domingo, 15 de agosto de 2010

Nº 1098 - (Especial) - NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

 

 

Assunção de Nossa Senhora

Agosto 15


 Asunción de Nuestra Señora

Assunção de Nuestra Señora

Solenidade

"María, levanta-te, trago-te este ramo de uma árvore do paraíso, para que quando morras o levem adiante de teu corpo, porque venho a anunciar-te que teu Filho te aguarda".


A morte da Virgem Maria chama-se dormição, porque foi sonho de amor. Não foi triste nem dolorosa; foi o cumprimento dum desejo. Ela não tinha pecado e não tinha por que temer. Não era a morte para ela porta escura, por que tivesse forçosamente de passar, túnel estreito cuja saída se desconhece, mas sim arco de triunfo, janela florida a comunicar com o Oriente, iluminada pela luz da aurora, pelos raios do sol eterno, do dia que não tem ocaso. Pomba mensageira que volta ao seu pombal, a Virgem entrava verdadeiramente em sua casa. Num ósculo de amor entregava a alma ao Filho querido. Na terra tinha aberto os braços para conduzir Jesus Menino; agora, no umbral do céu, Jesus, Juiz, abre os seus para receber a Mãe.  Depois da Ascensão, a Virgem Santíssima aparece com os Apóstolos no Cenáculo. A tradição mais autorizada continua a fala-nos de Jerusalém como residência nos seus últimos anos de vida. A viagem para Éfeso não merece qualquer crédito, pois não apresenta testemunhos a seu favor. Todos os Santos Padres, que insistem nas glórias de Éfeso, calam que lá tenha vivido Maria. S. João, que a acompanhou como filho, figura entre as colunas da Igreja de Jerusalém até ao primeiro Concílio apostólico do ano 48 ou 50. A vida da Virgem Maria depois da Ascensão de Jesus não pôde, por outro lado, durar muito. A dor da mais atribulada das mães teve de deixar vestígios profundíssimos. Devia ela ter uns 50 anos quando Jesus foi para o Céu. Tinha sofrido muito: as dúvidas do seu Esposo, o abandono e pobreza de Belém, o desterro do Egipto, os temores de Arquelau, a vida calada e laboriosa de Nazaré, a perda prematura do Filho, a separação no princípio do ministério público, o ódio, a perseguição de escribas e fariseus, a Paixão, o Calvário, a morte do Filho e a própria soledade. Com a Ascensão começou novo género de tormento, próprio de todos os que amam: a separação, o apartamento e a saudade da Pessoa amada. Maria Santíssima pôde sobreviver uns dez doze anos a seu Filho, mas muito provavelmente não os ultrapassou, porque estava doente de amor, como se estivessem escritas para Ela as palavras do Cântico dos Cânticos: «Conjuro-vos, filhas de Jerusalém, que, se encontrardes o meu Amigo, lhe digais que desfaleço de amor». S. Bernardo e S. Francisco de Sales estavam convencidos de a Virgem Maria ter morrido de amor: «É impossível imaginar que a verdadeira Mãe natural do Filho tenha morrido doutra morte; a morte mais nobre de todas é devida, por conseguinte, à mais nobre vida que jamais houve entre as criaturas; morte que mesmo os anjos desejariam apreciar, se fossem capazes de morrer». É probabilissima, e hoje bastante comum, a crença de a Santíssima Virgem ter morrido antes que se realizasse a dispersão dos Apóstolos e a perseguição de Herodes Agripa, no ano 42 ou 44. Teria então uns 60 anos de idade. Quanta virtude e mérito tinha acumulado a Imaculada Mãe de Deus! No tempo da sega é quando está mais fragrante o prado. Embora a Sagrada Escritura nada diga, a crença universal da Igreja é que a Virgem morreu, como tinha morrido também o seu Filho. A tradição antiga, tanto escrita como arqueológica, localiza a sua morte no Monte Sião, na mesma casa em que seu Filho celebrara os mistérios da Eucaristia e, em seguida, tinha descido o Espírito Santo sobre os Apóstolos. Já em época antiquíssima se chamou àquela primeira Igreja «Santa Maria do Monte Sião». E hoje, sobre parte da área que a Basílica Constantinopolitana ocupou, levanta-se «a igreja da Dormição», magnifica rotunda de estilo gótico, consagrada em 1910, cujas pontiagudas torres se descobrem de todos os ângulos de Jerusalém. O som alegre dos sinos enche várias vezes por dia a atmosfera da Cidade Santa, sobretudo nas festas de Nossa Senhora. A memória do trânsito de Maria no Monte Sião quase se sobrepôs a todas as recordações cristãs para o seu último descanso na terra. Assim, vê-se rodeado de vários cemitérios: católico, grego, arménio e protestante anglicano.  Os Apóstolos que estavam em Jerusalém, e todos ou grande número de fiéis, acompanharam o cadáver da Mãe de Deus até ao vale de Josafat, perto do jardim do Getsámani, no flanco seco do Cedrão, onde tinham preparado a sepultura. Lá se vê hoje um deteriorado frontispício de igreja, ogival, cuja porta leva, depois de enorme escadaria, até ao fundo duma caverna tenebrosa. À medida que o devoto peregrino vai descendo, parece brotar de baixo para cima o sussurro de orações e a fumarada de incenso. No mais fundo notam-se restos duma cripta com as paredes cobertas de grosseira vegetação. À mão direita, para Oriente, um nicho protege um grande banco de pedra, iluminado com muitas lâmpadas de cores variadas. Aqui, segundo a velha tradição, descansou o corpo da Mãe de Deus. Mas sobre este sepulcro pode-se hoje colocar a velha inscrição que o anjo deu para o de Jesus: «Ressuscitou, não está aqui». Esta é a fé universal na Igreja desde tempos remotíssimos. A Virgem Maria ressuscitou, como o seu Filho. A sua alma imortal uniu-se ao corpo , antes de a corrupção tocar naquela carne virginal,  que não se vira nunca manchada pelo hálito de nenhum pecado. Ressuscitou a Virgem Santíssima, como ressuscitara Jesus, mas não ficou na terra. Imediatamente foi levantada ou tomada pelos anjos e colocada no palácio real da glória. Não subiu aos céus, como fez Jesus, com a sua própria virtude e poder, mas foi erguida por graça e privilégio, que Deus lhe concedeu como a Virgem antes do parto, no parto e depois do parto, como a Mãe de Deus. Por meio da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, definiu Pio XII esta doutrina como dogma de fé.

