quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CARTA AOS FILIPENSES - S. PAULO

Cartas de São Paulo
Carta aos Filipenses
O VERDADEIRO EVANGELHO
Introdução
Filipos foi a primeira cidade europeia a receber a mensagem cristã (Act 16,6-40). Paulo chegou lá na Primavera do ano 50, durante a segunda viagem missionária.
O primeiro núcleo da comunidade por ele fundada formou-se através de reuniões em casa de Lídia, uma negociante de púrpura, que acolhera Paulo por ocasião da sua visita. O Apóstolo voltou a Filipos outras vezes, durante as suas várias passagens pela Macedónia.
Os cristãos de Filipos foram sempre os mais ligados ao Apóstolo e diversas vezes o socorreram com auxílio material (Fl 4,16; 2Cor 11,9).
A carta aos Filipenses foi escrita na prisão, provavelmente em Éfeso, entre os anos 55-57 (Act 19). Paulo está incerto sobre o rumo que a sua situação vai tomar: poderá ser morto ou posto em liberdade. Mas espera ser libertado e poder visitar de novo, pessoalmente, a comunidade de Filipos.
Vários motivos levam Paulo a escrever esta carta:
— deseja agradecer o auxílio enviado pela comunidade (2,25; 4,10-20); — anuncia a visita de Timóteo a Filipos e explica a razão do regresso imprevisto de Epafrodito (2,19- 30); — adverte a comunidade sobre a divisão causada pelo espírito de competição e egoísmo de alguns (2,1-4); — previne a comunidade contra os pregadores judaizantes, que colocam a salvação na circuncisão e na observância da Lei (3,2-11); — relembra aos cristãos de Filipos que a autenticidade do Evangelho, anunciado e vivido, está na cruz de Cristo (2,5-11).
Paulo demonstra afecto e gratidão pela comunidade de Filipos e, por isso, quer vê-la sempre fiel ao Evangelho. Alguns pregadores insistem em que a salvação depende da Lei. O Apóstolo mostra com vigor que a salvação só depende de Jesus Cristo. É Jesus que, feito homem e morto numa cruz, recebeu do Pai o poder de dar aos homens a salvação. E todo aquele que não transmite isto pelo testemunho de vida e pela palavra, será sempre falso transmissor do Evangelho. Esta carta, portanto, fornece o critério para que uma comunidade cristã saiba reconhecer o verdadeiro Evangelho e quais são os pregadores autênticos.
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Endereço e saudação
[1]Eu, Paulo, e Timóteo, servos de Jesus Cristo, enviamos esta carta a todos os cristãos que moram na cidade de Filipos, assim como aos seus dirigentes e diáconos. 2Que a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco.
Agradecimento e pedido
— 3Agradeço ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós. 4E sempre, nas minhas orações, rezo por todos com alegria, 5porque cooperastes no anúncio do Evangelho, desde o primeiro dia até agora. 6Tenho a certeza de que Deus, que em vós começou esse bom trabalho, vai continuá-lo até que seja concluído no dia de Jesus Cristo. 7É justo que eu pense assim de todos vós, porque estais no meu coração. De facto participais comigo da graça que recebi, seja nas prisões, seja na defesa e confirmação do Evangelho. 8Deus é testemunha de que eu vos quero bem a todos com a ternura de Jesus Cristo.
9Este é o meu pedido: que o vosso amor cresça cada vez mais em perspicácia e sensibilidade em todas as coisas. 10Deste modo, podereis distinguir o que é melhor, e assim chegar íntegros e inocentes ao dia de Cristo. 11Estareis repletos então dos frutos de justiça obtidos por meio de Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.
Prisão e anúncio do Evangelho
— 12Irmãos, quero que saibais: o que me aconteceu ajudou o Evangelho a progredir. 13Tanto no pretório como em outros lugares, todos ficaram a saber que estou na prisão por causa de Cristo. 14E a maioria dos irmãos, vendo que estou na prisão, têm mais confiança no Senhor, e mais ousadia para anunciar sem medo a Palavra. 15É verdade que alguns proclamam Cristo por inveja e espírito de competição; outros, porém, anunciam com boa intenção. 16Estes proclamam a Cristo por amor, sabendo que a minha missão é defender o Evangelho. 17Os outros não anunciam com sinceridade, mas por competição, pensando que vão aumentar os meus sofrimentos enquanto estou na prisão. 18Mas, que importância anunciado, e eu fico contente com isso e continuarei a alegrar-me.
