segunda-feira, 30 de março de 2009

Leitura nº 48 - "Um ano a caminhar com S. Paulo"

QUINTA PARTE

PAULO FALA-NOS DA VIDA QUE NOS ESPERA

48

“A ESPERANÇA NÃO ENGANA, PORQUE O AMOR DE DEUS FOI DERRAMADO NOS NOSSOS CORAÇÕES”

“Enquanto há vida, há esperança”. Esta frase tem ajudado muita gente a não se resignar. Perante contrariedades próprias ou de outros, fazendo mesmo despertar nelas energias, expressivas do desejo de que a vida seja mesmo vida, isto é, livre de tudo o que a limite. A esperança está assim arreigada na nossa natureza humana.

Mas a frase mostra também os seus limites. Se é só enquanto há vida que há esperança, e depois? Que fazer, quando a morte é mais que certa? Ou, simplesmente, quando a luta pela vida se reduz a adiar o seu fim? Em tais situações, não soará a frase a um cinismo, que pode produzir o efeito oposto: o desânimo ou até o desespero?

Um cristão não deveria dizer: “Enquanto há vida”, mas sim: “porque há vida, há esperança”. Aquela vida de que Paulo nos fala em Rm 5, 1-11, como fundamento da esperança cristã. Trata-se da vida nova que Deus cria naqueles que a Ele aderem pela fé na graça, oferecida na morte e ressurreição de Cristo (3, 21-4,25). Uma transformação que, todavia, não nos liberta das dificuldades, fragilidades e limitações comuns a qualquer mortal. Pelo contrário: quantas vezes, uma vida cristã coerente dá origem a mais sofrimento... e ao abandono da fé. Mas também acontece o oposto: é nessas situações que a convicção de fé sai mais fortalecida... na esperança.

Rm 5, 1-11

Uma vez, pois, que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por Ele tivemos acesso, na fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. Mas não só: gloriamo-nos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência a provação, e a provação a esperança. Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus está derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

De facto, quando ainda éramos fracos, a seu tempo é que Cristo morreu pelos ímpios. Dificilmente alguém morrerá por um justo; porém uma pessoa boa talvez alguém se atreva a morrer. Mas é assim que Deus demonstra o seu amor: quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós. E agora que fomos justificados pelo seu sangue, com muito mais razão havemos de ser salvos da ira, por meio dele. Se, de facto, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida. Mas não só: gloriamo-nos também em Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem agora recebemos a reconciliação.

O específico da esperança cristã está concentrado no v. 5: é uma esperança que não engana, não nos deixa frustrados, na luta por uma vida para além da morte, porque o amor de Deus está derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (v. 5). Antes (vv. 1-4), Paulo mostra-nos como o amor de Deus nos transformou e, no presente, nos anima, desde o centro vital que são os nossos corações. Depois (vv. 6-11), descreve-nos em que consiste esse amor e como ele nos garante a salvação eterna. Comecemos por aqui: por nos deixarmos deslumbrar por um amor que ultrapassa todas as medidas humanamente imagináveis.

De facto, dar a vida por um justo respeitável e sobretudo por alguém de cuja bondade usufruímos (v. 7), era, na época, um ideal da ética helenista da amizade. Se é mais do que um ideal até disso Paulo duvida, e com razão. Os amigos são para as ocasiões... mas, quantas vezes, só as que lhes são favoráveis.

Agora vejamos o que se passou com Deus: Quando ainda éramos fracos, quando ainda éramos pecadores, quando éramos inimigos de Deus (vv. 6.8.10), foi então que Cristo morreu pelos ímpios, morreu por nós (vv. 6.8). Ele que não havia conhecido pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos n’Ele justiça de Deus (2 Cor 5, 21). Na sua morte, assumiu a morte a que está destinado todo o homem que rompe com Deus. Derramou o seu sangue por causa dos nossos pecados, no nosso lugar e em nosso favor. E, com Ele, o próprio Deus. Não é Ele o seu Filho (v. 10)? E que sente um pai a quem morre um filho? Mas haverá algum pai que entregue o filho, para morrer por um inimigo, por alguém que atenta contra a sua vida?

Pois bem, se é assim que Deus nos ama, poderá Ele abandonar-nos, designadamente quando, no fim da nossa vida terrena, formos por Ele julgados? De facto, se fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida (v. 10), salvos da ira, por meio dele (v. 9). Isto quer dizer também que a salvação eterna não se obtém sem nós: sem a nossa aceitação do amor de Deus e sem uma prática de vida coerente com Ele. Na medida em que Deus nos ama, responsabiliza-nos. De que modo?

