Basílio Magno, Santo
Basílio Magno, Santo
Doutor da Igreja, 2 de Janeiro
Martirológio: Santos Basílio Magno e Gregório Nazianceno, bispos e doutores da Igreja. Basílio, bispo de Cesareia de Capadócia (hoje na Turquia), apelidado “Magno” por sua doutrina e sabedoria, ensinou aos monges a meditação da Escritura, o trabalho ma obediência e a caridade fraterna, ordenando sua vida segundo as regras que ele próprio redigiu. Com seus egrégios escritos educou os fiéis e brilhou por seu trabalho pastoral em favor dos pobres e dos enfermos. Faleceu no dia Um de Janeiro de 379. Gregório, amigo seu, foi bispo de Sancina, em Constantinopla e, finalmente, de Nacianzo. Defendeu com veemência a divindade do Verbo, merecendo por isso ser chamado “Teólogo”. A Igreja se alegra de celebrar conjuntamente a memória de tão grandes doutores. (379)
Etimologicamente: Basílio = Aquele que é um rei, é de origem grega.
BASÍLIO nasceu em Cesareia, a capital de Capadócia, na Ásia Menor, a meados do ano 329. Por parte de pai e de mãe, descendia de famílias cristãs que haviam sofrido perseguições e, entre seus nove irmãos, figuraram São Gregório de Nicea, Santa Macrina a Jovem e São Pedro de Sebaste.
Basílio Magno, Santo
Seu pai, São Basílio o Velho, e sua mãe, Santa Emelia, possuíam vastos terrenos e Basílio passou sua infância na casa de campo de sua avó, Santa Macrina, cujo exemplo e cujos ensinamentos nunca esqueceu. Iniciou sua educação em Constantinopla e a completou em Atenas. Lá teve como companheiros de estudo a São Gregório Nazianceno, que se converteu em seu amigo inseparável e a Juliano, que mais tarde seria o imperador apóstata.
Basílio e Gregório Nacianceno, os dois jovens capadócios, associaram-se com os mais selectos talentos contemporâneos e, como o disse este último em seus escritos, “só conhecíamos duas ruas na cidade: a que conduzia à igreja e a que nos levava às escolas”. Tão cedo como Basílio aprendeu tudo o que seus mestres podiam ensinar-lhe, regressou a Cesareia. Aí passou alguns anos no ensino da retórica e, quando se achava nos umbrais de uma brilhantíssima carreira, se sentiu impulsionado a abandonar o mundo, por conselhos de sua irmã mais velha, Macrina. Esta, logo depois de haver colaborado activamente na educação e estabelecimento de suas irmãs e irmãos mais pequenos, se havia retirado com sua mãe, já viúva, e outras mulheres, a uma das casas da família, em Annesi, sobre o rio Íris, para levar uma vida comunitária.
Foi então, ao aparecer, que Basílio recebeu o baptismo e, desde aquele momento, tomou a determinação de servir a Deus dentro da pobreza evangélica. Começou por visitar os principais mosteiros de Egipto, Palestina, Síria e Mesopotâmia, com o propósito de observar e estudar a vida religiosa. No regresso de sua extensa viagem, se estabeleceu num paragem agreste e muito formoso na região do Ponto, separado de Annesi pelo rio Íris, e naquele retiro solitário se entregou à oração e ao estudo. Com os discípulos, que não tardaram em agrupar-se em seu torno, entre os quais figurava seu irmão Pedro, formou o primeiro mosteiro que houve na Ásia Menor, organizou a existência dos religiosos e enunciou os princípios que se conservaram através dos séculos e até ao presente governam a vida dos monges na Igreja do oriente. São Basílio praticou a vida monástica propriamente dita durante cinco anos somente, mas na história do monaquismo cristão tem tanta importância como o próprio São Bento.
