sábado, 21 de setembro de 2013

Nº 1759-5 - IN MEMORIAM do Pde Mário Salgueirinho - 21 de Setembro de 2013

Nº 1759-5
(Post para publicação em 21 de Setembro de 2013 – 10,30 h).
(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)
Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.
Que descanse em paz com as honras do Senhor.
18\06\1927 - 29\10\2011

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Do livro “Caminhos da Felicidade”
ALGUNS ANÕES
Liguei há dias o televisor e verifiquei que tinha interesse o programa que acabava de começar. Iam ser entrevistados alguns anões.
Entrou primeiramente uma jovem anã, muito simpática, pequeníssima na estatura, mas de cérebro desenvolvido. Vencendo milhentos obstáculos, conseguira licenciar-se em psicologia. Estagiara com idosos e autistas, mas não conseguia emprego.
Houve uma resposta quer me emocionou.
- Que mais lhe custou nesse seu difícil caminho?
Ela respondeu sorridente - o que mais me custou foi ver as outras crianças da minha idade crescerem e eu ficar parada na minha pequena estatura.
Pensei então no sofrimento daquela moça. Mas tive presente, naquela hora, outro drama: o sofrimento de tanta criança e de tanto adolescente, por esse país e por esse mundo fora, que desejem crescer: que vêem os outros da mesma escola, da mesma terra, subir, mas eles não podem, porque têm de trabalhar para a família  para os irmãos mais novos, e não  podem continuar a estudar para tirar um curso, para se reorganizarem.
Quantas crianças inteligentes, ricas de talentos  que não sobem porque têm as asas amarradas pelas dificuldades económicas; sem dinheiro para alojamento, para alimentação, livros e demais despesas.
Enquanto outros sobem na escala social, outros ficam, no patamar limitativo das carências. E quantos valores perdidos!
Pensei nesse mundo humano, de alguma formas sofredor  constituído pelos anões, que nem toda a gente sabe respeitar e reconhecer o seu valor intelectual e moral, como aquelas mocinhas que apareceram no referido programa.
Mas não podemos esquecer, para ajudar de alguma maneira  os que ficam no mesmo degrau da vida, porque a falta de meios não deixou subir como tantos outros.
Porto, Dezembro de 1998
Mário Salgueirinho
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Do livro “Dar é receber”
VIDAS INÚTEIS
Vai ser tema da nossa reflexão esta pequenina - grande oração: Senhor, não nos deixeis viver para sermos inúteis!
Viver na inutilidade, não é viver, é vegetar como erva daninha.
Ao olharmos o mundo que nos rodeia ou que atingimos pelos noticiários  verificamos que há muita gente que faz da sua vida um exercício de maldade, de vigarice e de crime. Vidas envenenadas que matam moral e ate fisicamente.
Para além destas vidas sombrias, há muitas outras que são verdadeiramente improdutivas, estéreis, como aquela figueira estéril do Evangelho condenada à fogueira. São vidas sem frutos  sem boas obras, sem um esforço pela transformação do mundo em mundo melhor.
Senhor, não nos deixes viver para sermos inúteis...
Há gente com tanto tempo livre sem repartir um pouco desse tempo pela solidão de idosos, pelo conforto de doentes, pela vida triste de tantos infelizes.
Há pessoas com imensa fortuna que nada fazem pelas carências dos outros; pela fome, pela doença, pela miséria física ou moral de tantos que vivem na sua paróquia, no seu país ou por esse mundo além.
Tantas pessoas que gastam seu tempo em futilidades, sem validar, sem fazer render em obras de amor, esse talento extraordinário que Deus nos confia gratuitamente.
Havia um rei que no fim de cada dia analisava o seu trabalho essas vinte e quatro horas. Quando não encontrava nada de positivo, dizia com tristeza:  perdi o meu dia! Quantas pessoas, não ao fim de cada dia, mas ao fim da sua vida, perante tanta inutilidade, tanto desperdício  tanto vazio, poderiam dizer: perdi a minha vida!
Vale a pena reflectir, tomar o pulso da nossa vida pessoal e interrogar-mo-nos: é útil no campo da cultura, da solidariedade, da evangelização? Ou é uma vida passiva, apática, sem interesse pelos problemas da comunidade, sem nada fazer pela felicidade dos outros?
Assim não vale a pena viver...
Senhor, não nos deixeis viver para sermos inúteis...

Porto, Dezembro/2003
Mário Salgueirinho
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http://es.catholic.net; http://santiebeati.it; http://jesuitas.pt; http://bibliaonline.com.br/acf
A publicar em:
21-Setembro-2013 - 10,30 horas
António Fonseca

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