terça-feira, 26 de janeiro de 2010

26 de JANEIRO de 2010 – SANTOS DO DIA

 

SANTOS DO DIA DE HOJE  - 26 de Janeiro de 2010

Timóteo e Tito, Santos
Janeiro 26   -  Bispos

Timoteo y Tito, Santos

Timóteo e Tito, Santos

Bispos e Discípulos de São Paulo

Martirológio Romano: Memória dos santos Timóteo e Tito, bispos e discípulos do apóstolo são Paulo, que o ajudaram em seu ministério e presidiram às Igrejas de Éfeso e de Creta, respectivamente. Lhes foram dirigidas cartas por seu mestre que contêm sábias advertências para os pastores, com vista da formação dos fieis (s. I).
Etimologia: Timóteo = Aquele que sente amor ou adoração a Deus, é de origem grega.
Tito = Aquele que é protegido e honrado, é de origem latina.

São Paulo nomeou bispos a Timóteo e Tito, seus discípulos e colaboradores.
Os Santos Timóteo e Tito viveram na órbita do grande apóstolo das Gentes, e o novo calendário os coloca depois da festa da “conversão” de São Paulo.
Timóteo á a imagem do discípulo exemplar: obediente, discreto, eficaz, valente. Por estas qualidades Paulo quis que fosse seu companheiro de apostolado, em vez de João Marcos, durante a segunda viagem missionária no ano 50.
Havia nascido em Listra, onde Paulo o encontrou durante a primeira viagem, e foi dos primeiros convertidos ao Evangelho; havia sido educado na religião hebraica pela avó Loida e pela mãe Eunice. Desde seu encontro com Paulo, seguiu seu itinerário apostólico; o acompanha a Filipos e a Tessalónica.
Depois os encontramos juntos em Atenas, em Corinto, em Éfeso e finalmente em Roma durante o primeiro cativeiro de Paulo. Foi um infatigável “viajante enviado” pelo apóstolo das Gentes, e manteve os contactos entre Paulo e as jovens comunidades cristãs fundadas por ele.
A miúdo lhe levava as cartas e lhe dava notícias respeito das mesmas comunidades. Entre  63 e 66, quando recebeu a primeira carta que lhe enviou Paulo, Timóteo era o chefe da Igreja de Éfeso. Desde Roma Paulo lhe escreveu uma segunda carta, convidando-o a visitá-lo antes do inverno. É comovedora a petição do ancião apóstolo ao “filho Timóteo, para que lhe levasse o abrigo que havia deixado em Tróade, pois lhe servia para o frio na cadeia de Roma. Timóteo esteve presente no martírio de Paulo; depois regressou definitivamente à sede de Éfeso, onde, segundo uma antiga tradição, morreu mártir no ano 97. 
O segundo fiel colaborador de Paulo foi São Tito, de origem pagã. Convertido e baptizado pelo próprio apóstolo, que o chama “filho meu”, se encontra em companhia de Paulo em Jerusalém, no ano 49. Fez com ele a terceira viagem missionária e foi Tito que levou a “carta das lágrimas” de Paulo aos fieis de Corinto, entre os quais restabeleceu a harmonia e organizou a colecta para os pobres de Jerusalém.
Depois do cativeiro de Roma, Paulo, de passagem por Creta, deixou aí a Tito com a missão de organizar a primeira comunidade cristã. Aqui recebeu a carta de Paulo. É um documento muito importante, porque nos informa sobre a vida interna da Igreja apostólica. Depois Tito foi a Roma onde seu Mestre, que o mandou provavelmente a evangelizar a Dalmácia, onde ainda hoje está muito difundido seu culto. Uma antiga tradição, historicamente não confirmada, diz que Tito morreu em Creta, de idade muito avançada.

A título informativo, poderão consultar o meu blogue de 28-01-2009 (curiosamente há quase um ano…)– que nessa data se intitulava CONFERÊNCIA VICENTINA DE SÃO PAULO no qual foram publicadas as Cartas de S. Paulo a Timóteo (2) e a Tito (1) – com transcrição através do site de www.ecclesia.pt . António Fonseca

Miguel Kozal, Beato
Janeiro 26    -  Bispo e Mártir

Miguel Kozal, Beato

Miguel Kozal, Beato

Bispo e Mártir

Martirológio Romano: Perto da cidade de Munich, na Alemanha, beato Miguel Kozal, bispo auxiliar de Wloclawek, na Polónia, e mártir, que sob o regime nazi, por defender a fé e a liberdade da Igreja, passou com grande paciência três anos no campo de concentração de Dachau, até consumar seu martírio (1943).
Etimologia: Miguel = Deus é justo, é de origem hebraica. 
O Beato Miguel Kozal é um dos muitos filhos de Polónia, que testemunharam com sua fé forte, sua identidade de católicos, morrendo por milhares nos tristemente célebres campos alemães de concentração e de extermínio. O Papa João Paulo II o beatificou em Varsóvia em 14 de Junho de 1987, durante uma de suas primeiras peregrinações a sua pátria: Polónia.
Michael Kozal nasceu em 25 de Setembro de 1893 num pequeno povo chamado Nowy Folwark, da paróquia de Krotoszyn, na arquidiocese de Poznan na Polónia. Seus pais foram John Kozal e Marianna Placzek.
Cresceu e foi educado numa família numerosa que era pobre mas muito religiosa. Foi un aluno exemplar na escola elementar, demonstrando uma afeição inata para todo aquilo que era sagrado. Em 27 de Abril de 1905 entrou para o ginásio Krotoszyn em que assistiu por nove anos, sendo sempre o primeiro da classe.
Neste período conheceu a organização católica clandestina denominada “Associação Tomás Zen”, a mesma que se opunha à política de “’alemanhização’ ou ‘germanização’” da educação nas escolas e da qual nos últimos anos de estudo chegou a ser seu presidente.
Depois de sua graduação em 1914, Michael Kozal ingressou no seminário Leonium de Poznan, seus estudos foram afectados por causa da Primeira Guerra Mundial, pelo que os terminou em Gniezno, sendo então ordenado como presbítero em 23 de Fevereiro de 1918 em cerimónia realizada na catedral.
Nos anos seguintes ele teve várias saídas pastorais para alguns povos, cujos nomes são muito difíceis de pronunciar e ler para nós, sendo muito reconhecido pelo zelo e dedicação com que efectuava seu labor, enquanto completava seus estudos teológicos com excelentes resultados. 
O Cardeal Edmundo Dalbor arcebispo de Gniezno, em 29 de Setembro de 1922 o nomeou prefeito da escola católica feminina de humanidades de Bydgoszcz, e em 1927 nomeou-o director espiritual do Seminário Maior de Gniezno.
Sua obra sacerdotal e seu guia espiritual, teve tanto êxito que em 25 de Setembro de 1929 foi nomeado reitor do seminário, apesar do facto que entre todos os mestres ele era o único que não tinha um título académico.
Haviam transcorrido quase dez anos, marcados por uma direcção prudente e exemplar aos estudantes, quando em 12 de Junho de 1939 o Papa Pío XII o nomeou bispo auxiliar de Wloclawek com o título de bispo titular de Lappa, foi consagrado na Catedral da cidade em 13 de Agosto de 1939.
Uns dias depois, em 1 de Setembro, as tropas nazis invadiram Polónia e rebentou a Segunda Guerra Mundial, que tantos horrores e devastação trouxe ao mundo inteiro. O Bispo Kozal voltou a ser um ponto de referência e de esperança para as assustadas pessoas de Wloclawek, e pese o insistente convite das autoridades a que se marchasse, ele decidiu permanecer junto aos fregueses e administrar a diocese, dado que em 6 de Setembro Monsenhor Radonski, bispo titular, abandonara a cidade.
Seu serviço pastoral durou apenas 22 meses; os alemães entraram na cidade em 14 de Setembro, e imediatamente iniciaram um sistemático desmantelamento da actividade eclesial, as publicações católicas foram suprimidas, confiscaram-se edifícios que pertenciam a igrejas e instituições religiosas, e prendeu-se muito do clero.
Enfrentando o terror liberado pelos nazis, o bispo Kozal apresentou às autoridades invasoras um vigoroso protesto por abuso contra a Igreja, o que caiu em ouvidos surdos. Isto trouxe como consequência uma ordem para se apresentar perante a Gestapo. Nesta reunião lhe indicaram, entre outras coisas, que suas homilias deviam ser em alemão, e dado que ele não esteve de acordo se ordenou sua prisão.
De facto, em 7 de Novembro de 1939, foi preso junto a outros sacerdotes, e levado à cadeia da cidade onde foi torturado e isolado. Em 16 de Janeiro de 1940, junto a outros sacerdotes e seminaristas do instituto Salesiano, foi transferido a Lad sob prisão domiciliária, onde ele poderá secretamente contactar com a diocese e poderá reorganizar o seminário.
Desde sua janela, ele podia ver passar a multidão de desportistas, mas não tinha ilusões sobre seu destino, inclusive decidiu oferecer sua vida a Deus para a salvação da Igreja e de sua querida Polónia.
Outros clérigos eram deportados a vários campos de concentração, mas Monsenhor Miguel Kozal, junto com sete sacerdotes e um diácono, permanecia todavia em Lad, até que, pese os esforços da Santa Sede por os salvar, em 3 de Abril de 1941, foram levados ao campo de concentração de Inowroclaw, onde o obispo reportou lesões em suas pernas e toda a orelha esquerda, pela tortura infligida pelos nazis.
Em 25 de Abril de 1941, eles foram transferidos ao famoso campo de Dachau em que o bispo Kozal recebeu o número 24544; ali as torturas eram uma constante periódica, especialmente para os sacerdotes católicos, além disso houve uma epidemia de tifo que caiu sobre grande parte dos deportados.
Mons. Kozal foi ferido pela enfermidade em forma severa, 25 de Janeiro de 1943, junto com um primo de seu pai Ceslao Kozal, foi transferido a uma cabana chamada “Revier”, ao dia seguinte foi visitado por um grupo de doutores, seu líder lhe aplicou uma injecção no braço direito e aos poucos minutos Mons. Kozal expirou. O testemunho de sua parente seria crucial, já que este alcançou a ouvir que alguém do grupo de médicos dizia: “Assim será mais fácil o caminho à eternidade”. Se desconhece o veneno que lhe foi injectado, seu corpo foi incinerado no crematório de Dachau em 30 de Janeiro de 1943.
Na catedral de Wloclawek foi colocada em 1954 uma lápida monumental que comemora o martírio de Bispo Miguel Kozal e outros 220 sacerdotes da diocese que morreram em Dachau. O dia da celebração litúrgica do Beato Miguel Kozal é em 26 de Janeiro.


