Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso - Porto
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“ACERCA DA DIACONIA EM FAVOR DOS SANTOS”
Graças a Deus, a comunhão ecuménica tem vindo a vencer as fronteiras, não só entre Igrejas locais ou nacionais, como até as que dividem diferentes confissões cristãs.
É bem possível que haja nisso uma influência de Paulo, designadamente com a colecta que promoveu entre as suas comunidades em favor de Jerusalém. Começou por um pedido feito na reunião apostólica, no ano de 48, quando a Palestina passava por graves carências materiais: Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres – o que procurei fazer com o maior empenho (Gl 2, 10). Uma prova disso é a frequência e, sobretudo, o modo como dela fala em 1 Cor 16, 1-4; 2 Cor 8-9: Rm 15, 25-31. Veja-se como ele a enraíza no conteúdo do Evangelho e na vida da Igreja.
Talvez o melhor texto seja o de 2 Cor 9, escrito depois do duro conflito que o separara da comunidade e levara à interrupção da colecta. Para a reatar, envia Tito e mais dois delegados, portadores da carta.
2 Cor 9
De facto, acerca da diaconia em favor dos santos, é supérfluo para mim que vos escreva, pois conheço a vossa prontidão de que me glorio, a vosso respeito, junto dos Macedónios: A Acaia está preparada desde o ano passado. E o vosso zelo estimulou a maioria. Todavia enviei-vos os irmãos, para que a nossa glória a vosso respeito não tenha sido em vão neste ponto e assim, como dizia, estejais preparados. Não aconteça que, indo comigo os Macedónios e não vos encontrando preparados, fiquemos envergonhados nós, para não dizer vós, com este projecto. Julguei, pois, necessário pedir aos irmãos que se adiantassem a ir ter convosco e organizassem de antemão a vossa bênção antes prometida, para que esta esteja pronta como bênção e não como avareza.
Isto, porém, vos digo: “Quem semeia pouco, pouco também colherá”; e quem semeia com benção, com benção também colherá. Cada um dê conforme de antemão decidiu no coração, sem tristeza nem constrangimento, pois “Deus ama quem dá alegremente”. E Deus tem poder para vos cumular de toda a espécie de graças, para que, tendo em tudo e sempre todo o necessário, ainda vos sobre para toda a espécie de boas obras. Como está escrito: “Distribuiu, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre.” Aquele que forneceu “a semente ao semeador e o pão para alimento”, aumentará e multiplicará a vossa semente e fará crescer “os frutos da vossa justiça.”
Em tudo sereis enriquecidos para toda a espécie de generosidade, a qual suscitará por meio de nós a acção de Graças a Deus. Porque a diaconia desta liturgia não vai apenas prover à necessidade dos santos, mas tornar-se também abundante fonte de muitas acções de graças a Deus. através das provas dadas por esta diaconia, glorificarão a Deus pela obediência que professais para com o Evangelho de Cristo e pela generosidade da comunhão para com eles e para com todos. E, na sua oração por vós, mostrarão quanto anseiam por ver-vos, devido à superabundante graça que Deus vos concedeu. Graças a Deus pelo seu inefável dom!
À excepção de 1 Cor 16, 1, Paulo, em vez de colecta, usa os termos de diaconia, liturgia, comunhão, graça, bênção. Com isto indica já a atitude por que devem reger-se, neste caso, os cristãos da Macedónia e da Acaia, e é sintetizada no final do v. 5. É para isto que ele, antes de ir pessoalmente fazer a recolha final, envia os irmãos já recomendados (8, 16, 24): para que a vossa bênção antes prometida (...) esteja pronta como bênção e não como avareza. Se avarento é quem se apega aos próprios bens, então da bênção faz parte a gratuidade e generosidade de quem é movido pela graça. Na prática, é a mesma coisa, vista de ângulos diferentes: graça, da parte de quem dá; bênção, de quem a recebe. Mas como é a graça que provoca a bêndição, também a graça é uma benção e vice-versa.
