quinta-feira, 20 de novembro de 2008

30ª LEITURA DE "UM ANO A CAMINHAR COM SÃO PAULO"

TERCEIRA PARTE PAULO FALA-NOS DA IGREJA DE DEUS 30 “NÃO SABEIS QUE SOIS TEMPLO DE DEUS E QUE O ESPÍRITO DE DEUS HABITA EM VÓS’ Ao inverso da palavra Igreja, Templo passou, de casa de Deus, a designar também a assembleia que nela se reúne. Para isso contribuiu sobretudo a comunidade de Qumram. Separada do templo de Jerusalém, considerava-se o início do templo de Deus, esperado para o final da história. O primeiros cristãos forma mais longe. Com base na afirmação de Jesus: Destruí este templo e em três dias. Eu o levantarei, para eles, o verdadeiro templo passou a ser Cristo (Jo 2, 19-21). A reconciliação com Deus, procurada através dos sacrifícios do templo, fora por Ele definitivamente alcançada, na sua morte expiatória (Rm 3, 25). De Cristo transitou-se para a Igreja. Vós sois o templo de Deus – diz Paulo no final de 1 Cor 3, 5-17. O texto faz parte da sua reacção às divisões na comunidade (1,10-4,21), causadas pela adesão exclusivista dos seus membros, uns a Paulo, outros a Apolo, um missionário vindo para Corinto, outros a Pedro. Como se apenas num deles estivesse Cristo (1, 12). Daí as perguntas: Estará Cristo dividido ? Porventura foi Paulo crucificado por vós? (1, 13). Paulo começa por responder à segunda: só ao Evangelho da cruz a comunidade deve a sua existência (1, 17-2,16). Resta saber o papel dos seus mensageiros, para que ele seja templo de Deus. 1 Cor 3, 5-17 Quem é, pois, Apolo? Mas quem é Paulo? diáconos, por meio dos quais abraçastes a fé, e cada um conforme o Senhor lhe concedeu. Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus quem fez crescer. Assim nem o que planta nem o que rega é alguma coisa, mas só Deus que a faz crescer. Tanto o que planta como o que rega são um só; mas cada um, receberá a recompensa, conforme o seu próprio esforço. Pois nós somos colaboradores de Deus; o terreno cultivável de Deus, o edifício de Deus sois vós. Segundo a graça de Deus que me foi dada, eu, como sábio arquitecto, assentei o alicerce, mas outro edifica sobre ele. Mas veja cada um como edifica. Pois ninguém pode assentar outro alicerce além do que está posto: Jesus Cristo. Se alguém, sobre este alicerce, edifica com ouro, prata, pedras preciosas, madeiras, feno, ,palha, a obra de cada um será manifesta, pois o dia do Senhor a tornará conhecida; porque ele manifesta-se pelo fogo, e o que é obra de cada um, o fogo o provará. Se a obra de alguém resistir, o construtor receberá a recompensa; mas, se a obra de alguém se queimar, perder-se-á; ele, porém, será salvo, mas assim, como através do fogo. Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espirito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós. Já que tudo conflui para os vv. 16s, comecemos por aí: pela identificação da Igreja como templo de Deus. É de Deus, porque lhe pertence. Não se trata de uma comparação. A Igreja é, na sua essência e existência, propriedade de Deus. Nela habita o Espírito Santo, o mesmo que ressuscitou Jesus Cristo de entre os mortos (Rm 8, 11). Esta mediação de Cristo é fundamental. Na medida em que Ele, pela sua morte, se tornou definitivamente o lugar de encontro com Deus, assim os que nele crêem são por Ele purificados e santificados. Passa a habitar neles o Espírito que os une a Deus, numa pertença filial única. De facto, todos os que se deixam guiar pelo espírito, esses é que são filhos de Deus e podem, por