Dando-nos, Ele próprio, os meios para estar à altura das nossas responsabilidades (vv. 1-5). É Ele quem, através do Evangelho, nos conquista para a fé. Pela qual nos justifica, libertando-nos do pecado que dele nos separa, para vivermos em paz com Ele (v. 1). Foi então que o seu amor foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, para habitar em nós (v. 5). Um estado de graça, na qual estamos firmes, porque fortalecidos por um amor que, pela sua inesgotável gratuidade, nos capacita para irmos infinitamente além do que as nossas forças humanas permitem.

Assim, é essa firmeza que, desde já, nos permite gloriar-nos, na esperança da glória de Deus, cuja plenitude ainda está para se revelar, mas da qual já participamos. E porque se trata de uma glória alcançada no amor, não é de nós que nos gloriamos, mas do que Deus realiza em nós. Daí o aviso de Paulo: Que tens tu que não hajas recebido? E, se o recebestes, porque te glorias, como se não o tivesses recebido (1 Cor 4, 7)?

É essa firmeza que até nos permite gloriarmo-nos também nas provações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência a comprovação, a comprovação a esperança (vv. 3s). Uma espiral virtuosa que, mais do que um efeito pedagógico do sofrimento, é a transformação deste em caridade, em doação da vida.

Dos inumeráveis exemplos da história do cristianismo, há dois a destacar. Antes de mais o de Paulo: Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (...) Mas, em tudo isto, saímos vencedores, graças àquele que nos amou; o Deus que está em Cristo Jesus Senhor Nosso (Rm 8, 35.37.39).

É por isso que Paulo envolve as palavras, em que nos fala da esperança, numa expressão ainda hoje usada no final das nossas orações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo (vv. 1.11). É nele que está a fonte da nossa esperança, porque ninguém a viveu como Ele. Glória a Ele para sempre!

In:Um Ano a caminhar com São Paulo

De: D. Anacleto de OliveiraBispo Auxiliar de Lisboa

Compilado por: António Fonseca - 27-03-2009

Domingo de Ramos - Catholic.net

Catholic.netDo site es-catholic.net, retirei o presente texto que tomei a liberdade de transcrever, após tradução do espanhol para português B - Domingo de Ramos Fonte: Catholic.net Autor: P. Octavio Ortíz

Sagrada Escritura Primeira: Is 50,4-7 Salmo 22 Segunda: Fil 2,6-11 Evangelho: Mc 14,1 - 15,47

Nexo entre as leituras
Encontramo-nos no umbral da semana santa. A liturgia de hoje, com a procissão e a proclamação da Paixão do Senhor, nos introduzem no mistério de Cristo, de seu ingresso solene em Jerusalém e nos preparam para os eventos do Tríduo Pascal. A procissão inicia-se com a proclamação do evangelho de Marcos e se continua avançando pelo caminho entre aclamações com ramos de oliveira e palmas, cantos e orações. Celebramos assim a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém; a entrada do “príncipe da paz”, mas entrada que esconde também os trágicos acontecimentos da paixão. A procissão fala-nos de nosso caminhar pela vida, nos diz de um “avançar”, de um progredir” sem solução de continuidade. Nossa vida passa e nós passamos com ela. Homens e mulheres, peregrinos, viajantes, que não temos aqui a nossa pátria definitiva. Neste caminhar nos precede e nos guia a cruz de Cristo. Ela é a que dá sentido a nosso acontecer, porque nela está a salvação. A procissão deste Domingo possuí, certamente, um carácter festivo. Festivos são os tapetes que se estendem pelo caminho, festivos são os cantos dos viandantes, festivos são as crianças e fiéis que aqui e ali agitam os seus ramos, às vezes alheios ao mistério que se esconde. Festivos e solenes são os ornamentos litúrgicos do celebrante. Festivo é, enfim, o caminhar de toda a assembleia “com cantos e hinos inspirados”. A celebração eucarística que tem lugar no templo possuí um tom diverso: mais solene, mais repousado, mais misterioso, mais contemplativo. Explica claramente quál é o reinado desse Cristo que acaba de entrar em Jerusalém. Proclama-se a paixão segundo S. Marcos. Evangelho simples, claro, diáfano, essencial. Nossa contemplação vai pois a Cristo que sofre, particularmente no horto das oliveiras. A leitura do profeta Isaías nos introduz ainda mais no mistério do servo de Yahveh que, humilhado, sabe obedecer.
Mensagem doutrinal

a) Perspectiva cristológica do evangelho de Marcos: o Cristo que padece é o que aceitou a missão que o Pai lhe encarregou e as consequências da mesma.

