domingo, 8 de fevereiro de 2009

ANO PAULINO - Artigos

Lista de alguns vídeos publicados por http://ecclesia.pt/anopaulino
VÍDEOS
Ano Paulino
Nos Passos de S. Paulo (1)

Nos Passos de S. Paulo (2)

Nos passos de S. Paulo (3)

Nos passos de S. Paulo (4)

Nos passos de S. Paulo (5)

Nos passos de S. Paulo (6)
Lista de alguns artigos colhidos através do site http://ecclesia.pt que eu tomei a liberdade de publicar em seguida
ARTIGOS

Começarei então por:
Ano Paulino: as dores de cabeça O Ano Paulino: as dores de cabeça
D. Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real, escreve sobre a importância do Ano Paulino para todos os cristãos.
1- Aí está uma realidade que todos conhecemos por experiência pessoal, mesmo em tempo de férias: dores físicas e dores morais, dores de cabeça pelo rodopio das multidões e dores de solidão forçada, dores de operário e dores de empresário, dores de falta de dinheiro e dores de quem não sabe como salvar as economias permanentemente roídas pela inflação, dores pela legítima aquisição das estruturas familiares e dores na sua administração, dores conjugais e dores familiares, dores de fracassos da vida política e dores de sonhos desfeitos. Cada um conhece bem alguns destes sectores e, frequentemente, um pouco de todos. Alguns matizes dos sofrimentos são mais sentidos nas férias: notícias de amigos que faleceram ou que vivem dramas profundos, a escuta de lamentações e desabafos dolorosos, de críticas e advertências.
Mesmo sem vestir a pele de Job ou acrescentar textos novos aos textos de Jeremias, a vida parece, para o comum dos mortais, tecida de muitas dores de cabeça.
2- A esta lista de aflições comuns, gostaria de juntar neste Ano Paulino as dores que nascem da acção pastoral, isto é, as dores oriundas da actividade evangelizadora. Como em Paulo de Tarso, são dores que parecem restritas aos discípulos de Jesus e desconhecidas de quem não tem fé, a quem tudo parece correr bem, sem atritos, sem insónias, sem ondas nem remorsos. Em quase todas as cartas Paulo refere muitas dessas dores e, mesmo as dores físicas, são nele frequentemente efeito do trabalho evangelizador: dores de viagens longas e arriscadas por terra e por mar, naufrágios, dias de fome e de frio, fugas humilhantes como descer uma muralha dentro de um cesto (2 Cor 11,33), incompatibilidade de feitios com Barnabé e João Marcos, diferenças de sensibilidade pastoral e de cultura teológica com outros Apóstolos, dores oriundas das limitações pessoais (defeito físico do rosto? pobreza de apresentação? gaguez análoga a Moisés e Jeremias? a sua condição de judeu a pregar aos gentios e incapaz de convencer os judeus? - 2 Cor 12, 7-9), comunidades adolescentes e inconstantes na Galácia do Norte, comunidades sincretistas em Colossos e dialécticas em Atenas (Act 17,16s), celebrações eucarísticas invadidas pelo populismo de convívios vaidosos em Corinto, comerciantes da religiosidade popular disfarçados de pessoas interessadas pelo progresso económico do povo (Act 19,13-32), falso zelo religioso a encobrir jogadas políticas, instrumentalização de senhoras da sociedade por grupos de pressão política (Act 13,50), desavenças entre mulheres cristãs e caprichos doutorais de outras demasiado faladoras em Éfeso (Cartas a Timóteo), manobras levadas a cabo junto dos tribunais romanos para exercer vinganças.
Tudo isso aconteceu na vida de Paulo, e várias vezes teve de se defender a si mesmo para salvar o seu ministério, o que constituiu mais uma dor de cabeça (2 Cor 11;12). Dir-se-ia ser Paulo um homem conflituoso, um gerador de atritos e desavenças, e mesmo uma vocação difícil.
3- Vale a pena suspender aqui a informação bíblica sobre as tribulações pastorais de Paulo e dar lugar a uma revisão de vida pessoal.
Não há ninguém verdadeiramente cristão que não se sinta retratado em muitas destas cenas, sejam párocos, sejam missionários, sejam bispos, sejam religiosos, sejam pais, catequistas, educadores e professores, sejam leigos militantes na Igreja e no mundo. Perante os problemas, poder invadir-nos a terrível pergunta: serei uma vocação falhada? Será que ando enganado? Será este o meu lugar? Não será melhor deixar andar? Ainda vale a pena a ousadia?
