terça-feira, 18 de novembro de 2008

JEAN-LÉON LE PREVOST

Le Prévost foi vicentino muito actuante na sua época. Foi por sua sugestão que as Conferências de Caridade passaram a chamar-se Sociedade de S. Vicente de Paulo. Anos depois, ele funda uma congregação de padres e irmãos intitulada Religiosos de S. Vicente de Paulo. Nos tópicos abaixo temos um resumo da sua vida.
Infância e Juventude
Os Le Prévost constituiam uma das mais antigas famílias da cidadezinha de Caudebec-en-Cax, na Normandia (França), situada nas margens do rio Sena. Seu pai, Jean Louis Le Prévost, exercia a profissão de tintureiro e branqueador de algodâo. Casou-se no dia 9 de Maio de 1802 com Françoise Pitei. Deste casamento nasceram dois filhos. Um ano depois do nascimento de Maria, a irmã mais velha, nascia Jean-Léon, em 10 de Agosto de 1803.

Jean-Léon não tinha ainda um ano no momento da morte de sua mãe. Em 1805, seu pai casa-se, em segundas núpcias, com Marie Françoise Rosaile Duchatard. Esta mulher ocupa um lugar importante na vida e na educação de Le Prévost. Ela foi uma "verdadeira mãe" para ele. É o testemunho que Prévost dará desta mulher que ele cercará com o seu afecto até à sua morte, ocorrida em 1845. Ela estava com 42 anos à época do casamento. O casal não teve filhos. Na idade de três anos, Le Prévost sofreu uma queda que lhe causou uma enfermidade na perna direita. O mal exteriormnente é pouco sensivel, mas a extrema fraqueza da perna obriga-o a parar frequentemente. Ele recorrerá ao uso da bengala para fazer suas "corridas de caridade" nas ruas de Paris ou na periferia. Sua mãe, muito piedosa, leva-o aos santuários da região, na esperança de obter da Virgem uma possível cura. Retirado em Chavile, Le Prévost, nos seus últimos anos, lembrava com emoçâo as longas caminhadas de oração e fé da sua infância: "permaneci coxo, mas, sem dúvida, é a todas as preces de minha mãe que devo o pouco de amor a Deus que está no meu coração".

A infância de Le Prévost passa-se sob o Império de Napoleão I. Na época, o ensino deixava muito a desejar. A alfabetização na região rural francesa era um fracasso geral. Le Prévost recebe as primeiras lições junto de um padre laicizado e algumas senhoras, primas de sua mâe.
Le Prévost deixa, aos 16 anos, seus estudos, pois precisa de trabalhar. Encontra um emprego de copista. Um gesto dá testemnunho do seu amadurecimento - renuncia à sua parte da herança em favor de sua irmã: "Que minha parte seja juntada à de minha irmã, para lhe constituir um dote; para mim a minha educação me basta". O sofrimento de seu pai nâo terá sido inútil pois terá possibilitado colocar-se no lugar do pobre, do humilhado, do rejeitado.

Le Prévost e a SSVP

Em 1831, desembarca em Paris o jovem António Frederico Ozanam, filho de um médico de Lyon. Este brilhante aluno deseja prepoarar o seu mestrado em Direito. Suas convicçoes religiosas, sua grande inteligência e sua autoridade pessoal fazem dele como que o lider dos jovens estudantes católicos. Ele faz amizade com Lacordaire e escreve no jornal de Bailly, como Jean-Léon Le Prevóst. Os dois homens encontram-se no jornal "La Tribune Catholique" na casa de Emmanuel Bailly, seu proprietário e redactor-chefe.

Ao completar 20 anos, em 23 de Abril de 1833, Ozanam reúne, com Bailly, muitos outros companheiros: Lamanche, Le Taillandier, Devaux e Lallier. Encorajados pela Irmã Rosalie, estes jovens estudantes desejam manifestar sua fé através de uma reunião ,literária, dirigida por Bailly, numa associaçao de devotamento aos pobres. Ela atribuia-se o objectivo de "demonstrar aos deístas, aos cépticos e aos filósofos a vitalidade da fé".

Le Prévost encontra Ozanam e seus companheiros, não somente no scritório de Bailly, mas também num pequeno restaurante: "Eles comiam comigo. Eles eram animados e um pouco barulhentos. Amante do silêncio eu temia-os um pouco". Um dia um deles dirige-se a Jean-Lèon e, após maior conhecimento mútuo, é-lhe proposto juntar-se ao pequeno grupo recém-constituido sob o nome de "Conferência da Caridade".