Luta contra a heresia ariana
Por aquela época, a heresia ariana estava em seu apogeu e os imperadores hereges perseguiam aos ortodoxos. No ano 363, se convenceu a Basílio para que se ordenasse diácono e sacerdote na Cesareia; mas imediatamente, o arcebispo Eusébio teve zelos da influência do santo e este, para não criar discórdias, voltou a retirar-se caladamente para o Ponto para ajudar na fundação e direcção de novos mosteiros. Sem embargo Cesareia o necessitava e o reclamou. Dois anos mais tarde, São Gregório Nacianceno, em nome da ortodoxia, tirou Basílio de seu retiro para que o ajudasse na defesa da fé do clero e das Igrejas. Se levou a cabo uma reconciliação entre Eusébio e Basílio; este ficou em Cesareia como o primeiro auxiliar do arcebispo; na realidade, era ele quem governava a Igreja, mas empregava seu grande tacto para que se desse crédito a Eusébio por tudo o que ele realizava. Durante uma época de seca a que se seguiu outra de fome, Basílio deixou mão de todos os bens que havia herdado de sua mãe, os vendeu e distribuiu o produto entre os mais necessitados; mas não se deteve aí sua caridade, posto que também organizou um vasto sistema de ajuda, que compreendia as cozinhas ambulantes que ele mesmo, resguardado com um avental de manta e colher em riste, conduzia pelas ruas dos bairros mais afastados para distribuir alimentos aos pobres.
Bispo de Cesareia
No ano de 370 morreu Eusébio e, apesar da oposição que se pôs de manifesto em alguns poderosos círculos, Basílio foi eleito para ocupar a sede arcebispal vacante. Em 14 de Junho tomou posse, para grande contentamento de Santo Atanásio e uma contrariedade igualmente grande para Valente, o imperador ariano. O posto era muito importante e, no caso de Basílio, muito difícil e eriçado de perigos, porque ao mesmo tempo que bispo de Cesareia, era Exarca do Ponto e Metropolitano de cinquenta sufragâneos, muitos dos quais se haviam oposto à sua eleição e mantiveram sua hostilidade, até que Basílio, a força de paciência e caridade, conquistou sua confiança e seu apoio.
Antes de se cumprir doze meses da nomeação de Basílio, o imperador Valente chegou a Cesareia, após ter desenvolvido em Bitrina e Galácia uma implacável campanha de perseguições. Adiante de si enviou o prefeito Modesto, com a missão de convencer a Basílio para que se submetesse ou, pelo menos, acedesse a tratar algum compromisso. Vários haviam renegado por medo, mas nosso santo lhe respondeu:
¿Que me vais a poder tirar ser não tenho nem casas nem bens, pois tudo reparti entre os pobres? ¿Acaso me vais a atormentar? É tão débil minha saúde que não resistirei a um dia de tormentos sem morrer e não poderás seguir atormentando-me. ¿Que me vais a desterrar? Para qualquer sítio aonde me desterres, lá estará Deus, e onde esteja Deus, ali é a minha pátria, e ali me sentirei contente.. .
O governador respondeu admirado: “Jamais ninguém me havia contestado assim”. E Basílio acrescentou: “É que jamais te havias encontrado com um bispo”.
O imperador Valente se decidiu em favor de o exilar e se dispôs a firmar o édito; mas em três ocasiões sucessivas, a pluma de cana com que ia a fazê-lo, se partiu no momento de começar a escrever. O imperador ficou cheio de temor ante aquela extraordinária manifestação, confessou que, muito a seu pesar, admirava a firme determinação de Basílio e, a fim de contas, resolveu que, em seguida, não voltaria a intervir nos assuntos eclesiásticos de Cesareia.
Mas apenas terminada esta desavença, o santo ficou envolvido numa nova luta, provocada pela divisão de Capadócia em duas províncias civis e a consequente reclamação de Antino, bispo de Tiana, para ocupar a sede metropolitana da Nova Capadócia. A disputa resultou desafortunada para São Basílio, não tanto por ter-se visto obrigado a ceder na divisão de sua arquidiocese, como por haver-se malquistado com seu amigo São Gregório Nacianceno, a quem Basílio insistia em consagrar bispo de Sasima, um miserável povoado que se achava situado sobre terrenos em disputa entre as duas Capadócias. Enquanto o santo defendia assim a igreja de Cesareia dos ataques contra sua fé e sua jurisdição, não deixava de mostrar seu zelo acostumado no cumprimento de seus deveres pastorais. Até nos dias ordinários pregava, pela manhã e pela tarde, a assembleias tão numerosas, que ele mesmo as comparava com o mar. Seus fiéis adquiriram o costume de comungar todos os domingos, quartas, sextas e sábados. Entre as práticas que Basílio havia observado em suas viagens e que mais tarde implantou na sua sede, figuravam as reuniões na igreja antes de amanhecer, para cantar os salmos. Para benefício dos enfermos pobres, estabeleceu um hospital fora dos muros de Cesareia, tão grande e bem acondicionado, que São Gregório Nacianceno o descreve como uma cidade nova e com grandeza suficiente para ser reconhecido como uma das maravilhas do mundo. A esse centro de beneficência chegou a conhecer-se com o nome de Basiliada, e susteve a sua fama durante muito tempo depois da morte de seu fundador. Apesar de suas enfermidades crónicas, com frequência realizava visitas a lugares afastados de sua residência episcopal, até em remotos sectores das montanhas e, graças à constante vigilância que exercia sobre seu clero e sua insistência em recusar a ordenação dos candidatos que não fossem inteiramente dignos, fez de sua arquidiocese um modelo de ordem e disciplina eclesiásticos.