Consciente ou inconscientemente, todos sonhamos com uma vida pastoral e cristã sem atritos, pelo menos no interior da Igreja. E, teoricamente, há conflitos que se podiam evitar, não sendo necessário soprar o vento da agitação para fazer andar o mundo, pois a história não se faz com luta de classes, mas no diálogo sincero, na paciência e conjugação de esforços. Todavia, a marca humana (susceptibilidades e limitações humanas, tanto de pessoas como de grupos, a diversidade de perspectivas), invade o trabalho mais leal.
Analise o leitor o que se passa à sua volta:
De que conflitos é acusado? – De propor aos filhos e àqueles de quem se é responsável o Evangelho como «boa nova», e exigir esforço e brio? De clamar por professores e catequistas que eduquem a cabeça e o coração dos filhos e alunos? De apelar à seriedade na vida académica e profissional, de repetir que estudar faz doer e trabalhar faz suar? De lembrar aos detentores do poder os descaminhos, convidando-os a pôr os pés no chão?
Apesar de todos os conselhos que damos e recebemos, apesar de todas as cautelas que sugerimos e tomamos, apesar da experiência dos anos, surgirão sempre, pela fragilidade de uns, imaturidade de outros e obstáculos de terceiros, dores de cabeça e desgaste, tanto na acção como na omissão. Não se é também acusado de não ter falado nem agido? Até o silêncio faz sofrer, pois evitar sistematicamente pequenas dores de cabeça é contribuir para a criação de furacões sociais, e invocar a paz esconde às vezes o medo de agir e o desejo de «cultivar a imagem». Há atitudes falsamente pacíficas, filhas de um errado irenismo, e saber discernir as atitudes de falar e de calar é outro desafio.
Realmente, é um mistério humano este de termos de sofrer para aprender e fazer sofrer aqueles que estimamos. Geralmente, as coisas só se tornam indiscutíveis e claras depois de feitas, seja o bem, seja o mal, mas já não há volta a dar. Antes, seria preciso acreditar e obedecer a um plano e ainda que todos os intervenientes na obra a executassem fielmente, mas isso ultrapassa a vida humana.
Estamos, pois, condenados a sofrer e a fazer sofrer. Há situações conflituosas inevitáveis e inculpáveis. Resta-nos torná-los salutares, que façam crescer as pessoas. O próprio Jesus advertiu-nos da necessidade constante de pedir perdão, de praticar a correcção fraterna, e, ao mesmo tempo, da nossa condição de soldados da «guerra» que Ele próprio veio «estabelecer». «O reino de Deus sofre violência e são os violentos que o arrebatam». Há uma paz que não vem de Deus, a paz podre, a paz da inércia, a paz da ausência de princípios e da falsa descontracção, a paz dos que ficam parados para não terem a maçada de investir o talento recebido ou dos que não sabem o que querem.
Difundiu-se em vastos sectores da sociedade, nas famílias (incluindo a dinâmica do amor conjugal e da geração de filhos), o sonho de um amor sem dores, sem necessidade de humildade, de pedir perdão e de recomeçar. Sem perder a paz, há que assumir o sonho e o fracasso, pois o caminho evangélico aprende-se sofrendo.
Os textos paulinos falam da «parèsia» do Apóstolo, uma atitude que é um misto de audácia e confiança em Deus. É essa «parèsia» que o anima a pregar nos mais variados tons, incluindo os sentimentos de pai e de mãe, a traçar normas e a aplicar castigos, e a aprender com o insucesso: em Corinto pregou a Cruz, depois de haver falhado com o brilharete filosófico em Atenas. Não há em Paulo quaisquer sinais de angústia existencial acerca da sua vocação: «sei em quem acreditei», sei que «trago comigo os estigmas da paixão de Cristo». E deixa que seja Deus a fazer o julgamento e a marcar a data da colheita; a si basta semear, por vezes com lágrimas.
Quem sabe se este Ano Paulino não fará parte dos frutos da sementeira de há dois milénios!
D. Joaquim Gonçalves - Bispo de Vila Real
Segue-se:
Paulo, perfil do homem e do Apóstolo
António Fonseca