Ele, clamar “Abbá, ó Pai!” (Rm 8, 14s). E porque todos bebemos de um só Espírito, formamos um só corpo (1 Cor 12, 13). O Espírito que nos une a Deus, une-nos uns aos outros, em comunhão de santos. É, pois, esta dupla comunhão que faz da Igreja o lugar sagrado de Deus no mundo. Por isso, isto é, devido à sua santidade, se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. É possível que, por detrás destas palavras, esteja o aviso, afixado à entrada do templo de Jerusalém, que ameaçava de morte os que, não sendo do povo de Deus, nele tentassem entrar. Um tabu do sagrado, que, na Igreja, é desrespeitado e de outros modos. Sempre que alguém tenta utilizar-se dela para interesses próprios, destrói a comunhão que a identifica e está a atentar contra o próprio Deus. E a destruição de que será vítima não se seguirá apenas ao julgamento por altura da morte. Já neste mundo, que a vida poderá ter quem, destruindo a comunhão com Deus e com os outros, dela é excluído? Daí a importância das palavras sobre os critérios por que devem reger-se e ser vistos os que contribuem para a fundação e o crescimento da Igreja (vv. 5-15). Paulo serve-se, como imagens, de duas actividades fundamentais para a sua vida humana: 1.O trabalho agrícola, para indicar o que devem ser os semeadores do Evangelho (vv. 5-9). Todos eles não passam de diáconos. Têm uma missão de total serviço a quem os envia e a quem são enviados, reforçado pelo conteúdo da mensagem que transmitem: Cristo, constituído Senhor, pela total doação da vida a Deus e aos homens. É desta graça que o Senhor lhes concedeu que vivem, os seus diáconos, a mesma que os destinatários só pela obediência da fé podem acolher. Por isso, a vida da comunidade que dela nasce, deve-se unicamente ao seu autor: a Deus que eficazmente a oferece no Evangelho. Quer Paulo, que o anunciou, quer Apolo, que aprofundou o anúncio, são um só, na sua condição de servidores. E a comunidade é exclusiva propriedade de Deus, como terreno ... e como edifício – a segunda imagem: 2. O trabalho da construção, para ilustrar os sucessivos contributos para a edificação da Igreja (vv. 10-15). Também aqui, tudo depende do conteúdo do Evangelho: Jesus Cristo. É ele o único alicerce, sobre o qual assenta a comunidade. Um alicerce assente pelo Apóstolo, na sua condição de testemunha directa do Ressuscitado e de acordo com a graça do apostolado então recebida. Sendo desta graça que ele vive, é um sábio arquitecto, se, no modo como actua, manifesta a mensagem que transmite: a palavra da cruz que, contrariamente à sabedoria deste mundo, é poder e sabedoria de Deus (1 Cor 1, 24). Para ser ter uma ideia de como dela nasceu a comunidade de Corinto, leia-se 1 Cor 1, 17-2, 16. Substituir este alicerce por outro é condenar a comunidade à ruína. Daí o aviso aos que completam a construção (v. 10b) e a referência aos materiais usados (vv. 12-13); sem a resistência correspondente ao alicerce, cederão à prova de fogo a que serão sujeitos no juízo final. Uma frustração para os construtores: trabalharam em vão ... porque trabalharam mal. Poderão salvar-se, mas só pela graça de Deus, acolhida na dor de ver a sua obre destruída. Se alguém pensa que o aviso não é actual, olhe para o que se passa em tantas comunidades em que Cristo continua a ser trocado por quem o devia anunciar. Só por culpa própria? Ou também dos cristãos que cedem ao culto da personalidade?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

