segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

4 de JANEIRO de 2010 – SANTOS DO DIA

• Dafrosa de Roma, Santa
Janeiro 4 Viúva e Mártir

Dafrosa de Roma, Santa

Dafrosa de Roma, Santa

Mulher forte, cristã de corpo inteiro. Esposa e madre de família que tem bem gravado em sua alma o princípio e fim de seu estado e sua função: ganhar o céu para ela e para os seus. Sim, é como se a vida consistisse num desbaratar no âmbito do Amor.
Primeiro a seu marido e a seus filhos, logo ao próximo restante e ao mundo, todo no amplo âmbito de Deus que dá sentido aos amores, sãos e nobres, mas com minúscula.
E como o amor leva a dar-se em busca do bem de quem se ama, aí a vemos deixando sua casa em Sevilha e emigrando à cabeça do Império com toda sua família na procura de um em estar melhor. Porque era espanhola e sevilhana, dos de sempre, ainda antes de que se chamassem andaluzes ou existisse a Giralda e antes de que fossem seus sinais o touro, o albero, os palitos, o farol e o "hei que calor!"
Seu marido Flaviano, morre mártir em Roma. Por estar casada com um cristão irredutível ela é condenada ao desterro. À sua volta o prefeito Aproniano a encarcera porque segue aferrada a seu princípio de não sacrificar e quase doente de fome. O prefeito prepara as coisas para a re-casar com um tal Fausto com a esperança de que a obrigue a mudar; mas resulta o caçador casado, porque Dafrosa o instruiu na fé cristã, é baptizado pelo presbítero Juan e acaba morrendo mártir. Como seu corpo foi exposto os cães, pela noite o recolhe Dafrosa e lhe dá sepultura cristã. Isto a levou definitivamente ao martírio, em 4 de Janeiro de 362, quando era já único imperador Juliano.
Encantador relato que realça a inteireza e a actuação, desde a feminilidade, desta mulher cristã cabal ¿verdade? Se conhecem os factos - possivelmente engrandecidos nos séculos e na distância - pelo historiador hagiógrafo hispânico António Quintana que por sua vez os retoma de Pedro Julián. Quando se narra a vida e morte de Dafrosa se fala de toda uma família mártir - também se afirma que suas filhas Demétria e Bibiana morreram mártires em Roma, em 362- cuja fonte impulsionadora é a mãe, firme, forte e muito capaz.
É curioso ver na história o papel dos aduladores de quem manda. Não foi precisamente o tempo de Juliano um dos que se caracterizaram por violenta perseguição. O Apóstata só esteve preocupado pela restauração no Império do paganismo como religião oficial, ao tempo que melhorava a administração e impulsionava a economia. Juliano não quis mártires, só pagãos. Mas, fosse por adulação, ou por ódio à fé, dizem que o prefeito Aproniano levou esta família à morte porque eram seguidores cabais do judeu Cristo, o Senhor.

Dafrosa de Roma, Santa

Dafrosa de Roma, Santa

 

• Ângela de Foligno, Beata
Janeiro 4 Terceira Franciscana

Ángela de Foligno, Beata

Ângela de Foligno, Beata

Toca-lhe viver uma época em que Frederico II. estava em guerra com o papado, o qual tinha poder temporal. Sua cidade, Foligno, favorecia o imperador e era anti-clerical.
Muito provavelmente este espírito se respirava no lar de Ângela que dirá depois que em sua mãe encontrava grande obstáculo para a conversão. Era também tempo de cruzadas. Mas já começa a vislumbrar-se o Renascimento com suas boas e más características. O homem sente ser centro de tudo e se afasta de Deus.
Ela conheceu esta tirania muito de perto. Foi pecadora no princípio mas terminou sua vida santa. Nasce muito acomodada e se apega às riquezas não só de menina mas também já como mulher casada e com vários filhos. Mas tarde o confessará muito arrependida.
Sem embargo, no ano 1285, Foligno está sob o Papa. Ângela está nos seus trinta e por fim, os pecados de sua juventude começam a produzir-lhe dor no coração.
É então que perde a sua mãe, seu marido e a seus filhos. Busca então a Deus, mas ao princípio sem se afastar de todo do pecado. Faz comunhões sacrílegas já que não está disposta ainda a confessar sinceramente seus pecados. Mas entra em luta interior.
Vive perto de Assis e o exemplo de Francisco a desafia. Um dia em que se encontrava atormentada por remorsos de consciência, pediu a são Francisco que a tirasse daquelas torturas. Pouco depois entrou na igreja de São Feliciano enquanto pregava um franciscano. Se sentiu tão comovida que, ao descer o pregador, se prostrou ante seu confessionário, e, com grande compunção, fez confissão geral de toda sua vida, ficando muito consolada. Era o ano 1285.
Do frade, chamado Arnaldo, pouco se conhece mas sabemos que passou a ser seu confessor, seu director e seu confidente espiritual. Graças a suas cartas conhecemos a beata Ângela. Se trata do "Memorial de frei Arnaldo", tesouro de teologia espiritual que nos leva até ao ano 1296, em que se consumam suas admiráveis ascensões até à contemplação do mistério da Santíssima Trindade. Tem muitas visões místicas as quais ela confessa que não se podem explicar adequadamente com nossos conceitos humanos.
Ela ensina que todos os cristãos devem intentar subir a costa da montanha espiritual; todos estão chamados a exercitar-se na vida ascética, mediante a posse das virtudes cristãs e a prática da perfeição.
Há entrar na ascética e na mística sendo as duas metades, inicial e terminal respectivamente, de uma mesma vida espiritual. «E que ninguém se desculpe com que não tem nem pode achar a divina graça, pois Deus, que é liberalíssimo, com mão igualmente pródiga a dá a todos quantos a buscam e desejam».
Escreveu sobre o laborioso processo de sua conversão, desde que começou a sentir a gravidade de seus pecados e o medo de condenar-se até o momento em que ao ouvir falar de Deus se sentia presa de tal estremecimento de amor, que ainda quando alguém suspendesse sobre sua cabeça uma espada, não podia evitar os movimentos.
Além da Autobiografia tomada por frei Arnaldo, se atribuem à beata umas exortações, algumas epístolas e um testamento espiritual.

Espiritualidade da Cruz
A espiritualidade de Ângela oferece modalidades novas, dentro do franciscano; pois enquanto o Cristo-centrismo da escola franciscana, em geral, se orienta para a Encarnação, para a beata Ângela tudo gira em torno da cruz. A paixão e morte de Cristo é a demonstração maior de amor que o Filho de Deus pôde dar aos homens. Cristo desde a cruz é o Livro da Vida, como o chama ela, no qual deve ler todo aquele que queira encontrar a Deus.
Sobre a cruz escreve «Nesta contemplação da cruz ardia no tal fogo de amor e de compaixão que, estando junto à cruz, tomei o propósito de despojar-me de todas as coisas, e me consagrei inteiramente a Cristo
A estrita pobreza de espírito era o sinal em que ela descobre os verdadeiros discípulos de Cristo. Muitos se professam de palavra seguidores de Cristo; mas na realidade e de facto abominam de Cristo e de sua pobreza.

O Coração de Jesus
Junto à cruz, a beata Ângela aprendeu a ser a grande confidente do Sagrado Coração de Jesus, séculos antes que santa Margarida Maria recebesse as divinas mensagens. «Um dia em que eu contemplava um crucifixo, fui de repente penetrada de um amor tão ardente com o Sagrado Coração de Jesus, que o sentia em todos meus membros. Produziu em mim esse sentimento delicioso o ver que o Salvador abraçava minha alma com seus dois braços descravados da cruz. Pareceu-me também na doçura indizível daquele abraço divino que minha alma entrava no Coração de Jesus.» Outras vezes aparecia-lhe o Sagrado Coração para convidá-la a que acercasse os lábios a nas suas costas e bebesse do sangue que delas manava. Abrasada neste amor, experimentava desejos de padecer martírio por Cristo.

A Eucaristia
Ela compreendeu que o amor por Cristo crucificado se perpetua na Santa Missa. Era pois devotadíssima à Eucaristia. Teve muitas visões no momento da consagração, ou durante a adoração da sagrada Hóstia.
Sete considerações dedica à ponderação dos benefícios que neste sacramento se encerram. O cristão deve acercar-se com frequência a este sacramento, seguro de que, se medita no grande amor que nele se contém, sentirá imediatamente transformada sua alma nesse mesmo divino amor. Exorta a que nós façamos, como preparação, as seguintes considerações: ¿A quem se aproxima? ¿Quem é o que se aproxima? ¿Em que condições e porque motivos se aproxima?
Morre nas últimas horas de 4 de Janeiro de 1309, rodeada de seus filhos espirituais. Seu corpo foi sepultado na igreja do convento franciscano de Foligno e cedo desde ali se manifestaram muitos milagres. O papa Clemente XI aprovou o culto em 30 de Abril de 1707.