Definiram-se os evangelhos como “relatos da paixão precedidos duma larga introdução”; se isto se aplica aos evangelistas em geral, de um modo especial se aplica a Marcos. Toda a segunda parte do evangelho de S. Marcos, desde os acontecimentos de Cesarea de Filipo, se orientam até à paixão. Aqui encontram lugar os três anúncios dos sofrimentos que Cristo deve padecer em Jerusalém. Assim pois, neste ciclo B, temos a oportunidade de contemplar o mistério da cruz de Cristo em seus rasgos mais essenciais e profundos. A linguagem do evangelista não tem tons patéticos. Narra as coisas com simplicidade. Algumas passagens que a tradição popular tem meditado detidamente como a flagelação e a fixação dos cravos, são tocados só de passagem. Sua meditação se dirige mais a compreender as razões secretas que conduziram à condenação de Jesus, e o mistério de que o Filho de Deus tivesse que aceitar aquele tormento.
“A dimensão profunda de suas dores manifesta-se sobretudo no horto das oliveiras, em que Jesus atravessa de antemão os abismos da agonia com uma sacudidela psíquica, e dá-se a conhecer uma vez mais na sua última palavra sobre a cruz que expressa seu infinito desamparo e sua aparente distância de Deus. (Schnackenburg Rudolf, o evangelho segundo S. Marcos Herder, Barcelona 3 ed. 1980, p.232),
O evangelho trata de compreender o que acontece à luz da profecia bíblica que se cumpre em Cristo, e que Cristo mesmo quer livremente levar a efeito. Não se trata de expor a paixão como uma narração histórica, ainda que não falta tampouco este elemento, mas, se consideram os acontecimentos desde a vontade salvífica de Deus. Se vê a paixão como um conflito necessário no que Jesus se há metido a causa da fidelidade a sua missão e das exigências da mesma. JesusPai e a seu amor aos homens teriam como final a oblação total de si mesmo. Para S. Marcos, o Cristo que padece é aquele que aceitou o caminho de sofrimento que lhe há sido dado (14,21.41), é o Filho do homem que virá uma vez entre as nuvens do céu (14,62) e o filho obediente ao Pai (14,36), que depois de sua morte será reconhecido como “Filho de Deus” (15,39). Mas também no relato da paixão Cristo é apresentado como o justo perseguido e como um mártir que sofre o tormento.

b) A dimensão profunda da dor de Cristo que se manifesta no horto das oliveiras.

De entre os diversos temas que aparecem na paixão quisémos agora centrar-nos nos sofrimentos de Jesus em Getsemaní. A oração de Jesus no horto impressionou sempre profundamente a Igreja. Isto foi também verdadeiro na igreja primitiva. A sua terrível agonia é descrita na carta aos hebreus (5,7s), e até João, que vê a paixão sob o sinal da glorificação, considera indirectamente a agonia de Jesus no horto com um eco particular: 'Agora minha alma está perturbada. E ¿que vou dizer? ¡Pai, livra-me desta hora! Mas 'chegou a hora para isto' (Jn 12,27).
Vemos a Jesus que se retira e em oração a seu Pai que chegue o momento da prisão. “É a hora de Jesus”. O Filho do Homem entra em absoluta solidão quando ora ao Pai. Sua atitude recorda a oração no deserto (1,13), e mais ainda, recorda sua oração num lugar solitário no inicio de seu ministério público (1,35). Então orou de madrugada pedindo claridade para o caminho, agora em plena noite para fazer frente ao fim.
Toma a seus discípulos de mais confiança. O invade uma angústia pavorosa. Estes homens, os mais próximos a Jesus, devem ter conhecimento deste profundo abatimento, assim como o tiveram da sua glorificação na transfiguração. Devem dar testemunho às futuras generações da luta, da tristeza, da oração de Cristo em Getsemaní.“A angústia mortal de Jesus se expressa e reveste com a palavra de um salmo: minha alma está triste Sal 46,6.12; Sal 43,5. Mas Jesus junta algo mais até à morte. Não porque quisesse morrer, mas sim pela intensidade da dor.
Em Marcos não se diz que Jesus procura o consolo humano. Afirma-se, em troca, que seus discípulos devem velar. Não no sentido de vigiar, o de anunciar qualquer coisa suspeitosa, ou de responder a um inimigo, como Pedro o faria mais adiante. Não. Devem velar, é dizer, devem orar e vigiar porque o inimigo está às portas. O cristão deve-se preparar na oração para o combate espiritual. Trata-se da vigilância interior à hora da crise.
Para Marcos, Cristo ora, sofre e luta a sós, sem a companhia de seus discípulos, a sós com seu Pai. Por isso, Jesus se retira um pouco mais, afastado inclusivé dos apóstolos de mais confiança. Se prostra no chão e ora. Assim o haviam feito também os grandes varões do Antigo Testamento, Abraão (Gen 22,5) e Moisés (Ex 24,12-18).
Sugestões pastorais
a) O caminho do cristão: um caminho que reproduz o mistério de Cristo.

