domingo, 28 de novembro de 2010

1º Domingo do Advento–28 de Novembro de 2010–Ciclo A

Do livro La Religión de JESÚS, da autoria de José Mª Castillo (Editorial de Desclée De Brouver),

 www.edesclee.com e com a devida vénia, permito-me transcrever (e traduzir para Português) o comentário ao Evangelho diário do CICLO A (2010-2011) – Domingos, dias de Festa Santificados, etc., para este blogue pessoal.

28 de Novembro – Domingo – 1º Domingo do Advento

Mt 24, 37-44

Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: “Quando vier o Filho do Homem passará como no tempo de Noé. Antes do dilúvio as pessoas comiam e bebiam e se casavam, até ao dia em que Noé entrou na arca; e quando menos o esperavam chegou o dilúvio e os levou a todos; o mesmo sucederá quando vier o Filho do Homem: Dois homens estarão no campo, a um levarão e ao outro o deixarão; duas mulheres estarão moendo; uma será levada e a outra deixada. Portanto estejam velando, porque não sabeis em que dia virá vosso Senhor. Compreendei que se o dono da casa soubesse a que hora da noite vem o ladrão, estaria velando e não deixaria abrir um buraco na sua casa. Por isso estai também vós preparados, porque à hora em que menos penseis virá o Filho do Homem”.

1. Não é possível saber com segurança se Jesus pronunciou estas palavras que nos recorda este Evangelho. E muito menos ainda poderemos saber se Jesus disse estas coisas tal como aqui ficaram escritas. Em todo o caso, o que não se pode admitir é que Jesus falasse em tom de ameaça. Pelo que contam os evangelhos, Jesus não passou pela vida ameaçando as pessoas. Não era essa a sua mentalidade. Nem era esse o seu estilo. Este texto se redigiu de forma que dá pé para entender a vinda de Jesus como um dilúvio devastador. Ou (o que repugna mais) como um ladrão que chega a uma casa, à noite e com maldade, para roubar. Jesus não se pode comparar nem com uma catástrofe, nem com um bandido. Sugerir isso de Jesus é quase como uma blasfémia.

2. Segundo o mesmo Evangelho de Mateus, Jesus pediu a seus discípulos que estivessem vigilantes, que não se deixassem dominar pelo sono. Isso é o que lhes disse na noite trágica da sua Paixão, quando orava no Horto de Getsémani: “Mantei-vos despertados comigo” (Mt 26, 38.40.41). Estar vigilantes com Jesus não é viver assustado, temerosos ante uma provável desgraça  ou esperando que venha um ladrão. O que vê assim a Jesus não crê em Jesus. Crê num ser perigoso e ameaçador, que pode arruinar a qualquer um para sempre. Jesus não trouxe uma mensagem de terror, mas sim uma “boa nova” de ilusão, paz e esperança. Tal é o sentido do Advento.

3. Viver vigilantes com Jesus é estar na mesma disposição que o próprio Jesus pediam aos que o acompanhavam na noite da sua paixão. É viver com tal honradez, no sítio e no trabalho em que esteja, que se vive na disposição constante de que faço o que tenho de fazer, e digo o que tenho que dizer, ainda que isso represente para mim uma séria ameaça, um perigo que pode chegar a ser mortal. Jesus não mete medo, propõe-nos um projeto de responsabilidade ante a tarefa que cada um tem que levar adiante na vida.

António Fonseca

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