• Isabel Ana Bayley, Santa
Janeiro 4 Fundadora

Isabel Ana Bayley, Santa

Isabel Ana Bayley, Santa

Nasce Isabel Ana em Nova York em 28 de Agosto de 1774. Cresce no seio da igreja episcopaliana.
Contrai matrimónio com William Seton na idade de vinte anos e chega a ter cinco filhos. Em 27 de Dezembro de 1803 enviúva.
Anos mais tarde, em 14 de Março de 1805 abraça o catolicismo, o qual supõe para ela múltiplas provas, tanto interiores como exteriores, vindas dos parentes y amigos. Todas as supera com fé, amor e valentia.
Se aplica assiduamente a la vida espiritual. Educa com solicitude a seus filhos e, desejosa de se entregar à actividade caritativa e educadora.
Em 1809 na diocese de Baltimore funda o Instituto de Irmãs da Caridade de São José, renovando a gesta de São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac. O dito Instituto tem por finalidade a formação de raparigas. É a primeira Congregação religiosa feminina no Norte da América.
Depois de sua morte as Irmãs se unem à Companhia das Filhas da Caridade de Paris, tal como foi seu desejo desde os começos.
Também funda a primeira escola paroquial católica nos Estados Unidos.
Morre piedosamente em Emmitsburg, Maryland, em 4 de Janeiro de 1821. Sua beatificação tem lugar em 17 de Março de 1963, sob o pontificado de João XXIII. Em 14 de Setembro de 1975 é canonizada pelo papa Paulo VI.
Dois grandes temas marcaram sua vida espiritual: a fidelidade à Igreja e à eternidade da glória.
É a primeira santa dos Estados Unidos de América. Sua festa se celebra no calendário da igreja em 4 de Janeiro.

Cristina de Santa Croce (Oringa Menabuoi), Beata
Janeiro 4 Agostinha

Cristina de Santa Croce (Oringa Menabuoi), Beata

Cristina de Santa Croce (Oringa Menabuoi), Beata

Oringa Menabuoi, de humilde família, nasceu em Santa Croce sull’Arno (Pistoya, Itália) entre 1237 e 1240. Amante da pureza já desde a infância, tratou de conservar mente e coração sempre limpos, e dar-se à prática de pequenas obras de misericórdia. A oração mantinha a pastorinha distante do mundo, sobretudo quando sozinha no campo, enquanto cuidava do gado, sentia em volta de si “o hálito de Deus”. Órfã de mãe ainda criança, foi incompreendida e maltratada por seus irmãos, que, chegada à idade de matrimónio, queriam obrigá-la a casar-se. Para terminar com esta situação não viu outro remédio que o de abandonar a casa paterna e mudar-se para a vizinha cidade de Lucca, onde durante sete anos procurou o necessário para viver trabalhando como empregada doméstica. Ali, recolhida frequentemente em oração na obscura solidão do desvão em que habitava, cada dia mais enamorada de Cristo, transcorreram os melhores momentos de sua juventude.
Em torno a 1265, de regresso de uma peregrinação ao santuário de São Miguel Arcanjo no monte Gargano, ficou em Roma ao serviço de uma nobre e piedosa viúva de nome Margarita, que muito cedo ficou prendada de suas virtudes e valia espiritual. Foi precisamente neste período quando, pelos exemplos de caridade dados em todo momento, começou a ser conhecida com o sobrenome de Cristiana.
Encontrando-se em Assis, onde havia chegado com Margarita para venerar a tumba do “Poverello”, “o Senhor lhe mostrou em visão uma casa edificada num lugar e uma determinada forma que depois ela elegeu para construir o mosteiro de Santa Croce”. Volta à sua terra de origem, disposta a pôr em prática o ideal de vida religiosa que havia amadurecido em seu coração, superando obstáculos de todo o tipo, em 1279 obteve do ayuntamiento uma casa “que se lhe concedia para que vivesse ela e quem se lhe juntasse para o serviço do Senhor”. Deu assim início ao mosteiro de Santa Maria e de São Miguel Arcanjo, primeiro como reclusório de tipo franciscano, e em segundo momento sob a regra de Santo Agostinho, e em 1296 obteve o definitivo reconhecimento canónico. O ano precedente o Capítulo geral Agostiniano celebrado em Siena já lhe havia feito partícipe de todos os bens espirituais da Ordem “Em consideração ao afecto que as religiosas mostravam para com ela”.
Favorecida com dons extraordinários e carismas, como o discernimento de espíritos, e insigne por sua humildade, pureza de vida e caridade com todos, devota da Imaculada Conceição de Maria, em 1310, depois de três anos de indizíveis sofrimentos, Cristiana adormeceu sorridente nos braços do Senhor. Foi sepultada na pequena igreja do mosteiro que ela conseguiu converter em prestigioso centro de espiritualidade.
Seu culto foi confirmado por Pio VI em 15 de Junho de 1776.

• Manuel González García, Beato
Janeiro 4 Bispo e Fundador

Manuel González García, Beato

Manuel González García, Beato

FUNDADOR DAS MISSIONÁRIAS EUCARÍSTICAS DE NAZARÉ

Manuel González Garcia, bispo de Málaga e de Palência, foi uma figura significativa e relevante da Igreja espanhola durante a primeira metade do século XX.
O quarto de cinco irmãos, nasceu em Sevilha em 25 de Fevereiro de 1877, no seio de uma família humilde e profundamente religiosa. Seu pai, Martín González Lara, era carpinteiro, enquanto que sua mãe Antónia se ocupava do lar. Neste ambiente Manuel cresceu serenamente e com ilusões, que nem sempre pôde ver realizadas. Sem embargo, houve uma que alcançou, e que deixaria rasto em seu coração: formar parte dos famosos «seises» da catedral de Sevilha, grupo de crianças de coro que bailavam nas solenidades de Corpus Christi e da Imaculada. Já então seu amor à Eucaristia e a Maria Santíssima se consolidaram.
A vivência cristã de sua família e o bom exemplo de sacerdotes o levaram a descobrir sua vocação. Sem prévio aviso a seus pais, se apresentou ao exame de ingresso no seminário. Eles acolheram esta surpresa do filho com aceitação dos caminhos de Deus. Manuel, consciente da situação económica em sua casa, pagou a estadia de seus anos de formação trabalhando como fâmulo.
Finalmente chegou o esperado 21 de Setembro de 1901, data em que recebeu a ordenação sacerdotal de mãos do beato cardeal Marcelo Spínola. Em 1902 foi enviado a dar uma missão em Palomares do Rio, povo onde Deus lhe marcou com a graça que determinaria sua vida sacerdotal. Ele próprio nos descreve esta experiência. Depois de escutar as desalentadoras perspectivas que para a missão lhe apresentou o sacristão, nos diz: «Fui direito ao Sacrário... e ¡que Sacrário, Deus meu! ¡Que esforços tiveram que fazer ali minha fé e meu valor para não sair correndo para minha casa! Mas, não fugi. Ali de joelhos... minha fé via a um Jesus tão calado, tão paciente, tão bom, que me fitava... que me dizia muito e me pedia mais, um olhar em que se reflectia todo o triste do Evangelho... O olhar de Jesus Cristo nesses Sacrários é um olhar que se crava na alma e não se esquece nunca. Veio a ser para mim como ponto de partida para ver, entender e sentir todo o meu ministério sacerdotal». Esta graça irá amadurecendo em seu coração.
Em 1905 é destinado a Huelva. Encontrou-se com uma situação de notável indiferença religiosa, mas seu amor e engenho abriram caminhos para reavivar pacientemente a vida cristã. Sendo pároco da paróquia de São Pedro e arcipreste de Huelva, Preocupou-se também da situação das famílias necessitadas e das crianças, para os quais fundou escolas. Por então publicou o primeiro de seus numerosos livros: O que pode um cura hoje, que se converteu em ponto de referência para os sacerdotes.
Em 4 de março de 1910, ante um grupo de fieis colaboradoras em sua actividade apostólica, derramou o grande anseio de seu coração. Assim nos narra: «Permiti-me que, eu que invoco muitas vezes a solicitude de vossa caridade em favor das crianças pobres e de todos os pobres abandonados, invoque hoje vossa atenção e vossa cooperação em favor do mais abandonado de todos os pobres: o Santíssimo Sacramento. Vos peço uma esmola de carinho para Jesus Cristo Sacramentado... vos peço pelo amor de Maria Imaculada e pelo amor desse Coração tão mal correspondido, que os façais as Marias desses Sacrários abandonados».
Assim, com a simplicidade do Evangelho, nasceu a «Obra para os Sacrários-Calvários». Obra para dar uma resposta de amor reparador ao amor de Cristo na Eucaristia, a exemplo de Maria Imaculada, o apóstolo são João e as Marias que permaneceram fieis junto a Jesus no Calvário.
A grande família da União Eucarística Reparadora, que se iniciou com o ramo de laicos denominada Marias dos Sacrários e Discípulos de São João, se estendeu rapidamente e dom Manuel abriu caminho, sucessivamente à Reparação Infantil Eucarística no mesmo ano; os sacerdotes Missionários Eucarísticos em 1918; a congregação religiosa de Missionárias Eucarísticas de Nazaré em 1921, em colaboração com sua irmã Maria Antónia; a instituição de Missionárias Auxiliares Nazarenas em 1932; e a Juventude Eucarística Reparadora em 1939.A rápida propagação da Obra em outras dioceses de Espanha e América, através da revista «El Granito de Arena», que havia fundado anos atrás, o impulsionou a solicitar a aprovação do Papa. Dom Manuel chegou a Roma em finais de 1912, e em 28 de Novembro foi recebido em audiência por Sua Santidade Pio X, a quem foi apresentado como «o apóstolo da Eucaristia». S. Pio X se interessou por toda sua actividade apostólica e bendisse a Obra.
Sua entrega generosa e a vivência autêntica do sacerdócio são, sem dúvida, o motivo da confiança que o Papa Bento XV deposita nele, nomeando-o bispo auxiliar de Málaga; recebe a ordenação episcopal em 16 de Janeiro de 1916. Em 1920 foi nomeado bispo residencial dessa sede, acontecimento que decidiu celebrar dando um banquete ás crianças pobres, em vez das autoridades; estas, junto com os sacerdotes e seminaristas, serviram a comida às três mil crianças.
Como pastor da diocese malaguenha, iniciou sua missão tomando contacto com a grei que lhe havia sido encomendada para conhecer suas necessidades. Em Huelva, igualmente potenciou as escolas e catequeses paroquiais, praticou a pregação de rua conversando com todo o que se encontrava de caminho... e descobriu que a necessidade mais urgente era a de sacerdotes. Este problema devia enfrentar-se desde a situação do seminário, a qual era lamentável. Com uma confiança sem limites na mão providente do Coração de Jesus, empreendeu a construção de um novo seminário que reunisse as condições necessárias para formar sacerdotes sãos humana, espiritual, pastoral e intelectualmente. Sonha e projecta «um seminário substancialmente eucarístico. Em que a Eucaristia fosse: na ordem pedagógica, o mais eficaz estímulo; no científico, o primeiro mestre e a primeira assinatura; no disciplinar o mais vigilante inspector; no ascético o modelo mais vivo; no económico a grande providência; e no arquitectónico a pedra angular».
A seus sacerdotes, e igual que aos membros das diversas fundações que realizou, lhes proporá como caminho de santidade «chegar a ser hóstia em união da Hóstia consagrada», que significa «dar e dar-se a Deus e em favor do próximo de modo mais absoluto e irrevogável».
Manuel González não escamoteia esforços para melhorar a situação humana e espiritual de sua diocese. Sua ingente actividade faz que não passe desapercebido, e com a chegada da República a Espanha sua situação se faz delicada. Em 11 de maio de 1931 o ataque é directo, incendeiam-lhe o palácio episcopal e há-de mudar-se a Gibraltar para não pôr em perigo a vida de quem o acolhe. Desde 1932 dirige sua diocese desde Madrid, e em 5 de agosto de 1935 o Papa Pio XI o nomeia bispo de Palência, onde entregou os últimos anos de seu ministério episcopal.
Também há que destacar, durante todos os anos de sua actividade pastoral, a fecundidade de sua pluma. Com estilo ágil, cheio de graça andaluza e de unção, transmitiu o amor à Eucaristia, introduziu na oração, formou catequistas, guiou aos sacerdotes. Entre seus livros, destacamos: O abandono dos Sacrários acompanhados, Oremos no Sacrário como se orava no Evangelho, Artes para ser apóstolo, A graça na educação, Arte e liturgia, etc. Escritos que por sua grande difusão se hão recopiado na recente edição de suas Obras Completas.
Os últimos anos sua saúde piorou notavelmente, prova que vive de modo heróico, sem perder o sorriso de seu rosto sempre amável e acolhedor, e a aceitação dos desígnios do Pai. Em 4 de Janeiro de 1940 entregou sua alma ao Senhor e foi enterrado na catedral de Palência, onde podemos ler o epitáfio que ele mesmo escreveu: «Peço ser enterrado junto a um Sacrário, para que meus ossos, depois de morto, como minha língua e minha pluma em vida, estejam sempre dizendo aos que passem: ¡Aí está Jesus! ¡Aí está! ¡Não o deixeis abandonado!».
Sua Santidade João Paulo II declarou suas virtudes heróicas em 6 de Abril de 1998, e aprovou o milagre atribuído a sua intercessão em 20 de Dezembro de 1999.
Reproduzido com autorização de Vatican.va