Se alguém tiver alguma informação relevante para a canonização do Beato Miguel, contacte a:
Kuria Diecezjalna
ul. Gdanska 2, 87-800
Wloclawek, POLAND

Paula, Santa
Janeiro 26   -  Padroeira das Viúvas

Paula, Santa

Paula, Santa

Padroeira das Viúvas

Martirológio Romano: Em Belém, de Judeia, morte de santa Paula, viúva, a qual pertencia a uma nobre família senatorial e, renunciando a todo, distribuiu seus bens entre os pobres, retirando-se com sua filha, a beata virgem Eustochio, junto ao presépio do Senhor (404).
Santa Paula nasceu em 5 de Maio de 347. Por parte de sua mãe, tinha parentesco com os Escipiones, com os Gracos e Paulo Emílio. Seu pai pretendia ser descendente de Agamenón. Paula teve um filho, chamado Toxocio como seu marido e quatro filhas: Blesila, Paulina, Eustochio e Rufina.
Paula era muito virtuosa como mulher casada e com seu marido edificaram em Roma com seu exemplo. Sem embargo ela tinha seus defeitos, particularmente o de certo amor à vida mundana, o qual era difícil de evitar por sua alta posição social. Ao princípio Paula não se dava conta desta secreta tendência de seu coração, mas a morte de seu esposo, ocorrida quando ela tinha 33 anos, lhe abriu os olhos. Sua pena foi imoderada até ao momento em que sua amiga Santa Marcela, uma viúva romana que assombrava com suas penitências, a persuadiu de que se entregasse totalmente a Deus. A partir de então, Paula viveu na maior austeridade.
Sua comida era muito simples, e não bebia vinho; dormia no chão, sobre um saco; renunciou por completo às diversões e à vida social; e repartiu entre os pobres tudo aquilo que lhe pertencia e evitou o que pudesse distraí-la de suas boas obras. 
Numa ocasião ofereceu hospitalidade a Santo Epifânio de Salamis e a São Paulino de Antioquia, quando foram a Roma. Eles lhe apresentaram a São Jerónimo, com quem a santa esteve estreitamente associada no serviço de Deus enquanto viveu em Roma, sob o Papa São Dâmaso.
Santa Blesila, a filha mais velha de Santa Paula, morreu subitamente, coisa que fez sofrer muito a piedosa viúva. São Jerónimo, que acabava de voltar de Belém, lhe escreveu uma carta de consolo, em que não deixava de repreendê-la pela pena excessiva que manifestava sem pensar que sua filha havia ido a receber o prémio celestial. Paulina, sua segunda filha, estava casada com São Pamáquio, e morreu sete anos antes que sua mãe. Santa Eustóquio, sua terceira filha, foi sua inseparável companheira. Rufina morreu sendo ainda jovem.
Quanto mais progredia Santa Paula no gosto das coisas divinas, mais insuportável se lhe fazia a tumultuosa vida da cidade. A santa suspirava pelo deserto, e desejava viver numa ermida, sem ter outra coisa em que se ocupar mais que pensar em Deus. Determinou, pois, deixar sua casa, sua família e seus amigos e partir de Roma. Ainda que era a mais amante das mães, as lágrimas de Toxócio e Rufina não lograram desviá-la de seu propósito. Santa Paula embarcou com sua filha Eustóquio, o ano 385; visitou a Santo Epifânio em Chipre, e se reuniu com São Jerónimo e outros peregrinos em Antioquia. Os peregrinos visitaram os Santos Lugares de Palestina e foram ao Egipto a ver os monges e anacoretas do deserto. Um ano mais tarde chegaram a Belém, onde Santa Paula e Santa Eustóquio ficaram sob a direcção de São Jerónimo.
As duas santas viveram numa choça, até que se acabou de construir o mosteiro para homens e os três mosteiros para mulheres. Estes últimos constituíam propriamente uma só casa, já que as três comunidades se reuniam noite e dia na capela para o ofício divino, e aos domingos na Igreja próxima. A alimentação era escassa e má, os jejuns frequentes e severos.
Todas as religiosas exerciam algum ofício e teciam vestidos para si e para os demais. Todos vestiam um hábito idêntico. Nenhum homem podia entrar no recinto dos mosteiros. Paula governava com grande caridade e discrição. Era a primeira a cumprir as regras, e participava, como Eustóquio, nos trabalhos da casa. Se alguma religiosa se mostrava loquaz ou airada, sua penitência consistia em isolar-se da comunidade, colocar-se em última nas filas, orar fora das portas e comer aparte, durante algum tempo. Paula queria que o amor à pobreza se manifestasse também nos edifícios e igrejas, que eram construções baixas e sem nenhum adorno caro. Segundo a santa, era preferível repartir o dinheiro entre os pobres, membros vivos de Cristo.
Paládio afirma que Santa Paula se ocupava em atender a São Jerónimo, e foi a este de grande utilidade em seus trabalhos bíblicos, pois seu pai lhe havia ensinado o grego e na Palestina havia aprendido suficiente hebreu para cantar os salmos na língua original. Ademais, São Jerónimo a havia iniciado nas questões exegéticas o bastante para que Paula pudesse seguir com interesse sua desagradável discussão com o bispo João de Jerusalém sobre o origenismo. Os últimos anos da santa se viram ensombrados por esta disputa e pelas preocupações económicas que sua generosidade havia produzido. Toxócio, o filho de Santa Paula, se casou com Leta, a filha de um sacerdote pagão, que era cristã. Ambos foram fieis imitadores da vida de sua mãe e enviaram a sua filha Paula a educar-se em Jerusalém ao cuidado de sua avó. Paula, a jovem, sucedeu a Santa Paula no governo dos mosteiros. São Jerónimo enviou a Leta alguns conselhos para a educação de sua filha, que todos os pais deveriam ler. Deus chamou a si a Santa Paula aos 56 anos de idade. Durante sua última enfermidade, a santa repetia incansavelmente os versos dos salmos que expressavam o desejo de alma de ver a Jerusalém celestial e de unir-se com Deus.
Quando perdeu a fala, Santa Paula fazia o sinal da cruz sobre seus lábios. Morreu na paz do senhor, em 26 de Janeiro do ano 404.
Santa Paula, roga por nós.

