quinta-feira, 13 de novembro de 2008

TERCEIRA PARTE PAULO FALA-NOS DA IGREJA DE DEUS 28 “VÓS SOIS CORPO DE CRISTO E SEUS MEMBROS, CADA UM, COM A SUA PARTE Igreja vem do grego ekklêsia que, na origem, designava o comício dos homens livres com direito a voto. Começou a ter um sentido religioso com a tradução bíblica dos LXX, onde a reunião do povo, mormente para o culto, é, predominantemente, chamada assembleia (ekklêsia) do Senhor. Nos escritos de Qumram a expressão assembleia de Deus designa o povo que Deus iria convocar no final da história. Uma expectativa que, para os primeiros cristãos, se realizou com a morte e ressurreição de Cristo. Daí chamarem Igreja de Deus a cada comunidade, começando pela de Jerusalém, formada a partir deste acontecimento salvífico e convocada para o celebrar. Paulo designa assim também o conjunto das comunidades cristãs, no sentido de que cada em uma delas se realiza o que é comum a todas. Além disso, acentua a sua ligação a Cristo, designadamente através da expressão em Cristo Jesus (1 Ts 2, 14; Gl 1, 22) e, sobretudo, com o título corpo de Cristo. É assim quem ele nos identifica em 1 Cor 12, 12-31a. Depois de ter falado da unidade dos diversos dons do Espírito a partir da sua origem (12, 1-11), indica-nos agora qual a sua função ... para sermos realmente corpo de Cristo. 1 Cor 12, 12-31 Pois como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros do corpo, sendo muitos, são um só corpo, assim também Cristo. De facto, num só espírito, fomos todos baptizados para um só corpo, quer judeus quer gregos, quer escravos quer livres, e todos bebemos de um só Espírito. Pois também o corpo não é um só membro, mas são muitos. Se o pé dissesse: “Uma vez que não sou mão, não faço parte do corpo”, não deixaria por isso de pertencer ao corpo. E se o ouvido dissesse: “Uma vez que não sou olho, não faço parte do corpo”, não deixaria por isso de pertencer ao corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfacto?. Agora, porém, Deus dispôs os membros do corpo, cada um conforme lhe pareceu melhor. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Agora, porém, embora sendo muitos os membros, é um só corpo. Mas não pode o olho dizer à mão: “Não tenho necessidade de ti”, nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: “Não tenho necessidade de vós.” Pelo contrário, quanto mais fracos parecem, os membros do corpo, a esses rodeamos de maior honra. E aqueles que parecem ser os menos honrosos do corpo, a esses rodeamos de maior honra. E aqueles que são menos decentes, nós os tratamos com o maior decoro, mas os que são decentes, não têm necessidade disso. Porém Deus dispôs o corpo de modo a dar maior honra ao membro inferior, para não haver divisão alguma no corpo e os membros terem a mesma solicitude uns para com os outros. Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria. Vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada um, com a sua parte. E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mesteres; depois, há os dons da graça dos milagres, depois os das curas, os das obras de assistência, os de governo e os das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? Todos profetas? Todos mestres? Têm todos os dons da graça das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores dons da graça. A comparação de uma sociedade organizada a um corpo é muito anterior a Paulo. E, mesmo entre nós, há muitas palavras formadas a partir de corpo ou órgão, nas quais a pluralidade está aliada a unidade. Só que Paulo, em vez de concluir que o mesmo se passa com a Igreja, escreve: “assim também Cristo (v.12). Quer dizer que, mais do que uma imagem, trata-se da identidade da Igreja. E explica porquê, baseando-se no que produz em nós o Baptismo (v.13), o sacramento que pressupõe e confirma a confissão de fé: Jesus é Senhor (12, 3). Como esta se deve ao Espírito Santo, pelo qual Cristo foi feito Senhor, do mesmo modo, num só Espírito, fomos baptizados para um só corpo, o de Cristo. O baptismo faz-nos membros da comunidade dos que vivem, de Cristo e nos quais Ele vive. Cada qual pode dizer: Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2, 20). A comunhão que nos une e identifica nasce deste amor, que o mesmo é dizer, do Espírito que levou Cristo a dar a vida por todos. É dele que todos bebemos pelo Baptismo (Is 32, 15; Ez 36, 25s; Jl 3, 1s). Devido à comunhão com o corpo de Cristo, na Eucaristia, nós, embora muitos, somos um só corpo (1 Cor 10, 16s). Por isso, as diferenças que nos distinguem, como as de judeus ou gregos, escravos ou livres (Gl 3, 28; Cl 3, 11), em vez de nos separar, contribuem para a unidade própria da Igreja como corpo de Cristo ... se cada membro usar os seus dons ao serviço da comunidade. Paulo fala desse contributo (vv. 14-26), passando progressivamente da imagem do corpo físico para a realidade do corpo de Cristo que somos: 1. Apesar de diferentes, pertencemos a um só corpo. Separado dele, membro algum pode subsistir (vv. 14-17). Por isso: 2. Todos temos necessidade dos outros, mesmo dos que executam tarefas mais baixas, são mais fracos ou menos honrosos. A esses, há até que rodeá-los de cuidados especiais. Senão, nem corpo algum pode subsistir, nem se respeita a organização estabelecida por Deus (vv. 18-24a). 3. A vontade de Deus é que haja solicitude para com todos, a começar pelos mais necessitados, para que não haja divisões. E se a comunhão nas dores e alegrias já faz parte da ordem natural, muito mais na ordem da graça de que vive o corpo de Cristo (vv. 24b-26). E que ordem é esta? A que se baseia na condição de sermos corpo de Cristo, cada um com a sua parte (vv. 27-31a). Ninguém se sinta dispensado nem pretenda fazer tudo. Mas há alguns mais necessários e que, para isso, Deus dota de uma graça especial: primeiro, os apóstolos, enviados directamente por Cristo ou através de comunidades cristas (Act 13, 1-3, 2 Cor 8, 23); segundo, os profetas que provavelmente as dirigiam, na ausência do Apóstolo; terceiro, os mestres que deviam actualizar as tradições recebidas. São grupos fixos, porque imprescindíveis para as Igrejas, desde a sua fundação à sua manutenção. Mas elas precisam de mais serviços, cuja constituição varia conforme as situações. Já então havia outros que não vêm aqui indicados. Mas todos são dons da graça. Por isso, ninguém, ceda ao individualismo ou ao utilitarismo. Aspirar aos melhores é desejar dar-se mais, como Cristo. Só lhe pertencemos, se nos dermos a todos, como Ele por todos deu a vida.
Imagem de Cristo, colocada na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima

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