José Manuel González García, Beato - (Continuação)
Janeiro 4

Vivências de alguém que o conheceu

 

José Manuel González García, Beato

José Manuel González García, Beato

MINHAS RECORDAÇÕES DE DOM MANUEL
Era eu muito jovem quando conheci a Dom Manuel. Vos conto: Dos 36 meninos que havíamos ingressado no seminário no curso 1932-33, regressamos ao seminário 2, ao terminar a guerra civil de Espanha. A biblioteca do seminário se havia salvado por ter sido mudada para o Colégio do Patriarca, que foi totalmente respeitado. Me encarregaram da organização daquele enorme volume de livros. E ali me encontrei com uma pilha de revistas de EL GRANITO DE ARENA. Me encantou. Devorava cada número. A facilidade e encanto com que escrevia Dom Manuel, o ARCIPRESTE DE HUELVA, me apanhou. E subscrevi essa revista mensal. E fui seguindo suas andanças.
O QUE PODE UM CURA HOJE
Seu livro O QUE PODE UM CURA HOJE, resultou um ponto de referência para os sacerdotes da primeira metade do século XX. Já sacerdote, o li de cabo a rabo e muitas de minhas actuações primeiríssimas vinham inspiradas no dito livro. Aquele conselho de que a igreja paroquial abrisse suas portas antes que as outras casas da paróquia, o cumpria com a consequente madrugada e o assombro dos fregueses.
FIGURA SERENA
Dom Manuel nasceu em Sevilha em 1877, numa família humilde e profundamente religiosa. Seu pai, Martín González Lara, era carpinteiro, sua mãe, Antónia, se ocupava do lar. Neste ambiente Manuel cresceu serenamente. Deixou rasto em seu coração haver formado parte dos famosos «seises» da catedral de Sevilha, que bailavam e cantavam nas solenidades de Corpus Christi e da Imaculada. Como seise consolidou seu amor à Eucaristia e à Virgem. 
NO SEMINÁRIO
Sem avisar a seus pais apresentou-se ao exame de ingresso no seminário. Seus bons pais acolheram a surpresa considerando como manifestação dos caminhos de Deus e aceitando-os como tais. Custeou seus estudos trabalhando como fâmulo. Em 21 de Setembro de 1901, lhe conferiu o sagrado presbiterado o hoje beato cardeal Marcelo Spínola.
PALOMARES DEL RIO, SEU PRIMEIRO DESTINO
Em 1902 foi enviado a dar uma missão em Palomares del Rio. Ele próprio nos descreve esta experiência. Escutou as desalentadoras perspectivas que lhe apresentou o sacristão, e disse: «Fui direito ao Sacrário... e ¡que Sacrário, Deus meu! ¡Que esforços tiveram que fazer ali minha fé e meu valor para não sair correndo para minha casa! Mas, não fugi. Ali de joelhos... minha fé via a um Jesus tão calado, tão paciente, tão bom, que me olhava... que me dizia muito e me pedia mais, um olhar em que se reflectia tudo o triste do Evangelho... O olhar de Jesus Cristo nesses Sacrários é um olhar que se crava na alma e não se esquece nunca. Veio a ser para mim como ponto de partida para ver, entender e sentir todo meu ministério sacerdotal». Esta graça irá amadurecendo em seu coração.
A OBEDIÊNCIA, MOTOR DA COLHEITA
O arcebispo de Sevilha, Marcelo Spínola e Mestre, havia vivido em seus anos jovens em Huelva, exercendo de advogado, e seguia, como arcebispo, com grande preocupariam, sua vida eclesial, que oferecia, em seus pastores e em seus fieis, um panorama pouco esperançador. E tomou uma decisão arriscada. D. Manuel González, recém ordenado, havia já dado mostras de extraordinários dotes intelectuais e apostólicos, mas todavia não havia cumprido 28 anos. O sacerdote, que considerava como fundamental a virtude da obediência, nos relata a entrevista: «Chamado uma manhã - conta - por meu santo Arcebispo, Pastor ao Bom Pastor e, a foi de tal, de uma delicadeza suma em todos seus procedimentos, me disse sorridente: -¿Quer Vd. ir a Huelva? - Eu vou voando a onde me mande meu prelado. - Não; eu não o mando ir a Huelva; aquilo está tão mal, e, o que é pior, tão dividido entre os poucos bons... Estou tão farto de provar procedimentos para o melhorar sem o obter, que me hei recordado de Vd. como última tentativa; no fim e ao cabo Vd. é jovem e, se se estreia em Huelva, como o temo, o mesmo que o leva o pode trazer. Mas, repito, isto não é um mandato mas sim um desejo. - Senhor, os desejos de meu prelado são para mim ordens, ¿quando quer que vá? - Não, não; agora se vai Vd. a sua casa e, durante três dias e com completa reserva desta conversa, amadureça este desejo meu diante de seu Sacrário e volte depões com sua decisão. - Espero, com a graça de Deus, que dentro de três dias virei aqui para dizer a V. Excelência. o mesmo que agora lhe digo. Me despedi e ¡que três dias passei! ¡Sem apenas dormir nem comer e com esforços sobre-humanos para conservar a boa cara e o bom humor! ¡Havia ouvido falar em todos os anos de meus estudos tão mal da situação religiosa em Huelva...! Chegado o terceiro dia, me apresentei de novo ao senhor Arcebispo. - Sr., aqui me tem para lhe repetir o que disse no outro dia; ¿Quando quer que eu vá para Huelva? - Mas, ¿assim? ¿tão decidido? - Sim, senhor; completamente decidido. Agora, que, como a meu Prelado devo falar como a Jesus de meu Sacrário, devo dizer-lhe que vou para Huelva tão decidido em minha vontade como contrariado em meu gosto. - Me explico e não me estranhe; espero que esse desprezo de seu gosto, para abraçar a vontade do Prelado o ajudará muito em sua missão em Huelva. Sai que é Vd. muito jovem para um Arciprestado tão importante e para o mal que está aquele; eu tenho vivido ali e o conheço, mas ¡não importa! Vá, prove e se não lhe for bem, vem embora. As portas deste palácio sempre estarão abertas para Vd.; e em mim sempre tem um Padre a quem pode contar tudo, que o receberá com os braços abertos ».
ARCIPRESTE DE HUELVA
«Em 1 de Março de 1905, fui nomeado Cura Ecónomo de são Pedro de Huelva; tomei posse no dia 9. Em 16 de Junho fui nomeado arcipreste». Foi nomeado Cura ecónomo ou regente porque o Cura próprio, D. Manuel García Viejo, vivia ainda, ainda que já mito ancião e achacado. Ao dar conta o Arcebispo a uns católicos onubenses da nomeação que acabava de fazer, lhes disse: «Envio a Vds. uma ajudinha».
SEU PROGRAMA
O decisivo para ele, ao chegar a Huelva não era fazer-se presente na sociedade onubense de qualquer maneira, mas fazer-se presente com a força salvadora de Jesus, que brota da Eucaristia. ¿Por onde começar? Se propôs fazer da Eucaristia celebrada e adorada, o cume e a fonte de toda sua actividade. Assim se antecipou ao Concílio Vaticano II: «A sagrada liturgia não esgota toda a actividade da Igreja, pois para que os homens possam chegar à liturgia é necessário que antes sejam chamados à fé e à conversão... Não obstante, a liturgia é o cume ao qual  tende a actividade da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de onde mana toda sua força. Pois os trabalhos apostólicos ordenam-se a que, uma vez feitos filhos de Deus pela fé e o baptismo, todos se reúnam, louvem a Deus no meio da Igreja, participem no sacrifício e comam a ceia do Senhor.
FAMÍLIAS E ESCOLAS