Neste documento da maior autoridade, referiu-se às relações entre a Imaculada Conceição e a Assunção, às petições recebidas para a definição dogmática, à consulta por ele dirigida ao Episcopado, à doutrina concorde do Magistério da Igreja, e a tratar-se de verdade revelada por Deus. Resumiu brevemente os testemunhos de crença na Assunção, a devoção dos fiéis ao mesmo mistério, o testemunho da Liturgia, a celebração da festa pelos fiéis, e depois o testemunho dos Santos Padres, o dos teólogos escolásticos desde os primórdios, passando pelo período áureo e atingindo a escolástica posterior e os tempos modernos. Em seguida, ponderou o fundamento escrituristico da definição e a oportunidade da mesma, para, em último lugar, a exprimir deste modo:

Pelo quê, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a luz do  Espírito da Verdade para glória de Deus omnipotente, que à Virgem Maria concedeu a sua especial benevolência; para honra de seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte; para aumento da glória da sua augusta Mãe; e para gozo e júbilo de toda a Igreja – com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que:

A IMACULADA MÃE DE DEUS, A SEMPRE VIRGEM MARIA,

TERMINADO O CURSO DA VIDA TERRESTRE FOI ASSUNTA EM CORPO E ALMA À GLÓRIA CELESTIAL.

Pelo quê, se alguém, o que Deus não permita, ousar voluntariamente negar ou pôr em dúvida esta Nossa definição, saiba que naufraga na fé divina e católica. Para que chegue ao conhecimento de toda a Igreja esta Nossa definição da Assunção corpórea da Virgem Maria ao Céu, queremos que se conservem estas letras para perpétua memória; mandamos também que aos seus transuntos ou cópias, mesmo impressas, desde que sejam subscritas pela mão de algum notário público, e munidas com o selo de alguma pessoa constituída em dignidade eclesiástica, se lhes dê o mesmo crédito que às presentes se fossem apresentadas e mostradas.A ninguém pois seja lícito infringir esta nossa declaração, proclamação e definição, ou temerariamente opor-se-lhe e contrariá-la. Se alguém presumir intentá-lo, saiba que incorre na indignação de Deus Omnipotente e dos Bem-Aventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo.

Dada em Roma, junto de S. Pedro , no ano do Jubileu maior, mil novecentos e cinquenta, no dia primeiro de Novembro , festa de Todos os Santos, no ano duodécimo do Nosso Pontificado.

 

EU PIO

Bispo da Igreja Católica,

assim definido subscrevi.

 Esta transcrição foi feita através do texto no livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas.ptPor favor veja-se também sites de www.santiebeati.it e, ainda www.es.catholic.net/santoral, além dos que se seguem:

- S.S. Pío XII, Constitución Apostólica Ad caeli reginam, sobre la realeza de María, 11/10/1954.
- S.S. Pablo VI, Exhortación Apostólica Marialis cultus, sobre el culto y la devoción a la Virgen María, 02/02/1974.
- S.S. Juan Pablo II, Carta encíclica Redemptoris Mater, sobre la Madre del Redentor, 25/04/1987.
- S.S. Juan Pablo II, La Asunción de María, verdad de fe, Catequesis en la audiencia general, 02/07/1997.
- Fray Luis de León, Poesías a Nuestra Señora

 

António Fonseca

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