Albérico, Santo
Janeiro 26   -  Abade

Alberico, Santo

Albérico, Santo

Abade

Martirológio Romano: No mosteiro de Cister, na Borgonha (hoje França), santo Albérico, abade, que, sendo monge em Molesmes, foi um dos primeiros religiosos que fundaram o novo mosteiro e, havendo sido eleito abade, dirigiu o cenóbio sobressaindo por seu zelo em procurar a formação de seus monges, como verdadeiro amante da Regra e dos irmãos (1109).
Os esforços de Santo Albérico por encontrar um instituto religioso que correspondesse a suas aspirações de grande perfeição arrojam uma luz que nos faz tremular, sobre o temperamento de aço dos monges do século XII. Não sabemos nada da meninice de Albérico. Quando ouvimos falar dele por primeira vez, formava parte de um grupo de sete ermitãos que viviam no bosque de Collan, não longe de Chatillon-sur-Seine. Aí habitava certo abade Roberto, homem de boa família e muito reputado por sua virtude. Apesar de que havia fracassado anteriormente no governo de uma comunidade de monges revoltosos, os ermitãos lograram com certa dificuldade que Roberto aceitasse ser seu superior, e em 1075, emigraram para as cercanias de Molesmes, onde construíram um mosteiro. Roberto era o abade e Albérico o prior. Cedo começaram a chover regalos no mosteiro; a comunidade aumentou, mas o fervor decaiu. Durante certa época, um grupo de monges se rebelou contra a disciplina religiosa. Roberto, desalentado, se retirou do mosteiro. Albérico ocupou seu lugar e intentou restabelecer a ordem; mas os monges o feriram e o encerraram finalmente. Albérico e um inglês chamado Esteban Harding, não podendo já suportar tal estado de coisas, abandonaram também o mosteiro. Provavelmente quando o povo se inteirou da rebelião, as esmolas começaram a escassear e então os rebeldes prometeram emenda. Roberto, Albérico e Esteban retornaram ao mosteiro. Mas cedo reapareceram os sintomas da relaxação, e Albérico parece haver lançado a ideia de partir com um grupo dos mais fervorosos a fundar aparte uma comunidade mais observante.
Assim se fez e, em 1098, vinte e um monges se estabeleceram em Cister, um pouco ao sul de Dijon, a uns cem kilómetros de Molesmes. Tais foram os princípios da grande Ordem Cisterciense. Roberto, Albérico e Esteban foram eleitos abade, prior, e sub-prior, respectivamente. Mas pouco depois, São Roberto retornou à comunidade de Molesmes, e Albérico lhe sucedeu no cargo de abade, de maneira que a ele devem atribuir-se com toda probabilidade, algumas das principais características da reforma cisterciense. Se tratava de uma restauração da primitiva observância beneditina, mas com muito mais austeridade. Uma das manifestações externas da mudança foi a adopção do hábito branco, com escapulário negro e capucho, para os monges de coro. Segundo a lenda, esta mudança se deve a um desejo que comunicou a Santíssima Virgem a Santo Albérico numa aparição. Uma modificação mais profunda foi a instituição de uma aula especial de "fratres conversi" ou irmãos leigos, aos que se confiou o trabalho caseiro e, sobretudo, a exploração das granjas distantes do convento. Sem embargo, todos os monges estavam obrigados em alguma forma ao trabalho manual. O coro foi simplificado e abreviado; e se deixou mais tempo para a oração privada.
Albérico não governou durante muito tempo, e provavelmente muitos dos rasgos característicos na organização definitiva de Cister se devem a seu sucessor, Santo Esteban. Foi ele quem nos deixou a notícia mais pessoal sobre Santo Albérico, numa exortação que pronunciou com motivo da morte deste, ocorrida em 26 de Janeiro de 1109: "A todos nos afecta igualmente esta grande perda -disse-, e dificilmente poderei consolar-vos eu, que necessito de consolo tanto como vós. Vós haveis perdido a um pai e a um director de vossas almas; eu não só perdi a um pai e um guia, mas também a um amigo, a um companheiro de armas, a um valente soldado do Senhor, a quem nosso venerável padre Roberto havia educado com ciência e piedade admiráveis, desde os primeiros dias de nosso instituto monástico... Há ficado entre nós o corpo de nosso amado padre como uma forma de sua presença, e ele nos há levado consigo o céu em seu coração... O guerreiro há triunfado, o atleta há recebido o prémio merecido, o vencedor há ganho sua coroa; dono já do triunfo, pede que também a nós nos seja concedida a palma dos vencedores... Não choremos pelo soldado que descansa já; choremos mais por nós que seguimos em frente de batalha, e transformemos em oracões nossas palavras de tristeza, rogando a nosso padre triunfante que não permita que o leão e o feroz inimigo nos derrotem".

Outros Santos e Beatos
Janeiro 26    -  Completando o santoral deste dia

Otros Santos y Beatos

Outros Santos e Beatos

SAN JENOFONTE Y 
SU FAMILIA

Santos Jenofonte e Maria, João e Arcádio, monges


Em Jerusalém, santos Jenofonte e Maria, com seus filhos João e Arcádio, os quais, renunciando à dignidade senatorial e a todas as posses, abraçaram a vida monástica na Cidade Santa com grande devoção (s. VI).

São Teógenes, mártir

Na cidade de Hipona, na Numídia (hoje Argélia), são Teógenes, mártir, acerca do qual santo Agostinho pregou um sermão (c. 257).


SAN AGUSTÍN ERLANDSÖN

Santo Agostinho (Eystein) Erlandsön, bispo

Na cidade de Nidaros (Trondheim), na Noruega, santo Agostinho (Eystein) Erlandsön, bispo, que regeu a Igreja que lhe havia sido encomendada como primeiro bispo, procurando seu crescimento e defendendo-a ante os príncipes (1188).


Beata María de la Dive, mártir


Na região de Anjou, em França, beata María de la Dive, mártir, que, sendo viúva, foi degolada por sua fidelidade à Igreja durante a Revolução Francesa (1794).

BEATA MARÍA DE LA DIVE

 

http://es.catholic.net/santoral

Recolha, transcrição e tradução de espanhol para português, por António Fonseca

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

25 de JANEIRO de 2010 - SANTOS DO DIA

SANTOS DO DIA DE HOJE, SEGUNDA-FEIRA, 25 DE JANEIRO DE 2010
• A conversão de São Paulo
Janeiro 25   -   Festa
La conversión de San Pablo
A conversão de São Paulo
Festa
Janeiro 25
Paulo, chamado Saulo no uso e rigor judeu, afirmava com veemência que o Evangelho que pregava não o havia aprendido ou recebido dos homens.
Pertenceu à casta dos fariseus. Havia nascido em Tarso, cidade que pertencia ao mundo greco-romano; quem nascia ali tinha a categoria de cidadão romano e o era tanto como o centurião, o procurador, o tribuno ou magistrado. Necessariamente, por ser judeu não lhe coube mais sorte na meninice que andar dissimulando sua condição entre os demais do povo, ocultando sua crença, tida como superstição pelos pagãos romanos. É possível que isto lhe fora incendiando por dentro e o afirmasse ainda mais na sua fé, quando ia crescendo em idade e tinha que defender-se marchando contra corrente.
Era mais bem baixo, de costas largas e coxeava um pouco. Forte e maciço como um tronco. Um rictus tinha que o fazia fanático. Conhecia os manuscritos velhos escritos com sinais que aos gregos e aos romanos lhes pareciam garatujas ininteligíveis, mas que encerravam toda a sabedoria e a razão de ser de um povo. Esperto como um sábio nas escolas gregas de Tarso, familiarizado com os poetas e filósofos que haviam passado o tempo escrevendo em tabuinhas ou pensando. Para os gregos só era um hebreu, membro daquelas famílias que viviam num ilhéu social, isolado entre mistérios inacessíveis aos de outra raça, um dos que tinham proibido o acesso às classes cultas e dirigentes; era desses que se faziam desprezáveis por seu puritanismo, por suas rarezas ante os alimentos, seu modo de divertir-se, de casar-se, de entender a vida, de não assistir aos templos ¡um ambiente nada claro!
Aos dezoito anos foi para Jerusalém para aprender coisas do judeu verdadeiro, as da Lei pátria, a razão dos costumes; ansiava aprofundar na história do povo e em seu culto. Gamaliel o informou bem por uns quartos. Aprendeu as coisas indo à raiz, não como as dizia a gente pouco culta do povo simples e lhano. Soube mais e melhor do poder do Deus único; aprendeu a dar-lhe honra e louvor no maior dos respeitos e mal suportava com seu povo o presente domínio do imponente invasor. Isto o punha furioso. Os profetas davam pistas para um ressurgimento e os salmos cantavam a vitória de Deus sobre outros povos e culturas muito importantes que em outro tempo subjugaram aos judeus e já desapareceram apesar de sua altivez; igual passaria com os dominadores actuais. O Libertador não poderia tardar. Entretanto, era preciso manter a idiossincrasia do povo a qualquer custo e não ser como os herodianos, para que a esperança fizesse possível sua sobrevivência como nação. Não se podia deixar que um ápice o afastasse da fidelidade aos costumes pátrios. Isso o fez zeloso.
E vê por onde, aquela heresia estava estropeando tudo o que necessitava o povo. Loucos estavam adorando a um homem e crucificado. Não se podia permitir que entre os seus se ampliasse o círculo dos dissidentes. Havia que fazer algo. Não passavam, Fazia anos que já estava, colaborando como pôde, na lapidação de um daqueles visionários prontos, serviçais, piedosos e caritativos mas que faziam muito dano ao alto estatuto oficial judeu; foi quando o apedrejaram por blasfemo fora de Jerusalém, e lastimosamente ele só pôde guardar os mantos dos que o lapidaram. Até lhe parecia recordar ainda seu nome: Estêvão.
Sua conversão foi num dia insuspeito. Nada propiciava aquela mudança. Precisamente levava cartas de recomendação dos judeus de Jerusalém para os de Damasco; queria pôr entre grades aos cristãos que encontrasse. Até ali se estendia a autoridade dos sumos sacerdotes e principais fariseus; como eram costumes de religião, os romanos as reconheciam sem lhes fazer asco. Saulo guiava uma comitiva não guerreira mas sim muito activa, quase furiosa, impaciente por cumprir bem uma missão que supunham agradável a Deus e purga necessária para a estabilidade dos judeus e para proteger a pureza das tradições que receberam os pais. Aquilo parecia a avançada de um exército em ordem de batalha, com o repique das ferraduras nas patas das montadas sobre o duro solo de rocha ante Damasco onde saracoteavam os cavalos. Levavam já vários dias de caminhada; se davam por bem empregados se a gestão terminasse com êxito. Ia Saulo "respirando ameaças de morte contra os discípulos do Senhor". Em seu interior havia boa dose de sanha.
"E sucedeu que, ao chegar perto de Damasco, de súbito o cercou uma luz fulgurante vinda do céu, e caindo por terra ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, ¿porque me persegues? Disse: ¿Quem és, Senhor? E Ele: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te, e entra na cidade e se te dirá o que tens de fazer. E os homens que o acompanhavam se haviam detido, mudos de espanto, ouvindo a voz, mas sem ver a ninguém. Se levantou Saulo do chão e , abertos os olhos, nada via. E levando-o à mão o introduziram em Damasco, e esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu" (Act. 9, 3-9).
Três dias para ruminar sua derrota e carregar em seu interior o que havia passado. E logo, o baptismo. Uma mudança de vida, mudança de obras, mudança de pensamento, de ideais e projectos. Seu carácter apaixonado tomará o rumo agora marcado sem entraves humanos possíveis _ sua rendição foi sem condições _ e com o afã de levar a seu povo primeiro e ao mundo inteiro logo a alegria do amor de Deus manifestado em Cristo. 
O relato é do historiador Lucas, bom conhecedor de seu ofício. Tinha-o ouvido vezes e vezes ao próprio protagonista. Não há dúvida. Viu ele próprio o ressuscitado; e o dirá mais vezes, e muito a sério aos de Corinto. Por isso foi capaz de sofrer naufrágios no mar e perseguições na terra, e açoites, e fome e cadeia e humilhações e críticas, e juízos e morte de espada; por isso fez viagens por todo o  império, percorrendo-o de extremo a extremo. E não creias que se lamentava; o iludia fazê-lo porque sabia que nele era mandato mais que rogo; a dor e sofrimento melhor os teve como credenciais e as feridas de seu corpo as pensava como garantia da vitória final em fidelidade ansiada.
Entre tantas conversões do Santoral, a de Paulo é exemplar, paradigmática. Mais se apalpa nela a acção divina que o esforço humano; além disso, ensina as insuspeitadas consequências que traz consigo uma mudança radical.
Enrique Suso, Beato
Janeiro 25   -  Dominicano
Enrique Suso, Beato
Enrique Suso, Beato
Martirológio Romano: Em Ulm, cidade de Suabia (hoje Alemanha), beato Enrique Suso, presbítero da Ordem de Pregadores, que suportou pacientemente muitos contratempos e enfermidades, compôs um tratado sobre a sabedoria eterna e pregou amiudadamente sobre o Nome de Jesus (1366).
Etimologicamente: Enrique = Aquele que é o caudilho de sua morada, é de origem germânica.
Místico alemão, nasceu em Constanza em 21 de Março provavelmente de 1295; morreu em Ulm, em 25 de Janeiro de 1366; foi declarado Beato em 1831 por Gregório XVI.

