quinta-feira, 5 de março de 2009

ANO PAULINO - Leitura Nº 41

41

“SE ALGUÉM NÃO QUER TRABALHAR, TAMBÉM NÃO COMA”

Para a maioria das pessoas, o trabalho é o principal, senão mesmo o único ganha-pão; para o próprio e para os que dele dependem. Além disso, é a trabalhar que a pessoa mais manifesta o que é, as qualidades que a identificam. Daí a variedade de profissões, que, na sua complementaridade, são um dos principais factores, não só do progresso, mas também da união, imprescindível em qualquer sociedade organizada.

Mas o trabalho é também um dever, e pelas mesmas razões que fazem dele um direito. Se é mau não trabalhar por não se poder, por não se querer não é melhor. Pelo menos para os cristãos. Para nós, além das razões humanas referidas, há uma outra, especificamente cristã.

Ela é, pelo menos, pressuposta por Paulo em 2 Ts 3, 6-13, a propósito da questão principal abordada na carta; uma exagerada expectativa da última vinda de Cristo (2, 1-12). Exagerada, por se pensar estar para breve e, sobretudo, pelos desarranjos que isso estava a causar na comunidade, designadamente em relação ao dever do trabalho.

É possível que hoje se dê o contrário. Que não se trabalhe ou se trabalhe demais, por se viver desligado de Cristo. Mas, se é esse o motivo, isto é, o desconhecimento teórico ou prático do sentido cristão do trabalho, então continuam válidas as palavras de Paulo, mesmo para quem trabalha e sabe porque o faz... ou pensa saber.

2 TS 3, 6-13

Mas ordenamo-vos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos afasteis de todo o irmão que procede desordenadamente e não conforme a tradição que de nós recebestes.

Com efeito, vós próprios sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos desordenadamente entre vós, nem comemos o pão de graça à custa de alguém, mas com esforço e cansaço, trabalhando noite e dia, para não sermos um peso para com esforço e cansaço, trabalhando noite e dia, para não sermos um peso para nenhum de vós. Não é que não tivéssemos esse direito, mas foi para nos apresentarmos a nós mesmos como modelo, para que nos imitásseis. De facto, quando ainda estávamos convosco, era isto que vos ordenávamos: se alguém não quer trabalhar, também não coma.

Ora ouvimos dizer que alguns procedem no meio de vós desordenadamente, não se ocupando de nada, mas fazendo coisas inúteis. A estes tais ordenamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, a que, trabalhando com tranquilidade, comam o seu próprio pão. Mas vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.

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Não estará Paulo a ser desumano e até em contradição com a caridade cristã para com quem não trabalha? Perante o drama do desemprego que a tantos afecta, será justo dizer que se alguém não quer trabalhar, também não coma? É verdade que a maioria deles, não é por livre vontade que está inactiva. Mas, mesmo em relação a esses, será realmente cristão afastar-nos deles (v. 6)?

E repare-se que não se trata de uma simples exortação. O verbo traduzido por ordenar era, na origem, usado na disciplina militar, onde as ordens eram, como hoje, indiscutivelmente para cumprir. E se a isso juntarmos a autoridade em que Paulo se apoia (vv. 6 e 12), então a obrigatoriedade imposta não vem apenas do foro externo, mas está enraizada na profunda convicção de fé de quem reconhece Jesus Cristo como Senhor. Nesse caso, porém, onde está, naqueles que o seguem, a caridade e a misericórdia que o levaram a acolher a todos, incluindo, e de um modo especial, os marginais e pecadores, até ao ponto de por eles dar a vida? Não estará a exclusão ordenada por Paulo em contradição com o perdão proclamado e praticado por Cristo? E onde está a liberdade, pela qual se deve pautar a conduta cristã baseada na caridade?

Mas agora perguntemos: vamos então, por todas estas razões, rejeitar as palavras de Paulo? Aceitá-las só por fazerem parte do cânon bíblico, também não é solução. Seria cair no fundamentalismo, contrário a uma exegese que, para conhecer o exacto sentido dos textos, exige que se investigue, nomeadamente, o seu contexto histórico e literário.

No texto presente, o motivo que levava alguns cristãos de Tessalónica a proceder desordenadamente, deixando de trabalhar e fazendo coisas inúteis (vv. 11), até tinha a sua lógica: se, conforme convicção sua, para mais baseada numa anterior carta de Paulo (provavelmente 1 Ts), o dia do Senhor estava iminente (2, 3) e, com ele, o fim do mundo, para quê então trabalhar, se o produto do trabalho estava condenado à ruína? Não era preferível dedicar-se a outras actividades, mais especificamente religiosas, para assim estarem mais bem preparados para receber o Senhor?

Não sabemos se é a isso que Paulo chama coisas inúteis (v. 11). Se é, então são inúteis por duas razões. Primeiro, porque, se é certa a última vinda de Cristo, não se sabe, porém, quando será. As imagens com que Paulo a descreve em 2, 5-7, concordam plenamente com a afirmação de Jesus, segundo a qual, quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem, os anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai (Mc 13, 32). Segundo, porque da vigilância, inerente à certeza da vinda do Senhor e à incerteza da sua data (1 Ts 5, 4-11), faz parte uma conduta cristã fundada na caridade, proclamada no Evangelho. Deixar de trabalhar é desrespeitá-la pela negativa: quem não come do próprio pão, tem de comer do alheio. Ora não foi isso que Paulo fez nem ensinou, quando anunciou o Evangelho, renunciando até a um direito próprio (vv. 7-10).