sábado, 7 de fevereiro de 2009

LECTIO PAULI - AS ADVERSIDADES DE PAULO

NOTA PRÉVIA:
Encontrei no site de www.ecclesia.pt/anopaulino dois artigos intitulados LECTIO PAULI que li e achei interessantes para colocar aqui no meu blog.
Os referidos artigos estão em ADOBE. Consegui publicar o segundo As Adversidades de Paulo que, julgo ser uma espécie de guia para Encontros a celebrar nos vários Santuários Jubilares. Quanto ao outro não consegui ainda efectuar a respectiva cópia para poder transcrevê-la para aqui e não sei como é que hei-de fazê-lo. No entanto prometo que farei os possíveis para tal.
AS ADVERSIDADES DE PAULO
1. OBJECTIVO DO ENCONTRO
1. Perceber que na vida de Paulo a fidelidade à Missão de Evangelizar exigiu entrega, renúncias, sacrifícios e martírio.
2. Descobrir que na vida de Paulo a fidelidade é fruto da correspondência à graça de Deus e não tanto consequência da sua heroicidade meramente humana.
3. Interiorizar, que na nossa vida de cristãos do século XXI, a fidelidade à Missão continua exigir de nós abertura ao Dom de Deus, para que haja entrega, renúncias, sacrifícios e testemunho.
2. ORAÇÃO INICIAL
Cântico:
Deixa Deus entrar
Deixa Deus entrar na tua própria casa.
Deixa-te tocar pela sua graça.
Dentro em segredo, reza-lhe sem medo:
«Senhor, Senhor, que queres que eu faça?»
É bem dentro de mim, que vou encontrar
As razões de viver, as razões de amar.
É bem dentro de nós que está a raiz,
Que me faz amar e ser feliz.
Invocação ao Espírito Santo
Aqui estamos nós, Fonte do Amor, para fazermos a experiência de Paulo, a experiência do encontro com Jesus, a experiência da conversão, a experiência do Amor que é mais forte que a própria morte. O Amor ressuscitou Paulo. Abre o meu coração, a vida, toda a minha existência ao Amor, que és Tu. Ajuda-me a interpretar tantos momentos de graça que o Senhor concede à minha vida.
Abre os meus olhos para ver, nas contrariedades comuns do dia-a-dia, a máxima experiência da graça de Deus, do Seu Amor, na minha vida, que nunca me abandona.
Abre o meu coração a Jesus.
Abre os meus ouvidos para escutar Jesus que me fala no mais profundo do meu íntimo e me convida à conversão.
Abre a minha boca para que pronuncie com todo o fervor as mesmas palavras de todos aqueles a quem o Senhor chama e envia, porque descobrem em voz a âncora nas tempestades e a força nas adversidades: Eis-me aqui.
(Repete-se o refrão)
3. O PONTO DE PARTIDA DA VIDA
Iniciemos este nosso encontro de reflexão e de partilha, partindo de um de dois textos muito conhecido, o primeiro é de Judá, um rabino do século XVI (1525-1609) e o segundo, do Papa Bento XVI. Ambos os textos nos falam da força do Amor.
Só o Amor é mais forte
O rabino Judá (1525-1609), como já referimos anteriormente, costumava dizer que no mundo foram criadas dez coisas fortes.
A montanha é forte, mas o ferro pode derrubá-la. O ferro é forte, mas o fogo pode derretê-lo. O fogo é forte, mas a água pode apagá-lo. A água é forte, mas a nuvem pode levá-la. As nuvens são fortes, mas o vento arrasta-as. O vento é forte, mas o corpo humano resiste. O corpo humano é forte, mas o medo pode fazê-lo tremer. O medo é forte, mas o vinho expulsa-o. O vinho é forte, mas o sono vence-o. A morte é mais forte que todas esta coisas. Mas o amor, apenas o amor, vence a morte e nos liberta dela. Quem ama já passou da morte para a vida.
4. LEITURA DA PALAVRA DE DEUS: 2 Cor. 11, 16-33
5. DESENVOLVIMENTO DO TEMA
5.1- O texto bíblico que acabamos de ouvir diz-nos que São Paulo teve de sofrer muito pelo Evangelho, ao entregar-se totalmente à missão recebida de Cristo Ressuscitado. O cumprimento desta missão pedia-lhe muitas renúncias, sacrifícios, trabalhos, viagens longas e incomodativas e um dia até o testemunho total da vida em favor de Cristo Ressuscitado, sujeitando-se ao martírio.
Na base de todos estes sofrimentos está fidelidade à sua missão de anunciar Jesus Cristo a todos , sobretudo aos pagãos, a quem ele se sentia enviado. As adversidades a vencer não faltaram.
Perigos nas viagens:
