quinta-feira, 3 de junho de 2010

Nº 1025-(1) – 3 DE JUNHO DE 2010 – CORPO DE DEUS

CORPO DE DEUS

Festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

Na sua viagem apostólica à Espanha, na visita à igreja da Adoração Nocturna em Madrid, no dia 31 de Outubro de 1982, proferiu o Santo Padre João Paulo II a seguinte homilia, seguida duma fervorosa oração:

«Encontro-me feliz, junto de Jesus Sacramentado, convosco, membros da Adoração Nocturna Espanhola que, com tantos outros cristãos unidos a vós em diversos rincões da Espanha, tendes profunda consciência da estreita relação existente entre a vitalidade espiritual e apostólica da Igreja e a sagrada Eucaristia. Com as vossas vigílias de adoração tributais homenagem de fé e amor ardentes à presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo neste Sacramento, com o seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade, sob as espécies consagradas. Esta presença recorda-nos que o Deus da nossa fé não é um ser distante, mas um Deus muito próximo, cujas delicias são estar com os filhos dos homens (cf. Prov. 8, 31). Um Pai que nos envia o seu Filho, para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância (cf. Jo 10, 10). Um Filho, e Irmão nosso que, mediante a sua Encarnação, se fez verdadeiramente Homem, sem deixar der ser Deus, e quis permanecer entre nós “até ao fim do mundo” (cf. Mt 28, 20). Compreende-se pela fé que a Sagrada Eucaristia constitui o maior dom que ofereceu Cristo e oferece continuamente à sua esposa. É a raiz e o ápice da vida cristã e de toda a actividade da Igreja. É o nosso maior tesouro que encerra todo o bem espiritual da Igreja” (Presbyterorum ordinis, 5). deve ela cuidar zelosamente de tudo o que se refere a este mistério e afirmá-lo na sua integridade, como ponto central e prova da autêntica renovação espiritual pelo último Concílio. Nesta Hóstia consagrada compendiam-se as palavras de Cristo, a vida oferecida ao Pai por nós e a glória do seu Corpo ressuscitado. nas vossas horas diante da Hóstia santa compreendestes que esta presença do Emanuel, Deus connosco, é ao mesmo tempo mistério de fé, dom de esperança e a fonte da caridade com Deus e entre os homens.

Mistério de fé, porque o Senhor Crucificado e ressuscitado está realmente presente na Eucaristia, não só durante a celebração do Santo sacrifício, mas enquanto subsistem as espécies sacramentais. O nosso louvor, adoração, acção de graças e petição à Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, enraízam-se neste mistério de fé. Esta mesma presença do Corpo e Sangue de Cristo, sob as espécies do pão e do vinho, constituem uma articulação entre o tempo e a eternidade, e proporcionam-nos o dom da esperança que anima o nosso caminhar. A Sagrada Eucaristia, de facto, além de ser testemunho sacramental da primeira vinda de Cristo, é contemporaneamente constante anúncio da sua segunda vinda gloriosa no fim dos tempos.

Dom da esperança futura e alento, também esperançoso, para a nossa caminhada rumo à vida eterna. Diante da sagrada Hóstia voltamos a escutar as doces palavras “Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei” (Mt 11, 28). A presença sacramental de Cristo é também fonte de amor. Porque “amor com amor se paga”, dizeis nestas terras de Espanha. Amor, em primeiro lugar, ao próprio Cristo. O encontro eucarístico é, de facto, encontro de amor. Por isso torna-se imprescindível aproximarmos-nos d’Ele com devoção e purificarmo-nos de todo o pecado grave. E amor aos nossos irmãos. Porque a autenticidade da nossa união com Jesus Sacramentado deve traduzir-se no nosso verdadeiro amor a todos os homens, começando por aqueles que estão mais perto. Deverá ser notado no modo de tratar a própria família, companheiros e vizinhos; no empenho por viver em paz com todos; na prontidão para se reconciliar e perdoar quando for necessário. Deste modo,  a Sagrada Eucaristia será fermento de caridade e vínculo da unidade da Igreja, desejada por Cristo e propugnada pelo Concílio Vaticano II. Termino estimulando-vos, queridos adoradores e filhos todos de Espanha, à profunda piedade eucarística. Esta aproximar-vos-à cada vez mais do Senhor. E pedir-vos-à o oportuno recurso à confissão sacramental, que leve à Eucaristia, como a Eucaristia conduz à confissão. Quantas vezes a noite de adoração silenciosa poderá ser também mo momento propicio do encontro com o perdão sacramental de Cristo! Essa piedade eucarística há-de centrar-se principalmente na celebração da Ceia do Senhor, a qual perpetua o seu amor imolado na cruz. Mas tem um lógico prolongamento – do qual vós sois testemunhas fiéis – na adoração a Cristo neste divino Sacramento, na visita ao Santíssimo, na oração diante do sacrário, além de outros exercícios de devoção, pessoais e colectivos, privados e públicos, que tendes praticado durante séculos. Esses, que o último Concílio ecuménico recomendava vivamente e aos quais repetidas vezes eu mesmo exortei (cf., por exemplo, Dominicae cenae, 3; Homilia em Dublin, 29.9.79). «A Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste sacramento do Amor. Não poupemos tempo para ir encontrá-Lo na adoração, na contemplação transbordante de fé e aberta a reparar as graves faltas e delitos do mundo. Jamais cesse a nossa adoração» (Dominacae cenae, 3). E nessas horas junto do Senhor, recomendo-vos que peçais particularmente pelos sacerdotes e religiosos, pelas vocações sacerdotais e à vida consagrada. Louvado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia».

