In.//AGÊNCIA ECCLESIA
Tragédias humanas não são castigo de Deus
Papa visita paróquia de Roma e deixa apelos para a vivência da Quaresma
Lusa
Bento XVI visitou este Domingo a paróquia romana de São João da Cruz, num dia em que repetiu apelos para não se considerar as tragédias humanas como um castigo divino.
Tanto na homilia da Missa a que presidiu de manhã como na alocução do meio-dia, da janela dos seus aposentos, antes do Angelus, Bento XVI comentou uma passagem do Evangelho, em que Jesus se vê interpelado sobre a morte de várias pessoas em circunstâncias trágicas.
“Perante a apressada conclusão de considerar o mal como efeito da punição divina, Jesus restitui a verdadeira imagem de Deus que é bom e não pode querer o mal, advertindo sobre a tendência a pensar que as desgraças são o efeito imediato de culpas pessoas daqueles a quem acontecem”, disse Bento XVI
O Papa frisou que Jesus convida a fazer uma diferente “leitura” desses factos, colocando-os na perspectiva da conversão: “as desventuras, os acontecimentos funestos, não devem suscitar em nós curiosidade ou a busca de alegados culpados, mas devem antes constituir ocasiões para reflectir, para vencer a ilusão de poder viver sem Deus, e para reforçar, com a ajuda do Senhor, o empenho de mudar de vida”.
“Perante o pecado, Deus revela-se cheio de misericórdia e não cessa de chamar de novo os pecadores a evitarem o mal, a crescerem no seu amor e a ajudarem concretamente o pobre desamparado, para viverem a alegria da graça. Mas a possibilidade de conversão exige que aprendamos a ler os factos da vida na perspectiva da fé, isto é, animados pelo santo temor de Deus”, prosseguiu.
Bento XVI assinalou que “perante sofrimentos e lutos, é autêntica sabedoria deixar-se interpelar pela precariedade da existência e ler a história humana com os olhos de Deus, o qual, querendo sempre e só o bem dos seus filhos, por um desígnio imperscrutável do seu amor, por vezes permite que sejam provados pelo sofrimento para os conduzir a um bem maior”.
Antes de falar com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa deslocara-se à paróquia de São João da Cruz – situada na Colina Salário, na zona norte de Roma-, para aí presidir à celebração da Missa dominical. Trata-se de um bairro novo, criado há 25 anos. A paróquia existe desde 1989, utilizando nos primeiros 12 anos instalações provisórias, precárias, até à inauguração da actual igreja, em 2001.
Também neste local, Bento XVI sublinhou a atitude da multidão que interpreta as desgraças ocorridas como punição divina pelos pecados cometidos, considerando-se ao abrigo daqueles incidentes.
“É precisamente o fechar-se ao Senhor, o não percorrer o caminho da conversão de si próprio, o que leva à morte, à morte da alma. Na Quaresma, cada um de nós é convidado por Deus a imprimir uma viragem à sua existência, pensando e vivendo segundo o Evangelho, corrigindo alguma coisa no próprio modo de rezar, de agir, de trabalhar e nas relações com os outros”, apontou.
O Papa encorajou os membros da paróquia de São João da Cruz a “edificarem cada vez mais a Igreja de pedras vivas que sois vós”. Referindo o facto da paróquia se ter mostrado “aberta, desde o início, aos Movimentos e às novas Comunidades eclesiais, maturando assim mais ampla consciência de Igreja e experimentando novas formas de evangelização”, Bento XVI exortou a “prosseguir nesta direcção”, envolvendo porém “todas estas realidades num projecto pastoral unitário”.
Congratulando-se ainda com a promoção da corresponsabilidade de todos os membros do Povo de Deus (sempre no respeito da especificidade das vocações e da papel dos consagrados e dos leigos), o Papa recordou que “tal exige uma mudança de mentalidade, sobretudo em relação aos leigos, passando do considerá-los colaboradores do clero a reconhecê-los realmente como co-responsáveis do ser e do agir da Igreja, favorecendo assim a promoção de um laicado adulto e empenhado”.
Numa das últimas intervenções do seu dia, Bento XVI falou aos peregrinos portugueses presentes desta vez na Praça de São Pedro: “Saúdo cordialmente a todos os peregrinos de língua portuguesa, de modo particular aos fiéis paroquianos de Santo António de Nova Oeiras, no Patriarcado de Lisboa, desejando que esta vinda a Roma vos confirme na fé e na necessidade de a transmitir aos outros, porque é dando a fé que ela se fortalece. A Santíssima Virgem guie maternalmente os vossos passos. Acompanho estes votos, com a minha Bênção Apostólica”.
(Com Rádio Vaticano)
Internacional | Agência Ecclesia | 2010-03-07 | 15:07:20 | 14334 Caracteres | Apostolado do Mar
Recolha e transcrição através do Boletim da Agência Ecclesia, que me foi enviado por http://ecclesia.pt
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