SUA VIDA
Seu pai pertenceu a uma nobre família de Berg; sua mãe, uma santa mulher da qual ele tomou seu nome, a uma família de Sus (o Süs, daí o nome Suso ou Susso). Aos treze anos de idade ingressou no convento dos Dominicanos em Constanza, onde realizou estudos de preparatória, filosofia e teologia. De 1324 a 1327 tomou um curso suplementário de teologia no Estudo Geral dos Dominicanos em Colónia, onde se sentou aos pés de Johann Eckhart "o Mestre", e provavelmente foi condiscípulo de Tauler, ambos célebres místicos. De regresso a Constanza foi nomeado para o oficio de leitor, do qual parece ter sido removido várias vezes entre 1329 e 1334. No último ano começou sua carreira apostólica. Para 1343 foi eleito superior de um convento, provavelmente em Diessenhofen. Cinco anos mais tarde foi enviado de Constanza a Ulm onde permaneceu até sua morte. 
A vida de Susso como místico começou aos dezoito anos, quando, rompendo com seus maus costumes dos cinco anos anteriores, se fez a si próprio "o Servente da Eterna Sabedoria", a qual ele identificava com a essência Divina e, numa forma concreta, com a pessoa da Eterna Sabedoria feita homem. Daí em diante, um ardente amor pela Eterna Sabedoria dominaria seus pensamentos e controlaria suas acções. Teve frequentes visões e êxtases, praticou uma severa austeridade (a que prudentemente moderou em seus anos maduros), e suportou com paciência inusual as aflições corporais, amargas perseguições e dolorosas calúnias.
Se converteu no mais destacado entre os Amigos de Deus no trabalho pelo restabelecimento da observância religiosa nos claustros. Sua influência foi especialmente forte em muitos conventos de mulheres, particularmente no convento das Dominicanas de Katherinenthal, uma famosa escola de misticismo nos séculos XIII e XIV, e no de Toss, onde vivia a mística Elsbeth Stagel, que traduziu alguns de seus trabalhos em Latim para Alemão, reuniu e preservou a maior parte de suas cartas existentes, e conseguiu dele a história de sua vida, a qual depois ele próprio desenvolveu e publicou.
Em muitas partes era muito estimado como pregador, e foi escutado em cidades e povos de Suavia, Suíça, Alsácia e os Países Baixos. Sem embargo, seu apostolado não era com as massas, mas com indivíduos de todas as classes, que o buscavam por sua personalidade singularmente atractiva, e para os quais ele se converteu no director pessoal de sua vida espiritual.
A miúdo se há dito incorrectamente que ele estabeleceu entre os Amigos de Deus uma sociedade chamada a Irmandade da Eterna Sabedoria. A assim chamada Regra da Irmandade da Eterna Sabedoria não é senão uma tradução livre de um capítulo de seu Horologium Sapientiae, e não fez sua aparição até ao século XV.

Elvira, Santa
Janeiro 25   -  Abadessa
Elvira, Santa
Elvira, Santa
Abadessa

Etimologicamente significa “prudente conselheira”, Vem da língua alemã.
Alguém, muito amante da vida e profundamente crente, dizia a miúdo:"Me alegro de cada instante que vivo".
Se a via sempre com o rosto alegre repetindo em sua oração pessoal estas palavras: Jesus, minha alegria, minha esperança e minha vida.
Um crente que vive nesta dimensão, tudo relativiza e sabe dar importância cada dia ao que é fundamental.
Elvira celebra seu santo no mesmo dia que a Virgem do Carmo, devoção tão arreigada em Espanha e no mundo inteiro.
Elvira consagrou sua vida ao Senhor mediante os três laços imperecíveis da virgindade, a pobreza e a obediência no mosteiro.
Sua virtude resplandecia entre todas suas irmãs.
Por isso, apenas tiveram ocasião, a elegeram abadessa ou superiora do mosteiro.
Foi uma alegria para todas. Soube dirigir o mosteiro com tanta prudência, amabilidade e bom conselho, que as monjas e quantas pessoas a tratavam ficavam encantadas ante o atractivo de sua santidade e a delícia de seu coração virgem. 
O mosteiro em que surgiu seu apostolado, brilhou por seus dotes de atenção aos pobres e suas qualidades para o governar segundo as regras.
Se chama D´Ohren, já que está situado junto da Renânia alemã.
Tudo isto sucedeu no século XII.
¡Felicidades a quem leve este nome!
Comentários ao P. Felipe Santos: mailto:fsantossdb@hotmail.com?subject=Comentarios desde Catholic.net al Santoral
Recolha, transcrição e tradução de espanhol para português, por António Fonseca

domingo, 24 de janeiro de 2010

24 de JANEIRO de 2010 - SANTOS DO DIA

 

SANTOS DO DIA DE HOJE  -  24 DE JANEIRO DE 2010

Francisco de Sales, Santo
Janeiro 24    -  Bispo de Genebra, Doutor da Igreja, Co-fundador da Congregação da Visitação.

Francisco de Sales, Santo

Francisco de Sales, Santo

Bispo de Genebra, Doutor da Igreja, Co-fundador da Congregação da Visitação
Janeiro 24

Etimologicamente significa “franco, valente.” Vem da língua alemã.
O padroeiro dos jornalistas foi um escritor que se distinguiu por dizer a verdade com elegância e sem ferir a ninguém, por escrever e falar com tanta delicadeza que ninguém se sentia molestado; um escritor e orador que não buscava o mórbido mas sim a transmissão da simples e lhana verdade evangélica. E soube comunicar a ideia de que todo o autenticamente humano é cristão.
Foi um humanista de pés à cabeça.


VIDA DE SAN FRANCISCO DE SALES

Nasce o grande Santo:
São Francisco nasceu no castelo de Sales, em Sabóia, em 21 de Agosto de 1567. Foi baptizado no dia seguinte na Igreja paroquial de Thorens, com o nome de Francisco Buenaventura. Durante toda sua vida seria seu padroeiro São Francisco de Assis. O quarto onde ele nasceu se chamava "o quarto de São Francisco", porque havia nele uma imagem do "Poverello" pregando aos pássaros e aos peixes.
De menino Francisco foi muito delicado de saúde já que nasceu prematuro; mas graças ao cuidado que recebeu, se pôde recuperar e fortalecer-se com os anos. Se bem que não fosse robusto, sua saúde permitiu-lhe dispensar uma enérgica actividade durante sua vida.