Não teve tanto êxito nos esforços que realizou em favor das igrejas que se encontravam fora de sua província. A morte de Santo Atanásio deixou a Basílio como único paladino da ortodoxia no oriente, e este lutou com exemplar tenacidade para merecer esse título por meio de constantes esforços para fortalecer e unificar a todos os católicos que, sufocados pela tirania ariana e descompostos pelos cismas e pelas dissensões entre si, pareciam estar a ponto de extinguir-se. Mas as propostas do santo foram mal recebidas, e a seus desinteressados esforços se respondeu com mal entendidos, más interpretações e até acusações de ambição e de heresia. Inclusive os chamados que fizeram ele e seus amigos ao Papa São Dâmaso e aos bispos ocidentais para que interviessem nos assuntos do oriente e aplanassem as dificuldades, tropeçaram com uma quase absoluta indiferença, devido, segundo parece, a que já corriam em Roma as calunias respeito à sua boa fé. “¡Sem dúvida por causa de meus pecados, escrevia São Basílio com um profundo desalento, parece que estou condenado ao fracasso em tudo quanto empreendo!"”
Sem embargo, o alívio não havia de tardar, desde um sector absolutamente inesperado. Em 9 de Agosto de 378, o imperador Valente recebeu feridas mortais na batalha de Adrianópolis e, com a ascensão ao trono de seu sobrinho Graciano, se pôs fim ao ascendente do arianismo no oriente. Quando as notícias destas mudanças chegaram a ouvidos de São Basílio, este se encontrava no seu leito de morte, mas de todas as maneiras lhe proporcionaram um grande consolo em seus últimos momentos. Morreu em 1º de Janeiro do ano 379, com a idade de quarenta e nove anos, esgotado pela austeridade em que havia vivido, o trabalho incansável e uma penosa enfermidade. Toda Cesareia ficou enlutada e seus habitantes o choraram como a um pai a um protector; os pagãos, judeus e cristãos se uniram no duelo.
São Gregório Nacianceno, Arcebispo de Constantinopla, no dia do enterro: “Basílio santo, nasceu entre santos. Basílio pobre viveu pobre entre os pobres. Basílio filho de mártires, sofreu como um mártir. Basílio pregou sempre com seus lábios, e com seus bons exemplos e seguirá pregando sempre com seus escritos admiráveis”.
Setenta e dois anos depois de sua morte, o Concílio de Calcedónia lhe rendeu homenagem com estas palavras: “O grande Basílio, o ministro da graça que expôs a verdade ao mundo inteiro indubitavelmente que foi um dos mais eloquentes oradores entre os melhores que a Igreja haja tido; seus escritos lhe hão colocado em lugar de privilégio entre seus doutores.
Adelardo, (Abelardo ou Alardo) Santo
Abade, 2 de Janeiro
Etimologicamente significa “ nobre e valente”. Vem da língua alemã.
Este nome se diz também Abelardo ou Alardo. É maravilhoso constatar como ao longo da vida destas pessoas exemplares, há sempre uma grande amizade.
Este jovem passava muito bem na corte de seu avô Carlos Martel e de seu tio o rei Pepino o Breve. Não lhe faltava absolutamente nada. Fazia com facilidade amizade com gente de fora e dentro do palácio.
Tudo lhe sorria ante seus olhos. Sem embargo, quando estava sozinho, dava voltas à cabeça.
Notava que a felicidade que dava a corte não o preenchia totalmente. E assim passou uma temporada.
