domingo, 8 de fevereiro de 2009

ANO PAULINO - Artigos

Lista de alguns vídeos publicados por http://ecclesia.pt/anopaulino
VÍDEOS
Ano Paulino
Nos Passos de S. Paulo (1)

Nos Passos de S. Paulo (2)

Nos passos de S. Paulo (3)

Nos passos de S. Paulo (4)

Nos passos de S. Paulo (5)

Nos passos de S. Paulo (6)
Lista de alguns artigos colhidos através do site http://ecclesia.pt que eu tomei a liberdade de publicar em seguida
ARTIGOS

Começarei então por:
Ano Paulino: as dores de cabeça O Ano Paulino: as dores de cabeça
D. Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real, escreve sobre a importância do Ano Paulino para todos os cristãos.
1- Aí está uma realidade que todos conhecemos por experiência pessoal, mesmo em tempo de férias: dores físicas e dores morais, dores de cabeça pelo rodopio das multidões e dores de solidão forçada, dores de operário e dores de empresário, dores de falta de dinheiro e dores de quem não sabe como salvar as economias permanentemente roídas pela inflação, dores pela legítima aquisição das estruturas familiares e dores na sua administração, dores conjugais e dores familiares, dores de fracassos da vida política e dores de sonhos desfeitos. Cada um conhece bem alguns destes sectores e, frequentemente, um pouco de todos. Alguns matizes dos sofrimentos são mais sentidos nas férias: notícias de amigos que faleceram ou que vivem dramas profundos, a escuta de lamentações e desabafos dolorosos, de críticas e advertências.
Mesmo sem vestir a pele de Job ou acrescentar textos novos aos textos de Jeremias, a vida parece, para o comum dos mortais, tecida de muitas dores de cabeça.
2- A esta lista de aflições comuns, gostaria de juntar neste Ano Paulino as dores que nascem da acção pastoral, isto é, as dores oriundas da actividade evangelizadora. Como em Paulo de Tarso, são dores que parecem restritas aos discípulos de Jesus e desconhecidas de quem não tem fé, a quem tudo parece correr bem, sem atritos, sem insónias, sem ondas nem remorsos. Em quase todas as cartas Paulo refere muitas dessas dores e, mesmo as dores físicas, são nele frequentemente efeito do trabalho evangelizador: dores de viagens longas e arriscadas por terra e por mar, naufrágios, dias de fome e de frio, fugas humilhantes como descer uma muralha dentro de um cesto (2 Cor 11,33), incompatibilidade de feitios com Barnabé e João Marcos, diferenças de sensibilidade pastoral e de cultura teológica com outros Apóstolos, dores oriundas das limitações pessoais (defeito físico do rosto? pobreza de apresentação? gaguez análoga a Moisés e Jeremias? a sua condição de judeu a pregar aos gentios e incapaz de convencer os judeus? - 2 Cor 12, 7-9), comunidades adolescentes e inconstantes na Galácia do Norte, comunidades sincretistas em Colossos e dialécticas em Atenas (Act 17,16s), celebrações eucarísticas invadidas pelo populismo de convívios vaidosos em Corinto, comerciantes da religiosidade popular disfarçados de pessoas interessadas pelo progresso económico do povo (Act 19,13-32), falso zelo religioso a encobrir jogadas políticas, instrumentalização de senhoras da sociedade por grupos de pressão política (Act 13,50), desavenças entre mulheres cristãs e caprichos doutorais de outras demasiado faladoras em Éfeso (Cartas a Timóteo), manobras levadas a cabo junto dos tribunais romanos para exercer vinganças.
Tudo isso aconteceu na vida de Paulo, e várias vezes teve de se defender a si mesmo para salvar o seu ministério, o que constituiu mais uma dor de cabeça (2 Cor 11;12). Dir-se-ia ser Paulo um homem conflituoso, um gerador de atritos e desavenças, e mesmo uma vocação difícil.
3- Vale a pena suspender aqui a informação bíblica sobre as tribulações pastorais de Paulo e dar lugar a uma revisão de vida pessoal.
Não há ninguém verdadeiramente cristão que não se sinta retratado em muitas destas cenas, sejam párocos, sejam missionários, sejam bispos, sejam religiosos, sejam pais, catequistas, educadores e professores, sejam leigos militantes na Igreja e no mundo. Perante os problemas, poder invadir-nos a terrível pergunta: serei uma vocação falhada? Será que ando enganado? Será este o meu lugar? Não será melhor deixar andar? Ainda vale a pena a ousadia?