A Mãe de Francisco:
A Senhora Francisca de Boisy era uma mulher sumamente amável e trabalhadora e profundamente piedosa. Santa Juana de Chantal disse que a gente a admirava como a uma das damas mais respeitáveis dessa época.
Tinha que mandar e dirigir tudo num amplo castelo onde trabalhavam quarenta trabalhadores, serventes, mensageiros, lavradores, e encarregados do gado.
É muito importante ter em conta as qualidades da mamã de Francisco, porque este, pelo  vale nublado frio e obscuro onde estava sua casa, poderia haver sido um homem retraído e mais inclinado à tristeza e ao pessimismo. E em troca, pela maravilhosa formação que Dona Francisca lhe vai proporcionando e pela educação que lhe faz dar seu pai, obtém as bases para chegar a ser mais tarde com a graça de Deus e por seus grandes esforços, um portento de amabilidade e do mais fino trato social.
Dona Francisca era uma mulher que vivia muito ocupada, mas sem afãs nem pressas. Talvez dela terá aprendido o menino Francisco aquela virtude sua que lhe dará resultado toda sua vida: trabalhar muito, trabalhar sempre, mas sem perder a calma, sem inquietude, não deixando para amanhã o que se pode fazer hoje.
A religião dominava a vida de dona Francisca, e a compartilhava com todos, daí que Francisco aprendesse tudo isto e logo o usasse mais tarde para o benefício de muitas almas.

Infância:
Era um menino lindo, ruivo, rosado que se divertia brincando no Castelo. Gostava ir ao Templo e rezar olhando para o altar e também era muito dado a ajudar aos pobres. Sem dúvida havia recebido do Espírito Santo o dom da Magnificência, que consiste num gosto especial por dar, e dar com grande generosidade. Como menino vivo e inquieto, que tinha imensa curiosidade  por aquele imenso Castelo onde vivia; parecia que tinha cem pulgas debaixo da roupa que não o deixavam estar quieto, pelo que sua mãe e a empregada tinham que estar constantemente vendo que estava fazendo.
Sua mãe ensinava-lhe o catecismo e lhe narrava belos exemplos religiosos. E quando o pequeno Francisco se encontrava com outros meninos pelo caminho ou no prado, repetia-lhes os ensinamentos e narrações que havia escutado de lábios de sua mamã. Se estava treinando para o que seria seu mas apreciado trabalho: ensinar catecismo, mas ensiná-lo belamente a base de amenos exemplos.
Há um facto em sua infância que denota muito o seu zelo por Deus mas também sua inclinação à ira, com la que lutará por 19 anos de sua vida até a dominar. Se conta que um dia um Calvinista foi a visitar o Castelo, Francisco se inteirou e como não podia meter-se na sala a protestar, tomou um pau nas mãos, e cheio de indignação foi ao galinheiro, arremetendo contra as galinhas e gritando: "Fora os hereges: Não queremos hereges". As pobres galinhas saíram correndo e cacarejando ante seu atacante, e a tempo chegaram os serventes para as salvar. Este que agora atacava as galinhas, depois chegará a ter um génio tão bondoso e amável que não procederá com ira nem sequer contra os mais tremendos adversários; agora melhor, esta bondade não nasceu com ele mas  foi uma conquista, pouco a pouco, com a ajuda de Deus.
Seu pai, Dom Francisco, tinha temor de que seu filho fosse a crescer frouxo de vontade porque a mãe o queria muitíssimo e podia fazê-lo crescer algo consentido e mimado. Então lhe conseguiu de professor a um sacerdote muito rígido e muito exigente, o Padre Deage. Este será seu preceptor durante toda sua vida de estudante. Era um homem super exacto em tudo, mas muito frequentemente demasiado perfeccionista em suas exigências. Este preceptor o ajudará muito em sua formação mas lhe fará passar muitos bocados amargos, por lhe exigir demasiado. Francisco não protestará nunca e em troca lhe saberá agradecer sempre, mas para seu comportamento futuro tomará a resolução de exigir menos detalhes importunos e fazer mais amáveis a quem ele tenha que dirigir.
Aos 8 anos entrou no Colégio de Annecy, e aos 10 anos fez sua Primeira Comunhão junto com a Confirmação. Desde esse dia se propôs não deixar passar um dia sem visitar a Jesus Sacramentado no Templo ou na Capela do colégio. Ele que mais tarde será o grande promotor do culto solene à Eucaristia, foi preparado muito cuidadosamente pela mãe e por seu Sacerdote preceptor para receber por primeira vez a Jesus Sacramentado. Guiado por sua mãe se traçou uns bons propósitos como recordação de sua Primeira Comunhão:
1) Cada manhã e cada noite rezarei algumas orações.
2) Quando passe em frente de uma Igreja entrarei a visitar a Jesus Sacramentado, se não houver uma razão grave que o impeça.
3) Sempre e em toda a ocasião que me seja possível ajudarei as gentes mais pobres e necessitadas.
4) Lerei livros bons, especialmente Vidas de Santos.

Durante toda sua vida procurou ser inteiramente fiel a estes propósitos.
Um ano mais tarde na mesma Igreja de Santo Domingo (actualmente São Maurício), recebeu a tonsura.


Francisco, estudante:
Um grande desejo de consagrar-se a Deus consumia o jovem, que havia cifrado nele a realização de seu ideal; mas seu pai (que ao casar-se havia tomado o nome de Boisy) tinha destinado a seu primogénito a uma carreira secular, sem se preocupar de suas inclinações. Aos 14 anos, Francisco foi a estudar na Universidade de Paris que, com seus 54 colégios, era um dos maiores centros de ensino da época.
Seu pai o havia enviado ao colégio de Navarra, aonde iam os filhos das famílias de Sabóia; mas Francisco, que temia por sua vocação, conseguiu que consentisse em o deixar ir para o Colégio de Clermont, dirigido pelos jesuítas e conhecido pela piedade e o amor à ciência que reinavam nele. Acompanhado pelo Padre Déage, Francisco instalou-se no hotel da Rosa Branca da rua St. Jacques, a uns passos do Colégio de Clermont. Francisco propôs-se un Plano de Vida durante sua estadia no colégio. Propôs-se dedicar a fazer o que tinha que fazer: preparar-se bem para o futuro.
Desde o princípio, guiado, por seu director, o Padre Déage, traçou um programa de acção: Cada semana confessar-se e comungar. Cada dia atender muito bem as aulas e preparar as tarefas e lições para o dia seguinte. Duas horas diárias de exercícios de equitação, de esgrima, de baile.
A devida mistura entre os exercícios de piedade e as artes ginásticas lhe foram conseguindo um ar de elegância e respeitabilidade. Era alto, galhardo e bem apresentado. Inimigo dos luxos, mas sempre decorosamente apresentado. Nas reuniões de gente de refinada elegância era o convidado preferido, porque pelo facto de ser muito simples e sem rebuscamentos inúteis, era "a cultura personificada".
Mais tarde, quando seja Bispo, a gente exclamará: "nas reuniões sociais se porta com a santidade de um digno ministro de Deus, e nas cerimónias religiosas se porta com a elegância do mais distinto dos cavalheiros". E ao perguntar-lhe alguém porquê, respondeu: "Quando estou na alegria de uma festa social me imagino estar revestido de ornamentos de Bispo, e me comporto com a dignidade que isto exige. E quando estou celebrando uma cerimónia religiosa me imagino estar na mais distinta e refinada reunião, e trato de comportar-me com a educação e urbanidade que nestes casos se exige".
Pronto se distinguiu em retórica e em filosofia; depois se entregou apaixonadamente ao estudo da teologia. Cada dia estava mais decidido a consagrar-se a Deus e acabou por fazer voto de castidade perpétua, pondo-se sob a protecção da Santíssima Virgem. Mas não por isso faltaram as provas.


A mais terrível tentação de sua juventude:
Viver em graça de Deus naqueles ambientes não era nada fácil. Sem embargo, Francisco soube afastar-se de toda ocasião perigosa e de toda amizade que pudesse levá-lo a ofender a Deus e conseguiu conservar assim a alma incontaminada e admiravelmente pura. Francisco tinha 18 anos.
Seu carácter era muito inclinado à ira, e muitas vezes o sangue lhe subia à cara ante certas burlas e humilhações, mas lograva conter-se de tal maneira que muitos chegavam até a imaginar que a Francisco nunca lhe dava o mau génio por nada. Mas então o inimigo da alma, ao ver que com as paixões mais comuns não lograva derrotá-lo, dispôs atacá-lo por um novo meio mais perigoso e desconhecido.
Começou a sentir em seu cérebro o pensamento constante e fastidioso de que se ia a condenar, que se tinha que ir para o inferno para sempre. A heresia da Predestinação, que pregava Calvino e que ele havia lido, se cravava cada vez mais em sua mente e não lograva afastá-la dali. Perdeu o apetite e já não dormia. Estava tão impressionantemente fraco e temia até enlouquecer. O que mais o atemorizava não eram os demais sofrimentos do inferno, mas que lá não poderia amar a Deus.
O Senhor permitindo-lhe a tentação da saída. O primeiro remédio que encontrou foi dizer ao Senhor: "Oh meu Deus, por tua infinita Justiça tenho que ir ao inferno para sempre, concede-me que lá eu possa seguir-te amando. Não me interessa que me mandes todos os suplícios que queiras, com tal de que me permitas seguir-te amando sempre"; esta oração lhe devolveu grande parte de paz a sua alma.
Mas o remédio definitivo, que conseguiu que esta tentação jamais voltasse a molestá-lo foi ao entrar na Igreja de Santo Estêvão em Paris, e ajoelhar-se ante uma imagem da Santíssima Virgem e rezar-lhe a famosa oração de São Bernardo:  
"Recorda-te Oh piedosíssima Virgem Maria, que nuca se ouviu dizer que hajas abandonado a nenhum de quantos têm  implorado a vossa  protecção e reclamado o vosso socorro. Animado com esta confiança, também eu rogo  a ti, Virgem das virgens, e gemendo sob o peso de meus pecados , me atrevo a comparecer ante tua soberana presença. Não desprezes minhas súplicas, Mãe do Verbo Divino, mas antes, ouve-as  e acolhe-as benignamente. Ámen"
Ao terminar de rezar esta oração, desapareceram como por milagre todos seus pensamentos de tristeza e de desespero e em vez dos amargos convencimentos de que se ia a condenar, lhe veio a segurança de que "Deus enviou ao mundo a seu Filho não para o condenar, mas para que os pecadores se salvem por meio d’Ele. E o que crê não será condenado" (Juan 3:17).
Esta prova lhe serviu muito para se curar de seu orgulho e também para saber compreender as pessoas em crise e tratá-las com bondade.