Por fim um dia, ante o assombro de quantos e de quantas o contemplavam, disse algo que os deixou alucinados. Com sua voz clara e jovem anunciou a todos que ia para monge.
¡Risos e chispas de desconcerto! Pensavam que era uma de suas brincadeiras.
Ele, com cara complacente mas forte na sua decisão, no ano 773 saiu da corte e encaminhou seus passos para um mosteiro onde encontrasse a paz interior que ninguém lhe dava nas festas palacianas.
Entregou-se com tal ardor à vida da alma que em pouco tempo ganhou a estima de todos os irmãos consagrados a Deus.
Sua fama correu de mosteiro em mosteiro. Naqueles dias havia eleição do novo superior do mosteiro de Corbie, França.
Dizem que seus conselhos a irmãos em religião e a todo o mundo eram tão sábios e acertados que o próprio imperador Ludovico os acolhia com mesura e discernimento.
A característica fundamental de sua vida consistiu, além disso, em se dedicar aos pobres. Desde o amor bem entendido aos mais desfavorecidos passou à casa do Pai no ano 827.
¡Felicidades a quem leve este nome!
Gregório Nacianceno, Santo
Gregório Nacianceno, Santo
São Gregório Nacianceno, chamado o Demóstenes cristão por sua eloquência e, na igreja Oriental o dizem "o teólogo", pela profundidade de sua doutrina e o encanto de sua eloquência. É um dos Padres Capadócios, muito chegado aos irmãos São Basílio e São Gregório de Nicea, os chamados "Padres Capadócios" com quem cooperou para derrotar a heresia ariana. É um dos quatro grandes Doutores da Igreja Grega.
Nasceu em Nacianzo, Capadócia (hoje em Turquia), no mesmo ano que seu grande amigo São Basílio.
Pertenceu a uma família de santos: Seu pai foi um judeu converso, bispo de Nacianzo por 45 anos (são Gregório O Maior), sua mãe, santa Nona. Seus irmãos, santos Cesário e Gorgónia;
Estudou em Cesareia, na Palestina, onde conheceu a São Basílio. Estudou leis por dez anos em Atenas. Entre seus companheiros de estudo estava São Basílio e o futuro imperador, Julião o Apóstata. Gregório voltou a Nacianzo aos 30 anos (aprox.) e se uniu a São Basílio por 2 anos em vida solitária.
Ainda que preferisse a vida solitária, regressou para ajudar a seu pai ancião na administração da diocese. Foi ordenado contra sua vontade por seu pai em 362. Fugiu para voltar à vida monacal com Basílio. Mas em 10 semanas regressou às suas responsabilidades como sacerdote. Escreveu uma apologia sobre as responsabilidades de sacerdote.
Em redor de 372, foi consagrado bispo por S. Basílio de Sasima mas não o aceitou. Seguiu como coadjutor de seu pai. Isto causou a ruptura da amizade entre Basílio e Gregório mas se reconciliaram depois.
Se retirou por 5 anos para um mosteiro em Selêucia, Isauria. Ao morrer o imperador Valens se mitigou a perseguição dos ortodoxos e um grupo de bispos o convidaram a Constantinopla. A cidade havia sido dominada por 30 anos pelos arianos. Foi nomeado bispo. Sofreu muito por difamações e perseguição dos arianos e outros hereges.
O Concílio de Constantinopla estabeleceu e confirmou as conclusões de Nicea. Pouco depois de sua consagração como bispo de Constantinopla, seus inimigos puseram em dúvida a validade de sua eleição em 381. Ele, para restaurar a paz, resignou. Voltou a Nacianzo, onde a sede estava vacante e administrou a diocese até que elegeram a um sucessor. Em redor do ano 384 se retirou. Foi então que escreveu seus famosos poemas e sua autobiografia. Morreu em Nacianzo em 25 de Janeiro de 389 ou 390.
Ensino e escritos: 45 discursos, 244 cartas e 400 ou mais, poemas.
Na iconografia aparece como bispo oriental, com o pálio e um livro.
Guillermo Repin, Beato
Sacerdote e Mártir, 2 Janeiro
Guillermo Repin, Beato
Sacerdote da diocese de Angers, nasceu em 26 de Agosto de 1709 em Thouarcé, Maine-et-Loire, França.
Morre martirizado na Revolução Francesa em 2 de Janeiro de 1794 em Angers, Maine-et-Loire, França.