Oração eucarística de João Paulo II

«Senhor Jesus! Apresentamo-nos diante de Vós, sabendo que nos chamais e que nos amais como somos. “Vós tendes palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que Vós sois o Santo de Deus” (Jo 6, 69). A vossa presença na Eucaristia teve inicio com o sacrifício da última Ceia e continua como comunhão e doação de tudo o que sois. Aumentai a nossa fé! Por vosso intermédio e do Espírito Santo que nos comunicais, queremos chegar ao Pai para Lhe dizer o nosso “sim” unido ao vosso. Convosco já podemos dizer: “Pai nosso”. seguindo-Vos a Vós, “caminho, verdade e vida”, queremos penetrar no aparente “silêncio” e “ausência” de Deus, rompendo a nuvem do Tabor, para escutarmos a voz do Pai que nos diz: “Eis o meu Filho, muito amado, em quem pus toda a minha complacência; ouvi-O” (Mt 17, 5). Com esta fé feita de escuta contemplativa, saberemos iluminar as nossas situações pessoais, assim como os diversos sectores da vida familiar e social. Vós sois a nossa esperança, a nossa paz, o nosso Mediador, irmão e amigo. O nosso coração enche-se de alegria e de esperança ao saber que viveis “sempre intercedendo por nós” (Heb 7, 25). A nossa esperança traduz-se em confiança, gozo de Páscoa e caminho que se torna convosco mais abreviado rumo ao Pai. Queremos sentir como Vós e valorizar as coisas como Vós as valorizais. Pois Vós sois o Centro, o Princípio e o Fim de tudo. Apoiados nesta esperança, queremos infundir ao mundo esta escala de valores evangélicos, pela qual Deus e os seus dons salvíficos ocupam o primeiro lugar no coração e nas atitudes da vida concreta. Queremos amar como Vós, que dais a vida e Vos comunicais com tudo o que sois. Quiséramos dizer como São Paulo:Para mim viver é Cristo” (Flp 1, 21). sem Vós, a nossa vida não tem sentido. Queremos aprender a “estar com quem sabemos que nos ama”, porque “com tão bom amigo presente, tudo se pode sofrer”. Em Vós aprenderemos a unir-nos à vontade do Pai, porque, na oração, “o amor é que fala” (Santa Teresa). Entrando na Vossa intimidade, queremos adoptar determinações e atitudes básicas, decisões duradouras, opções fundamentais segundo a nossa própria vocação cristã.

Crendo, esperando e amando, nós Vos adoramos com uma atitude simples de presença, silêncio e espera, que quer ser também reparação, como resposta ás vossas palavras. “Ficai aqui e vigiai comigo” (Mat 26, 38). Vós superais a pobreza dos nossos pensamentos, sentimentos e palavras: por isso queremos aprender a adorar, contemplando o vosso mistério,  amando-O tal como é e nada dizendo, com o silêncio de amigo e a presença de doação. O Espírito Santo, que infundistes nos nossos corações, ajuda-nos a manifestar esse “gemidos inefáveis” (Rm 8, 26), que se traduzem em atitude agradecida e simples, e no gesto filial de quem se contenta só com a vossa presença, o vosso amor e a vossa palavra. Nas nossas noites físicas ou morais, se estais presente e nos amais e falais, isso nos basta, embora, muitas vezes, não sintamos a consolação. Aprendendo este mais-além da adoração, estaremos na vossa intimidade ou “mistério”; e então a nossa prece converter-se-à em respeito pelo “mistério” de cada irmão e de cada acontecimento, para nos inserirmos no nosso ambiente familiar e social, e construirmos a história com o silêncio activo e fecundo que nasce da contemplação. Graças a Vós, a nossa capacidade de silêncio e de adoração converter-se-à em capacidade de amar e de servir. Deste-nos a vossa Mãe como nossa, para que nos ensine a meditar e adorar no coração. Ela, recebendo a Palavra e pondo-a em prática, tornou-se a Mãe mais perfeita. Ajudai-nos a ser a vossa Igreja missionária que sabe meditar, adorando e amando a vossa Palavra, para a transformar em vida e comunicá-la a todos os irmãos. Ámen». (Ver também, a 5 de Abril, Santa Juliana de Cornillon)..   www.jesuitas.pt

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Recolha e transcrição de António Fonseca

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