Viver para Cristo
— 19De facto, sei que tudo isto há-de servir para a minha salvação, através das vossas orações e do Espírito de Jesus Cristo, que me socorre. 20O que desejo e espero é não fracassar, mas, agora como sempre, manifestar com toda a coragem a glória de Cristo no meu corpo, tanto na vida como na morte. 21Pois, para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. 22Mas, se eu ainda continuar a viver, poderei fazer algum trabalho útil. Por isso é que não sei bem o que escolher. 23Fico na indecisão: o meu desejo é partir desta vida e estar com Cristo, o que é muito melhor. 24No entanto, por vossa causa, é mais necessário que eu continue a viver. 25Convencido disso, sei que vou ficar convosco. Sim, vou ficar com todos vós, para vos ajudar a progredir e a ter alegria na fé. 26Assim, quando eu voltar para junto de vós, o vosso orgulho em Jesus Cristo irá aumentar por causa de mim.
Lutar pela fé
— 27Uma só coisa: comportai-vos como pessoas dignas do Evangelho de Cristo. Deste modo, indo ver-vos ou estando longe, que eu oiça dizer que estais firmes num só espírito, lutando juntos numa só alma pela fé do Evangelho, 28e que não temeis os vossos adversários. Para eles, isso é sinal de perdição, mas para vós é sinal de salvação, e isso vem de Deus. 29Pois Deus concedeu-vos não só a graça de acreditar em Cristo, mas também de sofrer por Ele, 30empenhados na mesma luta em que me vistes empenhado, e na qual, como sabeis, ainda agora me empenho.
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O Evangelho autêntico
— 1Portanto, se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existe ternura e compaixão, 2completai a minha alegria: tende uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. 3Não façais nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo. 4Que cada um procure, não o próprio interesse, mas o interesse dos outros. 5Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo:
6Ele tinha a condição divina, mas não Se apegou à sua igualdade com Deus. 7Pelo contrário, esvaziou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-Se semelhante aos homens. Assim, apresentando-Se como simples homem, 8humilhou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte, e morte de cruz! 9Por isso, Deus O exaltou grandemente e Lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome; 10para que, ao Nome de Jesus, se dobre todo o joelho no Céu, na Terra e sob a Terra; 11e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
A tarefa da comunidade cristã
— 12Portanto, meus amados, obedecendo como sempre, não só como no tempo em que eu estava aí presente, mas muito mais agora que estou longe, continuai a trabalhar com temor e tremor, para a vossa salvação. 13De facto, é Deus que desperta em vós a vontade e a acção, conforme a sua benevolência.
14Fazei tudo sem murmurações e sem críticas, 15para serdes inocentes e íntegros, como perfeitos filhos de Deus que vivem no meio de gente pecadora e corrompida, onde brilhais como astros no mundo, 16apegando-vos firmemente à Palavra da vida. Deste modo, no Dia de Cristo, orgulhar-me-ei de não ter corrido nem trabalhado em vão. 17E mesmo que o meu sangue seja derramado sobre o sacrifício e sobre a oferta da vossa fé, fico contente e alegro-me com todos vós. 18Assim, também vós alegrai-vos e congratulai-vos comigo.
Timóteo e Epafrodito: companheiros na luta
— 19Espero no Senhor Jesus enviar-vos brevemente Timóteo, para que também eu me anime com as vossas notícias. 20De facto, ele é o único que sente como eu e se preocupa sinceramente com os vossos problemas. 21Porque todos os outros buscam os próprios interesses, e não os de Jesus Cristo. 22Vós mesmos sabeis como Timóteo deu provas do eu valor: como filho junto do pai, ele colocou-se ao meu lado ao serviço do Evangelho. 23Espero, portanto, enviar-vo-lo logo que eu veja claro como vai ficar a minha situação. 24Além disso, tenho fé no Senhor de que também eu irei ver-vos brevemente. 25Entretanto, achei necessário enviar-vos Epafrodito, este nosso irmão que é também meu companheiro de trabalho e de luta, que me enviastes para me socorrer nas minhas necessidades. 26Ele estava com muita saudade de todos vós, e ficou muito preocupado, porque soubestes que ele estava doente. 27De facto, ele esteve muito doente, e quase morreu. Deus, porém, teve pena dele, e não só dele, mas também de mim, para que eu não ficasse numa tristeza ainda maior. 28Por isso, apressei-me a mandá-lo: assim podereis vê-lo de novo, ficareis contentes, e eu já não ficarei preocupado. 29Recebei Epafrodito no Senhor, com grande alegria. Tende grande estima por pessoas como ele, 30pois quase morreu pela causa de Cristo, arriscando a sua vida para atender às minhas necessidades, em vosso nome.