Consciente ou inconscientemente, todos sonhamos com uma vida pastoral e cristã sem atritos, pelo menos no interior da Igreja. E, teoricamente, há conflitos que se podiam evitar, não sendo necessário soprar o vento da agitação para fazer andar o mundo, pois a história não se faz com luta de classes, mas no diálogo sincero, na paciência e conjugação de esforços. Todavia, a marca humana (susceptibilidades e limitações humanas, tanto de pessoas como de grupos, a diversidade de perspectivas), invade o trabalho mais leal.
Analise o leitor o que se passa à sua volta:
De que conflitos é acusado? – De propor aos filhos e àqueles de quem se é responsável o Evangelho como «boa nova», e exigir esforço e brio? De clamar por professores e catequistas que eduquem a cabeça e o coração dos filhos e alunos? De apelar à seriedade na vida académica e profissional, de repetir que estudar faz doer e trabalhar faz suar? De lembrar aos detentores do poder os descaminhos, convidando-os a pôr os pés no chão?
Apesar de todos os conselhos que damos e recebemos, apesar de todas as cautelas que sugerimos e tomamos, apesar da experiência dos anos, surgirão sempre, pela fragilidade de uns, imaturidade de outros e obstáculos de terceiros, dores de cabeça e desgaste, tanto na acção como na omissão. Não se é também acusado de não ter falado nem agido? Até o silêncio faz sofrer, pois evitar sistematicamente pequenas dores de cabeça é contribuir para a criação de furacões sociais, e invocar a paz esconde às vezes o medo de agir e o desejo de «cultivar a imagem». Há atitudes falsamente pacíficas, filhas de um errado irenismo, e saber discernir as atitudes de falar e de calar é outro desafio.
Realmente, é um mistério humano este de termos de sofrer para aprender e fazer sofrer aqueles que estimamos. Geralmente, as coisas só se tornam indiscutíveis e claras depois de feitas, seja o bem, seja o mal, mas já não há volta a dar. Antes, seria preciso acreditar e obedecer a um plano e ainda que todos os intervenientes na obra a executassem fielmente, mas isso ultrapassa a vida humana.
Estamos, pois, condenados a sofrer e a fazer sofrer. Há situações conflituosas inevitáveis e inculpáveis. Resta-nos torná-los salutares, que façam crescer as pessoas. O próprio Jesus advertiu-nos da necessidade constante de pedir perdão, de praticar a correcção fraterna, e, ao mesmo tempo, da nossa condição de soldados da «guerra» que Ele próprio veio «estabelecer». «O reino de Deus sofre violência e são os violentos que o arrebatam». Há uma paz que não vem de Deus, a paz podre, a paz da inércia, a paz da ausência de princípios e da falsa descontracção, a paz dos que ficam parados para não terem a maçada de investir o talento recebido ou dos que não sabem o que querem.
Difundiu-se em vastos sectores da sociedade, nas famílias (incluindo a dinâmica do amor conjugal e da geração de filhos), o sonho de um amor sem dores, sem necessidade de humildade, de pedir perdão e de recomeçar. Sem perder a paz, há que assumir o sonho e o fracasso, pois o caminho evangélico aprende-se sofrendo.
Os textos paulinos falam da «parèsia» do Apóstolo, uma atitude que é um misto de audácia e confiança em Deus. É essa «parèsia» que o anima a pregar nos mais variados tons, incluindo os sentimentos de pai e de mãe, a traçar normas e a aplicar castigos, e a aprender com o insucesso: em Corinto pregou a Cruz, depois de haver falhado com o brilharete filosófico em Atenas. Não há em Paulo quaisquer sinais de angústia existencial acerca da sua vocação: «sei em quem acreditei», sei que «trago comigo os estigmas da paixão de Cristo». E deixa que seja Deus a fazer o julgamento e a marcar a data da colheita; a si basta semear, por vezes com lágrimas.
Quem sabe se este Ano Paulino não fará parte dos frutos da sementeira de há dois milénios!
D. Joaquim Gonçalves - Bispo de Vila Real
Segue-se:
Paulo, perfil do homem e do Apóstolo
António Fonseca

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