Se preocupou também da situação das famílias necessitadas e das crianças, para os quais fundou escolas. Tanto a biologia como a experiência nos demonstram a existência de gémeos biológicos o que podemos comprovar na vida, na sociedade familiar e na relação de cada dia. Também a história nos demonstra a existência de pessoas gémeas não biológicas, umas vezes de carácter e trajectória, já sejam estadistas, como Kennedy e Lincoln; educadores, como D. Manuel González García, Arcipreste de Huelva e Bispo de Málaga e D. Manuel Siurot, a quem dom Manuel chamava seu alter ego e que colaborou na educação criando e dirigindo escolas, tanto em Huelva como em Málaga.
MARIAS DOS SACRÁRIOS ABANDONADOS
Em 4 de Março de 1910, ante um grupo de colaboradoras, derramou o grande anseio de seu coração. Assim nos narra: «Permiti-me que, eu que invoco muitas vezes a solicitude de vossa caridade em favor das crianças pobres e de todos os pobres abandonados, invoque hoje vossa atenção e vossa cooperação em favor do mais abandonado de todos os pobres: o Santíssimo Sacramento. Vos peço uma esmola de carinho para Jesus Cristo Sacramentado... vos peço pelo amor de Maria Imaculada e pelo amor desse Coração tão mal correspondido, que vos façais as Marias desses Sacrários abandonados». Assim nasceu a «Obra para os Sacrários-Calvários». Obra para dar uma resposta de amor reparador ao amor de Cristo na Eucaristia, a exemplo de Maria Imaculada, o apóstolo são João e as Marias, fieis no Calvário. A União Eucarística Reparadora, iniciada com as Marias dos Sacrários e Discípulos de são João, se estendeu rapidamente e abriu caminho à Reparação Infantil Eucarística no mesmo ano;
MISSIONÁRIOS EUCARÍSTICOS
Funda os sacerdotes Missionários Eucarísticos em 1918; a congregação religiosa de Missionárias Eucarísticas de Nazaré em 1921, em colaboração com sua irmã Maria Antónia, a instituição de Missionárias Auxiliares Nazarenas em 1932, e a Juventude Eucarística Reparadora em 1939.
RÁPIDA PROPAGAÇÃO 
A rápida propagação da Obra em outras dioceses de Espanha e América, através da revista «El Granito de Arena», o impulsionou a solicitar a aprovação do Papa. Dom Manuel chegou a Roma em 1912, e em 28 de Novembro foi recebido pelo Papa São Pío X, a quem foi apresentado como «o apóstolo da Eucaristia». São Pio X se interessou por toda sua actividade apostólica e abençoou a Obra.
BISPO AUXILIAR DE MÁLAGA 
O Papa Bento XV O nomeia bispo auxiliar de Málaga e recebe a crianças pobres, em vez de às autoridades; que, junto com os sacerdotes e seminaristas, serviram a comida a três mil crianças. COMO EM HUELVA .Como pastor da diocese malaguenha, iniciou sua missão tomando contacto com sua grei para conhecer suas necessidades. Como em Huelva, potenciou as escolas e catequeses paroquiais, praticou a pregação pelas ruas conversando com todo o que se encontrava de caminho... e descobriu que a necessidade mais urgente era a de sacerdotes. Este problema devia enfrentar-se desde a situação do seminário, a qual era lamentável.
UM NOVO SEMINÁRIO
Com uma confiança sem limites na mão providente do Coração de Jesus, empreendeu a construção de um novo seminário que reunisse as condições necessárias para formar sacerdotes sãos humanos, espiritual, pastoral e intelectualmente. Sonha e projecta «um seminário substancialmente eucarístico. Em que a Eucaristia fosse: em ordem pedagógica, o mais eficaz estímulo;  no científico, o primeiro mestre e a primeira assinatura; no disciplinar o mais vigilante inspector; no ascético o modelo mais vivo; no económico a grande providência; e no arquitectónico a pedra angular».
SACERDOTE HÓSTIA
A seus sacerdotes, e aos membros das diversas fundações que realizou, lhes proporá como caminho de santidade «chegar a ser hóstia em união da Hóstia consagrada», que significa «dar e dar-se a Deus e em favor do próximo de modo mais absoluto e irrevogável». Manuel González não escamoteia esforços para melhorar a situação humana e espiritual de sua diocese. Sua ingente actividade faz que não passe desapercebido, e com a chegada da República a Espanha sua situação se faz delicada.
CHAMAS NO PALÁCIO EPISCOPAL
Em 11 de Maio de 1931 o ataque é directo, incendeiam-lhe o palácio episcopal e tem de mudar para Gibraltar para não pôr em perigo a vida de quem o acolhe. Ao sair de seu palácio incendiado, lhe perguntaram os milicianos, a onde quer que o levem e ele respondeu. ¿Vocês crêem que me dedico pelas noites a dormir fora de minha casa? E quando já encontra refúgio disse às monjitas que com ele haviam sumido as hóstias consagradas do sacrário: “Irmãs, já tendes vós coisas que contar para quando forem velhas” No discurso de entrada se emocionou muito e disse: “Necessitava chorar de alegria depois de haver chorado tantos anos de amargura”. “Me dói o coração de tanto amar”.
A FECUNDIDADE DE SUA PLUMA
Com estilo ágil, cheio de graça andaluza e de unção, transmitiu o amor à Eucaristia, introduziu na oração, formou catequistas, guiou a os sacerdotes. Entre seus livros, destacamos: "O abandono dos Sacrários acompanhados", "Oremos no Sacrário como se orava no Evangelho", "Artes para ser apóstolo", "A graça na educação", "Arte e liturgia", etc. Escritos que por sua grande difusão se hão recompilado na edição de suas Obras Completas.
ENFERMO
Os últimos anos sua saúde piora notavelmente, prova que vive de modo heróico, sem perder o sorriso de seu rosto sempre amável e acolhedor, e a aceitação dos desígnios do Pai. Ao sair de Palência para Madrid, desde a cama junto do sacrário de sua capela, disse ao Senhor: "Se queres que volte, bendito sejas, se não queres que volte, bendito sejas". Na clínica pede que o situem perto da janela para ver a luz: "Irmã, disse à religiosa enfermeira, sou andaluz". Em 4 de Janeiro de 1940 entregou sua alma ao Senhor. Foi enterrado na catedral de Palência, onde podemos ler o epitáfio que ele mesmo escreveu: «Peço ser enterrado junto a um Sacrário, para que meus ossos, depois de morto, como minha língua e minha pluma em vida, estejam sempre dizendo aos que passem: ¡Aí está Jesus! ¡Aí está! ¡Não o deixeis abandonado!». Tive a honra de poder orar nessa capela da Catedral de Palência ante sua lápida aos pés do sacrário. João Paulo II declarou suas virtudes heróicas em 6 de Abril de 1998, e aprovou o milagre atribuído a sua intercessão em 20 de Dezembro de 1999. Manuel González García, bispo de Málaga e de Palência, foi uma figura significativa e relevante da Igreja espanhola durante a primeira metade do século XX.
PALAVRAS DE JOÃO PAULO II NA BEATIFICAÇÃO
“Essa foi a grande paixão do novo beato Manuel González García, bispo de Málaga e depois de Palência. A experiência vivida em Palomares del Rio ante um sacrário abandonado o marcou para toda sua vida, dedicando-se desde então a propagar a devoção à Eucaristia, e proclamando a frase que depois quis que fosse seu epitáfio: “¡Aí está Jesus! ¡Aí está! ¡Não o deixeis abandonado!". Fundador das Missionárias Eucarísticas de Nazaré, o beato Manuel González é um modelo de fé eucarística, cujo exemplo segue falando à Igreja de hoje”.
JESUS MARTI BALLESTER
www.jmarti.ciberia.es
jmarti@ciberia.es
Pedro Sérgio António Donoso Brant
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Faraildis (Farailda) de Gante, Santa
Janeiro 4 Viúva

