São PIO V que, elevado da Ordem dos Pregadores à cátedra de PEDRO, seguindo os decretos do Concílio de Trento, renovou com grande piedade e vigor apostólico o culto divino, restaurou a doutrina cristã e a disciplina eclesiástica e promoveu a propagação da fé. No dia 1 de Maio em Roma, adormeceu no Senhor. (1572)
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA da Editorial A. O. de Braga:
Tinham,-se reunido, nos princípios do ano de 1566, cinquenta e dois cardeais para eleger o sucessor de PIO IV. São CARLOS BORROMEU, Cardeal de Milão, era quem mais podia influir no conclave. O Cardeal PACHECO, como escreve a Filipe II, pediu-lhe que trabalhasse quanto pudesse "para fazer um Papa muito para serviço de Deus e útil à Igreja, porque nisto me parece que mereceria mais do que em jejuar e em açoitar-se toda a vida". CARLOS BORROMEU trabalhou efectivamente por que fosse escolhido um Papa que então requeriam as necessidades da Igreja, e foi eleito o cardeal MIGUEL GHISLIERI que tomou o nome de PIO V, filho dum humilde lavrador de Bosco, aldeola do território de Milão. Guardou ovelhas na infância. Sendo ainda muito novo, entrou na Ordem de São DOMINGOS. Em 1556 subiu a bispo de Sútri; e em 1557 a Cardeal. Foi Cardeal austero, parco em palavras, e mais amante da sua túnica dominicana que dos reflexos da púrpura. Vivia modestamente: um frade da sua Ordem fazia-lhe companhia e ele mesmo varria a habitação e construía com ramos as vassouras que usava.
Como eram conhecidos o seu rigor e austeridade, alguns sentiram a sua eleição. «Não me importa que não se alegrem no principio do meu pontificado; o que desejo é que sintam pena quando eu morrer».
E assim foi. Por poucos Pontífices terão chorado tanto Roma e a cristandade inteira, como pela morte de PIO V. Toda a sua vida foi constante subir pelos degraus do altar.
Claro que manteve como Papa a simplicidade da sua vida; reduziu ao mais indispensável os gastos da sua pessoa; os seus parentes deixou-os no estado em que se encontravam e dedicou-se de corpo e alma, desde o principio, a velar pela pureza da fé e pela promoção da reforma cristã. A sua primeira solicitude foi a aplicação dos decretos do Concílio Tridentino. Segundo eles, já em 1566 apareceu o Catecismo Romano e continuou a trabalhar-se, sob o seu impulso, na edição do Breviário Romano, que se publicou em 1570.
O alvo principal da sua actividade esteve na defesa da fé. Por isso favoreceu constantemente o trabalho da Inquisição, excomungou em 1570 Isabel de Inglaterra e apoiou o apostolado de São PEDRO CANÍSIO na Alemanha. Em 1568 publicou a Bula In Coena Domini, resumo das Censuras reservadas ao Papa e, apesar dos vivíssimos protesto que houve contra ela em Veneza e na Espanha, pois os príncipes civis julgavam estar lesados os seus direitos, PIO V manteve energicamente os da Santa Sé.
(...) (...) (...)
A 21 de Abril de 1572, dez dias antes da morte, quis visitar as Sete Basílicas de Roma, com a esperança de ver depressa os Santos Mártires no céu. Ao partir da Basilica de São Paulo fez a pé o longo e penoso trajecto à de São Sebastião, na Via Ápia. Quando chegou esgotado a São João de Latrão, pediram-lhe os seus que subisse para a liteira ou deixasse o que faltava da peregrinação para o dia seguinte. Respondeu em Latim que, quem tinha feito tudo, terminaria o que faltava: qui fecit totum, ipse perficiet opus.
E continuou caminhando. Já tarde, entrou no Vaticano, onde repousou e mandou que lhe lessem os Sete Salmos Penitenciais e a Paixão do Senhor, não tendo ele nem sequer força para tirar o Solidéu, quando era lido o nome de Jesus.
Quis celebrar a Santa Missa a 28 de Abril, mas não pôde. Recebeu os últimos Sacramentos e morreu na véspera do primeiro de Maio, com estas palavras, que eram invocação do Breviário:
Quasemus, Auctor omnium,
In hoc Paschali gaudio,
Ab omni mortis impetu
Tuum defende populum
(Pedimos-te Senhor de todos, que nesta alegria pascal,
salves o teu povo de todo o perigo mortal)
SISTO V colocou-lhe o corpo numa magnifica urna, na capela do Santíssimo Sacramento, da Basilica de Santa Maria Maior.