TERCEIRA PARTE
PAULO FALA-NOS DA IGREJA DE DEUS
30
“NÃO SABEIS QUE SOIS TEMPLO DE DEUS E QUE O ESPÍRITO DE DEUS HABITA EM VÓS’
Ao inverso da palavra Igreja, Templo passou, de casa de Deus, a designar também a assembleia que nela se reúne. Para isso contribuiu sobretudo a comunidade de Qumram. Separada do templo de Jerusalém, considerava-se o início do templo de Deus, esperado para o final da história.
O primeiros cristãos forma mais longe. Com base na afirmação de Jesus: Destruí este templo e em três dias. Eu o levantarei, para eles, o verdadeiro templo passou a ser Cristo (Jo 2, 19-21). A reconciliação com Deus, procurada através dos sacrifícios do templo, fora por Ele definitivamente alcançada, na sua morte expiatória (Rm 3, 25).
De Cristo transitou-se para a Igreja. Vós sois o templo de Deus – diz Paulo no final de 1 Cor 3, 5-17. O texto faz parte da sua reacção às divisões na comunidade (1,10-4,21), causadas pela adesão exclusivista dos seus membros, uns a Paulo, outros a Apolo, um missionário vindo para Corinto, outros a Pedro. Como se apenas num deles estivesse Cristo (1, 12). Daí as perguntas: Estará Cristo dividido ? Porventura foi Paulo crucificado por vós? (1, 13). Paulo começa por responder à segunda: só ao Evangelho da cruz a comunidade deve a sua existência (1, 17-2,16). Resta saber o papel dos seus mensageiros, para que ele seja templo de Deus.
1 Cor 3, 5-17
Quem é, pois, Apolo? Mas quem é Paulo? diáconos, por meio dos quais abraçastes a fé, e cada um conforme o Senhor lhe concedeu. Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus quem fez crescer. Assim nem o que planta nem o que rega é alguma coisa, mas só Deus que a faz crescer. Tanto o que planta como o que rega são um só; mas cada um, receberá a recompensa, conforme o seu próprio esforço. Pois nós somos colaboradores de Deus; o terreno cultivável de Deus, o edifício de Deus sois vós.
Segundo a graça de Deus que me foi dada, eu, como sábio arquitecto, assentei o alicerce, mas outro edifica sobre ele. Mas veja cada um como edifica. Pois ninguém pode assentar outro alicerce além do que está posto: Jesus Cristo. Se alguém, sobre este alicerce, edifica com ouro, prata, pedras preciosas, madeiras, feno, ,palha, a obra de cada um será manifesta, pois o dia do Senhor a tornará conhecida; porque ele manifesta-se pelo fogo, e o que é obra de cada um, o fogo o provará. Se a obra de alguém resistir, o construtor receberá a recompensa; mas, se a obra de alguém se queimar, perder-se-á; ele, porém, será salvo, mas assim, como através do fogo.
Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espirito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós.
Já que tudo conflui para os vv. 16s, comecemos por aí: pela identificação da Igreja como templo de Deus. É de Deus, porque lhe pertence. Não se trata de uma comparação. A Igreja é, na sua essência e existência, propriedade de Deus. Nela habita o Espírito Santo, o mesmo que ressuscitou Jesus Cristo de entre os mortos (Rm 8, 11).
Esta mediação de Cristo é fundamental. Na medida em que Ele, pela sua morte, se tornou definitivamente o lugar de encontro com Deus, assim os que nele crêem são por Ele purificados e santificados. Passa a habitar neles o Espírito que os une a Deus, numa pertença filial única. De facto, todos os que se deixam guiar pelo espírito, esses é que são filhos de Deus e podem, por Ele, clamar “Abbá, ó Pai!” (Rm 8, 14s). E porque todos bebemos de um só Espírito, formamos um só corpo (1 Cor 12, 13). O Espírito que nos une a Deus, une-nos uns aos outros, em comunhão de santos. É, pois, esta dupla comunhão que faz da Igreja o lugar sagrado de Deus no mundo.
