sacrifícios, trabalhos, viagens longas e incomodativas e um dia até o testemunho total da vida em favor de Cristo Ressuscitado, sujeitando-se ao martírio.
Na base de todos estes sofrimentos está fidelidade à sua missão de anunciar Jesus Cristo a todos , sobretudo aos pagãos, a quem ele se sentia enviado. As adversidades a vencer não faltaram.
Perigos nas viagens:
a) Nesse tempo, a navegação no Mediterrâneo era intenso; Navegação ao longo da Costa e também no mar alto, com barcos que podiam transportar centenas de passageiros, «éramos, ao todo duzentas e setenta e seis pessoas» (Act. 27,37). O capítulo 27 dos Actos narra-nos a tempestade sofrida por Paulo entre Creta e Malta e oferece uma descrição muita precisa das manobras marítimas de então (Act. 27, 14-44).
Dificuldades com as equipas de colaboradores
b) Ao enviar os Seus discípulos pela primeira vez em Missão, o Senhor mandou-os dois a dois (Mc. 6,7). Inspirando-se nesta orientação do Mestre, Paulo rodear-se-á sempre de colaboradores nas suas viagens apostólicas. No início da vida apostólica de Paulo, Barnabé desempenhou um papel de relevo, foi ele quem apresentou Paulo à Igreja-Mãe de Jerusalém e veio buscá-lo a Tarso para a evangelização de Antioquia. Antioquia era um centro roteiro de importância primordial; não é estranho que Barnabé e Paulo fizessem dela o seu ponto de partida missionária…
No momento da partida para a primeira missão, Barnabé desempenhava o lugar de dirigente (Act. 13,41) mas bem depressa se invertem os papeis (Act. 13,43), passando a ser Paulo e os seus companheiros”. Barnabé apoiará Paulo no Concílio de Jerusalém (Gl. 2,1), porém mais tarde em Antioquia, Barnabé muda a sua conduta e (Gl. 2,13) o que fez sofrer muito Paulo.
Dificuldades com os pagãos e Calúnias dos Judeus
c) O sucesso de Paulo junto dos prosélitos vindos do paganismo, activa a oposição violenta dos Judeus. Paulo vê nisso o sinal indicado por Deus para a evangelização dos pagãos e aplica a si as palavras que definem o servo de Deus: “Vou fazer de ti luz das nações, a fim de que a Minha salvação chegue até aos confins da terra”(Is. 49,6).
Por exemplo em Atenas, numa linguagem filosófica, Paulo tentou anunciar Cristo aos pagãos, porém perante o anúncio da ressurreição, os gregos debandam e recusam a proposta da feita por Paulo. Aproveitando-se da decepção da multidão e depois da recusa do Apóstolo, os judeus fomentam uma desordem contra ele.
Apedrejado, Paulo é deixado semimorto: “Aparecem, então, vindos de Antioquia e de Icónio, alguns judeus que aliciaram o povo, apedrejam Paulo e, julgando-o morto, arrastaram-no para fora da cidade.” (Act. 14.19).
O Incidente de Antioquia
d) O acontecimento deu-se em Antioquia, onde Paulo preparava a segunda viagem apostólica.
Na assembleia de Jerusalém, cerca do ano 35, aonde Paulo esteve provavelmente duas semanas e se encontrou com Pedro, ficou claro que aos olhos dos judeus-cristãosde Jerusalém os pagãos convertidos ao cristianismo, mas não circuncidados, arriscavam-se a aparecer como cristãos de segunda classe; “O Evangelho é poder de Deus para salvação de todo o crente, em primeiro lugar do Judeu, e depois do Grego (Rom. 1,16).
Obrigar os pagãos à circuncisão, era opor à evangelização um obstáculo considerável, pois que, para os que não eram judeus, a circuncisão era considerada como uma mutilação degradante. Mas para além destas razões de oportunidade pastoral, São Paulo teve o mérito de reflectir no valor e na novidade que trouxe a morte e ressurreição de Cristo; o fim da justificação pelo comprimento da lei e o valor redentor da em Cristo e da Sua Graça. Em Jerusalém ficou decidido que os pagãos receberiam o Baptismo, sem antes se circuncidarem. Esta decisão contou com o pleno acordo de Pedro, Tiago, Paulo e Barnabé (Act. 15,1-34). Apesar desta decisão de Jerusalém, Pedro, em Antioquia começa por não pôr dificuldades em partilhar a refeição com os pagãos convertidos ao cristianismo, mas depois da chegada de algumas pessoas que acompanharam o apóstolo Tiago ele retirou-se e separou-se deles, com receio dos da circuncisão. E os outros judeus também, dissimularam com ele, de tal modo que até Barnabé se deixou levar pela dissimulação (Gl. 2, 12 ss).
Paulo em diversos provações
e) Paulo teve sempre o cuidado em unir os seus colaboradores à sua acção e isso revela tanto mais meritório quanto ele, por temperamento era inflexível. O apóstolo, apelida os seus companheiros como “colaboradores” (Rom 16,3,9,21, Fil 2,25; Fil. 1,24). Acima de tudo, Paulo deseja o espírito de unidade e por isso condena as “capelinhas” que se formam em Corinto e que muito o fazem sofrer (1Cor1,11). Para além das divergências secundárias entre as pessoas, o grande principio é que Cristo deve ser anunciado em conformidade com os ensinamentos dos Apóstolos e que nada, nem ninguém o deve impedir (Fil. 1,18).