Faraildis (Farailda) de Gante, Santa

Faraildis (Farailda) de Gante, Santa

Há muitos detalhes extremamente confusos e improváveis nos relatos que hão chegado até nós da vida desta santa belga, e é difícil determinar até que ponto a lenda se baseia em factos históricos.
O rasgo principal parece ser que, embora tenha consagrado secretamente sua virgindade a Deus, seus pais a casaram, sem lhe pedir seu consentimento, com um rico pretendente.
Decidida a guardar seu voto, negou-se a viver maritalmente com ele, o que incitou seu esposo a tratá-la com brutalidade. Mas Deus velava por ela e a protegeu, até à morte de seu marido.
Apenas conhecemos outros dados de sua vida, fora dos milagres e das numerosas mudanças de seu corpo de um lado para o outro.
Sem embargo, está fora de dúvida que adquiriu grande fama em Flandres e que seu culto oferece abundante material aos especialistas de folclore. Na Flandres é conhecida geralmente sob os nomes de Varelde ou Verilde.
As imagens representam-na frequentemente com um ganso, com um gato, ou levando umas peças de pão. O ganso se refere provavelmente ao nome da cidade em que repousam os restos da santa, já que Gante, em flamengo, significa ganso.
As peças de pão fazem alusão ao milagre acontecido junto a seu túmulo: segundo conta a lenda, uma mulher que havia recusado compartilhar seu pão com um mendigo, dizendo-lhe que não tinha, viu seus pães converter-se em pedras. Também se conta que Santa Ferailda fez brotar uma fonte em Bruay, perto de Valenciennes, para acalmar a sede dos que colhiam seu campo.
O povo afirma que a água dessa fonte é muito eficaz contra as enfermidades das crianças, e as mães encomendam a saúde de seus filhos a nossa santa.

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Recolha, transcrição e tradução de espanhol para português, por António Fonseca

domingo, 3 de janeiro de 2010

3 de JANEIRO de 2010 – Santos do Dia


SANTOS DO DIA DE HOJE – 3 DE JANEIRO

Genoveva, Santa
Janeiro 3 Biografia
Genoveva, Santa
Genoveva, Santa

Nasceu perto de Paris no ano 422.
Genoveva significa: "De boa família". Muito menina, se encontrou com São Germán, venerável Bispo, o qual a aconselhou a dedicar a sua vida a servir a Deus e ao próximo e assim o fez.
Aos 15 anos formou com um grupo de amigas uma associação de mulheres dedicadas ao apostolado e a ajudar aos pobres. Não eram religiosas mas viviam muito santamente em sua casa ou em seu sítio de trabalho, e assistindo muito ao templo e ajudando todo o mais possível aos necessitados.
Genoveva praticava de tal maneira o recolhimento e separação do mundo que durante os 40 dias de Quaresma não saía de sua casa senão para ir ao templo ou ajudar a algum necessitado. E no resto do ano fazia quase o mesmo.
Quando tinha 30 anos ouviu que o terrível bárbaro chamado Átila se acercava com 100,000 guerreiros para sitiar a Paris e a destruiria a sangue e fogo. A gente queria sair fugindo mas Genoveva os convenceu de que em vez de sair correndo o que deviam fazer era ir ao templo a rezar. Quase a lincham os cobardes, mas a maioria lhe fez caso e se dedicaram a orar.
E a cidade se salvou de ser atacada, pois o feroz Atila quando já vinha chegando a Paris, mudou imprevistamente de rumo e se dirigiu para Orleães, mas pelo caminho lhe saíram ao encontro os exércitos cristãos e o derrotaram na terrível batalha dos Campos Cataláunicos. Assim se cumpriu o que havia anunciado Genoveva, que se o povoo orasse com fé a cidade de Paris não seria atacada. Isto lhe deu uma grande popularidade nessa capital.
Depois chegou a Paris uma espantosa escassez e carestia e a gente morria de fome. Genoveva em vez de se queixar reuniu um bom grupo de homens e foi rio acima buscando víveres e voltou com as barcas cheias de comestíveis e assim salvou uma vez mais a cidade.
Como os reis Childerico e Clodoveo sentiam por ela uma grande veneração, conseguiu obter deles o perdão para muitos presos políticos que iam a ser justiçados.
Quando Genoveva morreu, muito anciã, em 3 de Janeiro de ano 502, já a cidade de Paris a considerava sua padroeira, e todavia hoje, ela a Padroeira de Paris. Sobre seu túmulo se construiu um famoso templo, o qual na Revolução Francesa foi destruído e nesse sítio levantaram o edifício chamado Panteão, onde os franceses enterram a seus heróis.
Os dados acerca desta santa os conhecemos porque os escreveu Gregório de Tours, uns vinte anos depois de haver ela morrido.
Santa Genoveva tem sido invocada em épocas de grandes calamidades públicas, e tem livrado muitas vezes a cidades e povos de pestes, carestias e invasões de inimigos.
Oração
Senhor: que com a imitação de Santa Genoveva amemos a nossa pátria e aos nossos vizinhos não só com amor de palavras, mas com amor que se demonstra em boas obras e que como ela, estejamos convencidos de que é melhor confiar em Deus que confiar só nas ajudas humanas. Ámen.


Estefânia Quinzani, Santa
Janeiro 3 Monja Dominicana
Estefanía Quinzani, Santa
Estefânia Quinzani, Santa
Etimologicamente significa “coroada de luz”. Vem da língua grega.
Todos os pais desejam que seus filhos tenham uma formação o mais completa possível. É quase uma lei natural.
Esta rapariga se situa historicamente no século XVI. E para maior informação, qualquer um pode ir à igreja de Colomo, ao lado de Parma, onde se conserva o corpo desta santa.
Isto constitui uma prenda imensa oferecida ao arquiduque Fernando de Borbón, duque de Parma, em 1784.
Não fazia muito tempo que o próprio Papa Bento XIV havia aprovado que se podia dar culto a esta santa.
E como sucedeu ocorrer a morte de um santo – ao menos antes – a gente ia pressurosa a buscar relíquias dela. Assim por exemplo, sua cabeça se pode ver em Cremona, justamente ao lado de uma igreja dominicana.
E há que ter em conta que Estefânia não havia nascido em nenhum dos dois sítios. Ela veio ao mundo no povo de Orzinuovi, na província de Bréscia, Itália.
Seu pai era uma pessoa comprometida a sério com o apostolado que todo o crente desempenha na Igreja por o bem dos outros.
A tal grau chegou seu compromisso que, desde os 15 anos pertencia já à Terceira Ordem Dominicana.
Sua filha o seguiu fielmente pelos caminhos que marca o Evangelho para aqueles que deixam tudo para ganhar a Cristo.
Não foi uma rapariga isolada nem tristonha. Ao contrário, todo o mundo a via com ânimos de lutadora, e empreendia obras que, à primeira vista, pareceriam absurdas ou de loucas.
Desta forma, fundou um convento em Soncino. Todo  fazia por amor. Quem ama de verdade se sente feliz, ainda que venham as provas e tribulações.
E a Estefânia lhe chegaram muito fortes, mas as superou com energia e paciência. Em seu corpo apareceram os estigmas da Paixão de Cristo. Morreu no ano 1530.
Janeiro 3 - XIX Papa
Antero, Santo
Antero, Santo

Grego de nacionalidade, filho de Rufino, foi eleito em 21 de Novembro de 235 para suceder na Sede de Pedro a São Ponciano e morreu em 3 de Janeiro de 236, pelo que seu pontificado durou só quarenta e três dias. Foi martirizado por ordem do Imperador Maximiano I. por haver ordenado aos notários que recolhessem assiduamente e conservassem as Actas dos mártires nos arquivos da Igreja. Seu corpo foi trasladado na cripta dos papas das catacumbas de S. Calixto. As relíquias estão guardadas hoje na igreja romana de S. Silvestre In capite.
Começou também uma recompilação oficial das actas da Igreja, que guardou num lugar chamado scrinium. A recompilação, que foi queimada com Diocleciano, se voltou a fazer mais tarde e logo desapareceu de novo em tempos de Honório III (1225).
Se lhe atribui um decreto sobre a translação de Bispos a outra sede, expedida a instâncias dos prelados de Toledo e Sevilha.
Ciriaco Elias Chavara, Beato
Janeiro 3 - Co-fundador