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O caminho da salvação
— 1Quanto ao resto, meus irmãos, alegrai-vos no Senhor. Escrever-vos sempre as mesmas coisas não é penoso para mim, e é útil para vós. 2Cuidado com os cães, cuidado com os maus operários, cuidado com os falsos circuncidados. 3Os verdadeiros circuncidados somos nós, que prestamos culto, movidos pelo Espírito de Deus. Nós colocamos a nossa glória em Jesus Cristo e não confiamos na carne. 4Eu, aliás, até poderia confiar na carne. Se alguém acha que pode confiar na carne, eu mais ainda: 5fui circuncidado ao oitavo dia, sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus. Quanto à Lei judaica, fariseu; 6quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que se alcança pela observância da Lei, sem reprovação. 7Por causa de Cristo, porém, tudo o que eu considerava como lucro, agora considero-o como perda. 8E mais ainda: considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo. Por causa d’Ele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo, 9e estar com Ele. E isso, não mediante uma justiça minha, vinda da Lei, mas com a justiça que vem através da fé em Cristo, aquela justiça que vem de Deus e se apoia sobre a fé. 10Quero, assim, conhecer a Cristo, o poder da sua ressurreição e a comunhão nos seus sofrimentos, para me tornar semelhante a Ele na sua morte, 11a fim de alcançar, se possível, a ressurreição dos mortos. 12Não que eu já tenha conquistado o prémio ou que já tenha chegado à perfeição; apenas continuo a correr para o conquistar, porque eu também fui conquistado por Jesus Cristo. 13Irmãos, não acho já ter alcançado o prémio, mas uma coisa faço: esqueço-me do que fica para trás e avanço para o que está adiante. 14Lanço-me em direcção à meta, em vista do prémio do alto, que Deus nos chama a receber em Jesus Cristo.
A maturidade cristã
— 15Portanto, todos nós que somos perfeitos, devemos ter este sentimento. E, se em alguma coisa pensais de maneira diferente, Deus vos esclarecerá. 16Entretanto, qualquer que seja o ponto a que chegámos, caminhemos na mesma direcção.
17Irmãos, sede meus imitadores e observai os que vivem de acordo com o modelo que tendes em nós. 18Já vos disse muitas vezes, e agora repito-o com lágrimas: há muitos que são inimigos da cruz de Cristo. 19O seu fim é a perdição; o seu Deus é o ventre, a sua glória está no que é vergonhoso, e os seus pensamentos em coisas da terra.
20A nossa cidadania, porém, está no Céu, de onde esperamos ansiosamente o Senhor Jesus Cristo como Salvador. 21Ele vai transformar o nosso corpo miserável, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, graças ao poder que Ele possui de submeter a Si todas as coisas.
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Recomendações
— 1Assim, meus queridos e saudosos irmãos, minha alegria e minha coroa, continuai firmes no Senhor, ó amados. 2Peço a Evódia e a Síntique que façam as pazes no Senhor. 3E a ti, Sízigo, meu fiel companheiro, peço que as ajudes, porque elas me ajudaram na luta pelo Evangelho, com Clemente e os meus outros colaboradores. Os seus nomes estão no livro da vida. 4Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos! 5Que a vossa bondade seja notada por todos. O Senhor está próximo. 6Não vos inquieteis com nada. Apresentai a Deus todas as vossas necessidades através da oração e da súplica, em acção de graças. 7Então a paz de Deus, que ultrapassa toda a compreensão, guardará em Jesus Cristo os vossos corações e os vossos pensamentos.