Algumas vezes viu com alegria este espírito de comunhão, como por exemplo, quando os irmãos de Jerusalém ao preverem uma grande fome se quotizou e confiam as suas ofertas a Barnabé e a Paulo (Act. 11,30). Outros vezes, Paulo sofre com a intromissão dos “super-apóstolos” que se fazem passado por ministros de Cristo, embora não passem de instrumentos da divisão e da discórdia (2Cor. 11,13). Paulo ao passar por provas dolorosos, chegou a dizer: “Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos a sobreveio na Ásia. Fomos ali maltratados, desmedidamente, além das nossas forças, de tal maneira que já não esperávamos conservar a vida”. (Cor. 1,8).
Na altura do Concílio de Jerusalém, Paulo tinha recebido a recomendação de não se esquecer das pobres da Cidade Santa. Paulo dá cumprimento a este pedido e organiza uma colecta para a Igreja Mãe (2Cor. 9,12-14). Para que tudo decorra com transparência e verdade, Paulo escolhe homens zelosos para colectar os fundos (2Cor. 8,20.24).
Também nesta actividade Paulo sentiu dificuldade em cumprir o prometido pois em algumas comunidades, houve adesão ao apelo da colecta.
5.2- A fidelidade de Paulo à Cruz
Paulo, desde o momento em que se converteu, no caminho de Damasco, teve clara consciência de que a sua vocação e a sua missão estavam intimamente relacionadas com o mistério da Cruz. O próprio Jesus explicou a Ananias, que resistia a ir ao encontro de Saulo para o baptizar: “esse homem é instrumento da Minha escolha para levar o meu nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel. Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto terá de sofrer pelo Meu Nome (Act. 9,16)
A existência de S. Paulo foi constante realização dessas palavras do Senhor.
Correspondendo à graça sem pôr condições, só se preocupou em conhecer e dar a conhecer Jesus Cristo, apresentando aos olhos dos novos cristãos a figura do Filho de Deus feito Homem, morto e ressuscitado pela nossa salvação. Na Epístola aos Gálatas, falando daquele viver em Cristo a que aspirou desde o instante da sua conversão, afirma: “estou cravado com Jesus na Cruz(Gl. 2,19 e 6,14). E precisamente como consequência dessa íntima união, chegou a identificar-se misticamente com Ele, numa entrega diária, total: "vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim"(Gl.2,20).
Nos tempos de São Paulo, e também agora, muitas pessoas procuravam conhecimentos esotéricos, doutrinas sensacionalistas, esperando encontrar aí a salvação.
Mas o Apóstolo avisa-nos que os desígnios divinos não vão por aí. Ele prega a palavra da Cruz (1Cor. 1,18). E, para que não restassem dúvidas, diz-nos a todos: "enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder e a sabedoria de Deus. Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus é mais forte que os homens" (1Cor. 1,18).
6. PARA DIÁLOGO
1)- Bento XVI diz na homilia de abertura do Ano Paulino:
“Num mundo no qual a mentira é poderosa, a verdade paga-se com sofrimento”
Está de acordo com esta afirmação do Papa? Porquê? Haverá relação entre sofrimento e verdade?
2)- Bento XVI prossegue a sua reflexão dizendo:
“Não há amor sem sofrimento, sem o sofrimento da renúncia a si mesmo, da transformação e purificação do eu pela verdadeira liberdade”
Concorda com esta frase do Papa? Acha que nós e as novas gerações estamos preparadas para viver estes valores? O que podemos fazer para isso?
3) - Diz ainda o Papa:
“Onde não existe nada pelo qual vale a pena sofrer, até a própria vida perde valor.”
Quais são os ideais que as pessoas do grupo mais apreciam?
4)- Conclui o Santo Padre, referindo-se a São Paulo:
“ O seu sofrimento tornou-se credível como mestre da verdade.”
Porque será que o sofrimento de Paulo tornou credível a sua palavra?
Como devemos, nós os cristãos encarar a cruz nas nossas vidas?
7. ORAÇÃO FINAL
Senhor, ensina-nos a perceber como é belo permanecer no teu Amor e caminharmos juntos na fidelidade à Missão que nos confiantes. Fortalece-nos nas horas de prova para como São Paulo testemunharmos o Teu nome em todos os momentos e circunstâncias da vida.
Nossa Senhora, Estrela da Nova Evangelização, interceda por nós

(Pe. Senra Coelho ) http://ecclesia.pt LOUVADO SEJA DEUS,

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E

LOUVADA SEJA SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA,

POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS. AMÉN.

António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...