a) Nesse tempo, a navegação no Mediterrâneo era intenso; Navegação ao longo da Costa e também no mar alto, com barcos que podiam transportar centenas de passageiros, «éramos, ao todo duzentas e setenta e seis pessoas» (Act. 27,37). O capítulo 27 dos Actos narra-nos a tempestade sofrida por Paulo entre Creta e Malta e oferece uma descrição muita precisa das manobras marítimas de então (Act. 27, 14-44).
Dificuldades com as equipas de colaboradores
b) Ao enviar os Seus discípulos pela primeira vez em Missão, o Senhor mandou-os dois a dois (Mc. 6,7). Inspirando-se nesta orientação do Mestre, Paulo rodear-se-á sempre de colaboradores nas suas viagens apostólicas. No início da vida apostólica de Paulo, Barnabé desempenhou um papel de relevo, foi ele quem apresentou Paulo à Igreja-Mãe de Jerusalém e veio buscá-lo a Tarso para a evangelização de Antioquia. Antioquia era um centro roteiro de importância primordial; não é estranho que Barnabé e Paulo fizessem dela o seu ponto de partida missionária…
No momento da partida para a primeira missão, Barnabé desempenhava o lugar de dirigente (Act. 13,41) mas bem depressa se invertem os papeis (Act. 13,43), passando a ser Paulo e os seus companheiros”. Barnabé apoiará Paulo no Concílio de Jerusalém (Gl. 2,1), porém mais tarde em Antioquia, Barnabé muda a sua conduta e (Gl. 2,13) o que fez sofrer muito Paulo.
Dificuldades com os pagãos e Calúnias dos Judeus
c) O sucesso de Paulo junto dos prosélitos vindos do paganismo, activa a oposição violenta dos Judeus. Paulo vê nisso o sinal indicado por Deus para a evangelização dos pagãos e aplica a si as palavras que definem o servo de Deus: “Vou fazer de ti luz das nações, a fim de que a Minha salvação chegue até aos confins da terra”(Is. 49,6).
Por exemplo em Atenas, numa linguagem filosófica, Paulo tentou anunciar Cristo aos pagãos, porém perante o anúncio da ressurreição, os gregos debandam e recusam a proposta da feita por Paulo. Aproveitando-se da decepção da multidão e depois da recusa do Apóstolo, os judeus fomentam uma desordem contra ele.
Apedrejado, Paulo é deixado semimorto: “Aparecem, então, vindos de Antioquia e de Icónio, alguns judeus que aliciaram o povo, apedrejam Paulo e, julgando-o morto, arrastaram-no para fora da cidade.” (Act. 14.19).
O Incidente de Antioquia
d) O acontecimento deu-se em Antioquia, onde Paulo preparava a segunda viagem apostólica.
Na assembleia de Jerusalém, cerca do ano 35, aonde Paulo esteve provavelmente duas semanas e se encontrou com Pedro, ficou claro que aos olhos dos judeus-cristãosde Jerusalém os pagãos convertidos ao cristianismo, mas não circuncidados, arriscavam-se a aparecer como cristãos de segunda classe; “O Evangelho é poder de Deus para salvação de todo o crente, em primeiro lugar do Judeu, e depois do Grego (Rom. 1,16).
Obrigar os pagãos à circuncisão, era opor à evangelização um obstáculo considerável, pois que, para os que não eram judeus, a circuncisão era considerada como uma mutilação degradante. Mas para além destas razões de oportunidade pastoral, São Paulo teve o mérito de reflectir no valor e na novidade que trouxe a morte e ressurreição de Cristo; o fim da justificação pelo comprimento da lei e o valor redentor da em Cristo e da Sua Graça. Em Jerusalém ficou decidido que os pagãos receberiam o Baptismo, sem antes se circuncidarem. Esta decisão contou com o pleno acordo de Pedro, Tiago, Paulo e Barnabé (Act. 15,1-34). Apesar desta decisão de Jerusalém, Pedro, em Antioquia começa por não pôr dificuldades em partilhar a refeição com os pagãos convertidos ao cristianismo, mas depois da chegada de algumas pessoas que acompanharam o apóstolo Tiago ele retirou-se e separou-se deles, com receio dos da circuncisão. E os outros judeus também, dissimularam com ele, de tal modo que até Barnabé se deixou levar pela dissimulação (Gl. 2, 12 ss).
Paulo em diversos provações
e) Paulo teve sempre o cuidado em unir os seus colaboradores à sua acção e isso revela tanto mais meritório quanto ele, por temperamento era inflexível. O apóstolo, apelida os seus companheiros como “colaboradores” (Rom 16,3,9,21, Fil 2,25; Fil. 1,24). Acima de tudo, Paulo deseja o espírito de unidade e por isso condena as “capelinhas” que se formam em Corinto e que muito o fazem sofrer (1Cor1,11). Para além das divergências secundárias entre as pessoas, o grande principio é que Cristo deve ser anunciado em conformidade com os ensinamentos dos Apóstolos e que nada, nem ninguém o deve impedir (Fil. 1,18).