Por isso, isto é, devido à sua santidade, se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. É possível que, por detrás destas palavras, esteja o aviso, afixado à entrada do templo de Jerusalém, que ameaçava de morte os que, não sendo do povo de Deus, nele tentassem entrar. Um tabu do sagrado, que, na Igreja, é desrespeitado e de outros modos. Sempre que alguém tenta utilizar-se dela para interesses próprios, destrói a comunhão que a identifica e está a atentar contra o próprio Deus. E a destruição de que será vítima não se seguirá apenas ao julgamento por altura da morte. Já neste mundo, que a vida poderá ter quem, destruindo a comunhão com Deus e com os outros, dela é excluído?
Daí a importância das palavras sobre os critérios por que devem reger-se e ser vistos os que contribuem para a fundação e o crescimento da Igreja (vv. 5-15). Paulo serve-se, como imagens, de duas actividades fundamentais para a sua vida humana:
1.O trabalho agrícola, para indicar o que devem ser os semeadores do Evangelho (vv. 5-9). Todos eles não passam de diáconos. Têm uma missão de total serviço a quem os envia e a quem são enviados, reforçado pelo conteúdo da mensagem que transmitem: Cristo, constituído Senhor, pela total doação da vida a Deus e aos homens. É desta graça que o Senhor lhes concedeu que vivem, os seus diáconos, a mesma que os destinatários só pela obediência da fé podem acolher.
Por isso, a vida da comunidade que dela nasce, deve-se unicamente ao seu autor: a Deus que eficazmente a oferece no Evangelho. Quer Paulo, que o anunciou, quer Apolo, que aprofundou o anúncio, são um só, na sua condição de servidores. E a comunidade é exclusiva propriedade de Deus, como terreno ... e como edifício – a segunda imagem:
2. O trabalho da construção, para ilustrar os sucessivos contributos para a edificação da Igreja (vv. 10-15). Também aqui, tudo depende do conteúdo do Evangelho: Jesus Cristo. É ele o único alicerce, sobre o qual assenta a comunidade.
Um alicerce assente pelo Apóstolo, na sua condição de testemunha directa do Ressuscitado e de acordo com a graça do apostolado então recebida. Sendo desta graça que ele vive, é um sábio arquitecto, se, no modo como actua, manifesta a mensagem que transmite: a palavra da cruz que, contrariamente à sabedoria deste mundo, é poder e sabedoria de Deus (1 Cor 1, 24). Para ser ter uma ideia de como dela nasceu a comunidade de Corinto, leia-se 1 Cor 1, 17-2, 16.
Substituir este alicerce por outro é condenar a comunidade à ruína. Daí o aviso aos que completam a construção (v. 10b) e a referência aos materiais usados (vv. 12-13); sem a resistência correspondente ao alicerce, cederão à prova de fogo a que serão sujeitos no juízo final. Uma frustração para os construtores: trabalharam em vão ... porque trabalharam mal. Poderão salvar-se, mas só pela graça de Deus, acolhida na dor de ver a sua obre destruída.
Se alguém pensa que o aviso não é actual, olhe para o que se passa em tantas comunidades em que Cristo continua a ser trocado por quem o devia anunciar. Só por culpa própria? Ou também dos cristãos que cedem ao culto da personalidade?
CAROS AMIGOS. SÃO JANUÁRIO, TRÓFIMO, ELIAS, EUSTOQUIO, SENA, MARIANO, GOERICO, TEODORO, POMPOSA, LAMBERTO, CIRIACO, ARNOLFO, MARIA DE CERVELLÓ, AFONSO DE OROZCO, CARLOS HYON SON-MUN, MARIA GUILHERMINA EMILIA DE RODAT, JACINTO HOYEULOS GONZALEZ, FRANCISCA CUALLADÓ BAIXAULI, MARIA DE JESUS LA ILGLESIA Y DE VAVO, 985,157 VISUALIZAÇÕES. Obrigado. Porto 19 de setembro de 2024. ANTONIO FONSECA
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso
Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024
Caros Amigos 17º ano com início na edição Nº 5 469 OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º Número da ...
-
Caros Amigos 17º ano com início na edição Nº 5 469 OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 327º Número da S...
-
Caros Amigos 17º ano com início na edição Nº 5 469 OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 223º Número d...
-
Caros Amigos 17º ano com início na edição Nº 5 469 OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 218º Número da...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.