Estudante de universidade:
Em 1588, partiu para a cidade italiana de Pádua; seu pai lhe havia dado ordem de estudar advocacia, doutorar-se em direito. Francisco foi obedecendo a seu pai. Estudava direito durante quatro horas diárias para poder chegar a ser advogado. Outras quatro horas estudava Teologia, a ciência de Deus, porque tinha um grande desejo: chegar a ser sacerdote.
Durante sua estadia em Pádua, disse o mesmo Francisco, que o que mais o ajudou foi a amizade e direcção espiritual de certos sacerdotes jesuítas muito sábios e muito santos. O ajudou muito a leitura de um livro, que o acompanhará durante sua vida por 17 anos, escrito pelo Padre Scupoli chamado: "O Combate Espiritual". O lia todos os dias e tirava grande proveito de sua leitura.
São Francisco fez um detalhado plano de vida para se preservar durante sua estadia em Pádua, e se propôs fazer o seguinte:
1) Cada manhã fazer o Exame de previsão : que consistia em ver que trabalhos, que pessoas ou actividades ia a realizar nesse dia, e planear como ia comportar-se ante eles.
2) Ao meio dia visitar o Santíssimo Sacramento e fazer o Exame Particular: examinando seu defeito dominante e vendo se havia actuado com a virtude contrária a ele, (durante 19 anos seu exame particular será acerca do mau génio, daquele defeito tão forte que era sua inclinação a encolerizar-se).
3) Nenhum dia sem Meditação: Ainda que fosse por meia hora, dedicar-se a pensar nos favores recebidos pelo Senhor, nas grandezas de Deus, nas verdades da Bíblia ou nos exemplos dos santos.
4) Cada dia rezar o Santo Rosário: não deixar de rezar nenhum dia de sua vida, promessa que sempre cumpriu.
5) Em seu trato com os demais ser amável mas moderado.
6) Durante o dia pensar na Presença de Deus.

7) Cada noite antes de se deitar fazer o Exame do dia : dizia, "recordarei se comecei minha jornada encomendando-me a Deus. Se durante minhas ocupações me recordei muitas vezes de Deus para lhe oferecer minhas acções, pensamentos, palavras e sofrimentos. Se tudo o que hoje fiz foi por amor ao bom Deus. Se tratei bem as pessoas. Se não procurei nos meus trabalhos e palavras dar-lhe gosto a meu amor próprio e a meu orgulho, mas sim agradar a Deus e fazer bem a meu próximo. ¿Se soube fazer algum pequeno sacrifício?, ¿Se me esforcei por estar fervoroso na oração? e pedirei perdão ao Senhor pelas ofensas deste dia, farei propósito de portar-me melhor em diante; e suplicarei ao céu que me conceda fortaleza para ser sempre fiel a Deus; e rezando minhas três Avé-Marias me entregarei pacificamente ao sono. Firmado: Francisco de Sales, Pádua 1589.
Assim Francisco, manteve protegido seu coração todo o tempo em que esteve estudando em Pádua e aos 24 anos obteve o doutorado em leis, e foi a reunir-se com sua família no castelo de Thuille, na margem do lago de Annecy. Aí levou durante 18 meses, pelo menos na aparência, a vida ordinária de um jovem da nobreza. O pai de Francisco tinha grande desejo de que seu filho se casasse quanto antes e havia escolhido para ele a uma encantadora rapariga, herdeira de uma das famílias do lugar. Sem embargo, o trato cortês, mas distante, de Francisco fizeram cedo compreender à jovem que este não estava disposto a secundar os desejos de seu pai.
O santo declinou, pela mesma razão, a dignidade de membro do senado que lhe havia sido proposta, apesar de sua juventude.
Até então Francisco só havia confiado a sua mãe e a seu primo Luis de Sales e a alguns amigos íntimos, seu desejo de consagrar-se ao serviço de Deus. Mas havia chegado o momento de falar disso com seu pai. O Senhor de Boisy lamentava que seu filho se negasse a aceitar o posto no senado e que não houvesse querido casar-se, mas isso não o havia feito suspeitar, nem por um momento, que Francisco pensasse em fazer-se sacerdote.
A morte do Deão do capítulo de Genebra fez pensar ao canónico Luis de Sales na possibilidade de nomear a Francisco para o substituir, o que faria menos duro o golpe para o pai do santo. Com a ajuda de Cláudio de Granier, bispo de Genebra, mas sem consultar a nenhum membro da família, o canónico explicou o assunto ao Papa, que devia fazer a nomeação e, à volta de correio, chegou a resposta do Sumo Pontífice que dava a Francisco o posto. Este ficou muito surpreendido ante a dignidade com que o distinguia o Papa, mas resignou-se a aceitar essa honra que não havia buscado, com a esperança de que seu pai acederia assim mais facilmente à sua ordenação.
Mas o Senhor de Boisy era um homem muito decidido e pensava que seus filhos lhe deviam uma obediência absoluta. Francisco teve que recorrer a toda sua respeitosa m que obteve o consentimento de seu pai, e foi ordenado sacerdote 6 meses depois, em 18 de Dezembro de 1593. A partir desse momento, se entregou ao cumprimento de seus novos deveres com um zelo que nunca decaiu. Exercitava os ministérios sacerdotais entre os pobres, com especial carinho; seus penitentes predilectos eram os de berço humilde.
Sua pregação não se limitou a Annecy unicamente, mas a outras muitas cidades. Falava com palavras simples, que os ouvintes o escutavam encantados, pois não havia em seus sermões todo esse ornato de citações gregas e latinas tão comum naqueles tempos, apesar de Francisco ser doutor. Mas Deus tinha destinado ao santo empreender, em breve, um trabalho muito mais difícil.