Algumas vezes viu com alegria este espírito de comunhão, como por exemplo, quando os irmãos de Jerusalém ao preverem uma grande fome se quotizou e confiam as suas ofertas a Barnabé e a Paulo (Act. 11,30). Outros vezes, Paulo sofre com a intromissão dos “super-apóstolos” que se fazem passado por ministros de Cristo, embora não passem de instrumentos da divisão e da discórdia (2Cor. 11,13). Paulo ao passar por provas dolorosos, chegou a dizer: “Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos a sobreveio na Ásia. Fomos ali maltratados, desmedidamente, além das nossas forças, de tal maneira que já não esperávamos conservar a vida”. (Cor. 1,8).
Na altura do Concílio de Jerusalém, Paulo tinha recebido a recomendação de não se esquecer das pobres da Cidade Santa. Paulo dá cumprimento a este pedido e organiza uma colecta para a Igreja Mãe (2Cor. 9,12-14). Para que tudo decorra com transparência e verdade, Paulo escolhe homens zelosos para colectar os fundos (2Cor. 8,20.24).
Também nesta actividade Paulo sentiu dificuldade em cumprir o prometido pois em algumas comunidades, houve adesão ao apelo da colecta.
5.2- A fidelidade de Paulo à Cruz
Paulo, desde o momento em que se converteu, no caminho de Damasco, teve clara consciência de que a sua vocação e a sua missão estavam intimamente relacionadas com o mistério da Cruz. O próprio Jesus explicou a Ananias, que resistia a ir ao encontro de Saulo para o baptizar: “esse homem é instrumento da Minha escolha para levar o meu nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel. Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto terá de sofrer pelo Meu Nome (Act. 9,16)
A existência de S. Paulo foi constante realização dessas palavras do Senhor.
Correspondendo à graça sem pôr condições, só se preocupou em conhecer e dar a conhecer Jesus Cristo, apresentando aos olhos dos novos cristãos a figura do Filho de Deus feito Homem, morto e ressuscitado pela nossa salvação. Na Epístola aos Gálatas, falando daquele viver em Cristo a que aspirou desde o instante da sua conversão, afirma: “estou cravado com Jesus na Cruz(Gl. 2,19 e 6,14). E precisamente como consequência dessa íntima união, chegou a identificar-se misticamente com Ele, numa entrega diária, total: "vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim"(Gl.2,20).
Nos tempos de São Paulo, e também agora, muitas pessoas procuravam conhecimentos esotéricos, doutrinas sensacionalistas, esperando encontrar aí a salvação.
Mas o Apóstolo avisa-nos que os desígnios divinos não vão por aí. Ele prega a palavra da Cruz (1Cor. 1,18). E, para que não restassem dúvidas, diz-nos a todos: "enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder e a sabedoria de Deus. Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus é mais forte que os homens" (1Cor. 1,18).
6. PARA DIÁLOGO
1)- Bento XVI diz na homilia de abertura do Ano Paulino:
“Num mundo no qual a mentira é poderosa, a verdade paga-se com sofrimento”
Está de acordo com esta afirmação do Papa? Porquê? Haverá relação entre sofrimento e verdade?
2)- Bento XVI prossegue a sua reflexão dizendo:
“Não há amor sem sofrimento, sem o sofrimento da renúncia a si mesmo, da transformação e purificação do eu pela verdadeira liberdade”
Concorda com esta frase do Papa? Acha que nós e as novas gerações estamos preparadas para viver estes valores? O que podemos fazer para isso?
3) - Diz ainda o Papa:
“Onde não existe nada pelo qual vale a pena sofrer, até a própria vida perde valor.”
Quais são os ideais que as pessoas do grupo mais apreciam?
4)- Conclui o Santo Padre, referindo-se a São Paulo:
“ O seu sofrimento tornou-se credível como mestre da verdade.”
Porque será que o sofrimento de Paulo tornou credível a sua palavra?
Como devemos, nós os cristãos encarar a cruz nas nossas vidas?
7. ORAÇÃO FINAL
Senhor, ensina-nos a perceber como é belo permanecer no teu Amor e caminharmos juntos na fidelidade à Missão que nos confiantes. Fortalece-nos nas horas de prova para como São Paulo testemunharmos o Teu nome em todos os momentos e circunstâncias da vida.
Nossa Senhora, Estrela da Nova Evangelização, interceda por nós

