Com a devida vénia, transcrevo do Jornal Diocesano VOZ PORTUCALENSE, o seguinte texto que vem descrito na "Tribuna do Leitor" do referido Jornal editado em 17 de Fevereiro, há precisamente oito dias atrás e de autoria do diácono A. Costa.
E faço-o, simplesmente porque neste preciso momento acabo de ouvir pela enésima vez na Rádio Renascença a música "NINGUÉM É DE NINGUÉM, MESMO QUANDO AMA ALGUÉM" cantada por um cantor muito conhecido e que eu muito aprecio há bastante tempo. De facto, tal como o diácono A. Costa eu já pensei várias vezes no texto dessa música que exprime um conceito que além de não ser verdadeiro é bastante contraditório.
Para se perceber melhor o que quero dizer, permito-me transcrever integralmente o conteúdo da carta:
"Ninguém é de ninguém
"Sentado ao volante do carro, escutando a rádio, num compasso de espera para retomar os meus afazeres depois do almoço, escutei (pela centésima vez?) ninguém é de ninguém, mesmo quando ama alguém.
Uma vibração inexprimível me tomou por dentro perante esta juvenil máxima, vazia de maturidade.
Desliguei o rádio, fechei o carro e corri para o gabinete, onde me encontro, a refletir o tema...
Quando digo vazia de maturidade, apouco-me de alargar o conceito e dizer humanidade.
Então, como posso justificar, à luz desta negação de ser de alguém o nosso comum conceito de pertença que nos leva a dizer: sou teu pai, sou teu filho, sou teu amigo, sou teu vizinho, sou teu irmão, sou teu !
Haverá alguma situação na relação humana em que não nos tenhamos que reconhecer, enquanto seres em relação, como ser do outro ou para o outro, que ao fim e ao cabo conduz ao mesmo sentimento de pertença?
Mais grave, porém, é a afirmação: mesmo quando ama alguém.
Como pode falar-se de amor - "dom" ao outro por zelo do outro, sem o reconhecimento de pertença ao outro por dom gratuito?
Vem-me à lembrança a frase dita vai para 49 anos a completar em 28 do mês de Janeiro. Àquela que, na presença de Maria, em Fátima se oferecia a mim por amor: recebo-te por minha esposa até ...
Como poderei eu sentir-me não pertença quando ela me acolheu do mesmo jeito: recebo-te ...
Somos ou não um do outro, independentemente de qualquer alteração do querer ali manifestado?
Caro cantor, risca do teu reportório esta canção porque na vida, seja a que título for, somos na verdade uns dos outros qualquer coisa... quanto mais não seja: inimigos!"
*********************
Bem sei que isto não chegará decerto ao conhecimento do Cantor referido, nem adiantará alguma coisa, mas estou totalmente de acordo com o que pensa o diácono A. Costa e possivelmente muita gente também o estará.
ANTÓNIO FONSECA
E faço-o, simplesmente porque neste preciso momento acabo de ouvir pela enésima vez na Rádio Renascença a música "NINGUÉM É DE NINGUÉM, MESMO QUANDO AMA ALGUÉM" cantada por um cantor muito conhecido e que eu muito aprecio há bastante tempo. De facto, tal como o diácono A. Costa eu já pensei várias vezes no texto dessa música que exprime um conceito que além de não ser verdadeiro é bastante contraditório.
Para se perceber melhor o que quero dizer, permito-me transcrever integralmente o conteúdo da carta:
"Ninguém é de ninguém
"Sentado ao volante do carro, escutando a rádio, num compasso de espera para retomar os meus afazeres depois do almoço, escutei (pela centésima vez?) ninguém é de ninguém, mesmo quando ama alguém.
Uma vibração inexprimível me tomou por dentro perante esta juvenil máxima, vazia de maturidade.
Desliguei o rádio, fechei o carro e corri para o gabinete, onde me encontro, a refletir o tema...
Quando digo vazia de maturidade, apouco-me de alargar o conceito e dizer humanidade.
Então, como posso justificar, à luz desta negação de ser de alguém o nosso comum conceito de pertença que nos leva a dizer: sou teu pai, sou teu filho, sou teu amigo, sou teu vizinho, sou teu irmão, sou teu !
Haverá alguma situação na relação humana em que não nos tenhamos que reconhecer, enquanto seres em relação, como ser do outro ou para o outro, que ao fim e ao cabo conduz ao mesmo sentimento de pertença?
Mais grave, porém, é a afirmação: mesmo quando ama alguém.
Como pode falar-se de amor - "dom" ao outro por zelo do outro, sem o reconhecimento de pertença ao outro por dom gratuito?
Vem-me à lembrança a frase dita vai para 49 anos a completar em 28 do mês de Janeiro. Àquela que, na presença de Maria, em Fátima se oferecia a mim por amor: recebo-te por minha esposa até ...
Como poderei eu sentir-me não pertença quando ela me acolheu do mesmo jeito: recebo-te ...
Somos ou não um do outro, independentemente de qualquer alteração do querer ali manifestado?
Caro cantor, risca do teu reportório esta canção porque na vida, seja a que título for, somos na verdade uns dos outros qualquer coisa... quanto mais não seja: inimigos!"
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Bem sei que isto não chegará decerto ao conhecimento do Cantor referido, nem adiantará alguma coisa, mas estou totalmente de acordo com o que pensa o diácono A. Costa e possivelmente muita gente também o estará.
ANTÓNIO FONSECA
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