Estamos no mês de Agosto no momento da separação para férias. Em Outubro seguinte, Le Prévost é atingido pela cólera e a sua convalescença prolonga-se por todo o mês de Novembro. Só estaria presente na Conferência da Caridade no dia 17 de Dezembo de 1833, como testemunharam as actas do Secretário-Geral Chaurand. Naquela época os vicentinos já eram 15. Dois meses mais tarde, em 4 de Fevereiro de 1834, Le Prévost pede "que a Sociedade se coloque sob a protecção de São Vicente de Paulo e celebre a sua festa, além de uma oração ser feita no início e no fim de cada reunião". Esta proposta correspondia aos desejos do conjunto dos vicentinos e, em particular, de Bailly, cuja familia venerava "Monsieur Vicent". É na assembleia de 8 de Dezembro de 1834 que o nome "Sociedade de São Vicente de Paulo" é escrito pela primeira vez.

A visita aos pobres, aos jovens presos, a responsabilidade assumida para com um grupo de orfãos, são outras tantas actividades em que encontramos o vicentino Le Prévost, que não esconde o seu entusiasmo, que se reflecte nas cartas da época: "Não saber a quem recorrer, com quem se entender, a fadiga, a vertigem e, depois, quando se deixa tudo, por esgotamento, ver tudo, à mercê do bom Deus, correr melhor, e chegar sem a gente, ao objectivo ..."

Vivendo geralmente longe de Paris, António Frederico Ozanam recusou o cargo de Vice-Presidente em 1835 - também em 1840 - e é Le Prévost que ocupa este lugar a partir de 8 de Dezembro de 1835 até 1839. No ano de 1835, o Conselho Directivo desdobra-se em dois: Conselho Geral e Conselho de Paris.

Le Prévost. membro do Conselho Geral, dele participará até Outubro de 1855. Como Presidente da Conferência Saint-Suplice, é membro de direito do Conselho de Paris. Durante mais de uma dezena de anos, nele desenvolverá todos os seus talentos de animador e organizador.

Leigos trabalhando

Nascido desta "querida Sociedade de São Vicente de Paulo", o Instituto de Jean-Léon Le Prévost tinha aprendido o que era o apostolado leigo. Os primeiros membros desta família religiosa tinham iniciado a caridade nas obras da Sociedade de São Vicente de Paulo. esta experiência tornava-se o ponto de partida de uma acção missionária rejuvenescedora e o início de uma tomada de consciência dos problemas sociais da época.

Em 1874, o Instituto contava com 64 religiosos empenhados no trabalho apostólico em 11 comunidades. Eis o segredo deste sucesso: "Os esforços deste pequeno número de homens são multiplicados na prática das obras por um processo que caracteriza o espírito do Instituto, e que consiste em fazer agir em toda a parte, ao redor de nós, um certo número de homens de classe dirigente que se instruem e se santificam, colaborando com os religiosos. Pode avaliar-se em 300, mais ou menos, o número destes auxiliares".

Ozanam tinha razão de querer preservar as Conferências do controlo clerical e conservar-lhes seu carácter leigo. O vicentino Le Prévost e o seu Instituto reconheciam a autonomia das associaçoes leigas, colocando-as no conjunto da vida eclesial.

Le Prévost descobriu muito cedo, e em grande parte graças à Sociedade de São Vicente de Paulo, que os leigos são membros por inteiro desta grande família eclesial, que são uma vanguarda missionária e chamados à perfeiçao evangélica.

Caridade é doação, entrega, despojamento. Para atingirmos a santificação devemos vivê-la. Assim Le Prévost definiu caridade: "Caridade: que palavra e que coisa sublime! ... Como o bom Mestre fez um lindo presente ao mundo quando veio trazer este fogo divino! Possamos, segundo seus designios, acendê-lo em seu nome ao redor de nós".

Resumo da vida de Le Prévost

1803 - Nascimento (10 de Agosto - Normandia)

1803 - Baptismo (7 de Setembro)

1825 - Conhece Victor Hugo, Lacordaire e Monalembert.

1833 - Ingressa na Sociedade de São Vicente de Paulo

1836 - Primeiro Presidente da Conferência de Saint-Sulpice

1840 - Membro do Conselho Geral da Sociedade de São Vicente de Paulo

1844 - Fundador da "Obra da Sagrada Família"

1845 - Fundador dos "Religiosos de São Vicente de Paulo"

1860 - É ordenado sacerdote (22 de Dezembro)

1874 - Falecimento - 30 de Outubro, em Chavile

NOTA: Não sei porquê, não consigo transferir a imagem de Jean-Léon Prevóst. Se calhar esqueci-me de alguma coisa que devia ter feito, mas vou ver o que posso fazer para a publicar um dia destes.

De qualquer modo, vou publicar na mesma a sua biografia.

Os melhores cumprimentos Vicentinos

António Fonseca

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