Ela fez conhecer suas ideias a Roberto de Thorete, que era então bispo de Liège, também ao douto Dominicano Hugo, mais tarde cardeal legado dos Países Baixos; a Jacques Pantaleão, nesse tempo arquidiácono de Liège, depois bispo de Verdun, Patriarca de Jerusalém e finalmente ao Papa Urbano IV. O bispo Roberto se impressionou favoravelmente e como nesse tempo os bispos tinham o direito de ordenar festas para suas dioceses, invocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração se fizesse no ano seguinte; também o Papa ordenou, que um monge de nome João devia escrever o oficio para essa ocasião. O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto com algumas partes do oficio.
O bispo Roberto não viveu para ver a realização de sua ordem, já que morreu em 16 de Outubro de 1246, mas a festa se celebrou pela primeira vez pelos cânones de São Martinho em Liège. Jacques Pantaleão chegou a ser Papa em 29 de Agosto de 1261. A eremita Eva, com quem Juliana havia passado um tempo e que também era fervorosa adoradora da Santa Eucaristia, insistiu com Enrique de Guelders, bispo de Liège, que pedisse ao Papa para estender a celebração ao mundo inteiro.
Urbano IV, sempre sendo admirador desta festa, publicou a bula “Transiturus” em 8 de Setembro de 1264, na qual, depois de ter exaltado o amor de nosso Salvador expresso na Santa Eucaristia, ordenou que se celebrasse a solenidade de “Corpus Christi” no dia de Quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade, ao mesmo tempo outorgando muitas indulgências a todos os fiéis que assistissem à santa missa e ao ofício. Este ofício, composto pelo doutor angélico, Santo Tomás de Aquino, por petição do Papa, é um dos mais formosos no breviário Romano e tem sido admirado inclusive por Protestantes.
A morte do Papa Urbano IV (em 2 de Outubro de 1264), um pouco depois da publicação do decreto, obstaculizou que se difundisse a festa. Mas o Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e no concilio geral de Viena (1311), ordenou uma vez mais a adopção desta festa. Publicou um novo decreto incorporando o de Urbano IV. João XXII, sucessor de Clemente V, instou a sua observância.
Nenhum dos decretos fala da procissão com o Santíssimo como um aspecto da celebração. Sem embargo estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugénio IV e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV.
A festa foi aceite em Cologne em 1306; em Worms adoptaram-na em 1315; em Estrasburgo em 1316. Em Inglaterra foi introduzida através da Bélgica entre 1320 e 1325. Nos Estados Unidos e em outros países a solenidade celebra-se no domingo depois do domingo da Santíssima Trindade.(*)
(*) - (Aqui está possivelmente, a justificação para que a Conferência Episcopal Portuguesa, tenha acedido à imposição da mudança desta Festividade, de 5ª feira para Domingo, durante 5 anos, a partir deste ano?), o que quanto a mim, é um pouco rebuscada... mas que se há-de fazer? (A. Fonseca)
Na Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, arménios, coptas, melquitas e os rutínios de Galicia, Calábria e Sicília.
O Concilio de Trento declara que muito piedosa e religiosamente foi introduzida na Igreja de Deus o costume, que todos os anos, determinado dia festivo, se celebre este excelso e venerável sacramento com singular veneração e solenidade, e reverente e honorificamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos. Nisto os cristãos atestam sua gratidão e recordação por tão inefável e verdadeiramente divino benefício, pelo que se faz novamente presente a vitória e triunfo da morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O milagre de Bolsena
No século XIII, o sacerdote alemão, Pedro de Praga, deteve-se na cidade italiana de Bolsena, enquanto realizava uma peregrinação a Roma. Era um sacerdote piedoso, mas duvidava nesse momento da presença real de Cristo na Hóstia consagrada. Quando estava celebrando a Missa junto à tumba de Santa Cristina, ao pronunciar as palavras da Consagração, começou a sair sangue da Hóstia consagrada e salpicou suas mãos, o altar e o corporal.
O sacerdote estava confundido. Quis esconder o sangue, mas não pôde. Interrompeu a Missa e foi a Orvieto, lugar donde residia o Papa Urbano IV.
O Papa escutou o sacerdote e mandou uns emissários a fazer uma investigação. Ante a certeza do acontecimento, o Papa ordenou ao bispo da diocese levar a Orvieto a Hóstia e o corporal com as gotas de sangue.
Organizou-se uma procissão com os arcebispos cardeais e algumas autoridades da Igreja. A esta procissão, se uniu o Papa e pôs a Hóstia na Catedral. Actualmente, o corporal com as manchas de sangue exibe-se com reverência na Catedral de Orvieto.