(Pe. Senra Coelho ) http://ecclesia.pt LOUVADO SEJA DEUS,

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E

LOUVADA SEJA SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA,

POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS. AMÉN.

António Fonseca

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PAULO DE TARSO

Paulo de Tarso
Paulo de Tarso, o "apóstolo das gentes", é uma figura absolutamente incontornável da história do cristianismo. Com ele, o cristianismo saltou os limites estreitos das fronteiras religiosas e étnicas do mundo judaico, atingindo o coração do mundo helénico. Humanamente falando, foi Paulo quem fez com que o movimento de Jesus de Nazaré ultrapassasse o simples estatuto de uma seita desgarrada da ortodoxia judaica de Jerusalém, para se tornar uma proposta verdadeiramente universal, capaz de interessar e de cativar todos os homens e mulheres, de todas as raças e culturas.
Missionário por vocação
No ponto de partida dessa espantosa aventura missionária que vai levar o Evangelho à conquista do mundo greco-romano, está o encontro de Paulo com Cristo, na estrada de Damasco (cf. Act 9,1-18; 22,5-11; 26,12-18).
O próprio Paulo sugere que esse encontro foi um acontecimento repentino, inesperado, que resultou da acção livre, gratuita e soberana de Deus (cf. Gal 1,13-17; 1 Cor 9,1; 15,8; Flp 3,12), na linha das histórias proféticas de vocação. Em qualquer caso, esse encontro com Jesus de Nazaré, vivo e ressuscitado, levou Paulo a alterar a sua existência, fê-lo repensar o seu caminho e tomar consciência da sua vocação. Ao encontrar Jesus Cristo, Paulo apaixona-se por ele; ao apaixonar-se por ele, descobre a força libertadora do seu projecto; e a descoberta do projecto salvador de Deus apresentado em Jesus, gera em Paulo a urgência de uma missão evangelizadora que é imprescindível concretizar: "ai de mim, se eu não evangelizar!" (1 Cor 9,16).
Este "ai" - que lembra os "ais" proféticos - traduz o sentimento de um homem que tem a consciência absoluta de que não pode demitir-se de testemunhar Jesus ressuscitado, porque senão toda a sua vida, tudo aquilo que ele é, tudo aquilo que dá sentido e forma à sua existência, se desmorona completamente. A sua vocação fundamental é "anunciar o Evangelho de Deus" (Rom 1,1; cf. 1 Cor 1,1): só dessa forma a sua vida fará sentido.
Os caminhos do anúncio do Evangelho
O imperativo da evangelização traduz-se, para Paulo, em sucessivas viagens missionárias, que o levam a percorrer, ao serviço de Cristo e do Evangelho, toda a Ásia Menor e Grécia, ao longo de mais de uma dezena de anos. Logo no ano 45, Paulo parte de Antioquia da Síria para uma primeira grande viagem missionária, que se prolonga até ao ano 48 e que o vai levar, por Chipre, até ao sul da Ásia Menor.
Acompanhado de Barnabé, Paulo prega nas sinagogas de Antioquia da Pisídia, Icónio, Listra e Derbe (cf. Act 13,3- 14,28); mas rapidamente a Boa Nova levada pelos dois missionários salta os muros da sinagoga e desafia os homens e as mulheres de cultura helénica. O Evangelho começa, então, a ser uma proposta com dimensão universal. Entre os anos 49 e 52, Paulo - acompanhado por Silas - percorre toda a Ásia Menor (Cilícia, Frígia, Galácia, Mísia), passando depois para a Macedónia e descendo para o sul da Grécia, até Atenas e Corinto, antes de regressar a Antioquia da Síria (cf. Act 15,35-18,22). É durante esta viagem que o Evangelho de Jesus se instala, decididamente, no mundo grego e aí cria raízes fortes e definitivas em cidades como Filipos, Tessalónica ou Corinto.
