SANTO ANJO DA GUARDA DE PORTUGAL
Os Anjos – que fazem parte desse mundo invisível, a que se estende também a acção criadora de Deus – vivem inteiramente dedicados ao louvor e ao serviço de Deus. A inteligência humana tem dificuldade em exprimir a natureza dessas criaturas espirituais. A sua missão, porém, é-nos conhecida através da Bíblia, que, em tantos passos, dá testemunho acerca da existência dos Anjos. Mensageiros de Deus em momentos decisivos da História da Salvação, os Anjos estão encarregados da guarda dos homens (Mt 18, 10; Act 12, 3) e da protecção da Igreja (Ap 12, 1-9). A fé cristã crê também possuir cada nação em particular um Anjo encarregado de velar por ela. Em Portugal, a devoção ao Anjo da Guarda é muito antiga. Tomou, porém, incremento especial com as Aparições do Anjo, em Fátima, aos Pastorinhos. Pio XII aprovou a comemoração do Anjo de Portugal no Calendário Litúrgico de Portugal. Ainda que no dia 13 de Maio já se tenha feito referência às aparições do Anjo de Portugal em Fátima, de novo aqui repetimos o seu relato:
Primeira Aparição. O Anjo da Paz. Três vezes apareceu o Anjo de Portugal aos pastorinhos de Fátima, um ano antes das visitas de Nossa Senhora. A primeira vez foi na Primavera de 1916. Estavam os pequenitos a brincar na Loca do Cabeço. De repente – conta Lúcia – aproxima-se deles «um jovem dos seus 14 ou 15 anos, mais branco que se fora de neve, que o Sol tornava transparente como se fora de cristal e duma grande beleza. Ao chegar junto de nós disse: – Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo. E, ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão e fez-nos repetir três vezes estas palavras: – Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Depois erguendo-se, disse: – Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. Desde aí passávamos longo tempo, assim prostrados, repetindo esta oração, às vezes até cair cansados». Estava o mundo em guerra. O Anjo da Paz vem pedir as orações dos pastorinhos pela paz e ensina-lhes uma súplica, cuja primeira parte são actos de fé, esperança e caridade, e a segunda actos de reparação a Deus e de súplica pelos pecadores.
Segunda Aparição. O Anjo de Portugal. A segunda aparição foi no Verão, quando os pastorinhos se encontravam a brincar à sombra duma figueira, no poço do quintal dos pais de Lúcia. Foi aí que lhes apareceu pela segunda vez o anjo e lhes disse: « – Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios. – Como nos havemos de sacrificar? – perguntei. – De tudo o que puderdes, oferecei um sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar. Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do sacrifício e como ele Lhe era agradável, como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso desde esse momento começamos a oferecer ao Senhor tudo o que nos mortificava». O Anjo da Guarda de Portugal pede aos pastorinhos orações e sacrifícios , a fim de alcançarem a paz para a nação a que pertenciam e por cujo bem tanto Ele se interessa.
Terceira Aparição. O Anjo da Eucaristia. Estavam os pastorinhos no sítio da primeira aparição, a Loca do Cabeço, repetindo, de joelhos e com a cabeça no chão, a oração que o Anjo então lhes tinha ensinado. «Não sei – escreve Lúcia – quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vemos que sobre nós brilha uma luz desconhecida. Erguemo-nos para ver o que se passava e vemos o Anjo tendo na mão esquerda um cálice sobre o qual está suspensa uma hóstia da qual caem algumas gotas de sangue dentro do cálice. O Anjo deixa suspenso no ar o cálice. Ajoelha junto de nós e faz-nos repetir três vezes: – Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. Depois, levantando-se, tomou de novo o cálice e a hóstia e deu-me a hóstia a mim, e o que continha o cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo ao mesmo tempo: Tomai e bebei o Corpo e o sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus. De novo se prostrou em terra e repetiu connosco mais três vezes a mesma oração à Santíssima Trindade, e desapareceu»- O Anjo traz aos pastorinhos a Sagrada Eucaristia, ensina-lhes a fazer a Comunhão Reparadora e repete com eles seis vezes um lindíssimo acto de desagravo.
Recolha e transcrição de António Fonseca
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