8Finalmente, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso, ou que de algum modo mereça louvor. 9Praticai tudo o que aprendestes e recebestes como herança, o que ouvistes e observastes em mim. Então o Deus da paz estará convosco.
Gratidão pela oferta da comunidade
— 10Foi grande a minha alegria no Senhor, porque finalmente vi florescer de novo o vosso interesse por mim. Na verdade, já tínheis esse interesse antes, mas faltava oportunidade para o demonstrar. 11Não digo isto por estar a passar privações, pois aprendi a arranjar-me em qualquer situação. 12Aprendi a viver na necessidade e na abundância; estou acostumado a toda e qualquer situação: viver saciado e passar fome, ter abundância e passar necessidade. 13Tudo posso n’Aquele que me fortalece. 14Entretanto, fizestes bem, tomando parte na minha aflição. 15Vós bem sabeis, filipenses, que no início da pregação do Evangelho, quando parti da Macedónia, nenhuma outra Igreja, senão vós, teve contacto comigo em questão de dar e receber. 16Já em Tessalónica me enviastes ajuda por mais de uma vez, para aliviar as minhas necessidades. 17Não que eu espere presentes. Pelo contrário, quero ver mais lucro na vossa conta. 18De momento, tenho tudo em a bundância; tenho até de sobra, especialmente agora que Epafrodito me trouxe aquilo que me enviastes. É como um perfume de suave odor, sacrifício agradável que Deus aceita. 19O meu Deus, por sua vez, atenderá com grandeza a todas as vossas necessidades, conforme a sua riqueza em Jesus Cristo. 20Ao nosso Deus e Pai seja dada a glória para sempre. Ámen.
Saudações finais
— 21Saudai a todos os cristãos. Os irmãos que estão comigo vos saúdam. 22Todos os cristãos vos saúdam, especialmente os da casa de César.
=============================reflexão ««««««««««««««««««««««««««««
[1]1,1-2: A carta é dirigida a toda a comunidade. Os dirigentes (em grego: epíscopos) não são exactamente os bispos; trata-se de um grupo, cuja função é zelar pelo bom andamento da comunidade. Os diáconos são os encarregados de atender às necessidades materiais da comunidade e, talvez, também de pregar.
3-11: A oração de Paulo mostra o seu afecto particular pela comunidade de Filipos. De facto, esta comunidade desde o início coopera e participa activamente no trabalho da evangelização, seja colaborando no anúncio, defesa e confirmação do Evangelho, seja pela ajuda material oferecida ao Apóstolo. Paulo só pede uma coisa: o crescimento no amor. Vivendo o amor, a comunidade será sempre capaz de distinguir o que mais favorece a prática da justiça.
12-18: Paulo está no pretório ou caserna dos guardas do governador da província. A sua prisão foi vantajosa para o Evangelho, pois todos ficaram a saber que ele está preso por causa de Cristo. Com isto, muitos cristãos sentem-se fortalecidos para anunciar o Evangelho com amor e espírito de colaboração. Outros aproveitam-se da prisão de Paulo e, com espírito de competição e inveja, querem assumir a chefia.
19-26: Paulo provavelmente tem meios para ser solto da prisão e escapar à morte. Mas encontra-se num dilema: viver ou morrer? No contexto da sua fé, as duas coisas equivalem-se: viver é estar em função de Cristo, ou seja, da evangelização; e morrer é lucro, pois leva a estar com Cristo. Paulo resolve o dilema, não levando em conta o seu próprio interesse, mas o que é melhor para a comunidade: continuar vivo, para ajudar os Filipenses a crescer e a realizar--se plenamente na fé.
27-30: Os adversários são talvez os pregadores judaizantes, que anunciam um evangelho sem cruz e sem necessidade da graça de Deus. Paulo espera que a comunidade se mantenha firme e unida, testemunhando o Evangelho autêntico. Não se trata apenas de acreditar em Cristo, mas de empenhar-se de facto com Cristo numa luta que pode trazer perseguição e sofrimento, assim como levou Paulo à prisão.