Portanto, para o cristão, o trabalho é um dever por ser um exercício da caridade. Como tal, não está condicionado à sua remuneração. Não é que não tenha esse direito. Mas o cristão trabalha, primariamente porque ama. Com o produto das suas mãos e do seu cérebro eleva o mandamento do Criador: crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra (Gn 1, 28) à dimensão ilimitada e incondicional, própria da caridade que ele manifestou em Cristo.

A isso está inerente outra característica do trabalho, a que Paulo provavelmente se refere, quando diz para ser feito com tranquilidade; a de não viver par trabalhar, mas o contrário. Quem tudo sacrifica aos lucros do trabalho, acaba por arruinar a sua vida e a dosa outros... e por faltar à caridade e à vigilância por ela exigida.

Resta a atitude para com o irmão que procede desordenadamente. Paulo não diz por quanto tempo nem, de que sectores da vida comunitária deveria ária deveria ser excluído. Se cera, como tudo indica, do apoio sócio-caritativo; então a medida tinha por objectivo o que é, ainda hoje, pedagogicamente justificável: obrigá-lo a adquirir por esforço próprio o que deixa de receber, para que assim se converta à caridade e ao bem que ela é para o próprio e para os ouros. Vejam-se medidas semelhantes em Mt 18, 15-17 e 1 Cor 5, 1-13, também elas ditadas pela caridade. E se Paulo termina por pedir a todos para não se cansarem de fazer o bem, é porque esperava que a exclusão produzisse o seu efeito.

05-03-2009

Retirada do Livro "UM ANO A CAMINHAR COM SÃO PAULO"

publicado por D. Anacleto de Oliveira - Bispo Auxiliar de Lisboa

Imagem de S. Paulo na Igreja da Comunidade de S. Paulo do Viso

António Fonseca

LOUVADO SEJA DEUS,

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E

LOUVADA SEJA SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA,

POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS. AMÉN.

Modificação de Apresentação

Caros Amigos:
Acabei de fazer nova alteração ao LAYOUT (Apresentação) da minha página. Ficou mais clara, já que retirei a cor de fundo, trocando-a por um novo modelo. Também ficou maior o espaço de visão da página, e tanto o espaço que ficou reservado para as mensagens, como o espaço da coluna onde coloquei os vários "gadgets", torna estes mais visíveis. Acrescentei mais alguns "gadgets" na coluna lateral e também na parte final, pelo que, quem tiver paciência para ir até ao fim da página, poderá ver algumas fotos e até jogar um Pacman que lá inseri. Espero que estas modificações tornem mais acessível aos meus leitores, tudo aquilo que está inserido. Se tiverem oportunidade e "pachorra" até poderão dar a vossa opinião, não só comentando e criticando, mas também votando na sondagem sobre o que acham do meu blogue.
Obrigado a todos. António Fonseca

quarta-feira, 4 de março de 2009

Sugestões litúrgicas - II Domingo da Quaresma

Sugestões Litúrgicas

1. A liturgia deste domingo deve ser vivida na disponibilidade para escutar Jesus. O monte é o lugar do encontro com Deus. Moisés e Elias encontram Deus no Horeb. Jesus retira-Se muitas vezes para o monte para rezar. Naquele dia, Deus toma a apalavra para reconhecer Jesus como seu Filho bem-amado , e pede para O escutar. Jesus tem encontro com Moisés e Elias, porta-vozes cheios do poder de Deus libertador junto do seu povo. A sua presença no monte da transfiguração revela que Jesus veio cumprir tudo o que os profetas tinham anunciado. 2. Leitores: 1.ª Leitura - O texto tem "3 vozes": narrador, Deus e Abraão. E o Leitor, sem exageros teatrais, deve ser capaz de o dar a entender. Atenção ao inciso "Oráculo do Senhor" que pede, naturalmente, um tom de voz diferente. 2.ª Leitura - Outra leitura de proclamação difícil. A mensagem torna-se mais veemente porque apresentada de forma interrogativa. Mas, onde colocar a entoação da pergunta? Apesar do sinal gráfico aparecer no fim, regra geral é no início das frases que a voz a assinala. Mas partículas como quem, como, que podem ter um intensidade interrogativa. A aclamação final (Palavra do Senhor!) deve ser preparada com um razoável silêncio. Muito mais numa leitura como esta. Sugestão de cânticos - Entrada: Diz-me o coração, F. Lapa, BML 50, 10; Ouvi-nos, Senhor, F. Silva, NCT 92; Os meus olhos, M. Faria, BML 50, 12; Attende, Domine, NCT 122; Salmo Resp.: Caminharei na terra dos vivos, F. Santos, BML 30, 9 ou M. Luís, SRAE 192; Aclam. ao Ev.: No meio da nuvem, F. Santos, BML 35, 15; Ofertório: Eis o tempo favorável, F. Santos, NCT 495; Comunhão: Este é o Meu Filho, F. Lapa, BML 60, 49; Jesus Cristo, ó Porta do Reino, F. Santos, BML 25, NCT 110. MISSAS COM CRIANÇAS - Entrada: Escutai, Senhor, C. Silva, NCT 88; Senhor, ouvi a minha súplica, F. Santos, BML 30, 10; NCT 93; Salmo Resp: Pecámos, Senhor, F. Santos, BML 58, 16; NCT 103; Aclam. Ev.: Arrependei-vos, diz o Senhor, F. Santos, BML 35, 16; NCT 104; Comunhão: Felizes os que moram, F. Santos, BML 58, 34; NCT 115. VIA SACRA (que sugerimos se façam, por exemplo, às sextas-feiras): Ao morrer crucificado, NCT 683; Bendita e louvada seja, NCT 684; Nós vos louvamos, F. Santos, NCT 685; Perdoa ao teu povo, NCT 686; Perdão, Senhor, M. Faria, NCT 687.

http://www.voz-portucalense.pt

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...