Nossa vida é um caminhar contínuo. Estamos imersos no tempo e vamos ascendendo até à “Jerusalém do céu”. Dentro da existência humana os padecimentos de Jesus são inevitáveis; mas no seguimento de Jesus são também superáveis, pois nos convidam a uma profundidade e plenitude de vida a que o homem íntimamente aspira. Todos aspiramos a uma vida plena, mas o passar do tempo parece arrebatar-nos essa plenitude. Abramos os olhos e vejamos que com Cristo e em Cristo, esse avançar pela vida se converte num caminho de plenitude, de íntima e alegre realização.
Há momentos na vida em que nos chega o cansaço ante a luta pelo bem. Estamos por soltar as armas. Estamos a ponto de render-nos e abandonar-nos a melhor pastor. “¡Não posso mais. Me abandonou!” "Non ce la faccio più", "Je ne peux plus". Que não nos surpreenda a dor e as dificuldades da vida: são caminho de salvação. Que não nos desanime a velhice, a enfermidade, as desgraças naturais, as guerras... temos de caminhar e instaurar o Reino de Cristo, apesar do mal que parece rodear-nos. Por cima do mal e do pecado, está o amor de Deus em Cristo Jesus. Não deixemos de caminhar. Talvez nesses momentos nos convenha repetir a oração que compôs Romano Guardini para aquelas horas que não passam:

Deus vivente Nós cremos em Ti. Ensina-nos a compreender a hora em que parece que Tu nos abandonas, Tu, que és a fidelidade eterna.... Deus vivente, nós cremos en Ti. Da-nos a força para resistir Quando tudo se faz vão ao nosso redor. Pai, nós cremos en Ti, Porque aquilo que nós chamamos mundo, É obra de tuas mãos. Tu é que o modelaste, Quiseste que existisse e só de Ti Recebe sua duração e seu esplendor. Tu guias todas as coisas. Tu guias também nossa pequena vida. Tu a guias no mistério de teu silencioso governo. Nós devemos confiar-nos totalmente só em teu amor. Tua magnanimidade quer ter necessidade de nós, Tu puseste o mundo que criaste, e é Teu, em nossas mãos, Tu queres que pensemos com os teus pensamentos E que trabalhemos de acordo com teus decretos. Cristo Jesus, Redentor do mundo, que volveste ao Pai, quando "tudo foi cumprido". Tu te sentas à direita do Pai no trono da glória, e esperas a hora em que voltarás com poder Para julgar vivos e mortos. Nós cremos em Ti. Ensina-nos a oferecer no abandono, a fé que esta hora espera de nós, Porque parece que tua luz já não ilumina, E, sem embargo, ela brilha mais que nunca na obscuridade. Tu redimiste tudo no mistério de teu amor, Redimiste tudo em tua obediência, Que é tão grande como o mandato de teu Pai. Faz que Teu amor por nós não seja vão. Espírito Santo, Enviado a nós, Que habitas en nós, apesar de que os espaços fazem ecos vazios, Como se Tú estesses longe. Em tuas mãos estão todos os tempos. Tu exercitas teu poder no mistério do silêncio E Tu levarás a terminar todas as coisas. Por ele, nós cremos no mundo futuro, (na vida eterna) ¡E o esperamos! ¡Ensina-nos a esperar na esperança! Faz-nos partícipantes do mundo futuro A fim de que em nós encontre cabal cumprimento a promessa da glória eterna.

b) A oração no momento de Crise: não deixar a Cristo só.

