sábado, 14 de agosto de 2010

Nº 1097 - ESPECIAL - Batalha de Aljubarrota – 620 anos

620 anos -

14 de AGOSTO de 1385  -  14 de AGOSTO DE 2010

Batalha de Aljubarrota

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Completam-se hoje 620 anos que se travou em Aljubarrota (lugar de passagem obrigatória do exército de Castela, junto à estrada para Lisboa, entre Leiria e Alcobaça) o maior facto decisivo na história nacional de Portugal, relativamente a Castela (hoje Espanha). Da obra História de Portugal compilada por José Hermano Saraiva, ouso mencionar alguns excertos do relato desta batalha, para recordar o épico acontecimento, que ficou gravado para sempre na nossa História:

«… No Norte do País, D. João I e Nuno Álvares Pereira (condestável do reino) reduziam uma a uma as vilas do partido adversário: Neiva, Viana, Guimarães, Braga, Ponte de Lima. O rei de Castela (D. João, também) iniciava entretanto a invasão pela fronteira da Beira. Desceu o vale do Mondego, passou junto de Coimbra, onde não o deixaram entrar e encaminhou-se para Lisboa, pela estrada de Leiria e Alcobaça. Acompanhavam-no tropas muito numerosas… cada autor representa números diferentesFernão Lopes refere-se a 5 000 lanças (20 000 homens), mais 2 000 ginetes (cavalaria ligeira), 8 000 besteiros e 15 000 peões. Froissart fala em 20 000 cavaleiros mais 2 000 franceses. Os portugueses seriam para o nosso cronista, 1 700 lanças, 800 besteiros e 4 000 peões. Froissart indica 10 000 homensNuno Álvares Pereira decidiu (como já o fizera anteriormente) interceptar a marcha do invasor, evitando que cercassem Lisboa. Colocou então as tropas no citado lugar de Aljubarrota, temerariamente porquanto as tropas portuguesas não dispunham de víveres e não podiam manter-se muitas horas naquela posição, pois bastaria que os castelhanos se limitassem a deixar passar o tempo para que os nossos fossem forçados a retirar, o que representaria a derrota. Um embaixador do rei de França percebeu a situação e alertou D. João de Castela, mas os fogosos jovens da vanguarda do exército real, entenderam que não era uma solução honrosa e reincidiram no erro dos Atoleiros e Trancoso (batalhas também por estes perdidas…); subestimaram o valor da peonagem mal armada, muralha de lanças coladas à terra, com os cotos de lança cravados no solo».

«O Condestável tinha escolhido um terreno em que a superioridade numérica pouco ajudaria os castelhanos: uma pequena planície aparente, mas realmente cortada por dois barrancos, sulcos de ribeiros, que se iam aproximando um  do outro e que eram suficientemente fundos para provocarem a queda de cavalos e cavaleiros. À medida que avançavam, os cavaleiros apertavam-se uns contra os outros e não podiam estacar, porque os que vinham atrás empurravam-nos. “Os peões e lanceiros de Portugal eram muitos e atiravam muitos dardos, setas e pedras, de modo que os cavaleiros não puderam entrar neles”, escreveu o cronista Ayala… que participou na batalha e foi feito prisioneiro… Antes de poderem terçar armas, os cavaleiros de Castela eram alvo das pedradas dos fundibulários que Nuno Álvares Pereira trouxera do Alentejo, dos tiros dos besteiros portugueses e do rápido golpe dos archeiros chegados de Inglaterra e cujo número seria de cerca de 700. A situação invertia-se: a batalha transformava-se num massacre, mas os massacrados eram os castelhanos. Com bravura insistiram durante meia hora – informa Ayala… - mas é essa insistência que explica o número de mortos, extremamente elevado para um embate tão rápido. A lista dos grandes fidalgos espanhóis (e portugueses que com eles vinham…) que morreram na batalha é surpreendentemente alta e revela provavelmente que morreram os que, dada a proeminência das suas posições sociais, cavalgavam nas filas dianteiras. Por outro lado, a tradicional cortesia cavalheiresca, que muitas vezes convertia os combates em espectaculares torneios em que só acidentalmente se perdia a vida, não funcionou em Aljubarrota. Nem os temidos frecheiros ingleses nem os soldados alentejanos que acompanhavam Nuno Álvares Pereira tinham sido educados nessa escola. A luta era para eles de vida ou de morte».

«O rei de Castela, a coberto da noite, atingiu Santarém e aí tomou uma embarcação que o trouxe ao estuário do Tejo, onde uma nau castelhana o recolheu e levou a Sevilha. O pânico apoderou-se dos seus partidários. Santarém entregou-se imediatamente ao novo rei; Leiria, Óbidos, Torres Vedras, Alenquer, Torres Novas, o “muito alto e fragoso castelo de Sintra”, o Crato, Monforte, Vila Viçosa, Mourão e muitos outros lugares, cujos alcaides, diz Fernão Lopes, “não quiseram vir à batalha, mas aguardavam para ver quem venceria”, aderiram à causa vitoriosa. Alguns meses mais tarde, o rei passou revista às suas tropas no lugar da Ribeira da Vacariça, região de Braga. Contou 4 500 lanças, o triplo das que reunira em Aljubarrota. O cronista descreve , com subtil ironia, que todos tinham para exibir cicatrizes das feridas recebidas na luta. Uma grande parte estava armada com os despojos recolhidos em Aljubarrota.!!!»

E mais não digo – ou melhor… não transcrevo… - pois não é necessário, dado que tudo isto faz parte da História de Portugal e da História de Espanha - “queiramos ou não queiramos"…”

Os meus cumprimentos. António Fonseca

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