A conquista dos Calvinistas; A Missão de Chablais.
As condições religiosas dos habitantes de Chablais, na costa sul do lago de Genebra, eram deploráveis devido aos constantes ataques dos exércitos protestantes, e o duque de Sabóia rogou ao Bispo Cláudio de Granier que mandasse alguns missionários a evangelizar de novo a região. O Bispo enviou a um sacerdote de Thonon, capital de Chablais; mas seus intentos fracassaram. O enviado teve que retirar-se muito pronto. Então o Bispo apresentou o assunto à consideração de seu capítulo, sem ocultar suas dificuldades e perigos. De todos os presentes, Francisco foi quem melhor compreendeu a gravidade do problema, e se ofereceu  a desempenhar esse duro trabalho, dizendo simplesmente: "Senhor, se credes que eu possa ser útil nessa missão, dai-me a ordem de ir, que eu estou pronto a obedecer e me considerarei ditoso de haver sido eleito para ela". O Bispo aceitou ao ponto, com grande alegria para Francisco.
Mas o Senhor de Boisy via as coisas de distinta maneira e se dirigiu a Annecy para impedir l que ele chamava "uma espécie de loucura". Segundo ele, a missão equivalia a enviar a seu filho à morte. Ajoelhando-se, aos pés do Bispo lhe disse: "Senhor, eu permiti que meu primogénito, a esperança de minha casa, de minha avançada idade e de minha vida, se consagrasse ao serviço da Igreja; mas eu quero que seja um confessor e não um mártir". Quando o Bispo, impressionado pela dor e as súplicas de seu amigo, se dispunha a ceder, o mesmo Francisco lhe rogou que se mantivesse firme: "¿Vais a fazer-me indigno do Reino dos Céus? -perguntou- Eu hei posto a mão no arado, não me façais volver atrás".
O bispo empregou todos os argumentos possíveis para dissuadir ao Sr. de Boisy, mas este se despediu com as seguintes palavras: "Não quero opor-me à vontade de Deus, mas tampouco quero ser o assassino de meu filho permitindo sua participação nesta empresa descabelada. ...eu jamais autorizarei esta missão".
Francisco teve que empreender a viagem, sem a bênção de seu pai, em 14 de Setembro de 1594, dia da Santa Cruz. Partiu a pé, acompanhado somente por seu primo, o canónico Luis de Sales à reconquista de Chablais.
O governador da província se havia feito forte com um piquete de soldados no castelo de Allinges, onde os dois missionários se  empenharam para passar as noites a fim de evitar surpresas desagradáveis. Em Thonon ficavam apenas uns 20 católicos, a quem o medo impedia professar abertamente suas crenças. Francisco entrou em contacto com eles e os exortou a perseverar valentemente. Os missionários pregavam todos os dias em Thonon, e pouco a pouco, foram estendendo suas forças às regiões circundantes.
O caminho para o castelo de Allinges, que estavam obrigados a recorrer, oferecia muitas dificuldades e, particularmente no  inverno, resultava perigoso. Uma noite, Francisco foi atacado pelos lobos e teve que trepar a uma árvore e permanecer aí em vela para escapar com vida. Na manhã seguinte, uns campesinos o encontraram em tão lastimoso estado que, se não o transportassem a sua casa para lhe dar de comer e aquecê-lo, o santo teria morrido seguramente. Os bons campesinos eram calvinistas. Francisco lhes deu as graças em termos tão cheios de caridade, que se fez amigo deles e muito cedo os converteu ao catolicismo.
Em1595, um grupo de assassinos se pôs à espreita de Francisco em duas ocasiões, mas o céu preservou a vida do santo em forma milagrosa.
O tempo passava e o fruto do trabalho dos missionários era muito escasso. Por outra parte, o Sr. de Boisy enviava constantemente cartas a seu filho, rogando-lhe e ordenando-lhe que abandonasse aquela missão desesperada. Francisco respondia sempre que si seu Bispo não lhe dava uma ordem formal de volver, não abandonaria seu posto. O santo escrevia a um amigo de Envían nestes termos: "Estamos apenas nos começos. Estou decidido a seguir adiante com valor, e minha esperança contra toda esperança está posta em Deus".
São Francisco fazia todos os intentos para tocar os corações  as mentes do povoo. Com esse objecto, começou a escrever uma série de panfletos em que expunha a doutrina da Igreja e refutava a dos calvinistas. Aqueles escritos, redigidos em plena batalha, que o santo fazia copiar a mão pelos fieis, para os distribuir, formariam mais tarde o volume das "controvérsias". os originais se conservam todavia no convento da Visitação de Annecy. Aqui começou a carreira de escritor de São Francisco de Sales, que a este trabalho acrescentava o cuidado espiritual dos soldados da guarnição do castelo de Allinges, que eram católicos de nome e formavam uma tropa ignorante e dissoluta.
No Verão de 1595, quando São Francisco se dirigia ao monte Voiron a restaurar um oratório a Nossa Senhora, destruído pelos habitantes de Berna, uma multidão se atirou sobre ele, depois de o insultar, e o maltratou.
Pouco a pouco o auditório de seus sermões em Thonon foi mais numeroso, ao tempo que os panfletos faziam efeito no povo. Por outra parte, aquelas gentes simples admiravam a paciência do santo nas dificuldades e perseguições, e lhe outorgavam suas simpatias. O número de conversões começou a aumentar e chegou a formar-se uma corrente contínua de apóstatas que volviam a reconciliar-se com a Igreja.
Quando o Bispo Granier foi a visitar a missão, 3 ou 4 anos mais tarde, os frutos da abnegação e zelo de São Francisco de Sales eram visíveis. Muitos católicos saíram a receber o Bispo, que pôde administrar uma boa quantidade de confirmações, e ainda presidir à adoração das 40 horas, o que havia sido inconcebível uns anos antes, em Thonon. São Francisco havia restabelecido a fé Católica na província e merecia, em justiça, o título de "Apóstolo del Chablais".
Mário Besson, um posterior bispo de Genebra há resumido a obra apostólica de seu predecessor numa frase do mesmo São Francisco de Sales a Santa Juana de Chantal: "Eu hei repetido com frequência que a melhor maneira de pregar contra os hereges é o amor, ainda sem dizer uma só  palavra de refutação contra suas doutrinas". O próprio Bispo Mons. Besson, cita o Cardeal Du Perron: "Estou convencido de que, com a ajuda divina, a ciência que Deus me há dado é suficiente para demonstrar que os hereges estão no erro; mas se o que quereis é convertê-los, levai-lhes o Bispo de Genebra, porque Deus lhe há dado a graça de converter a quantos se lhe acercam".

São Francisco de Sales, Bispo:
Monsenhor de Granier, que sempre havia visto em Francisco um possível coadjutor e sucessor, pensou que havia chegado o momento de pôr em obra seus projectos. O santo se negou a aceitar, ao princípio, mas finalmente se rendeu às súplicas de seu Bispo, submetendo-se ao que considerava como uma manifestação da vontade de Deus. Em pouco tempo, o atacou uma grave enfermidade que o pôs entre a vida e a morte. Ao restabelecer-se foi a Roma, onde o Papa Clemente VIII, que havia ouvido muitas louvores sobre a virtude e as qualidades do jovem sacerdote decano, pediu que se submetesse a um exame em sua presença. No dia assinalado se reuniram muitos teólogos e sábios.
O próprio Sumo Pontífice, assim como Barónio, Bernardino, o cardeal Federico Borromeo (primo do santo) e outros, interrogaram ao santo sobre 35 pontos difíceis de teologia. São Francisco respondeu com simplicidade e modéstia,mas sem ocultar sua ciência. O Papa confirmou sua nomeação de coadjutor de Genebra, e Francisco volveu a sua diocese, a trabalhar com maior afinco e energia que nunca.
Em 1602 foi a Paris onde o convidaram a pregar na capela real, que pronto resultou pequena para a multidão que acudia a ouvir a palavra do santo, tão simples, tão comovedora e tão valente. Enrique IV concebeu uma grande estima pelo coadjutor de Genebra e tratou em vão de o reter em França.
Anos mais tarde, quando São Francisco de Sales foi de novo a Paris, o rei redobrou suas instâncias; mas o jovem bispo se recusou a mudar sua diocese da montanha, sua "pobre esposa", como ele a chamava, pela importante diocese -"a esposa rica"- que o rei lhe oferecia. Enrique IV exclamou: "O Bispo de Genebra tem todas as virtudes, sem um solo defeito". 
À morte de Cláudio de Granier, acontecida no Outono de 1602, Francisco lhe sucedeu no governo da diocese. Fixou sua residência em Annecy, onde organizou sua casa com a mais estrita economia, e se consagrou a seus deveres pastorais com enorme generosidade e devoção. Além o  trabalho administrativo, que levava até nos menores detalhes do governo de sua diocese, o santo encontrava todavia tempo para pregar e confessar com infatigável zelo. Organizou o ensino do catecismo; ele próprio se encarregava da instrução de Annecy, e o fazia em forma tão interessante e fervorosa, que as gentes do lugar recordavam todavia, muitos anos depois de sua morte, "o catecismo do bispo".
A generosidade e caridade, a humildade e clemência do santo eram inesgotáveis. Em seu trato com as almas foi sempre bondoso, sem cair na debilidade; mas sabia empregar a firmeza quando não bastava a bondade.
Em seu maravilhoso "Tratado de Amor de Deus" escreveu: "A medida do amor é amar sem medida". Soube viver o que pregava.
Com sua abundante correspondência alentou e guiou a inumeráveis pessoas que necessitavam de sua ajuda. Entre os que dirigia espiritualmente, Santa Juana de Chantal ocupa um lugar especial. São Francisco a conheceu em 1604, quando pregava um sermão de quaresma em Dijon. A fundação da Congregação da Visitação, em 1610, foi o resultado do encontro dos dois santos.
O livro "Introdução à Vida Devota" nasceu das notas que o santo conservava das instruções e conselhos enviados a sua prima política, a Sra. de Chamoisy, que se havia confiado a sua direcção. São Francisco se decidiu, em 1608, a publicar as ditas notas, com algumas adições. O livro foi recebido como uma das obras mestras da ascética, e cedo se traduziu em muitos idiomas.
Em 1610, Francisco de Sales teve a pena de perder a sua mãe (seu pai havia morrido anos antes). O santo escreveu mais tarde a Santa Juana de Chantal: "Meu coração estava desgarrado e chorei por minha boa mãe como nunca havia chorado desde que sou sacerdote". São Francisco haveria de sobreviver por nove anos a sua mãe, nove anos de inesgotável trabalho.

Últimos meses e morte do Santo:
Em 1622, o duque de Sabóia, que ia a ver a Luis XIII em Avinhão, convidou o santo a reunir-se com ele naquela cidade. Movido pelo desejo de advogar pela parte francesa de sua diocese, o bispo aceitou ao ponto o convite, ainda que arriscasse sua débil saúde uma viagem tão longa, em pleno inverno.
Parece que o santo pressentia que seu fim se acercava. Antes de partir de Annecy pôs em ordem todos seus assuntos e empreendeu a viagem como se não tivesse esperança de volver a ver a sua grei. Em Avinhão fez todo o possível por levar sua costumada vida de austeridade; mas as multidões se apinhavam para o ver e todas as comunidades religiosas queriam que o santo bispo lhes pregasse.
Na viagem de regresso, São Francisco se deteve em Lyon, hospedando-se na casita do jardineiro do convento da Visitação. Ainda que estava muito fatigado, passou um mês inteiro atendendo as religiosas. Uma delas lhe rogou que lhe dissesse que virtude devia praticar especialmente; o santo escreveu numa folha de papel, com grandes letras: "Humildade".
Durante o Advento e o Natal, sob os rigores de um rude inverno, prosseguiu sua viagem, pregando e administrando os sacramentos a todo o que lho pedisse. No dia de São João lhe sobreveio uma paralisia; mas recuperou a palavra e o pleno conhecimento. Com admirável paciência, suportou as penosas curas que se lhe administraram com a intenção de lhe prolongar a vida, mas que não fizeram mais que a cortar.
Em seu leito repetia: "Pus toda minha esperança no Senhor, e me ouviu e escutou minhas súplicas e me tirou do fosso da miséria e do pântano da iniquidade".
No último momento, apertando a mão de um dos que o assistiam solicitamente murmurou: "Começa a anoitecer e o dia se vai afastando".
Sua última palavra foi o nome de "Jesus". E enquanto os circundantes recitavam de joelhos as Ladainhas dos agonizantes, São Francisco de Sales expirou docemente, aos 56 anos de idade, em 28 de Dezembro de 1622, festa dos Santos Inocentes. Havia sido bispo por 21 anos.