Na carta "Novo Millenio Inneunte", o Papa disse: “Passa ante nosso olhar a intensidade da cena da agonia no horto das Oliveiras. Jesus, ensombrado pela previsión da prova que o espera, só ante Deus, o invoca com sua habitual e terna expressão de confiança: «¡Abbá, Pai!». Pede-lhe que afaste dele, se é possível, o Cálice do sofrimento (cf. Mc 14,36). Mas o Pai parece que não quer escutar a voz do Filho. Para devolver ao homem o rosto do Pai, Jesus deveu não só assumir o rosto do homem, mas sim encarregar-se inclusive do «rosto» do pecado. «Quem não conheceu pecado, se fez pecado por nós, para que viéssemos a ser justiça de Deus nele» (2 Co 5,21).
Nunca acabaremos de conhecer a profundidade deste mistério. É toda a aspereza deste paradoxo a que emerge no grito de dor, aparentemente desesperado, que Jesus dá na cruz: «"Eloí, Eloí, lema sabactaní?"que quer dizer"¡Deus meu, Deus meu! ¿porque me abandonaste?"» (Mc 15,34). ¿É possivel imaginar um sofrimento maior, uma obscuridade mais densa? Em realidade, o angustioso «porque» dirigido a Pai com as palavras iniciais do Salmo 22, ainda conservando todo o realismo de uma dor indizível, ilumina-se com o sentido de toda a oração na que o Salmista apresenta unidos, num conjunto comovedor de sentimentos, o sofrimento e a confiança. Com efeito, continua o Salmo: «Em ti esperaram nossos pais, esperaram e tu os libertaste... ¡Não andes longe de mim, que a angústia está perto, não há para mim socorro!». Cristo nos devolve o rosto do Pai, 'que misericórdia há tido o Senhor connosco' 'Que ninguém, pois, fique sem receber este abraço do Pai'. Em nossas horas obscuras, quando sintamos o cansaço da fé, quando tudo nos pareça obscuro e a angústia faça presa de nossos membros, vejamos a Jesus em Getsemaní, e digamos-lhe com sincero coração: 'não te deixo só' 'Não, não te deixo só em tua luta pela salvação das almas' Saíamos dessa oração com a alma ardente e disposta a seguir lutando por Cristo e seus interesses. Não reduzamos nossa missão cristã a nossos pobres olhares, quando Cristo nos pede estar com Ele no mais duro da batalha.