2,1-4: Paulo convida a comunidade a evitar as divisões causadas pelo espírito de competição, pelo desejo de receber elogios e pela busca dos próprios interesses. Tais vícios denotam o fechamento egoísta e a autopromoção à custa dos outros. A comunidade deve zelar pela harmonia interna e, para isso, é necessário que haja humildade, cada um considerando os outros superiores a si, e que o empenho tenha sempre em vista o bem comum.
5-11: Citando um hino conhecido, Paulo mostra qual é o Evangelho da cruz, o Evangelho autêntico, e apresenta em Cristo o modelo da humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus apresentou-Se entre os homens como simples homem. E mais: abriu mão de qualquer privilégio, tornando-Se apenas homem que obedece a Deus e serve os homens. Como se isso não bastasse, Jesus serviu até ao fim, perdendo a honra ao morrer na cruz, como se fosse criminoso. Por isso Deus O ressuscitou e O colocou no posto mais elevado que possa existir, como Senhor do Universo e da História. Os cristãos são convidados a fazer o mesmo: abrir mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo da boa fama, para se colocarem ao serviço dos outros, até ao fim.
12-18: A vida da comunidade não deve depender da presença dos seus dirigentes e chefes, mas da obediência a Deus, a exemplo de Cristo (2,8). Inserida na sociedade, a tarefa da comunidade cristã é ser a família de Deus que se torna luz do mundo, através do testemunho do Evangelho, «Palavra de vida».
19-30: Paulo não se preocupa apenas em doutrinar a comunidade. Ele também é sensível às necessidades humanas: amizade, afecto, gratidão, auxílio mútuo, problemas pessoais, bom acolhimento. Timóteo, cujo nome aparece vinte e quatro vezes no NT, é o maior colaborador do Apóstolo. Epafrodito, talvez jovem, fora enviado pela comunidade para atender às necessidades de Paulo na prisão. 3,1-14: Paulo adverte a comunidade contra os pregadores judaizantes, chamando-lhes «cães», apelido que os judeus davam aos pagãos. Para os judaizantes, a salvação e a justiça dependem da circuncisão (carne) e da observância da Lei: a circuncisão permite entrar para o povo de Deus; a Lei leva o homem a ser justo. Paulo frisa que nenhum ritual ou lei pode salvar ou justificar o homem. Pois a salvação e a justiça são dons de Deus e dependem da fé em Jesus e de uma vida movida pelo Espírito. A fé leva o cristão a participar na morte e ressurreição de Jesus. Essa participação, porém, não é automática; supõe que o cristão se deixe guiar pelo Espírito, dando o testemunho que provoca perseguições, sofrimentos, e até mesmo a morte.
15-21: A perfeição é a maturidade cristã que coloca a cruz e a ressurreição como centro da vida.
Paulo, que deixou tudo em troca da fé em Cristo, apresenta-se como modelo para a comunidade, alertando-a de novo quanto aos «inimigos da cruz de Cristo», isto é, aos judaizantes do v. 2. Em vez de colocar a salvação em ritos, através da vinda de Jesus, como Salvador e Senhor que renova todas as coisas.
4,1-9: Nada sabemos sobre as pessoas nomeadas nos vv. 2-3, a não ser que devem estar profundamente comprometidas com o trabalho de evangelização. Paulo parece jogar com o significado dos nomes (Evódia = «caminho fácil»; Síntique = «encontro»; Sízigo = «companheiro de canga»). A alegria cristã baseia-se na salvação obtida por Cristo, e é testemunhada sobretudo pela bondade que se irradia para todos e pela tranquila confiança em Deus. Os cristãos devem ser fiéis ao que aprenderam com os seus evangelizadores, mas também precisam de estar abertos a todas as coisas sadias que encontram na sociedade.
10-20: Paulo agradece o auxílio que os filipenses lhe enviaram através de Epafrodito. Alegra-se não tanto pelo auxílio material recebido, mas pelo afecto e crescimento espiritual que a comunidade demonstra através da oferta.
21-23: «Os da casa de César» são todos aqueles que trabalham para o imperador e se encontram nas diversas cidades. A saudação final tem forma litúrgica, pois Paulo sabe que a carta vai ser lida numa reunião da comunidade.
LOUVADO SEJA DEUS, NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
E SUA MÃE MARIA SANTISSIMA, PARA TODO O SEMPRE.
AMÉN
António Fonseca

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