Ciriaco Elías Chavara, Beato
Ciriaco Elias Chavara, Beato

Co-fundador e primeiro Prior Geral dos Carmelitas de Maria Imaculada.
Nasceu em Kerala, Índia, em 10 de Fevereiro de 1805.
Entrou no seminário no ano 1818 e foi ordenado sacerdote em 1829.
Pôs os fundamentos da primeira casa da Congregação em Mannanam em 1831 e emitiu os votos religiosos em 1855.
No ano 1866 colaborou também na fundação da Congregação das Irmãs da Mãe do Carmelo.Desde 1861 desempenhou o ofício de Vigário Geral da Igreja siro-malabar.
Defensor da unidade da Igreja contra o cisma de Rocco, durante toda sua vida trabalhou pela renovação da Igreja siro-malabar.
Se distinguiu como homem de oração.
Esteve cheio de zelo pelo Senhor na Eucaristia e foi particularmente devoto da Virgem Imaculada.
Morreu em Koonammavu em 1871. Desde o ano 1899 seus restos mortais repousam em Mannanam.
Em 8 de Fevereiro de 1986 Sua Santidade João Paulo II o beatificou solenemente em Kottayam (Índia).
Santísimo Nombre de Jesús


Este Bendito Nome, invocado pelos fieis desde os começos da Igreja, começou a ser venerado nas celebrações litúrgicas no século XIV. São Bernardino de Siena e seus discípulos propagaram este culto. Como festa litúrgica foi introduzida no século XVI.
Oito dias depois de seu nascimento o Filho de Maria recebeu o nome de Jesus, que significa Salvador, como o havia ordenado o anjo Gabriel antes de que Maria concebesse.
O Evangelho menciona a razão de ser do dito nome: “Porque vai salvar a seu povo do pecado”. Jesus ia obrar a Redenção com os mais atrozes sofrimentos, “humilhando-sedisse São Paulonão só até à morte, mas morte de Cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe deu um Nome acima de todos os nomes e ao nome de Jesus se dobre todo o joelho”.
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Recolha, transcrição e tradução de espanhol para português, por António Fonseca

sábado, 2 de janeiro de 2010

2 de JANEIRO de 2010 – SANTOS DO DIA

Basílio Magno, Santo

 

Basilio Magno, Santo

Basílio Magno, Santo
Doutor da Igreja, 2 de Janeiro

Martirológio: Santos Basílio Magno e Gregório Nazianceno, bispos e doutores da Igreja. Basílio, bispo de Cesareia de Capadócia (hoje na Turquia), apelidado “Magno” por sua doutrina e sabedoria, ensinou aos monges a meditação da Escritura, o trabalho ma obediência e a caridade fraterna, ordenando sua vida segundo as regras que ele próprio redigiu. Com seus egrégios escritos educou os fiéis e brilhou por seu trabalho pastoral em favor dos pobres e dos enfermos. Faleceu no dia Um de Janeiro de 379. Gregório, amigo seu, foi bispo de Sancina, em Constantinopla e, finalmente, de Nacianzo. Defendeu com veemência a divindade do Verbo, merecendo por isso ser chamado “Teólogo”. A Igreja se alegra de celebrar conjuntamente a memória de tão grandes doutores. (379)
Etimologicamente: Basílio = Aquele que é um rei, é de origem grega.

BASÍLIO nasceu em Cesareia, a capital de Capadócia, na Ásia Menor, a meados do ano 329. Por parte de pai e de mãe, descendia de famílias cristãs que haviam sofrido perseguições e, entre seus nove irmãos, figuraram São Gregório de Nicea, Santa Macrina a Jovem e São Pedro de Sebaste.

Basilio Magno, Santo

Basílio Magno, Santo

Seu pai, São Basílio o Velho, e sua mãe, Santa Emelia, possuíam vastos terrenos e Basílio passou sua infância na casa de campo de sua avó, Santa Macrina, cujo exemplo e cujos ensinamentos nunca esqueceu. Iniciou sua educação em Constantinopla e a completou em Atenas. Lá teve como companheiros de estudo a São Gregório Nazianceno, que se converteu em seu amigo inseparável e a Juliano, que mais tarde seria o imperador apóstata.
Basílio e Gregório Nacianceno, os dois jovens capadócios, associaram-se com os mais selectos talentos contemporâneos e, como o disse este último em seus escritos, “só conhecíamos duas ruas na cidade: a que conduzia à igreja e a que nos levava às escolas”. Tão cedo como Basílio aprendeu tudo o que seus mestres podiam ensinar-lhe, regressou a Cesareia. Aí passou alguns anos no ensino da retórica e, quando se achava nos umbrais de uma brilhantíssima carreira, se sentiu impulsionado a abandonar o mundo, por conselhos de sua irmã mais velha, Macrina. Esta, logo  depois de haver colaborado activamente na educação e estabelecimento de suas irmãs e irmãos mais pequenos, se havia retirado com sua mãe, já viúva, e outras mulheres, a uma das casas da família, em Annesi, sobre o rio Íris, para levar uma vida comunitária.
Foi então, ao aparecer, que Basílio recebeu o baptismo e, desde aquele momento, tomou a determinação de servir a Deus dentro da pobreza evangélica. Começou por visitar os principais mosteiros de Egipto, Palestina, Síria e Mesopotâmia, com o propósito de observar e estudar a vida religiosa. No regresso de sua extensa viagem, se estabeleceu num paragem agreste e muito formoso na região do Ponto, separado de Annesi pelo rio Íris, e naquele retiro solitário se entregou à oração e ao estudo. Com os discípulos, que não tardaram em agrupar-se em seu torno, entre os quais figurava seu irmão Pedro, formou o primeiro mosteiro que houve na Ásia Menor, organizou a existência dos religiosos e enunciou os princípios que se conservaram através dos séculos e até ao presente governam a vida dos monges na Igreja do oriente. São Basílio praticou a vida monástica propriamente dita durante cinco anos somente, mas na história do monaquismo cristão tem tanta importância como o próprio São Bento.

 
Luta contra a heresia ariana

Por aquela época, a heresia ariana estava em seu apogeu e os imperadores hereges perseguiam aos ortodoxos. No ano 363, se convenceu a Basílio para que se ordenasse diácono e sacerdote na Cesareia; mas imediatamente, o arcebispo Eusébio teve zelos da influência do santo e este, para não criar discórdias, voltou a retirar-se caladamente para o Ponto para ajudar na fundação e direcção de novos mosteiros. Sem embargo Cesareia o necessitava e o reclamou. Dois anos mais tarde, São Gregório Nacianceno, em nome da ortodoxia, tirou Basílio de seu retiro para que o ajudasse na defesa da fé do clero e das Igrejas. Se levou a cabo uma reconciliação entre Eusébio e Basílio; este ficou em Cesareia como o primeiro auxiliar do arcebispo; na realidade, era ele quem governava a Igreja, mas empregava seu grande tacto para que se desse crédito a Eusébio por tudo o que ele realizava. Durante uma época de seca a que se seguiu outra de fome, Basílio deixou mão de todos os bens que havia herdado de sua mãe, os vendeu e distribuiu o produto entre os mais necessitados; mas não se deteve aí sua caridade, posto que também organizou um vasto sistema de ajuda, que compreendia as cozinhas ambulantes que ele mesmo, resguardado com um avental de manta e colher em riste, conduzia pelas ruas dos bairros mais afastados para distribuir alimentos aos pobres.