algumas fotos - experiência

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JEAN-LÉON LE PREVOST

Le Prévost foi vicentino muito actuante na sua época. Foi por sua sugestão que as Conferências de Caridade passaram a chamar-se Sociedade de S. Vicente de Paulo. Anos depois, ele funda uma congregação de padres e irmãos intitulada Religiosos de S. Vicente de Paulo. Nos tópicos abaixo temos um resumo da sua vida.
Infância e Juventude
Os Le Prévost constituiam uma das mais antigas famílias da cidadezinha de Caudebec-en-Cax, na Normandia (França), situada nas margens do rio Sena. Seu pai, Jean Louis Le Prévost, exercia a profissão de tintureiro e branqueador de algodâo. Casou-se no dia 9 de Maio de 1802 com Françoise Pitei. Deste casamento nasceram dois filhos. Um ano depois do nascimento de Maria, a irmã mais velha, nascia Jean-Léon, em 10 de Agosto de 1803.

Jean-Léon não tinha ainda um ano no momento da morte de sua mãe. Em 1805, seu pai casa-se, em segundas núpcias, com Marie Françoise Rosaile Duchatard. Esta mulher ocupa um lugar importante na vida e na educação de Le Prévost. Ela foi uma "verdadeira mãe" para ele. É o testemunho que Prévost dará desta mulher que ele cercará com o seu afecto até à sua morte, ocorrida em 1845. Ela estava com 42 anos à época do casamento. O casal não teve filhos. Na idade de três anos, Le Prévost sofreu uma queda que lhe causou uma enfermidade na perna direita. O mal exteriormnente é pouco sensivel, mas a extrema fraqueza da perna obriga-o a parar frequentemente. Ele recorrerá ao uso da bengala para fazer suas "corridas de caridade" nas ruas de Paris ou na periferia. Sua mãe, muito piedosa, leva-o aos santuários da região, na esperança de obter da Virgem uma possível cura. Retirado em Chavile, Le Prévost, nos seus últimos anos, lembrava com emoçâo as longas caminhadas de oração e fé da sua infância: "permaneci coxo, mas, sem dúvida, é a todas as preces de minha mãe que devo o pouco de amor a Deus que está no meu coração".

A infância de Le Prévost passa-se sob o Império de Napoleão I. Na época, o ensino deixava muito a desejar. A alfabetização na região rural francesa era um fracasso geral. Le Prévost recebe as primeiras lições junto de um padre laicizado e algumas senhoras, primas de sua mâe.
Le Prévost deixa, aos 16 anos, seus estudos, pois precisa de trabalhar. Encontra um emprego de copista. Um gesto dá testemnunho do seu amadurecimento - renuncia à sua parte da herança em favor de sua irmã: "Que minha parte seja juntada à de minha irmã, para lhe constituir um dote; para mim a minha educação me basta". O sofrimento de seu pai nâo terá sido inútil pois terá possibilitado colocar-se no lugar do pobre, do humilhado, do rejeitado.

Le Prévost e a SSVP

Em 1831, desembarca em Paris o jovem António Frederico Ozanam, filho de um médico de Lyon. Este brilhante aluno deseja prepoarar o seu mestrado em Direito. Suas convicçoes religiosas, sua grande inteligência e sua autoridade pessoal fazem dele como que o lider dos jovens estudantes católicos. Ele faz amizade com Lacordaire e escreve no jornal de Bailly, como Jean-Léon Le Prevóst. Os dois homens encontram-se no jornal "La Tribune Catholique" na casa de Emmanuel Bailly, seu proprietário e redactor-chefe.

Ao completar 20 anos, em 23 de Abril de 1833, Ozanam reúne, com Bailly, muitos outros companheiros: Lamanche, Le Taillandier, Devaux e Lallier. Encorajados pela Irmã Rosalie, estes jovens estudantes desejam manifestar sua fé através de uma reunião ,literária, dirigida por Bailly, numa associaçao de devotamento aos pobres. Ela atribuia-se o objectivo de "demonstrar aos deístas, aos cépticos e aos filósofos a vitalidade da fé".

Le Prévost encontra Ozanam e seus companheiros, não somente no scritório de Bailly, mas também num pequeno restaurante: "Eles comiam comigo. Eles eram animados e um pouco barulhentos. Amante do silêncio eu temia-os um pouco". Um dia um deles dirige-se a Jean-Lèon e, após maior conhecimento mútuo, é-lhe proposto juntar-se ao pequeno grupo recém-constituido sob o nome de "Conferência da Caridade".

Estamos no mês de Agosto no momento da separação para férias. Em Outubro seguinte, Le Prévost é atingido pela cólera e a sua convalescença prolonga-se por todo o mês de Novembro. Só estaria presente na Conferência da Caridade no dia 17 de Dezembo de 1833, como testemunharam as actas do Secretário-Geral Chaurand. Naquela época os vicentinos já eram 15. Dois meses mais tarde, em 4 de Fevereiro de 1834, Le Prévost pede "que a Sociedade se coloque sob a protecção de São Vicente de Paulo e celebre a sua festa, além de uma oração ser feita no início e no fim de cada reunião". Esta proposta correspondia aos desejos do conjunto dos vicentinos e, em particular, de Bailly, cuja familia venerava "Monsieur Vicent". É na assembleia de 8 de Dezembro de 1834 que o nome "Sociedade de São Vicente de Paulo" é escrito pela primeira vez.