A partir de então, milhares de peregrinos e turistas visitam a Igreja de Santa Cristina para conhecer onde ocorreu o milagre.
Em Agosto de 1964, setecentos anos depois da instituição da festa de Corpus Christi, o Papa Paulo VI celebrou Missa no altar da Catedral de Orvieto. Doze anos depois, o mesmo Papa visitou Bolsena e falou na televisão para o Congresso Eucarístico Internacional. Disse que a Eucaristia era “um maravilhoso e inacabável mistério”.
Tradições mexicanas de Corpus Christi
Esta festa tradicional data do ano 1526. É costume render culto ao Santíssimo Sacramento na Catedral de México. O centro da festividade era a celebração solene da Missa, seguida de uma imponente procissão que partia de Zócalo, em que a Sagrada Eucaristia, transportada pelo arcebispo sob o pálio, era escoltada por autoridades vice reais, cabido, confrarias, exército, clero e povo. Havia também representações teatrais alusivas, e música especial.
Os camponeses traziam em suas mulas alguns frutos de suas colheitas para as oferecer a Deus como sinal de agradecimento. Isto deu origem a uma grande feira que congregava artesãos e comerciantes de diferentes locais do país, que traziam mercadorias no lombo de mula (frutos da temporada e artefactos que transportavam em cestos).
Contam que um homem, chamado Ignácio, tinha dúvidas acerca de sua vocação sacerdotal e em Quinta-feira de Corpus Christi pediu a Jesus Cristo que lhe enviasse um sinal. Ao passar o Santíssimo Sacramento frente a Ignácio na procissão, Ignácio pensou: "Se aí estivesse presente Deus, até as mulas se ajoelhariam" e, nesse mesmo instante, a mula do homem se ajoelhou. Ignácio interpretou isto como sinal e entregou sua vida a Deus no sacerdócio e se dedicou para sempre a transmitir aos outros as riquezas da Eucaristia.
Assim foi como surgiram as mulitas elaboradas com folhas de plátano secas com pequenos cestos de doces de coco ou de frutas, de diversos tamanhos.
Pôr-se uma mulita à entrada ou comprar uma mulita para adornar a casa, significa que, em igual à mula de Ignácio, nos ajoelhamos ante a Eucaristia, reconhecendo nela a presença de Deus.
Esta festa se celebra cada ano em QUINTA-FEIRA depois da Santíssima Trindade. Leva-se a cabo na Catedral e as crianças vestem-se de índios para agradecer a infinita ternura de Jesus. Se vendem mulitas com grande colorido.
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Diversas maneiras de celebrar esta festa
Participar na procissão com o Santíssimo
A procissão com o Santíssimo consiste em fazer uma homenagem agradecida, pública e multitudinária da presença real de Cristo na Eucaristia. É costume sair em procissão o Santíssimo Sacramento pelas ruas e praças ou dentro da paróquia ou Igreja, para afirmar o mistério de Deus connosco na Eucaristia.
Este costume ajuda a que os valores fundamentais da fé católica se acentuem com a presença real e pessoal de Cristo na Eucaristia.
A Hora Santa
É uma maneira prática e muito bela de adorar a Jesus Sacramentado. O Papa João Paulo II a celebrava, igual ao que a maioria das Paróquias de todo o mundo, à Quinta-feira ao anoitecer, para demonstrar a Cristo Eucaristia amor e agradecimento e reparar as atitudes de indiferença e as faltas de respeito que recebe de qualquer um e dos demais homens.
Consiste em realizar uma pequena reflexão evangélica, em presença de Jesus Sacramentado e, no final, se rezam umas ladainhas especiais para lhe demonstrar a Jesus nosso amor.
Pode-se celebrar de maneira formal com o Santíssimo Sacramento solenemente exposto na custódia, com incenso e com cânticos, ou de maneira informal com a Hóstia dentro do Sacrário. Qualquer das duas maneiras agrada a Jesus.
Se inicia com a exposição do Santíssimo Sacramento ou, em sua substituição, com uma oração inicial a Jesus Cristo estando todos ajoelhados frente ao Sacrário.
Em continuação, se procede à leitura de uma passagem do Evangelho e ao comentário do mesmo por parte de algum dos participantes.
Logo depois, se reflecte adorando a Jesus, Rei do Universo, na Eucaristia.
Termina-se com as invocações a as ladainhas correspondentes e, no caso de que a Hora Eucarística se haja feito diante do Santíssimo solenemente exposto, o sacerdote dará a bênção com o Santíssimo; em caso contrário, se finaliza a Hora Santa com uma prece conhecida de agradecimento.
Recordar em família o que é a Eucaristia.
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