Bispo de Cesareia
No ano de 370 morreu Eusébio e, apesar da oposição que se pôs de manifesto em alguns poderosos círculos, Basílio foi eleito para ocupar a sede arcebispal vacante. Em 14 de Junho tomou posse, para grande contentamento de Santo Atanásio e uma contrariedade igualmente grande para Valente, o imperador ariano. O posto era muito importante e, no caso de Basílio, muito difícil e eriçado de perigos, porque ao mesmo tempo que bispo de Cesareia, era Exarca do Ponto e Metropolitano de cinquenta sufragâneos, muitos dos quais se haviam oposto à sua eleição e mantiveram sua hostilidade, até que Basílio, a força de paciência e caridade, conquistou sua confiança e seu apoio.
Antes de se cumprir doze meses da nomeação de Basílio, o imperador Valente chegou a Cesareia, após ter desenvolvido em Bitrina e Galácia uma implacável campanha de perseguições. Adiante de si enviou o prefeito Modesto, com a missão de convencer a Basílio para que se submetesse ou, pelo menos, acedesse a tratar algum compromisso. Vários haviam renegado por medo, mas nosso santo lhe respondeu:
¿Que me vais a poder tirar ser não tenho nem casas nem bens, pois tudo reparti entre os pobres? ¿Acaso me vais a atormentar? É tão débil minha saúde que não resistirei a um dia de tormentos sem morrer e não poderás seguir atormentando-me. ¿Que me vais a desterrar? Para qualquer sítio aonde me desterres, lá estará Deus, e onde esteja Deus, ali é a minha pátria, e ali me sentirei contente.. .
O governador respondeu admirado: “Jamais ninguém me havia contestado assim”. E Basílio acrescentou: “É que jamais te havias encontrado com um bispo”.
O imperador Valente se decidiu em favor de o exilar e se dispôs a firmar o édito; mas em três ocasiões sucessivas, a pluma de cana com que ia a fazê-lo, se partiu no momento de começar a escrever. O imperador ficou cheio de temor ante aquela extraordinária manifestação, confessou que, muito a seu pesar, admirava a firme determinação de Basílio e, a fim de contas, resolveu que, em seguida, não voltaria a intervir nos assuntos eclesiásticos de Cesareia.
Mas apenas terminada esta desavença, o santo ficou envolvido numa nova luta, provocada pela divisão de Capadócia em duas províncias civis e a consequente reclamação de Antino, bispo de Tiana, para ocupar a sede metropolitana da Nova Capadócia. A disputa resultou desafortunada para São Basílio, não tanto por ter-se visto obrigado a ceder na divisão de sua arquidiocese, como por haver-se malquistado com seu amigo São Gregório Nacianceno, a quem Basílio insistia em consagrar bispo de Sasima, um miserável povoado que se achava situado sobre terrenos em disputa entre as duas Capadócias. Enquanto o santo defendia assim a igreja de Cesareia dos ataques contra sua fé e sua jurisdição, não deixava de mostrar seu zelo acostumado no cumprimento de seus deveres pastorais. Até nos dias ordinários pregava, pela manhã e pela tarde, a assembleias tão numerosas, que ele mesmo as comparava com o mar. Seus fiéis adquiriram o costume de comungar todos os domingos, quartas, sextas e sábados. Entre as práticas que Basílio havia observado em suas viagens e que mais tarde implantou na sua sede, figuravam as reuniões na igreja antes de amanhecer, para cantar os salmos. Para benefício dos enfermos pobres, estabeleceu um hospital fora dos muros de Cesareia, tão grande e bem acondicionado, que São Gregório Nacianceno o descreve como uma cidade nova e com grandeza suficiente para ser reconhecido como uma das maravilhas do mundo. A esse centro de beneficência chegou a conhecer-se com o nome de Basiliada, e susteve a sua fama durante muito tempo depois da morte de seu fundador. Apesar de suas enfermidades crónicas, com frequência realizava visitas a lugares afastados de sua residência episcopal, até em remotos sectores das montanhas e, graças à constante vigilância que exercia sobre seu clero e sua insistência em recusar a ordenação dos candidatos que não fossem inteiramente dignos, fez de sua arquidiocese um modelo de ordem e disciplina eclesiásticos.
Não teve tanto êxito nos esforços que realizou em favor das igrejas que se encontravam fora de sua província. A morte de Santo Atanásio deixou a Basílio como único paladino da ortodoxia no oriente, e este lutou com exemplar tenacidade para merecer esse título por meio de constantes esforços para fortalecer e unificar a todos os católicos que, sufocados pela tirania ariana e descompostos pelos cismas e pelas dissensões entre si, pareciam estar a ponto de extinguir-se. Mas as propostas do santo foram mal recebidas, e a seus desinteressados esforços se respondeu com mal entendidos, más interpretações e até acusações de ambição e de heresia. Inclusive os chamados que fizeram ele e seus amigos ao Papa São Dâmaso e aos bispos ocidentais para que interviessem nos assuntos do oriente e aplanassem as dificuldades, tropeçaram com uma quase absoluta indiferença, devido, segundo parece, a que já corriam em Roma as calunias respeito à sua boa fé. “¡Sem dúvida por causa de meus pecados, escrevia São Basílio com um profundo desalento, parece que estou condenado ao fracasso em tudo quanto empreendo!"”
Sem embargo, o alívio não havia de tardar, desde um sector absolutamente inesperado. Em 9 de Agosto de 378, o imperador Valente recebeu feridas mortais na batalha de Adrianópolis e, com a ascensão ao trono de seu sobrinho Graciano, se pôs fim ao ascendente do arianismo no oriente. Quando as notícias destas mudanças chegaram a ouvidos de São Basílio, este se encontrava no seu leito de morte, mas de todas as maneiras lhe proporcionaram um grande consolo em seus últimos momentos. Morreu em 1º de Janeiro do ano 379, com a idade de quarenta e nove anos, esgotado pela austeridade em que havia vivido, o trabalho incansável e uma penosa enfermidade. Toda Cesareia ficou enlutada e seus habitantes o choraram como a um pai a um protector; os pagãos, judeus e cristãos se uniram no duelo.
São Gregório Nacianceno, Arcebispo de Constantinopla, no dia do enterro: “Basílio santo, nasceu entre santos. Basílio pobre viveu pobre entre os pobres. Basílio filho de mártires, sofreu como um mártir. Basílio pregou sempre com seus lábios, e com seus bons exemplos e seguirá pregando sempre com seus escritos admiráveis”.
Setenta e dois anos depois de sua morte, o Concílio de Calcedónia lhe rendeu homenagem com estas palavras: O grande Basílio, o ministro da graça que expôs a verdade ao mundo inteiro indubitavelmente que foi um dos mais eloquentes oradores entre os melhores que a Igreja haja tido; seus escritos lhe hão colocado em lugar de privilégio entre seus doutores.

Adelardo, (Abelardo ou Alardo) Santo

Abade, 2 de Janeiro

Etimologicamente significa “ nobre e valente”. Vem da língua alemã.
Este nome se diz também Abelardo ou Alardo. É maravilhoso constatar como ao longo da vida destas pessoas exemplares, há sempre uma grande amizade.
Este jovem passava muito bem na corte de seu avô Carlos Martel e de seu tio o rei Pepino o Breve. Não lhe faltava absolutamente nada. Fazia com facilidade amizade com gente de fora e dentro do palácio.
Tudo lhe sorria ante seus olhos. Sem embargo, quando estava sozinho, dava voltas à cabeça.
Notava que a felicidade que dava a corte não o preenchia totalmente. E assim passou uma temporada.
Por fim um dia, ante o assombro de quantos e de quantas o contemplavam, disse algo que os deixou alucinados. Com sua voz clara e jovem anunciou a todos que ia para monge.
¡Risos e chispas de desconcerto! Pensavam que era uma de suas brincadeiras.
Ele, com cara complacente mas forte na sua decisão, no ano 773 saiu da corte e encaminhou seus passos para um mosteiro onde encontrasse a paz interior que ninguém lhe dava nas festas palacianas.
Entregou-se com tal ardor à vida da alma que em pouco tempo ganhou a estima de todos os irmãos consagrados a Deus.
Sua fama correu de mosteiro em mosteiro. Naqueles dias havia eleição do novo superior do mosteiro de Corbie, França.
Dizem que seus conselhos a irmãos em religião e a todo o mundo eram tão sábios e acertados que o próprio imperador Ludovico os acolhia com mesura e discernimento.
A característica fundamental de sua vida consistiu, além disso, em se dedicar aos pobres. Desde o amor bem entendido aos mais desfavorecidos passou à casa do Pai no ano 827.
¡Felicidades a quem leve este nome!

 

Gregório Nacianceno, Santo

 

Gregorio Nacianceno, Santo

Gregório Nacianceno, Santo

 

São Gregório Nacianceno, chamado o Demóstenes cristão por sua eloquência e, na igreja Oriental o dizem "o teólogo", pela profundidade de sua doutrina e o encanto de sua eloquência. É um dos Padres Capadócios, muito chegado aos irmãos São Basílio e São Gregório de Nicea, os chamados "Padres Capadócios" com quem cooperou para derrotar a heresia ariana. É um dos quatro grandes Doutores da Igreja Grega.
Nasceu em Nacianzo, Capadócia (hoje em Turquia), no mesmo ano que seu grande amigo São Basílio.
Pertenceu a uma família de santos: Seu pai foi um judeu converso, bispo de Nacianzo por 45 anos (são Gregório O Maior), sua mãe, santa Nona. Seus irmãos, santos Cesário e Gorgónia;
Estudou em Cesareia, na Palestina, onde conheceu a São Basílio. Estudou leis por dez anos em Atenas. Entre seus companheiros de estudo estava São Basílio e o futuro imperador, Julião o Apóstata. Gregório voltou a Nacianzo aos 30 anos (aprox.) e se uniu a São Basílio por 2 anos em vida solitária.
Ainda que preferisse a vida solitária, regressou para ajudar a seu pai ancião na administração da diocese. Foi ordenado contra sua vontade por seu pai em 362. Fugiu para voltar à vida monacal com Basílio. Mas em 10 semanas regressou às suas responsabilidades como sacerdote. Escreveu uma apologia sobre as responsabilidades de sacerdote.
Em redor de 372, foi consagrado bispo por S. Basílio de Sasima mas não o aceitou. Seguiu como coadjutor de seu pai. Isto causou a ruptura da amizade entre Basílio e Gregório mas se reconciliaram depois.
Se retirou por 5 anos para um mosteiro em Selêucia, Isauria. Ao morrer o imperador Valens se mitigou a perseguição dos ortodoxos e um grupo de bispos o convidaram a Constantinopla. A cidade havia sido dominada por 30 anos pelos arianos. Foi nomeado bispo. Sofreu muito por difamações e perseguição dos arianos e outros hereges.
O Concílio de Constantinopla estabeleceu e confirmou as conclusões de Nicea. Pouco depois de sua consagração como bispo de Constantinopla, seus inimigos puseram em dúvida a validade de sua eleição em 381. Ele, para restaurar a paz, resignou. Voltou a Nacianzo, onde a sede estava vacante e administrou a diocese até que elegeram a um sucessor. Em redor do ano 384 se retirou. Foi então que escreveu seus famosos poemas e sua autobiografia. Morreu em Nacianzo em 25 de Janeiro de 389 ou 390.
Ensino e escritos: 45 discursos, 244 cartas e 400 ou mais, poemas.
Na iconografia aparece como bispo oriental, com o pálio e um livro.

