Senhores periodistas: o Papa NÃO justificou o uso do preservativo
Para que o Papa pudesse aprovar o uso do preservativo, teria primeiro que anular mediante um decreto magisterial (e não numa entrevista coloquial) a Humanae Vitae, a Casti Connubi, a Evangelium Vitae, o Catecismo da Igreja Católica e todo ele.Autor: Lucrécia Rego de Planas | Fuente: Catholic.net
Grande discussão se desencadeou nos meios de comunicação, pelos jornalistas (sempre ávidos de escândalo), devido a um muito desafortunado artigo publicado em L´Osservatore Romano, que violando o período de embargo estabelecido pelos editores, apresentou alguns parágrafos descontextualizados do novo “livro-entrevista” de Bento XVI intitulado “A luz do mundo” realizado pelo jornalista alemão Peter Seewald e que sairá à luz no próximo dia 23 de novembro (amanhã mesmo…).O que desencadeou o escândalo foi uma parte tirada de contexto da resposta que deu o Santo Padre a Seewald, ante a pergunta acerca do uso de preservativo na luta contra a SIDA.
O parágrafo publicado por L´Osservatore Romano diz assim:
Pode haver casos justificados singulares, por exemplo, quando uma prostituta utiliza um preservativo, e este pode ser o primeiro passo para uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver de novo a consciência sobre o facto de que nem tudo está permitido e de que não se pode fazer tudo o que se quer. Sem embargo, este não é o verdadeiro modo para vencer a infeção do VIH. É verdadeiramente necessária uma humanização da sexualidade.
Destas palavras do Papa, os meios de comunicação em redor do mundo não tardaram em redigir grandes títulos que diziam, com umas ou outras palavras, que o Papa havia aprovado o uso do preservativo.
O principal que há que rever é a tradução para espanhol do que realmente respondeu o Papa em alemão à pergunta de Seewald.
No texto original, em alemão, o Papa fala de "männliche Prostituierte" que significa “prostituto” (e não prostituta) e vale apena pontualizar que o Santo Padre está falando do preservativo como ferramenta contra a SIDA e não do preservativo como ferramenta de anticoncepção.
Misteriosamente o termo "männliche Prostituierte" conserva o género masculino na tradução em inglês, onde se fala de "male prostitute", mas muda-se de maneira arbitrária ao feminino nas traduções para espanhol, italiano e francês. Ignoro se o erro é de L´Osservatore ou das editoriais que publicaram o livro, mas creio que terão que o modificar.
O que disse o Papa, se tomamos suas palavras originais em alemão, é simplesmente que se um prostituto homossexual utiliza um preservativo (com o objetivo único de não contagiar nem se contagiar de SIDA), isto pode ser sinal de um início de moralização, de que o homem se está dando conta (em seu interior) de que não pode fazer com o sexo o que lhe venha à vontade.
L´Osservatore Romano não publica a seguinte pergunta-resposta, na qual o Papa aclara que a Igreja jamais poderá aprovar o uso do preservativo como algo moral.
Seewald: ¿Quer dizer, então, que a Igreja Católica na realidade não se opõe em princípio à utilização dos preservativos? Bento XVI: Ela [a Igreja], por suposto, não o considera como uma solução real ou moral, mas, neste ou outro caso, pode haver, sem embargo, a intenção de reduzir o risco de infecção, como um primeiro passo para uma forma distinta e mais humana de viver a sexualidade.
Não quero pensar que haja sido uma omissão voluntária de L´Osservatore Romano. Note-se, porém, que é tão ridículo o que têm publicado os mídia, pelo simples facto de que não tomam em conta que
Para que o Papa pudesse aprovar o uso do preservativo, teria primeiro que anular mediante um decreto magisterial (e não numa entrevista coloquial) a Humanae Vitae, a Casti Connubi, a Evangelium Vitae, o Catecismo da Igreja Católica e todo o magistério anterior que fala sobre moral conjugal.
Enfim, senhores jornalistas, o Papa NÃO justificou o uso do preservativo, nem para as prostitutas nem para ninguém.
Lucrécia Rego de Planas
lplanas@catholic.net
lplanas@catholic.net
Traduzido do espanhol para português (e retocado em certas palavras – para que se torne mais compreensível o texto) através do e-mail que me foi enviado por Lucrécia Rego de Planas lplanas@catholic.net
António Fonseca
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