Paulo apresenta a colecta, primeiro na sua origem, como graça (vv. 6-10) e, depois no seu efeito, como bênção (vv. 11-14):
1. Da parte dos benfeitores, a colecta é uma graça que se torna bênção (vv. 6-10), na medida em que corresponde a dois requisitos da Escritura. O primeiro, a generosidade, apoia-se em Pr 11, 24 (v. 6) e 28, 8 (v. 7). Quem muito semeia, dando sem tristeza nem constrangimento, mas conforme lhe dita o coração, esse será abençoado por Deus, que ama quem dá alegremente. Mas não se esqueça que é Deus, com o seu amor, quem move o coração humano para a liberalidade. Esta é já um efeito da sua graça. Mais: só Ele tem poder para cumular de toda a espécie de graça; a que proporciona a cada um todo o necessário para viver e até sobra para toda a espécie de boas obras (v. 8). É que a generosidade pode ser interesseira ... e, como tal, limitada.
Daí o segundo requisito: acolher os dons de Deus como graça. Aqui, Paulo apoia-se no Sl 112, 9, que cita (v. 9), e em Is 55, 10 e Os 10, 12, a que alude (v. 10). É Deus, no seu amor aos pobres e na sua infinita providência para com as nossas necessidades, quem faz com que a sua justiça sem limites produza frutos igualmente ilimitados naqueles que dela vivem. E como se adquire e manifesta esta justiça?
Para isso, Paulo recorre à imagem da agricultura, já usada a propósito da sementeira do Evangelho do qual nasceu a comunidade (1 Cor 3, 5-9). Uma missão a que ele se entregou como diácono, ao serviço de Deus e daqueles a quem, como embaixador de Cristo, levou a palavra da reconciliação (2 Cor 5, 17-19). Por isso chama diaconia à colecta. A mesma graça da reconciliação, pela qual foi feito diácono, actua, com idêntica abundância, nos cristãos que dela vivem, trasbordando deles para aqueles com os quais partilham os seus bens. E como reagem estes ?
2. Da parte dos beneficiários, a colecta é uma bênção provocada pela graça, porque, além de os socorrer materialmente, se torna neles abundante fonte de muitas acções de graças a Deus (v. 11s); agradecem-lhe a obediência da fé com que os benfeitores acolheram o Evangelho, e agradecem-lhe a comunhão que criou entre os que dele vivem e se exprime na colecta (v. 13). É, pois, esta multiforme graça de Deus o motivo da eucaristia, na qual a colecta é uma liturgia. Em que sentido?
Paulo sugere, em 1 Cor 16, 2, que as ofertas se recolham, em casa de cada um, no primeiro dia da semana, em que celebram a Ceia do Senhor (11, 17-34). Embora feitas fora da celebração, são parte dela; é a comunhão do corpo de Cristo, entregue por nós, que nos leva a oferecer os nossos corpos pela vida dos outros. Uma oferta que faz dos beneficiários benfeitores, numa cadeia interminável que mostra quão superabundante é a graça de Deus (v. 14).
Ainda hoje, na Eucaristia, a mesa da palavra (vv. 6-10) conduz à mesa eucarística (vv. 11-15). E quando esta se prolonga num dom da vida, com a dimensão ecuménica própria de Cristo, então bem podemos exclamar: Graças a Deus pelo seu inefável dom!
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA
António Fonseca
CAROS AMIGOS. SÃO JANUÁRIO, TRÓFIMO, ELIAS, EUSTOQUIO, SENA, MARIANO, GOERICO, TEODORO, POMPOSA, LAMBERTO, CIRIACO, ARNOLFO, MARIA DE CERVELLÓ, AFONSO DE OROZCO, CARLOS HYON SON-MUN, MARIA GUILHERMINA EMILIA DE RODAT, JACINTO HOYEULOS GONZALEZ, FRANCISCA CUALLADÓ BAIXAULI, MARIA DE JESUS LA ILGLESIA Y DE VAVO, 985,157 VISUALIZAÇÕES. Obrigado. Porto 19 de setembro de 2024. ANTONIO FONSECA
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