 

Guillermo Repin, Beato

Sacerdote e Mártir, 2 Janeiro

Guillermo Repin, Beato

Guillermo Repin, Beato

Sacerdote da diocese de Angers, nasceu em 26 de Agosto de 1709 em Thouarcé, Maine-et-Loire, França.
Morre martirizado na Revolução Francesa em 2 de Janeiro de 1794 em Angers, Maine-et-Loire, França.
Suas virtudes heróicas foram aprovadas em 9 de Junho de 1983, foi beatificado em 19 de Fevereiro de 1984 junto com noventa e sete companheiros mártires da Revolução Francesa assassinados entre 1792 e 1796.

Marcolino Amanni de Forli, Beato

Dominicano, 2 Janeiro

Marcolino Amanni de Forli, Beato

Marcolino Amanni de Forli, Beato

O nome de família de Marcolino era Amanni.
Se conta que o beato entrou na ordem de Santo Domingo, aos dez anos de idade.
Suas qualidades mais notáveis eram a exacta observância das regras, o amor à pobreza e à obediência, mas sobretudo, o espírito de humildade, que o impulsionava a evitar todas as ocasiões de se fazer notar, encontrando seu maior gozo no exercício dos ofícios mais baixos e humildes.
Se nos diz também que praticava rigorosas penitências corporais, que amava muito os pobres e as crianças, e que o céu o favorecia com frequentes êxtases.
Tão prolongadas e constantes eram as orações de Marcolino que, a sua morte, se descobriu que seus joelhos eram dois enormes calos.
O beato Raimundo de Cápua, superior geral da ordem de Santo Domingo, tinha em alta estima o P. Marcolino, ainda que a timidez deste o havia impedido colaborar activamente na reforma da Ordem de Pregadores, a raiz da peste negra e das dificuldades produzidas pelo Grande Cisma. O P. Marcolino, que havia predito sua morte, segundo se conta, faleceu em Forli, em 2 de Janeiro de 1397, aos oitenta anos de idade.
Para surpresa de seus irmãos, a cujos olhos havia passado inadvertida a santidade do religioso, uma grande multidão assistiu a seus funerais, congregada, segundo diz a lenda, por um anjo disfarçado de criança que havia anunciado a notícia pelos arredores.
O culto ao beato foi confirmado em 1750.

Maria Anna Blondin, Beata

Fundadora, 2 Janeiro

María Anna Blondin, Beata

María Anna Blondin, Beata

Esther Blondin, Irmã Marie-Anne, nasce em Terrebonne (Québec, Canadá), em 18 Abril de 1809, dentro de uma família fundamente cristã. Herda de sua mãe uma piedade centrada na Providência e na Eucaristia; de seu pai, uma fé sólida e uma grande paciência no sofrimento. Esther e sua família são vítimas do analfabetismo reinante nos meios canadienses-franceses do século XIX. Na idade de 22 anos, é contratada como doméstica ao serviço das Irmãs da Congregação de Nossa Senhora recém chegadas ao seu povo. No ano seguinte, inscreve-se como interna com vista a aprender a ler e escrever. É encontrada depois no noviciado da mesma Congregação, de onde sairá sem embargo, por causa de sua saúde demasiado frágil.
Em 1833, Esther volta a ser mestra de escola no povo de Vaudreuil. Ali, se dá conta que um regulamento da Igreja proibindo às mulheres ensinar aos meninos e aos homens as meninas pode ser uma causa do analfabetismo. Os curas, na impossibilidade de financiar duas escolas, elegem não financiar nenhuma. E os jovens ficam na ignorância, sem poder aprender o catecismo e fazer a primeira comunhão. Em 1848, com a audácia de profeta movido pela chamada do Espírito, Esther submete a seu Bispo, Monsenhor Ignace Bourget, o projecto de fundar uma Congregação religiosa “para a educação das crianças pobres do campo, em escolas mistas”. O projecto é inovador para a época! Incluso, parece “temerário e subversivo da ordem estabelecida”. Mas, posto que o Estado favorece este tipo de escolas, o Bispo autoriza um intento modesto, para evitar um mal maior. A Congregação das Irmãs de Santa Ana funda-se em Vaudreuil, em 8 de Setembro de 1850. Daí em diante, Esther passa a chamar-se “Madre Marie-Anne”. É nomeada primeira superiora. O crescimento rápido da jovem Comunidade requer muito cedo uma mudança. No verão de 1853, o Bispo Bourget muda a Casa mãe para Saint-Jacques de l’Achigan. O novo Capelão, Louis-Adolphe Maréchal, vai meter-se na vida interna da Comunidade, numa maneira abusiva. Na ausência da Fundadora, ele muda o preço da pensão das alunas. E, quando ele tem de se ausentar, as Irmãs têm que esperar sua volta para se confessar. Depois de um ano de conflito entre o Capelão e a Superiora muito preocupada pelos direitos de suas irmãs, o Bispo Bourget pensa encontrar una solução. Em 18 de Agosto de 1854, manda a Madre Marie-Annedepor-se”. Convoca as eleições e exige da Madreque não aceite o mandato de Superiora se as irmãs quiserem reelegê-la”. Despojada do direito que lhe dá a Regra da Comunidade, Madre Marie-Anne obedece ao Bispo que é para ela o instrumento da Vontade de Deus sobre ela. Bendiz “mil vezes a Divina Providência pela conduta materna que tem para ela, fazendo-a passar pelo caminho das tribulações e cruzes”.
Então, nomeada Directora do Convento de Sainte Geneviève, Madre Marie-Anne volta a existir uma investigação de parte das novas Autoridades da Casa mãe, subjugadas pelo despotismo do Capelão Maréchal. Com o pretexto de má administração, chamam-na à Casa Mãe em 1858, com a ordem episcopal de “tomar os meios para que não faça dano a ninguém”. Desde essa nova destituição até sua morte, mantêm-na fora de todas as responsabilidades administrativas. É também afastada das deliberações do Conselho geral onde teria que estar segundo as eleições de 1872 e 1878. Destinada aos mais obscuros trabalhos da lavandaria e passando a ferro, leva uma vida de renúncia total, o que assegura o crescimento de sua Congregação. Ali está o paradoxal de sua influência: quiseram neutralizá-la no sótão escuro da passagem a ferro da Casa mãe, mas muitas gerações de noviças receberam de da Fundadora exemplos de humildade e de caridade heróica. Uma vez, uma noviça se assombrou ao ver a Fundadora mantida em tão humildes trabalhos e pediu a razão à Madre. Ela respondeu com calma: “Mais uma árvore funda suas raízes no solo, mais possibilidade tem de crescer e produzir frutos.
A atitude de Madre Marie-Anne frente às situações injustas, sendo ela vítima delas, nos permite descobrir o sentido evangélico que ela soube dar aos acontecimentos de sua vida. Como Cristo apaixonado pela glória de seu Pai, ela não buscou outra coisa em tudo que a glória de Deus, o que é o fim de sua Comunidade. “Dar a conhecer o Bom Deus aos jovens que não tinham a felicidade de o conhecer” era para ela o meio privilegiado de trabalhar para a glória de Deus. Despojada de seus mais legítimos direitos, espoliada de sua correspondência pessoal com seu Bispo, ela cede a tudo sem resistência, esperando de Deus o desenlace de todo, sabendo que Ele “na sua Sabedoria saberá discernir o verdadeiro do falso e recompensar a cada um segundo suas obras”.
As Autoridades que lhe sucederam proibiram chamá-la Madre. Madre Marie-Anne não se aferra zelosamente a seu título de Fundadora. Melhor, aceita seu anonimato como Jesus “seu Amor crucificado”, a fim de que viva sua Comunidade. Sem embargo, não abdica da sua vocação de “madre espiritual” de sua Congregação; se oferece a Deus “para expiar o mal cometido em sua Comunidade; todos os dias, pede a Santa Ana em favor de suas filhas espirituais, as virtudes necessárias às educadoras cristãs”.
Ao igual que todo o profeta investido por uma missão em favor dos seus, Madre Marie-Anne viveu a perseguição, perdoando sem restrição, pois estava convencida que “há mais felicidade em perdoar que em vingar-se”. Este perdão evangélico era para ela a garantia de “a paz de alma” que ela considerava como "o mais precioso bem". Deu um último testemunho disso em seu leito de agonia quando pediu a sua superiora chamar ao Padre Maréchalpara edificar as Irmãs”.
Frente à morte, Madre Marie-Anne deixa a suas filhas à maneira de testamento espiritual, estas palavras que resumem sua vida: “Que a Eucaristia e o abandono à Vontade de Deus sejam vosso céu na terra”. Então se apagou pacificamente na Casa mãe de Lachine, em 2 de Janeiro de 1890, “feliz de ir onde está o Bom Deus” que ela havia servido toda sua vida.
Reproduzido com autorização de Vatican.va

http://es.catholic.net/santoral

Recolha, transcrição e tradução por António Fonseca (de espanhol para português).

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