Suas virtudes heróicas foram aprovadas em 9 de Junho de 1983, foi beatificado em 19 de Fevereiro de 1984 junto com noventa e sete companheiros mártires da Revolução Francesa assassinados entre 1792 e 1796.
Marcolino Amanni de Forli, Beato
Dominicano, 2 Janeiro
Marcolino Amanni de Forli, Beato
O nome de família de Marcolino era Amanni.
Se conta que o beato entrou na ordem de Santo Domingo, aos dez anos de idade.
Suas qualidades mais notáveis eram a exacta observância das regras, o amor à pobreza e à obediência, mas sobretudo, o espírito de humildade, que o impulsionava a evitar todas as ocasiões de se fazer notar, encontrando seu maior gozo no exercício dos ofícios mais baixos e humildes.
Se nos diz também que praticava rigorosas penitências corporais, que amava muito os pobres e as crianças, e que o céu o favorecia com frequentes êxtases.
Tão prolongadas e constantes eram as orações de Marcolino que, a sua morte, se descobriu que seus joelhos eram dois enormes calos.
O beato Raimundo de Cápua, superior geral da ordem de Santo Domingo, tinha em alta estima o P. Marcolino, ainda que a timidez deste o havia impedido colaborar activamente na reforma da Ordem de Pregadores, a raiz da peste negra e das dificuldades produzidas pelo Grande Cisma. O P. Marcolino, que havia predito sua morte, segundo se conta, faleceu em Forli, em 2 de Janeiro de 1397, aos oitenta anos de idade.
Para surpresa de seus irmãos, a cujos olhos havia passado inadvertida a santidade do religioso, uma grande multidão assistiu a seus funerais, congregada, segundo diz a lenda, por um anjo disfarçado de criança que havia anunciado a notícia pelos arredores.
O culto ao beato foi confirmado em 1750.
Maria Anna Blondin, Beata
Fundadora, 2 Janeiro
María Anna Blondin, Beata
Esther Blondin, Irmã Marie-Anne, nasce em Terrebonne (Québec, Canadá), em 18 Abril de 1809, dentro de uma família fundamente cristã. Herda de sua mãe uma piedade centrada na Providência e na Eucaristia; de seu pai, uma fé sólida e uma grande paciência no sofrimento. Esther e sua família são vítimas do analfabetismo reinante nos meios canadienses-franceses do século XIX. Na idade de 22 anos, é contratada como doméstica ao serviço das Irmãs da Congregação de Nossa Senhora recém chegadas ao seu povo. No ano seguinte, inscreve-se como interna com vista a aprender a ler e escrever. É encontrada depois no noviciado da mesma Congregação, de onde sairá sem embargo, por causa de sua saúde demasiado frágil.
Em 1833, Esther volta a ser mestra de escola no povo de Vaudreuil. Ali, se dá conta que um regulamento da Igreja proibindo às mulheres ensinar aos meninos e aos homens as meninas pode ser uma causa do analfabetismo. Os curas, na impossibilidade de financiar duas escolas, elegem não financiar nenhuma. E os jovens ficam na ignorância, sem poder aprender o catecismo e fazer a primeira comunhão. Em 1848, com a audácia de profeta movido pela chamada do Espírito, Esther submete a seu Bispo, Monsenhor Ignace Bourget, o projecto de fundar uma Congregação religiosa “para a educação das crianças pobres do campo, em escolas mistas”. O projecto é inovador para a época! Incluso, parece “temerário e subversivo da ordem estabelecida”. Mas, posto que o Estado favorece este tipo de escolas, o Bispo autoriza um intento modesto, para evitar um mal maior. A Congregação das Irmãs de Santa Ana funda-se em Vaudreuil, em 8 de Setembro de 1850. Daí em diante, Esther passa a chamar-se “Madre Marie-Anne”. É nomeada primeira superiora. O crescimento rápido da jovem Comunidade requer muito cedo uma mudança. No verão de 1853, o Bispo Bourget muda a Casa mãe para Saint-Jacques de l’Achigan. O novo Capelão, Louis-Adolphe Maréchal, vai meter-se na vida interna da Comunidade, numa maneira abusiva. Na ausência da Fundadora, ele muda o preço da pensão das alunas. E, quando ele tem de se ausentar, as Irmãs têm que esperar sua volta para se confessar. Depois de um ano de conflito entre o Capelão e a Superiora muito preocupada pelos direitos de suas irmãs, o Bispo Bourget pensa encontrar una solução. Em 18 de Agosto de 1854, manda a Madre Marie-Anne “depor-se”. Convoca as eleições e exige da Madre “que não aceite o mandato de Superiora se as irmãs quiserem reelegê-la”. Despojada do direito que lhe dá a Regra da Comunidade, Madre Marie-Anne obedece ao Bispo que é para ela o instrumento da Vontade de Deus sobre ela. Bendiz “mil vezes a Divina Providência pela conduta materna que tem para ela, fazendo-a passar pelo caminho das tribulações e cruzes”.