De 53 a 58, Paulo volta a percorrer a Galácia, a Frígia, a Macedónia e a Grécia (cf. Act 18,23-21,26), numa viagem que não é tanto de criação de novas comunidades, mas que é, sobretudo, de confirmação na fé e de consolidação das Igrejas já existentes. Éfeso tornar-se-á, durante este período, a "base de acção" de Paulo.
Ao olharmos para o mapa físico das viagens missionárias de Paulo ficamos, naturalmente, impressionados pela imensidão dos espaços percorridos, numa época e num contexto em que as deslocações não tinham a facilidade, a comodidade e a tranquilidade que os viajantes do nosso tempo encontram e conhecem. Paulo percorreu, ao serviço do Evangelho, muitos milhares de quilómetros (há quem fale em cerca de 20 000 km), em viagens longas, incómodas e arriscadas…
No entanto, para além da frieza dos números que nos são dados pelos mapas, no que diz respeito a distâncias percorridas, somos naturalmente levados a pensar num "caminho" muito mais complexo, marcado por fadigas sem conta, sofrimentos indizíveis e riscos de toda a espécie. Na segunda carta aos Coríntios (cf. 2 Cor 11,24-28), respondendo àqueles que punham em causa o seu direito a usar o título de apóstolo, Paulo recorda os trabalhos, as prisões, todos os perigos e riscos que teve de enfrentar por causa do Evangelho.
A descrição que Paulo aí apresenta não desenha, nem de perto nem de longe, o quadro completo de tudo o que ele viveu, sofreu e arriscou; mas tem, em pano de fundo, a convicção profunda, a decisão irrevogável e a força impressionante de um homem que deu toda a sua vida à missão que recebeu e que não hesitou diante de nenhum risco a fim de levar Jesus ao encontro do mundo.
Um tesouro transportado em vasos de argila
O que move o "apóstolo das gentes" em todo este afã missionário, não são interesses humanos ou projectos pessoais (cf. 2 Cor 10,2), mas um mandato recebido de Deus. Paulo não se prega a si mesmo, mas a Cristo Jesus. É para levar Cristo Jesus ao encontro dos homens e mulheres de todas as raças que Paulo se fez servo de todos (cf. 2 Cor 4,5). Diante daqueles que põem em causa a validade do seu ministério, Paulo reconhece que é um homem frágil, marcado pela debilidade da condição humana; mas isso não impede que ele tenha sido escolhido para "embaixador" de Deus (2 Cor 5,20) ou "ministro da Nova Aliança" (2 Cor 3,6).
"Trazemos - diz ele - este tesouro em vasos de argila, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso" (2 Cor 4,7). Assim, aconteça o que acontecer e sejam quais foram as oposições que tiver de enfrentar, ele não pode desistir do seu ministério.
As tribulações, as fadigas, as incompreensões, os sofrimentos físicos suportados pelo caminho não são, para Paulo, um obstáculo intransponível; mas são, até, um modo de ele se identificar, cada vez mais, com esse Cristo cujo projecto se concretizou na "loucura da cruz", no dom total de si, e que Paulo, apesar dos seus limites bem humanos, foi chamado a levar a todas as gentes.
Pe. Joaquim Garrido Mendes, SCJ http://ecclesia.pt/anopaulino António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...