Depois de sua morte:
Na mesma hora em que faleceu São Francisco de Sales, na cidade de Grenoble estava Santa Juana de Chantal orando por ele, quando ouviu uma voz que dizia: " Já não vive sobre a terra", mas era pouco inclinada a crer em favores extraordinários, não acreditou que fosse um aviso da morte do santo. Quando lhe chegaram com a notícia, compreendeu que aquela voz era certa e durante todo o dia e noite não podia parar de chorar a morte do Santo.
No dia 29 de Dezembro a cidade inteira de Lyon foi desfilando pela humilde casita onde havia morrido o querido santo. E era tanto o desejo la gente de lhe beijar  as mãos e os pés, que os médicos não logravam levar o cadáver para lhe fazer a autópsia.
-O fel: Disse monsenhor Camus que ao lhe tirar o fel o encontraram convertido em 33 pedrinhas, sinal dos esforços tão heróicos que havia tido que fazer para vencer seu temperamento tão inclinado à cólera e ao mau génio e chegar a ser o santo da amabilidade.
-Relíquias: Todos em Lyon queriam uma recordação do santo: suas roupas foram rasgadas em milhares de pedacinhos en  para dar a cada um, uma relíquia.
-O coração: dentro de um estojo de prata foi levado o coração do grande Bispo ao convento das Irmãs da Visitação em Lyon, e guardado ali como um tesouro.
-Exposto ao público: Uma vez embalsamado, o corpo de Monsenhor Francisco de Sales foi vestido com seus ornamentos episcopais e trasladado num ataúde para seus funerais na igreja da Visitação. Esteve exposto para veneração dos fieis por dois dias.
Quando a notícia chegou a Annecy, tomou a todos por surpresa e depois de um silêncio geral, todos choravam a seu querido bispo.
Imediatamente que chegou seu cadáver a Annecy e foi sepultado, começaram a ocorrer milagres pela intercessão do santo, o que levou a Santa Sede a abrir sua causa de Beatificação em 1626.

¿Que sucedeu no dia que abriram seu túmulo?:
Em 1632 se fez a exumação do cadáver de Francisco de Sales para saber como estava. Abriram seu túmulo os comissionados da Santa Sede acompanhados das monjas da Visitação. Quando levantaram a lápida, apareceu o santo igual que quando vivia. Seu formoso rosto conservava a expressão de um pacifico sono. Lhe tomaram a mão e o braço estava elástico (levava 10 anos de enterrado). Do ataúde saia uma extraordinária e agradável fragrância.
Toda a cidade desfilou ante seu santo Bispo que apenas parecia dormindo. Pela noite quando todos os outros se tinham ido, a Madre de Chantal voltou com suas religiosas a contemplar mais de perto e com mais tranquilidade e atenção o cadáver de seu venerado fundador. Mas por causa da proibição das autoridades não se atreveu a tocar-lhe nem a beijar suas formosas mãos pálidas.
Mas no dia seguinte os enviados da Santa Sede lhe disseram que a proibição para o tocar não era para ela, bênção. Todas as irmãs viram como aquela mão parecia recobrar vida e movendo os dedos, suavemente oprimiu e acariciou a humilde cabeça inclinada de sua discípula preferida e santa.
Ainda hoje, em Annecy, as irmãs da Visitação conservam o véu que naquele dia levava na cabeça a Madre Juana Francisca.
São Francisco foi beatificado pelo Papa Alexandre VII em1661, e o mesmo Papa o canonizou em1665, aos 43 anos de sua morte.
Em 1878 o Papa Pío IX, considerando que os três livros famosos do santo: "As controvérsias" (contra os protestantes); ”A Introdução à Vida Devota" (ou Filotea) e O Tratado do Amor de Deus (ou Teótimo), tanto como a colecção de seus sermões, são verdadeiros tesouros de sabedoria, declarou a São Francisco de Sales "Doutor da Igreja" , sendo chamado "O Doutor da amabilidade".


Oração
Glorioso São Francisco de Sales,
vosso nome transporta a doçura de coração mais aflito;
vossas obras destilam o selecto mel da piedade;
vossa vida foi um contínuo holocausto de amor perfeito
cheio do verdadeiro gosto pelas coisas espirituais,
e de generoso abandono na amorosa divina vontade.
Ensina-me a humildade interior,
a doçura de nosso exterior,
e a imitação de todas as virtudes que hás sabido copiar
dos Corações de Jesus e de Maria. Ámen


A Francisco de Sales se o considera também padroeiro dos surdo mudos
¡Felicidades a quem leve este nome e aos jornalistas!
Consulta também Conhece a um cavalheiro com doçura e amabilidade

Marie (María) Poussepin, Beata
Janeiro 24   -  Fundadora

Marie (María) Poussepin, Beata

Marie (María) Poussepin, Beata

Virgem e Fundadora do
Instituto das Irmãs Dominicanas da Caridade e da Apresentação da Santíssima Virgem Maria

Martirológio Romano: No lugar de Sainville, na região de Chartres, em França, beata María Poussepin, virgem, fundadora do Instituto das Irmãs Dominicanas da Caridade e da Apresentação da Santíssima Virgem Maria, para ajudar aos pastores de almas na formação das jovens e para a assistência de pobres e enfermos.
Marie Poussepin, nasce em 14 de Outubro de 1653 em DOURDAN, povoação próspera, perto de Paris, pertencente à diocese de Chartres. Os pais de Marie, Claude Poussepin e Julienne Fourrier, formam um lar com sólidas convicções cristãs que transmitem a seus filhos. Marie é a mais velha de sete irmãos, todos morreram muito jovens, exceptuando o mais pequeno, Claude. 
A família Poussepin se dedica, igualmente como outras de sua mesma cidade, ao fabrico artesanal de meias de seda. A indústria familiar é florescente e conta com a colaboração de numerosos aprendizes jovens que se formam no ofício.
Em 1684, Marie Poussepin leva a total responsabilidade desta oficina, depois da morte de seus pais. França vive neste momento profundas transformações sociais e económicas. Como mulher de empresa se adapta bem a estas mudanças e sem temor introduz en sua fábrica maquinaria nova, importada de Inglaterra e abandona a seda para tecer com lã. Deste modo Marie se converte em pioneira de uma indústria nova.
Pouco a pouco Marie deixa a direcção do negócio em mãos de seu irmão. Será em 1691 quando Marie Poussepin se desprende de toda responsabilidade empresarial.
Desde muito jovem, quando ainda vivia sua mãe, Marie era membro activo da Confraria da Caridade estabelecida em sua paróquia. Agora, libertada das obrigações comerciais, se pode dedicar mais intensamente às obras de caridade.
Os últimos anos do século XVII, não foram fáceis para estas regiões de França, a fome e as epidemias eram abundantes e aumentava o número de pobres e enfermos.
Em 1692, o P. François Mespolié, dominicano, visita Dourdan. Deste modo Marie Poussepin conhece a ordem dominicana e acha nela uma resposta a seus desejos de uma vida espiritual mais intensa. Compreende que é o caminho que Deus lhe assinala e decide formar parte da Terceira Ordem de Santo Domingo. Este facto marcará logo a Congregação.
A princípios de 1696, Marie Poussepin deixa a cidade industrial de Dourdan e se instala em Sainville, um povo muito pobre e necessitado. Deseja dedicar toda sua atenção aos mais desfavorecidos, especialmente as crianças e os enfermos. 
Cedo se lhe unem um reduzido número de jovens, carentes de meios de subsistência, às que ajuda ensinando-lhes a viver cristãmente e a fazer de sua vida um serviço para os outros. Nasce assim a primeira comunidade de Irmãs Dominicanas, dedicadas ao serviço da caridade. Tomam como exemplo a Virgem Maria na sua Apresentação.
A partir do mesmo ano 1696, Marie Poussepin inicia as gestões legais necessárias para lograr a aprovação oficial da Congregação. Os trâmites são longos e trabalhosos, e não se obtêm até l724.
As constituições da Congregação, que já começou sua expansão por distintas dioceses de França, são autorizadas em 1738 pelo bispo de Chartres. Este facto significa o reconhecimento por parte da Igreja.
Em seu último testamento, Marie Poussepin, recomenda às Irmãs ter um vivo zelo pela instrução da juventude, o cuidado dos pobres enfermos, o espírito de pobreza e o amor ao trabalho.
Na profundidade de sua fé, Marie Poussepin compreende que se acerca a plenitude, 90 anos depois de haver iniciado sua vida, despojada, livre e serena, se entrega à oração e ao silêncio. O Senhor vem buscá-la em 24 de Janeiro de 1744.
Beatificada em 20 de Novembro de 1994 por Sua Santidade João Paulo II

http://es.catholic.net/santoral

Recolha, transcrição e tradução de espanhol para português por António Fonseca

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...