Então, nomeada Directora do Convento de Sainte Geneviève, Madre Marie-Anne volta a existir uma investigação de parte das novas Autoridades da Casa mãe, subjugadas pelo despotismo do Capelão Maréchal. Com o pretexto de má administração, chamam-na à Casa Mãe em 1858, com a ordem episcopal de “tomar os meios para que não faça dano a ninguém”. Desde essa nova destituição até sua morte, mantêm-na fora de todas as responsabilidades administrativas. É também afastada das deliberações do Conselho geral onde teria que estar segundo as eleições de 1872 e 1878. Destinada aos mais obscuros trabalhos da lavandaria e passando a ferro, leva uma vida de renúncia total, o que assegura o crescimento de sua Congregação. Ali está o paradoxal de sua influência: quiseram neutralizá-la no sótão escuro da passagem a ferro da Casa mãe, mas muitas gerações de noviças receberam de da Fundadora exemplos de humildade e de caridade heróica. Uma vez, uma noviça se assombrou ao ver a Fundadora mantida em tão humildes trabalhos e pediu a razão à Madre. Ela respondeu com calma: “Mais uma árvore funda suas raízes no solo, mais possibilidade tem de crescer e produzir frutos.”
A atitude de Madre Marie-Anne frente às situações injustas, sendo ela vítima delas, nos permite descobrir o sentido evangélico que ela soube dar aos acontecimentos de sua vida. Como Cristo apaixonado pela glória de seu Pai, ela não buscou outra coisa em tudo que a glória de Deus, o que é o fim de sua Comunidade. “Dar a conhecer o Bom Deus aos jovens que não tinham a felicidade de o conhecer” era para ela o meio privilegiado de trabalhar para a glória de Deus. Despojada de seus mais legítimos direitos, espoliada de sua correspondência pessoal com seu Bispo, ela cede a tudo sem resistência, esperando de Deus o desenlace de todo, sabendo que Ele “na sua Sabedoria saberá discernir o verdadeiro do falso e recompensar a cada um segundo suas obras”.
As Autoridades que lhe sucederam proibiram chamá-la Madre. Madre Marie-Anne não se aferra zelosamente a seu título de Fundadora. Melhor, aceita seu anonimato como Jesus “seu Amor crucificado”, a fim de que viva sua Comunidade. Sem embargo, não abdica da sua vocação de “madre espiritual” de sua Congregação; se oferece a Deus “para expiar o mal cometido em sua Comunidade; todos os dias, pede a Santa Ana em favor de suas filhas espirituais, as virtudes necessárias às educadoras cristãs”.
Ao igual que todo o profeta investido por uma missão em favor dos seus, Madre Marie-Anne viveu a perseguição, perdoando sem restrição, pois estava convencida que “há mais felicidade em perdoar que em vingar-se”. Este perdão evangélico era para ela a garantia de “a paz de alma” que ela considerava como "o mais precioso bem". Deu um último testemunho disso em seu leito de agonia quando pediu a sua superiora chamar ao Padre Maréchal “para edificar as Irmãs”.
Frente à morte, Madre Marie-Anne deixa a suas filhas à maneira de testamento espiritual, estas palavras que resumem sua vida: “Que a Eucaristia e o abandono à Vontade de Deus sejam vosso céu na terra”. Então se apagou pacificamente na Casa mãe de Lachine, em 2 de Janeiro de 1890, “feliz de ir onde está o Bom Deus” que ela havia servido toda sua vida.
Reproduzido com autorização de Vatican.va
http://es.catholic.net/santoral
Recolha, transcrição e tradução por António Fonseca (de espanhol para português).
Sem comentários:
Enviar um comentário
Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.