A visita aos pobres, aos jovens presos, a responsabilidade assumida para com um grupo de orfãos, são outras tantas actividades em que encontramos o vicentino Le Prévost, que não esconde o seu entusiasmo, que se reflecte nas cartas da época: "Não saber a quem recorrer, com quem se entender, a fadiga, a vertigem e, depois, quando se deixa tudo, por esgotamento, ver tudo, à mercê do bom Deus, correr melhor, e chegar sem a gente, ao objectivo ..."

Vivendo geralmente longe de Paris, António Frederico Ozanam recusou o cargo de Vice-Presidente em 1835 - também em 1840 - e é Le Prévost que ocupa este lugar a partir de 8 de Dezembro de 1835 até 1839. No ano de 1835, o Conselho Directivo desdobra-se em dois: Conselho Geral e Conselho de Paris.

Le Prévost. membro do Conselho Geral, dele participará até Outubro de 1855. Como Presidente da Conferência Saint-Suplice, é membro de direito do Conselho de Paris. Durante mais de uma dezena de anos, nele desenvolverá todos os seus talentos de animador e organizador.

Leigos trabalhando

Nascido desta "querida Sociedade de São Vicente de Paulo", o Instituto de Jean-Léon Le Prévost tinha aprendido o que era o apostolado leigo. Os primeiros membros desta família religiosa tinham iniciado a caridade nas obras da Sociedade de São Vicente de Paulo. esta experiência tornava-se o ponto de partida de uma acção missionária rejuvenescedora e o início de uma tomada de consciência dos problemas sociais da época.

Em 1874, o Instituto contava com 64 religiosos empenhados no trabalho apostólico em 11 comunidades. Eis o segredo deste sucesso: "Os esforços deste pequeno número de homens são multiplicados na prática das obras por um processo que caracteriza o espírito do Instituto, e que consiste em fazer agir em toda a parte, ao redor de nós, um certo número de homens de classe dirigente que se instruem e se santificam, colaborando com os religiosos. Pode avaliar-se em 300, mais ou menos, o número destes auxiliares".

Ozanam tinha razão de querer preservar as Conferências do controlo clerical e conservar-lhes seu carácter leigo. O vicentino Le Prévost e o seu Instituto reconheciam a autonomia das associaçoes leigas, colocando-as no conjunto da vida eclesial.

Le Prévost descobriu muito cedo, e em grande parte graças à Sociedade de São Vicente de Paulo, que os leigos são membros por inteiro desta grande família eclesial, que são uma vanguarda missionária e chamados à perfeiçao evangélica.

Caridade é doação, entrega, despojamento. Para atingirmos a santificação devemos vivê-la. Assim Le Prévost definiu caridade: "Caridade: que palavra e que coisa sublime! ... Como o bom Mestre fez um lindo presente ao mundo quando veio trazer este fogo divino! Possamos, segundo seus designios, acendê-lo em seu nome ao redor de nós".

Resumo da vida de Le Prévost

1803 - Nascimento (10 de Agosto - Normandia)

1803 - Baptismo (7 de Setembro)

1825 - Conhece Victor Hugo, Lacordaire e Monalembert.

1833 - Ingressa na Sociedade de São Vicente de Paulo

1836 - Primeiro Presidente da Conferência de Saint-Sulpice

1840 - Membro do Conselho Geral da Sociedade de São Vicente de Paulo

1844 - Fundador da "Obra da Sagrada Família"

1845 - Fundador dos "Religiosos de São Vicente de Paulo"

1860 - É ordenado sacerdote (22 de Dezembro)

1874 - Falecimento - 30 de Outubro, em Chavile

NOTA: Não sei porquê, não consigo transferir a imagem de Jean-Léon Prevóst. Se calhar esqueci-me de alguma coisa que devia ter feito, mas vou ver o que posso fazer para a publicar um dia destes.

De qualquer modo, vou publicar na mesma a sua biografia.

Os melhores cumprimentos Vicentinos

António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

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