Trivialidades da vida. A virtude cristã - S. Paulo

Catholic.netDo site: es-catholic.net, ou melhor de um e-mail que recebi deste site, transcrevo a tradução em português, do texto
Fonte: Catholic.net Autor: Pedro García - Missionário Claretiano O Papa Benedicto XVI estabeleceu o Ano do Apóstolo S. Paulo, compreendido entre as datas 28 de Junho de 2008 a 29 de Junho do ano 2009, para comemorar o Bimilenário do nascimento de Paulo, o homem mais providencial que Deus deu à Igreja nascente. Nas meditações de Segunda e Quarta-feira realizaremos um modesto programa que pretende dar a conhecer a vida do Apóstolo e expor em forma simples a doutrina cristã de suas cartas imortais, as catorze clássicas, incluindo a dos Hebreus, a qual contém claramente de principio ao fim o pensamento paulino, e encontrar por nós mesmos os ensinamentos que Paulo nos transmite a todos. Pedro García Misionero Claretiano.
____________________________ ¿Podemos enganar-nos ao ler a S. Paulo?...
A estas horas estamos acostumados a contemplar a Paulo como um ser excepcional, quase como um fenómeno extraterrestre, por tantas coisas de sua vida legendária e por umas doutrinas tão elevadas que nos deixam pasmados. Se pensássemos assim, estaríamos muto equivocados, certamente. Paulo, das grandes alturas, era um homem que tinha mui assentes os pés na terra. Sabia que a vida do cristão é a normal de todo o homem. O único que Paulo queria é que o cristão fosse extraordinário no ordinário de cada dia. Alguns textos de suas cartas são desconcertantes, precisamente pelo simples que ensinam e pedem. Paulo nos pode perguntar: ¿Como querem conseguir o Reino de Deus? ¡É tão fácil! “Ou seja, que comam, que bebam, ou façam qualquer outra coisa, fazendo tudo para glória de Deus (1Co 10,31) “Porque o Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Pois quem serve assim a Cristo faz-se agradável a Deus e é aprovado pelos homens” (Ro 14,17-18). “Pelo mesmo, estejam sempre alegres no Senhor; repito, estejam sempre alegres” (Flp 4,4) Qualquer um que leia estas normas de proceder, poderia dizer: ¿A isso se reduz tudo?... Pois, sim. Isto é a vida cristã. E isto era Paulo, ainda que pareça o contrário. Tanto é assim, que se atreve a dizer repetidamente: “Rogo-lhes que sejam meus imitadores…, como eu sou de Cristo”. “Porque já sabem como devem imitar-nos, pois estando entre vós não vivemos desordenadamente” (1Co 4,16; 11,1. 2Ts 3,7) Paulo é capaz de dar semelhantes conselhos porque tem consciência de proceder igual ao que fazia o Senhor Jesus, o Homem feito de toda a perfeição, “o primeiro cavalheiro do mundo”, como já foi atinadamente definido. Modernamente, em qualquer sistema de educação, dá-se muita importância à formação nas virtudes humanas, como são a educação, a sinceridade, o culto à verdade, o sentido de justiça, o respeito aos demais. Isso está magnífico. Por isso, se se quer ter o cristão convertido num santo ou numa santa, o melhor é começar por fazer de ele todo um cavalheiro ou toda uma dama. A graça de Deus trabalha magníficamente sobre os valores humanos. Pensando nisto, Paulo tem um conselho a seus queridos Filipenses que passa como o mais fino que saíu de sua pena, e que se repete tantas vezes: “Tenham em sumo apreço tudo quanto há de verdadeiro, de nobre, de justo, de puro, de amável, de honorável, tudo o que signifique virtude ou valor. “Ponham por obra tudo quanto hão aprendido e recebido e ouvido de mim. Deste modo, o Deus da paz estará com vocês” (Flp 4,8-9) S. Paulo, que quer aos cristãos vê-los convertidos nos melhores homens e nas mulheres mais belas e queridas, segue dando normas tão simples como práticas. “Detestem o mal e apeguem-se ao bem”, “sendo sensatos para todo o bem e cautelosos ante qualquer coisa má” (Ro 12,9; 16,19) E concretiza sua pergunta: ¿Querem fazer sempre o bem e que nunca os domine o mal? Lhes dou uma norma muito simples, cara a Deus e cara aos homens: “Mantenham-se fervorosos, servindo ao Senhor; perseverem na oração; compartilhem vossos bens com os outros; alegrem-se com os que estão alegres, e acompanhem na sua dor aos que choram” (Ro 12,11-15) E nas dificuldades, não tenham medo: “Mantenham-se firmes na fé, ¡sejam homems!, mostrem-se firmes” (1Co 16,13) ¿Damo-nos conta? Tudo o que dita Paulo são práticamente virtudes humanas, mas que la graça e o amor elevam as alturas de Deus. Como nos há dito antes S. Paulo, isto era a vida de Jesus, o que agora se propõe como o modelo supremo, e dele que Paulo é un grande imitador. Jesus Cristo é o tipo de toda perfeição, e Deus Pai, diz Paulo, o oferece à Igreja como o espelho em quem olhar-se, a mesma cara ao céu, que cara à vida humana, na terra: Deus predestinou de antemão a todos os que elegeu a sair conformes a imagem de seu Filho (Ro 8,29) Este ideal se há vivido sempre na Igreja com grandes ilusões e tem produzido figuras de santidade excelsas. Por exemplo, um Vicente de Paulo, que antes de realizar qualquer coisa, até a mais simples, se perguntava: - ¿Que faria aqui e agora, Cristo, se estivesse no meu lugar?... Naturalmente, Vicente de Paulo saiu um retrato maravilhoso de Jesus Cristo. Isto é o que significa essa expressão tão repetida por Paulo: Revestir-se de Cristo”, como quando escreve aos de Galácia: “Todos quantos se hão baptizado em Cristo se hão revestido de Cristo (Gal 3,27) Os primeiros cristãos sabiam muito bem isto de Paulo e se comparavam com os filósofos gregos ou romanos, que sabiam vestir-se de toga apropriada à sua profissão. Um escritor cristão de então, o expressava com palavras que são clássicas na Igreja: “Nós demonstramos nossa sabedoria cristã não pela toga nem ootro hábito, mas sim por nossa fé e doutrina; não peroramos coisas eloquentes, mas sim as que vivemos” (Minucio Félix) Hoje Paulo se colocou à nossa altura. Ficou no trivial da vida. Mas nos disse, e o entendemos muito bem, que o cristão é um homem como os outros, que faz as coisas dos demais, mas que vive e faz tudo de maneira diferente que os demais. Porque tudo faz igual a Jesus Cristo, e aí está o extraordinário da vida ordinária do seguidor de Jesus Cristo http://es-catholic.net/santoral Compilado, recolhido e traduzido por António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...